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Pesquisa e Projeto de uma Aplicação em Computação Móvel para 
Monitoramento de Pacientes em UTI  
   (02)

Autora: Líliam Carla Gaiotto Maluta 

Capítulo 1

1. Introdução

Com o surgimento da Internet deu-se um grande passo em direção à integração e interoperabilidade entre as mais diversas plataformas de rede. Este advento serviu para instigar a busca de novas tecnologias, envolvendo áreas como as de comunicação celular, de redes locais sem fio e de serviços via satélite, a fim de que viabilizassem o acesso e a utilização de serviços e recursos computacionais de forma remota (alguns sensíveis à localização), em qualquer lugar e a qualquer momento. 

Para este propósito, dispositivos portáteis tais como PDAs (personal digital assistants), computadores pessoais, palmtops e mesmo aparelhos celulares, devem prover capacidade de comunicação com a parte fixa da rede e possivelmente, entre eles, não necessitando ter uma posição fixa na rede. Devem permitir acesso permanente aos serviços, em uma rede fixa ou móvel, independentes de localização ou de mobilidade. A este contexto dá-se o nome de computação móvel (MATEUS, 1998, LOUREIRO, 2001).

O conceito de computação móvel é relativo ao fato de não haver ligação física entre as unidades móveis (UMs) e a rede fixa, permitindo grande liberdade de movimentação (SANTIAGO, 2001). Este paradigma vem ampliar a computação distribuída, somando-se à infra-estrutura estática, uma parte móvel, representada por uma área ou célula, onde ocorre a comunicação sem fio dos dispositivos móveis.

 A mobilidade introduz restrições inexistentes na computação tradicional e provoca mudanças significativas na forma de projetar e desenvolver sistemas. Protocolos de comunicação, serviços e aplicações distribuídas precisam ser re-projetados para suportarem mobilidade e permitir adaptação dinâmica às características do ambiente de execução, tais como: quantidade limitada de energia no dispositivo móvel, alta variação na largura de banda disponível e na latência da comunicação (desconexões freqüentes), ambientes heterogêneos, variação no tipo, na quantidade e na qualidade de serviços e recursos disponíveis à medida que o usuário se desloca, problemas de localização e questões de privacidade e segurança no trafego de informações (ENDLER, 2001).

  Além destes problemas existem questões como da necessidade de sofisticados algoritmos para rastreamento, dos altos níveis de ruído e das unidades móveis estarem sujeitas a interferências diversas (outros meios de transmissão, geográficas, mobilidade). Estes aspectos não chegam a incomodar quando se trata da transmissão de sinal de voz, o que já não é verdade quando os sinais representam dados.

  Um cliente[1] móvel deve estar apto a acessar e/ou receber informações de forma transparente, sem se preocupar com problemas de comunicação intrínsecos às redes sem fio. É preciso oferecer serviços que possibilitem a transferência de dados de forma confiável, preferencialmente, evitando consumo desnecessário de energia. Uma hipótese seria evitar que o cliente tome a iniciativa de realizar consultas a cada instante. Existem várias abordagens que vem de encontro a este problema, as quais, serão explicadas e analisadas no decorrer deste trabalho.

           Um modelo que vem sendo implementado em ambientes de computação móveis devido a sua capacidade de migração e autonomia de execução é o de Agentes Móveis. Sua utilização deve-se, principalmente, ao fato dos agentes carregarem mensagens através da rede, acessarem bases de dados e executarem consultas de forma eficiente, além de resolverem problemas de roteamento e desconexão (NAGAMUTA, 2001b). Agent Tcl (KOTZ, 1996), um exemplo deste sistema, possui mecanismos de suporte a computadores móveis e operações desconectadas.  

Agentes oferecem serviços para outros agentes migrarem entre computadores móveis, de forma transparente, sem que precisem se preocupar sobre quando haverá reconexão com a rede fixa. Outros exemplos são: Odyssey (ENDLER, 2001) e Concórdia (NAGAMUTA, 2001a).

Outras implementações podem ser realizadas através de protocolos como IP móvel, WAP (wireless application protocol), SMPP (short message peer to peer) ou mesmo serviços SMS (short message service). A abordagem escolhida depende de fatores relevantes ao resultado pretendido. São várias as aplicações possíveis de serem obtidas envolvendo o paradigma de computação móvel.  

Estes ambientes de computação altamente dinâmicos disponibilizam serviços representativos, como aplicações para negócios (e-commerce), telecomunicações e comunicações pessoais, defesa nacional, gerenciamento de emergência e desastres, sistemas de controle de tempo real, operações remotas e acesso à Internet. Segundo (SHARMA, 2001), na área médica podem ser implementados serviços de monitoração de cuidados médicos, de emergência (localização) e diagnósticos remotos.  

Diante destes aspectos resolveu-se elaborar um protótipo com base em uma das abordagens descritas, com finalidade de monitorar pacientes em UTI via celular. Para isso, foi realizado um levantamento das tecnologias e do ambiente de execução, servindo como base para a efetiva implementação.

Este trabalho representa uma forma alternativa de assistência, vindo permitir a agilização do atendimento médico, e conseqüentemente proporcionar maior segurança aos pacientes, contudo, não pretende substituir nem interferir no processo de obtenção, armazenamento e manipulação dos dados do paciente.

