2ª Parte - Capítulo IV
A REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 1964

5. Amplia-se a reação

Em todos os segmentos onde o proselitismo esquerdista atuava houve reação. No meio sindical, eram realizados cursos para trabalhadores, dirigidos pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), organismo patrocinado por empresas privadas de São Paulo.
O IBAD era outra entidade que atuava nesse meio, promovendo os denominados Eventos Interestaduais de Sindicalismo Democrático, e editando a revista "Repórter Sindical", com a finalidade de unificar a ação organizada dos democratas em antecipação à atuação do infiltrado CGT.

O Movimento Sindical Democrático (HSD) era outra entidade que buscava defender os princípios democráticos na área sindical. Antepondo-se aos organismos sindicais controlados pelos comunistas, chegou a ter influência na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC).

Foram inúmeras a as entidades que surgiram para antepor-se a ação comunista nos sindicatos e entre os operários. A Federação de Círculos Trabalhadores Cristãos, de grande influencia chegou a estabelecer-se em 17 Estados e a criar uma Confederação o Nacional. Igual significado tinha o trabalho desenvolvido pelas Federaç6cs de Círculos Operários, que ofereciam assistência jurídica, médica, dentária e hospitalar, bem como cooperativas de concessão de crédito e habitacionais. Ministravam cursos variados, através das Escolas de Líderes Operários, que funcionavam em mais de uma dezena de capitais.

Essas atividades também se estenderam ao campo. No Nordeste, em especial, o Serviço de Orientação Rural de Pernambuco (SORPE), criado por padres, treinava líderes camponeses, incentivava a formação de cooperativas, oferecia cursos de alfabetização e auxiliava na criação de sindicatos de trabalhadores rurais com orientação cristã. Também o IBAD aí procurava contrapor-se ao método de alfabetização de Paulo Freire e ao Movimento de Educação de Base, oferecendo cursos de alfabetização. Atuava ainda nessa área a Fraterna Amizade Urbana e Rural (FAUR) e e muitas outras entidades que buscavam orientar e esclarecer o trabalhador rural, alvo de violenta e maciça doutrinação esquerdista.

Na área educacional era onde as esquerdas haviam obtido seu maior êxito e, valendo-se de estudantes e clérigos progressistas procuravam levar sua doutrinação às massas populares.
Várias organizações estavam envolvidas nesse processo: A Ação Popular (AP), que era uma ramificação da JUC, setores radicais Igreja, através do Movimento de Educação de Base (MEB), a União Nacional dos Estudantes (UNE), por meio de seu Centro Popular de Cultura, bem como o próprio MEC e as Secretarias de Educação dos Estados, por intermédio da Comissão de Cultura Popular. Essas entidades, além de empenharem em programas de alfabetização, trabalhavam no sentido de concretizar uma das metas da UNE, que, dominada pela AP, se empenhara em realizar a aliança política de trabalhadores, estudantes e camponeses, como pressuposto da revolução. O elo de ligação dessa intensa massa revolucionária eram as reformas de base, tendo como bandeira a reforma agrária.

Surgiram, então, entidades democráticas para atuar em oposição à UNE no movimento estudantil. Uma das mais importantes dessas entidades foi o Grupo de Atuação Política (GAP), que atuava no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O objetivo do GAP era levar a palavra ao movimento estudantil, com os argumentos da juventude não comprometidos com a UNE, buscando formar uma corrente de oposição consciente dos rumos comunizantes a que o País estaria sendo conduzido. Seu presidente, em depoimento ao historiador Hélio Silva, declarou que "o movimento não tinha nenhum vínculo com políticos. A tese, desde praticamente o início, era a da solução de um movimento que antecedesse o preparado pelas e esquerdas (...)".
Vários outros grupos atuavam nessa área, com objetivos semelhantes, editando jornais, onde defendiam suas teses, e buscando empolgar a direção das entidades estudantis. Tiveram o apoio material de diversas organizações que à época defendiam as instituições e o regime. Uma das mais importantes contribuições que essas entidades tiveram foi a publicação, com o apoio do IPES, do livro "UNE - instrumento de subversão", no qual sua autora, a estudante Sônia Seganfredo, expunha a infiltração comunista no meio universitário.

Apesar dos esforços feitos, essa foi uma das áreas onde a reação mais se radicalizou, mas onde os êxitos foram atenuados pelo elevado grau de doutrinação que dominava o meio. Essas inúmeras entidades atestaram, porém, que a juventude não esteve omissa nos anos agitados que precederam o 31 de março de 1964.