1a Parte - Capítulo V
OS CRIMES DO PCB

1. A violência comunista

Contam-se às centenas os casos conhecidos da violência comunista contra a pessoa humana, escudados num estranho valor moral que privilegia a revolução proletária em relação ao indivíduo - os fins justificando os meios.

Afirma Merleau-Ponty: "A astúcia, a mentira, o sangue derramado, aditadura são justifcados se tornam possível o poder do proletariado e dentro desta medida somente" (1). A violência seria válida se cometida em nome da classe operária e de seu representante, o Partido Comunista.

Lenin; em seu "testamento", havia indicado seis homens que poderiam substituí-lo na condução do Estado Soviético: Stalin, Zinoviev, Kamenev, Rykov, Bukharin e Trotsky. Stalin, elegendo-se secretário-geral do PCUS, nunca conseguiu eliminar a oposição que lhe faziam os grupos internos dirigidos pelos outros cinco.

Na década de 30, a URSS vivia sob clima de ameaça de uma guerra mundial e da questão sobre se seria possível enfrentá-la com a existência de uma oposição interna a Stalin, na cúpula do PCUS. Os denominados "processos de Moscou" foram as respostas dessa questão, e os opositores, sucessivamente, eliminados. Zinavieve Kamenev foram fuzilado,s em 1936, Rykov em 1937, Bukharin em 1938, e Trotsky, que já estava banido da URSS desde 1929, foi assassinado em 1940, no México. E isto para citar, apenas, alguns dirigentes.

Torna-se difícil, entretanto, imputar a Stalin a única culpa pelos crimes, como desejava Trotsky. Em um regime que dá a uma classe um poder total e ditatorial, qualquer homem poderia utilizá-lo sobre as demais parcela da sociedade.

Alguns anos mais tarde, Tito, chefe do governo iugoslavo, afirmaria que os erros e os crime cometidos resultaram mais do sistema soviético do que das falhas morais do ditador, cuja ascensão tal sistema proporcionou.

No Brasil, fanatizados pela mesma ideologia e animados pelos mesmos propósitos indecifráveis que os conduziram à Intentona de 1935, os comunistas deram seguidas demonstrações de inaudita violência, ao perpetrarem crimes, com requintes de perversidade, para eliminar, não só seus "inimigos", as forças policiais, mas seus próprios companheiros. O "Tribunal. Vermelho", criado para julgar, sumariamente, todos aqueles que lhes inspiravam suspeitas e receios, arvora-se em juiz e executor, fornecendo, ao PCB, um espectro patético e trágico.

Pelo que se conhece, pode-se inferir, também, que dezenas de outros crimes foram cometidos pelos comunistas, sem que houvessem vindo a público, escondidos pela "eficiência do trabalho executado". Os casos a seguir relatados mostram, de um modo pálido, mas irretorquível, essa violência levada aos limites do absurdo.

Aos assassinados, cabe a afirmação de Merleau-Ponty: "admitir-se-á talvez que eles eram indivíduos e sabiam o que é a liberdade. Não espantará, através nuvem e noite, estes rostos que se apagaram na terra" (2).


(1) Merleau-Ponty, M.: "Humanismo e Terror", Ed. Tempo Brasileiro, R.J., 1968, pág. 13.

(2) Merleau-Ponty, M.: "Humanismo e Terror", Ed. Tempo Brasileiro, R.J., 1968, pág. 32.