2ª Parte - Capítulo IV
A REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 1964

3. A reação no Campo Político

Nos meios políticos, a oposição mais objetiva às esquerdas e ao Governo, decisiva mesmo para o êxito da Revolução, seria desempenhada pelos Governadores, principalmente os de Minas Gerais, São Paulo e Guanabara.
A efetiva ação desses governadores, porém, só se fez sentir quando se esgotaram as possibilidades de ser mantida a normalidade constitucional. O Senhor Magalhães Pinto, inclusive, quando a conspiração já se realizava com certa desenvoltura, "abriria sua política para um diálogo com as esquerdas e com o Senhor João Goulart, na expectativa de constituir-se num núcleo de transigência e de composição ante a crescente radicalização de posições dentro do pais".(2)

No entanto, desde 1962, organizara-se no Congresso um bloco interpartidário denominado Ação Democrática. Parlamentar (ADP), que se constituiu numa oposição atuante até a Revolução.
Contando com cerca de 200 parlamentares, a ADP, permanentemente, travou batalhas verbais com os representantes das esquerdas, onde, muitas vezes, mais do que o mérito das questões, valiam pelas repercussões alcançadas na opinião pública.

A ADP rebateu as propostas esquerdizantes e apresentou dezenas de projetos técnicos de reformas, com o espírito democrático, contrapondo-se ao sentido socializante, às vezes demagógico, das reformas de base, defendidas pela Frente Parlamentar Nacionalista.

Foi no Congresso, pela palavra do Deputado Bilac Pinto, que se fez a mais veemente e correta denúncia da guerra revolucionária que se desenvolvia no país, com larga repercussão, particularmente na área militar mais jovem, que desconhecia a magnitude das ações subversivas em curso.


( 2) Castello Branco, C.: "Da conspiração à Revolução", em "Os idos de Março e a queda de abril". José Alvaro, Editora, RJ, 1964, pág. 292