3ª Parte - Capítulo I
1964

12. O PORT e suas ligações com o movimento rural do Nordeste e com Brizola

Em 1964, dois eram os setores prioritários do PORT: o meio militar, onde possuía células entre os sargentos; e o campo, onde procurava sublevar os camponeses em torno da luta pela reforma agrária.

Nos dias carnavalescos de 9, 10 e 11 de fevereiro de 1964, em Eldorado, no interior paulista, o PORT realizou o seu I Congresso Nacional, com a presença de 40 delegados de são Paulo, Guanabara, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Paraíba, além de representantes estrangeiros, inclusive o seu líder máximo a nível internacional, "J. Posadas".

Foram eleitos o Comitê Central e o Bureau Político, este constituído por cinco membros efetivos, inclusive Gabriel Labat ("Ari", "Diego"), uruguaio, membro do Secretariado Internacional, de Posadas," e três membros suplentes (13).

A decisão mais importante do Congresso foi a aprovação do apoio a Brizola; visto como o único líder que poderia congregar as massas populares contra o "golpe-militar", em torno de um movimento nacionalista.

Ao final do Congresso, demonstrando a confiança que tinha no movimento, o próprio Posadas declarou: "Se cumprirmos todas as resoluções deste Congresso, o próximo será feito no Palácio da Alvorada".

Pouco mais de um mês depois, a Revoluç50 de Março colocava o PORT na clandestinidade, desarticulando o trabalho junto aos camponeses. Nessa época, cinco membros do Bureau Político estavam no Uruguai, participando do Congresso Mundial da linha posadista (14).

Datado de 17 de agosto de 1964, o documento "Resolução da Secretaria Internacional da Quarta Internacional", assinado por Posadas, analisa a situação brasileira, concluindo que o movimento nacionalista de Brizola era a única opção da resistência popular e que o PORT deveria apoiar as guerrilhas no campo, através da constituição dos "grupos dos 5", em substituição aos "grupos dos 11".

Nesse mesmo mês, um Pleno Ampliado Nacional, realizado em São Paulo, resolveu incrementar a luta guerrilheira e enviar Cláudio Antonio Vasconcellos Cavalcanti ao Uruguai, para realizar um pacto com Brizola.

Ainda em agosto, o Comitê Regional Nordeste do PORT lançou o jornal clandestino "Revolução Socialista", que pregava a violência revolucionária para derrubar o Governo. Ainda no Nordeste, outros jornalecos do PORT, como o "Resistência" e o "Terra e Socialismo", prosseguiam no mesmo tom, seguindo o preconizado pela sua publicação de nível nacional, o "Frente Operária".

Datado de 6 de outubro de 1964, um panfleto, assinado pelo PORT e pelo Movimento Nacionalista Revolucionário, pregava a guerrilha rural e conclamava o povo do Nordeste a apoiar Antonio Joaquim de Medeiros, conhecido como "Chapéu de Couro", líder camponês e militante do Partido (15).

A partir de 28 de outubro, a prisão de diversos militantes do PORT, em Pernambuco, desmantelava a sua estrutura no Nordeste e acalmava, temporariamente, os ânimos no meio rural.

(13) Compunham, ainda, o Bureau Político: Sidney Fix Marques dos Santos; Sumida Tomochi; Túlio Vigevani; Carlos Viana Montarroyos; e os seguintes membros suplentes: Cláudio Antonio Vasconcellos Cavalcanti; Magda Labat, esposa de Gabriel Labat; e Maria Hermínia Brandão Tavares de Almeida.

(14) Em junho, dois membros do Comitê Central do PORT, Sumida Tomochi e Thomás Maak foram presos em São Paulo e libertados alguns meses depois.

(15) Mais tarde, em 1966, essa denominação, Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) seria utilizado por Brizola.