2ª Parte - Capítulo IV
A REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 1964

4. O apoio da imprensa

Os mais influentes jornais e emissoras de rádio e televisão deram, desde o inicio, seu apoio às campanhas em defesa da democracia. Essas empresas, além de acolher o material preparado pelas organizações empenhadas na defesa do regime, tinham suas próprias campanhas editoriais. "Destacaram-se nesse mister a então poderosa rede de jornais, revistas, rádio e televisão dos "Diários Associados", o "O Estado de S. Paulo", "Jornal da Tarde" e Rádio Eldorado, do Grupo Mesquita. Ainda em São Paulo, participavam normalmente das campanhas as TV Record e Paulista e o "Correio Paulistano".
De grande importância era a participação do jornal "Noticias Populares", de propriedade do Deputado Herbert Levy, diário militante com grande penetração nas classes trabalhadoras. No Rio de Janeiro, exercia influencia semelhante "A Tribuna da Imprensa", então um jornal antipopulista e "A Noite". Também ali participavam os grandes jornais, como "O Globo" e o "Jornal do Brasil". No Rio Grande do Sul, estavam integrados nesse mesmo objetivo os jornais e emissoras da empresa Caldas Júnior, o mais importante complexo do setor de mídia do sul do País.

Além das empresas, muitos jornalistas influentes envolveram-se diretamente nas campanhas. Desses, destacavam-se Paulo Malta, que escrevia no influente "Diário de Pernambuco", e Pedro Dantas, pseudônimo de Prudente de Morais Neto, em sua respeitada coluna política. Além dos jornalistas, pode-se citar o trabalho desenvolvido na imprensa pelo embaixador José Sette Câmara, pelo também embaixador e poeta Augusto Frederico Schmidt, pela romancista e cronista Rachel de Queirós e pela escritora Nélida Pinon.

Seria exaustiva a citação de todos os escritores, jornalistas, artistas e especialistas em comunicação social participaram dessa empreitada, no entanto é fácil deduzir quão importante foi essa atuação no preparo da opinião pública. Não se pode deixar de salientar a constituição da denominada Rede da Democracia. Essa rede reunia mais de 700 estações de rádio, cujas transmissões iam para o ar na mesma hora em que Brizola transmitia sua arenga revolucionária por uma cadeia de emissoras liderada pela Rádio Mayrink Veiga, quando a luta ideológica se apresentava mais acirrada.