  Um ambiente de UTI destina-se a acomodar pacientes de alta gravidade, carentes de avaliação clínica permanente e de sistemas de suporte à vida. Um paciente internado em uma UTI necessita de cuidados intensivos, seu estado geral de saúde é muito instável, requerendo acompanhamento constante e tomada de decisões rápidas.  

O monitoramento realizado de forma ininterrupta por aparelhos como eletrocardiogramas, oxímetros, capnógrafos e de pressão arterial não invasiva, deve ser acompanhado, concomitantemente, por médicos intensivistas e enfermeiras.  

Apesar de todo este aparato, tem-se que ratificar que a responsabilidade do médico que prestou atendimento ao referido paciente em primeira instância, não termina quando este adentra à UTI, havendo, portanto, uma duplicidade de responsabilidade: ambos os médicos são co-responsáveis perante a lei.  

Além disso, na maioria dos hospitais, o intensivista é na realidade um médico generalista com residência médica em Intensivismo. Assim sendo, fica clara a necessidade da assistência por parte do especialista que atendeu o paciente em primeira instancia e o internou, pois este conhece a fundo as particularidades que a especialidade lhe confere.  

Porém, nota-se a dificuldade e, às vezes, impossibilidade deste especialista estar disponível pessoalmente. Desta feita, evidencia-se a utilidade que este sistema pretende oferecer, que é a de permitir ao médico o acompanhamento do estado do paciente de modo mais efetivo, apesar de outras atividades que o mesmo possa possuir e de problemas eventuais no trajeto ao hospital, como engarrafamentos.

Em pesquisas realizadas até o presente momento, verificou-se a inexistência de aplicações similares a esta proposta, o que vem enfatizar a motivação sobre o assunto. No hospital Albert Einstein em São Paulo - SP, existe um monitoramento por meio de dispositivos acoplados ao corpo do paciente que funciona por rádio-freqüência e permite ao médico o acesso via hand helds aos sinais vitais. Porém, esta abordagem é realizada em ambiente interno.

         No Rio Grande do Sul, por meio da AMRIGS (associação médica do Rio Grande do Sul), foi feito um convenio para um consultório ‘virtual’, onde as consultas podem ser marcadas pelo celular, entre outras coisas, e os dados dos consultórios ficam armazenados em um banco de dados em comum, havendo maior integração entre profissionais da área médica.


1.1    Objetivo Geral

           O presente trabalho tem como objetivo possibilitar a elaboração de um protótipo para a realização do monitoramento de pacientes em UTI, via celular, favorecendo o acompanhamento do paciente, pelo médico, de forma remota.  

Através do levantamento das tecnologias envolvidas, dos problemas que porventura existam e dos métodos para disponibilização dos dados referentes aos equipamentos ligados ao paciente, pretende-se efetivar a visualização por acesso ou envio de dados, de conteúdo que represente relevância.    


1.1.1        Objetivos Específicos

           Definição dos parâmetros que venham motivar a intervenção emergencial do médico, e que devam ser monitorados a fim de ativar o envio de mensagens ao celular do mesmo; e de que forma estas mensagens serão enviadas.  

           Escolha e implementação de um banco de dados de pacientes, com os dados mais relevantes, devido a este ser apenas um protótipo.  

 Elaboração de uma homepage onde o médico intensivista e enfermeiras possam manipular os dados referentes aos pacientes (cadastrar, alterar, etc) e o médico especialista possa ter acesso aos relatórios de seu interesse.

  Especificação de uma interface visando facilidade de interação e uso efetivo do sistema. Segundo SABBATINI (2001), sem primeiro ‘convencer’ as pessoas a usarem, todas tentativas de se introduzir tecnologias complexas em hospitais poderão falhar.

  Oferta de uma alternativa de acesso à distância, que venha possibilitar mais uma opção do médico estar em contato com o paciente, monitorando-o. O eventual mau funcionamento deste sistema não implica em danos, pois este não pretende substituir nem interferir no processo de obtenção, armazenamento e manipulação dos dados do paciente.


1.2    Organização do Trabalho

            Este trabalho está estruturado da seguinte maneira: no capítulo 2 é dada uma explanação sobre Computação Móvel, características dos Sistemas, requisitos e serviços oportunizados. São também descritos os principais modelos existentes em sistemas distribuídos, normalmente utilizados por aplicações móveis. Discorre-se sobre Adaptabilidade às mudanças, como também protocolos e serviços.

  No capítulo 3 é apresentado o modelo de Agentes Móveis, quando e porque usá-los. São expostos e classificados alguns Sistemas de Agentes Móveis, assim como de certa forma, enaltecida a utilização da linguagem Java na elaboração dos mesmos. Ao final, é feito um comparativo entre o uso tradicional da rede WWW e o uso com Agentes.

  No capítulo 4 é descrita a tecnologia WAP, sua arquitetura, protocolos, funcionamento comparativo à WWW, problemas quanto à segurança e as linguagens WML e WMLScript.

  Finalmente, no capítulo 5 discorre-se sobre o referido trabalho e no capítulo 6 delineiam-se as conclusões e trabalhos futuros, enquanto que no capítulo 7 são listadas as Referências Bibliográficas.  


[1] Uma aplicação executando num sistema de computação, responsável por requisitar um serviço de outra aplicação executando normalmente em outro sistema, chamada de servidor.


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