2ª Parte - Capítulo IV
A REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 1964

9. O pronunciamento dos políticos

Depois de meses de tensão e luta, os políticos brasileiros, particularmente aqueles que se haviam empenhado na defesa da democracia, liderados pela maioria dos governadores, entre os quais se destacavam os da Guanabara, Minas Gerais e São Paulo, podiam respirar aliviados, convictos do acerto das decisões tomadas.

Carlos Lacerda, com a veemência que lhe era peculiar, falava aos cariocas: "O Sr. João Goulart acobertou, patrocinou, estimulou todas essa gente, jogando marinheiros contra soldados, farda contra farda, classe contra classe, brasileiros contra brasileiros. Assim, não era possível que Marinha, Aeronáutica e Exército suportassem mais tamanha impostura e tamanha carga de traição. Deus é bom. Deus teve pena do povo".

O Governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, afirmava: "O movimento restaurador legalidade, que Minas tomou a iniciativa e e responsabilidade de desencadear, com o apoio de todos os brasileiros, em breve estará concluído com a formação de um governo em condições de promover a paz, o desenvolvimento nacional e a justiça social".

Em São Paulo, o Governador Adhemar de Barros era mais contundente: "Votamos ao poder para pacificar. Não quero nada. Apenas a democracia autêntica, sem receber ordens de Moscou. Goulart bolchevizou a família brasileira. Mandou mais de 11 mil estudantes paulistas fazerem cursos comunistas na Rússia. Agora, vou mandar os comunistas falarem em liberdade em Moscou".

O Senador e ex-Presidente Juscelino Kubitschek, que compunha com os políticos antes citados o quadro dos pretensos candidatos à presidência da República, assim se expressou: "É com o pensamento voltado em Deus, grato à sua proteção ao Brasil e ao povo, que saúdo a nossa gente pela restauração da paz, com legalidade, com disciplina e com a hierarquia restaurada nas Forças Armadas. A paz não exclui, todavia, a vigilância democrática. O perigo comunista não estava, como se viu, no comportamento do povo e dos trabalhadores, ordeiros e democratas. O perigo comunista estava na infiltração em comandos administrativos".