1a Parte - Capítulo II
O PARTIDO COMUNISTA - SEÇÃO BRASILEIRA DA INTERNACIONAL COMUNISTA (PC-SBIC)

1. A Internacional Comunista

O lançamento do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels situa-se no exato momento em que duas correntes vão chocar-se na doutrina e nos fatos: 1848 é, com efeito, o ano das revoluções européias. O brado lançado no Manifesto - "proletários de todos os países, uní-vos" - teria consequência prática. Em breve seria tentada a união dos operários, acima das fronteiras nacionais, para combater o capitalismo e implantar o socialismo.

O conceito de internacionalismo proletário daí derivado deu origem à formação das Internacionais, verdadeiras multinacionais ideológicas, que, sob o pretexto de dirigir a luta em nome da classe operária, passaram a fomentar a criação de partidos em vários países, que subordinariam seus programas partidários às resoluções de seus Congressos.

Em 1864, foi fundada em Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), que ficou posteriormente conhecida como I Internacional. Reunia diferentes correntes do movimento operário europeu, que se opunha ao capitalismo, destacando entre elas a dos marxistas e anarquistas. Não suportando as dissensões de grupos anarquistas que não queriam se submeter à autoridade centralizadora de Marx e ao processo da Comuna de Pais, encerrou suas atividades em 1876.

A II Internacional surgiu em 1889 (1). Depois de depurada dos anarquistas e dos comunistas e de ter passado por alguns períodos de crise e recesso, ressurgiu, em 1951, já com o nome de Internacional Socialista.

A III Internacional, também conhecida como Comintern o Internacional Comunista (IC), foi criada em 1919, por Lenin. Aproveitando-se da base física conseguida cóo a revolução russa, em 1917, a IC pôde colocar em prática sua doutrina de expansão mundial do comunismo, alicerçada na experiência dos sovietes. No seu II Congresso Mundial, realizado em 1920, a IC aprovou seu estatuto e estabeleceu as 21 condições exigidas para a filiação dos diversos partidos comunistas, das quais algumas são transcritas a seguir:

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"3ª - Nos países burgueses, a ação legal deve ser combinada com a ação ilegal. Nesses países, deverá ser criada uma aparelhagem clandestina do Partido, capaz de atuar decisivamente no momento oportuno".
"4ª - deverá ser feita ampla campanha de agitação e propaganda nas organizações militares, particularmente no Exército".
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"6ª - Todos os partidos comunistas dever ser internacionalistas e renunciar ao patriotismo e ao pacifismo social. Deverá ser demonstrado aos operários, sistematicamente, que sem a derrubada revolucionária do capitalismo não haverá desarmamento nem paz mundial".
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"14ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a prestar todo auxílio necessário às Repúblicas Soviéticas, na sua luta face à contra-revolução".
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"16ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a obedecer às resoluções e decisões da Internacional Comunista, considerada como um partido mundial único".

Essas condições, que espelhavam a rigidez da linha leninista, proporcionaram ao Partido Comunista da União Soviética (PCUS) a oportunidade de expandir o Movimento Comunista Internacional (MCl), subordinando os interesses nacionais dos países submetidos aos dos soviéticos e facilitando a interferência nas políticas internas das demais nações.


(1) A II Internacional perdurou até a 1ª Guerra Mundial. quando o nacionalismo mostrou-se, na prática, mais forte e decisivo do que o internacionalismo.