1a Parte - Capítulo III
A INTENTONA COMUNISTA

5. A aprovação da Internacional Comunista

De 25 de julho a 21 de agosto de 1935, a IC realizou o seu VII Congresso. Como delegado do PCB, compareceu o secretário-geral, Antonio Maciel Bonfim, o "Miranda". Nesse Congresso, Van Mine, delegado holandês do Comitê Executivo da IC para a América do Sul, em discurso de apoio à "frente popular", apresentou informações alvissareiras sobre a ANL, afirmando que era uma "ampla e bem organizada associação" e que dela "já participava um grande número de oficiais do Exército e da Marinha brasileiros".

Tal afirmação não deixava de ser verdade, em valores absolutos. Baseando-se nos dados exagerados levados por "Miranda", os comunistas da IC tomavam o Brasil como uma "republiqueta sul-americana" e pensavam que algumas poucas dezenas de oficiais representassem "um grande número".

O próprio Dimitrov, dirigente búlgaro da IC e encarregado de fundamentar a política de frente, teceu considerações sobre a ANL e incentivou a sua ação: "No Brasil, o Partido Comunista, que deu uma boa base ao desenvolvimento de uma frente contra o imperialismo ao criar uma aliança de emancipação nacional, deve empenhar-se com todo as suas forças para impulsionar essa frente, conquistando a mesma, sobretudo os milhões de camponeses, e orientando o movimento no sentido da formação de destacamentos de um Exército Popular Revolucionário extremamente devotado, até que seja alcançado o objetivo final e no sentido da organização do poder dessa Aliança Nacional Libertadora".

Estava aprovada a ANL como instrumento de luta. As condições não inteiramente favoráveis da situação brasileira não pareciam preocupar os dirigentes da IC.

Segundo Levine, "As ordens de Moscou - para que o PCB agisse de qualquer maneira, a despeito do seu despreparo - contrariavam qualquer estimativa sensata de realidade brasileira, mas os fiéis, legalistas, obedecem cegamente as instruções recebidas" (6).

Os senhores soviéticos determinaram. Os cegos brasileiros obedeceram.


(6) Levine, R.M.: "O Regime de Vargas", Ed. Nova Fronteira, R. J., 1980, página 101.