2a Parte - Capítulo II
A AÇÃO COMUNISTA

2. O PCB c seus objetivos

Assumindo Jango, o PCB declarou aberta a perspectiva real de ser atingido o seu primeiro objetivo estratégico, isto é, a implantação de um governo nacionalista e democrático (primeira etapa da revolução). Do mesmo modo, apontava sempre, de acordo com a sua linha política "etapista", para o seu objetivo estratégico final, a implantação de um governo socialista, do tipo ditadura do proletariado, ante-sala do comunismo.

Estabelecidos os objetivos estratégicos, o PCB tratou de explicitar a estratégia, o caminho pelo qual deveria ser atingido o governo nacionalista e democrático . Coerente com a linha de Kruschev, deu prioridade à via pacifica da revolução, através de uma intensa mobilização de massas.

Em outubro de 1961, seu Comitê Central (CC) baixou uma Resolução, publicada na revista "Novos Rumos" (2), da qual extraimos o seguinte trecho:

"Apresenta-se desta maneira um quadro em que as perspectivas são de novas lutas e, também, de novas vitórias. A frente de massas, cabe aos comunistas saber orientá-la para que se una e lute organizadamente, em defesa de suas reivindicações imediatas..."

Ao mesmo tempo, o PCB não descartou a possibilidade de utilizar outras formas de luta, além da política (3):

"Como ensina o grande Lênin, a história em geral e das revoluções, em particular, debilidades e erros cometidos pelos revolucionários de 1935, são sempre muito mais ricas do que imaginam os melhores partidos de vanguarda, dando a dupla conclusão de que o proletariado, e particularmente seu Partido, precisam saber utilizar todas as formas de luta e achar-se em condições de substituir, de uma maneira rápida e inesperada, uma forma pela outra. Devemos estar sempre preparados para enfrentar todas as consequências do aguçamento da luta de classes e das crises políticas, e, portanto, para rápidas mudanças nas formas de luta".

Mas, além do caminho pacifico ser um processo de choques e conflitos sociais, errados estavam aqueles que pensavam que essa estratégia do PCB, do trabalho constante de mobilização das massas, era a única possível. Se não, vejamos o que a mesma "Novos Rumos" afirma a respeito:

"É necesssário chamar a atenção para duas incompreensões quanto à nossa linha política, as quais têm acarretado erros na atuação de alguns camaradas. A primeira consiste na absolutização da possibilidade da saída pacífica da nossa revolução, isto é, na execução da possibilidade de uma saída não pacífica da revolução brasileira. A outra incompreensão é o entendimento de que o caminho pacífico significa um processo idílico, sem choques e conflitos sociais , e que, por tal motivo, não devemos aguçar as contradições de classes e aprofundar a luta contra o inimigo".

Estabelecidos os objetivos e a estratégia prioritária, ainda nesse documento, o PCB traça a sua tática:

>- defender a realização de um plebiscito sobre as modificações introduzidas na Constituição;
- apoiar o lançamento da Frente de Libertação Nacional, primeira tentativa de vulto para o estabelecimento de uma frente única das esquerdas;
- apoiar os movimentos grevistas;
- buscai o domínio sindical; e
- mobilizar as massas em torno de diversos eixos táticos, tais como: o restabelecimento de relações diplomáticas com a URSS, a solidariedade ao povo cubano, a suspensão da remessa de lucros para o exterior, o combate à carestia com uma política financeira livre das imposições do FMI, o congelamento de preços dos produtos de consumo popular, a defesa das estatais, a liberdade e a autonomia sindicais, a reforma agrária radical, o registro legal do Partido e o direito de voto aos analfabetos e aos soldados.

No desenvolvimento dessa linha política, o PCB colocar-se-ia, sistemática e fundamentalmente, contra os gabinetes do governo parlamentarista e contra o Congresso, sempre exigindo novas e crescentes reivindicações.


(2) Novos Rumos nº 143, ele 3 a 9 de novembro de 11961, pág. 8.

(3) Doutrinariamente, os marxistas-leninistas adotam 4 formas da lutas: as políticas, as ideológicas, as econômicas e a luta armada.