1a Parte - Capítulo V
OS CRIMES DO PCB

2. Bernardino Pinto de Almeida e Afonso José dos Santos

Em 1935, ainda antes da Intentona, Honório de Freitas Guimarães, membro do CC/PCB, denunciou Bernardino Pinto de Almeida, vulgo "Dino Padeiro", de traição. O "Tribunal Vermelho", cioso de suas atribuições, julgou-o culpado e perigoso para a ação armada que se avizinhava. O próprio secretário-geral do Partido, Antonio Maciel Bonfim, o "Miranda", decidiu executá-lo, com o auxílio de seu cunhado, Luiz Cupelo Colônio.

"Dino Padeiro", deslumbrado com a possibilidade de encontrar-se com o próprio secretário-geral do Partido, foi atraído para um local ermo, próximo à Estação de Triagem, da Central do Brasil, no Rio de Janeiro (hoje Estação Carlos Chagas). Fora das vistas, Miranda desfechou-lhe uma coronhada e, em seguida, dois tiros de revólver. Tendo a arma enguiçado, t0mou a de Cupelo e desfechou-lhe mais dois tiros para ter a certeza da morte. Dino, apesar de tudo, não morreu e, socorrido por funcionários da ferrovia, sobreviveu e pôde contar sobre o crime.

Ironicamente, o destino deu voltas. Mais tarde, Cupelo sentiria, em sua própria família, o peso da violência (3).

Em 2 de. dezembro de 1935, com os militantes do PCB entrando na clandestinidade pela derrota da Intentona, o "Tribunal Vermelho" julgou e condenou à morte Afonso José dos Santos. A vítima foi delatada por José Emídio dos Santos, membro do Comitê Estadual do PCB no Rio de Janeiro, que recebeu o encargo da execução.

Três dias depois do "julgamento", José Emídio cometia o assassinato, na garagem da Prefeitura de Niterói. Impronunciado por falta de provas, só em 1941 foi esclarecido o crime.


(3) Ver o caso de "Etza Fernandes" a seguir.