1a Parte - Capítulo I
A FONTE DA VIOLÊNCIA

2. Os Caminhos da Revolução

Para atingir seus objetivos estratégicos, a violência tem sido o caminho apontado pelos ideólogos comunistas. Na prática, a história mostra ter sido a violência a tônica de sua revolução. Em nenhum pais do mundo os comunistas lograram alcançar o poder por outra via.

Marx, referindo-se à Comuna de Paris, disse que um dos seus erros fundamentais "foi a magnanimidade desnecessária do proletariado: em vez de exterminar os seus inimigos, dedicou-se a exercer influência moral sobre eles". (2)

Engels, seu dileto companheiro, complementou:

"A violência jogo outro papel na história, tem um papel revolucionário: é, segundo a frase de Marx, a parteira de toda a velha sociedade, é o instrumento com a ajuda do qual o movimento social se dinamiza e rompe formas políticas mortas"(3).

Lenin, em seu famoso livro "O Estado e a Revolução", dizia: "a liberdade da classe operária não é possível sem uma revolução sangrenta " (4).

Com tais premissas, baseadas na lei fundamental marxista da transformação e apoiadas nos seus conceitos de moral, compreende-se a fonte da violência (5).

Embora Marx e Engels insistissem na necessidade universal da violência, chegaram a admitir, em casos especiais, a possibilidade de uma mudança social por meios pacíficos. Seria inaceitável que inteligências tão lúcidas não a admitissem. Sun Tzu já nos ensinava há 500 anos A.C., e é principio de guerra cada vez mais válido, que não se faz uso da força quando se pode conquistar os objetivos almejados, a despeito do inimigo, sem fazê-lo. Ademais, o emprego da força apresenta sempre um risco pela resposta violenta que necessariamente provoca.

Para Lenin, a base de toda a doutrina de Marx e Engels está na necessidade de inculcar sistematicamente nas massas a idéia da revolução violenta. No entanto, na sua obra antes citada, ao expor a doutrina marxista do Estado e as tarefas do proletariado na revolução, examina a utilização da violência para a tomada do poder, mas considera, também, a possibilidade da passagem pacifica para o socialismo, bem como trata da necessidade de um estágio intermediário, para a implantação da ditadura do proletariado.

Assim reduzidos as suas formas mais simples, podem ser sintetizados em dois os caminhos utilizados pelos comunistas para a tomada do poder: o uso da violência (ou luta armada) e a "via pacífica".

Ao longo do tempo os objetivos e a estratégia para conquistá-los acabaram por transformarem-se nos pontos fundamentais de divergência entre os comunistas. Em torno delas, Trotsky, Stalin, Mao Tsetung, Kruschev e Fidel Castro, para citar apenas os principais atores dessa história, desenvolveriam suas próprias concepções da revolução.

Essas concepções diferenciadas darão margem a um vasto espectro de organizações, todas intituladas marxistas-leninistas, com as quais travaremos contato no correr deste livro.


(2) Marx, K.: "A guerra civil na França", 1933, página 80.

(3) Engels, F.: A Duhring", Ed. Sociales, Paris, 1950.

(4) Lenin, V. L: "O Estado e 'a Revolução", 1935, página 9.

(5) O processo do emprego da violência para a tomada do poder é chamado, pelos comunistas, de "lu... (ilegível)"