1a Parte - Capítulo IV
O PCB E O CAMINHO DA LUTA ARMADA

1. A reorganização do PCB

Qualquer que seja a resposta encontrada para explicar a Intentona Comunista de 1935, constata-se que ela poderia repetir-se a qualquer momento. Apesar do contundente fracasso da Intentona, o Partido nunca fez a auto crítica dos princípios que a nortearam. A preocupação era analisar as causas dessa derrota, procurando encontrá-las apenas na forma como foi preparada e desencadeada. Continuava dominando nos dirigentes do PCB a concepção da tornada do poder pela luta armada e um discernimento sobre a conjuntura nacional pouco confiável. Para eles, apesar do sangue derramado, aquelas ações insanas representaram "estimulantes precursores" da revolução nacional por vir.

Com a derrota do movimento, porém, as prisões de lideres comunistas deixaram o partido, temporariamente, desestruturado.

A situação mundial, no entanto, modificava-se rapidamente com a guerra em curso. O rompimento do acordo de Hitler com Stalin e a invasão da Rússia pelas tropas nazistas provocaram imediata reviravolta na política exterior soviética. Stalin apressou-se em tentar ganhar o apoio das democracias ocidentais. Num aparente gesto de boa vontade extinguiu a IC, e maio de 1943 (1).

Aproveitando-se desse novo clima, o PCB rearticula-se e, em agosto de 1943, realiza sua II Conferência Nacional, em Itatiaia, no Rio de Janeiro, que ficou conhecida, como "Conferência da Mantiqueira". Nesse conclave, o Partido trata de "dar todo o apoio à luta da União soviética e à política de Vargas" (2)·

A partir de então, passou a desenvolver intensas atividades de massa e de organização, iniciando a campanha pela anistia. Seguiu-se um período de legalidade de fato, que permitiu ao partido entrar num processo que seus militantes denominaram de "acumulação de forças", na base da ação contra o fascismo e a favor da paz mundial.


(1) Após a extinção do "Comintern", o controle dos PC passou a ser feito pelo CC/PCUS, até que, em 1947, com o in1cio da "guerra fria". foi substituído pelo "Cominform" (Informações Comunistas).

(2) Vinhas, H..: "O partidão", Ed. Hucitec, S.P.,. 1982, Cap II.