1a Parte - Capítulo IV
O PCB E O CAMINHO DA LUTA ARMADA

2. A legalização do PCB

Ao aproximar-se o término da guerra, com a vitória da aliança entre as democracias ocidentais e os comunistas, o presidente Vargas decretou a anistia e abriu possibilidades de legalização a todos os partidos políticos. Enquanto as diversas correntes políticas começavam a reagrupar-se no sentido da formação dos respectivos partidos, o PCB era o único nacionalmente organizado. Valendo-se do prestígio que lhe dava a identificação com o povo russo, que havia suportado a agressão nazista na Europa - e que por isso contava com a simpatia dos povos do mundo ocidental -, o PCB passou imediatamente à ação de massas. Em abril de 1945, o Brasil restabeleceu relações diplomáticas com a URSS.

O Partido criou o Movimento de Unificação dos Trabalhadores (MUT), organização sindical paralela, a fim de orientar o trabalho sobre a classe operária., No campo, a fim de explorar as disputas entre posseiros e grileiros, organizou as Ligas Camponesas, sob o título de associações civis. As Ligas procuravam concretizar, na prática, a "aliança operário-camponesa" e não possuíam vida autônoma, permanecendo como apêndices da estrutura partidária. Florescendo neste período, quando o PCB era legal, quando este foi posto na ilegalidade definharam e, praticamente, desapareceram, só vindo a ressurgir na década de 50 (3).

Em 26 de novembro de 1945, como secretário-geral do PCB, o recém-anistiado Luiz Carlos Prestes vai ao Recife para as comemorações do 10º aniversário da Intentona Comunista. Em seu discurso, procura justificar o empunhar de armas em 35, alegando que "o Partido Comunista fez uso, contra a violência dos dominadores, da violência, como única arma de que podiam dispor todos os verdadeiros patriotas".

Especialista em meias-verdades, Prestes afirma que a Intentona não visava a implantar o comunismo e nem o socialismo, mas, apenas, realizar uma "revolução democrático-burguesa". Como se para chegar ao objetivo final não houvesse que se passar pelos intermediários (4)!

Capciosamente, Prestes prega a revolução, trazendo à baila as mesmas palavras de ordem de agitação bolchevique utilizadas em 1935. A luta armada continuava sendo uma obsessão para ele e os demais dirigentes do PCB.


(3) Sobre as Ligas Camponesas, ver item 4., Cap.II, da 2ª Parte, deste livro

(4) ver item 1., Capo I, da 1ª Parte dete livro.