4ª Parte - Capítulo I
A ESTRATÉGIA GERAL

1. A estratégia geral

"As palavras, como parte de um esforço cuidadosamente organizado, são hoje uma forma de luta suplementar e algumas vezes suplanta as antigas formas de conflito".
Athinson (1)

Vencidas na forma de luta que escolheram - a luta armada - as organizações da esquerda revolucionária têm buscado transformar a derrota militar que lhes foi imposta, em todos os quadrantes do território nacional, em vitória política.

Após a autocrítica, uma a uma das diferentes organizações envolvidas na luta armada concluíram que foi um erro lançarem-se na aventura militarista, sem antes terem conseguido o apoio de boa parte da população. A partir desse momento, reiniciaram a luta para a tomada do poder, mudando de estratégia - a prioridade agora seria dada ao trabalho de massa.

O trabalho de massa consiste na propagação da ideologia e na utilização das técnicas de agitação, de propaganda, de recrutamento e de infiltração, valendo-se de todos os meios de comunicação social para atuar sobre os diferentes segmentos sociais (movimento operário/sindical; movimento educacional; movimentos populares; etc), a fim de conscientizar a massa para a necessidade de fazer a revolução. Objetiva, particularmente, conquistar a população, sobretudo fazendo com que perca a fé nos governantes, no regime e nas instituições, dominar, especialmente por meio da infiltração, as estruturas governamentais; e educar, organizar e orientar os diversos segmentos sociais para a revolução.

Ao optarem por essa mudança, colocaram-se lado a lado com a esquerda ortodoxa, da qual divergiam desde os últimos anos da década de cinquenta, vendo-se perseguindo os mesmos objetivos táticos e valendo-se das mesmas técnicas e processos. Nessa fase, encontraram ainda um poderoso aliado, o clero dito "progressista", que pouco a pouco tirara a máscara e propugnava por uma "nova sociedade", também socialista.

Todos atuavam, agora, no trabalho de massa. Sabedores que, com a politização que a democracia introduziu no mundo ocidental, os "donos da opinião pública determinam os acontecimentos muito mais que os donos das fábricas ou os chefes militares", valer-se-íam largamente da propaganda para alcançar seus objetivos (2).


(1) Athinson James D: "A Política de Luta" já citado.

(2) A propaganda é aqui entendida como arma que é da Guerra Psicológica. Constitui-se na difusão de dados e fatos visando a influenciar opiniões, gerar emoções, provocar atitudes ou dirigir o comportamento de indivíduos e grupos, a fim de beneficiar quem a promove.