Antonio 
José Figueiredo Enne
 
 
WirelessBrasil 
Março 2019 Índice dos assuntos deste website
24/03/2019
Redes Modo Circuito: Comutação
1-INTRODUÇÃO 
Comutação consiste no estabelecimento, em um comutador, de uma conexão ou de uma 
associação entre extremidades de dois ou mais links, estando essas extremidades 
localizadas em portas de entrada e de saída do comutador.
Na comutação modo circuito (circuit switching), a conexão ou associação 
entre as extremidades de links fica, de forma espacial ou temporal, 
deterministicamente estabelecida, sendo as informações comutadas automaticamente 
da porta de entrada para a(s) porta(s) de saída, sem que haja necessidade de 
qualquer identificação explícita nas informações comutadas.
Na comutação modo pacote (packet switching), ao contrário, a associação 
entre extremidades de links é expressa por tabelas cross-connect contidas nos 
comutadores. Os identificadores para entrada nessas tabelas, contidos nos 
quadros comutados, são endereços de destino em redes modo pacote sem conexão por 
datagramas, ou são labels inseridos nesses quadros em redes modo pacote 
orientadas a conexão por circuitos virtuais. 
Conforme o ITU-T, os circuitos (reais ou virtuais) podem ser obtidos por 
comutação em demanda ou por comutação (semi) permanente.
A comutação em demanda se realiza tipicamente por meio de sinalização, que 
ocorre no plano de controle da rede, no pressuposto (não obrigatório) de que as 
conexões (circuito reais ou virtuais) sejam de curta duração.
A comutação (semi) permanente, por sua vez, é tipicamente realizada por cross--conexão, 
no plano de gerenciamento, quando a comutação se realiza por comandos 
administrativos. Pressupõe-se, não obrigatoriamente, que as conexões sejam de 
longa duração.
Na comutação modo pacote por circuitos virtuais, por exemplo, os circuitos 
comutados em demanda são referidos como SVCs (switched virtual circuits), 
conhecidos no Brasil como CVCs (circuitos virtuais comutados). Os circuitos 
obtidos por comutação (semi) permanente são referidos como PVCs (permanent 
virtual circuits), conhecidos no Brasil como CVPs (circuitos virtuais 
permanentes).
2 - REDES MODO CIRCUITO COMUTADAS
A comutação no modo circuito ocorre, por exemplo, nos seguintes tipos de rede:
-Redes telefônicas comutadas;
-RDSI-FE (Rede Digital de Serviços Integrados-Faixa Estreita;
-Redes ópticas de transporte comutadas por cross-conexão;
-Redes ópticas de transporte comutadas em demanda pelo GMPLS (Generalized 
Multiprotocol Label Switching).
2.1-Redes Telefônicas Comutadas 
O exemplo tradicional de comutação no modo circuito são as redes telefônicas 
públicas, referidas como PSTN (Public Switched Telephone Networks) e as 
redes telefônicas privativas (tipicamente por meio de PABXs). 
Registra-se que a telefonia vem evoluindo no sentido da utilização de VOIP (Voice 
over IP), inclusive via Internet, deixando assim de se basear em redes modo 
circuito e passando a se basear em redes modo pacote.
A telefonia caracteriza-se pela comutação em demanda (rede discada).
De início, a telefonia no modo circuito utilizava comutação espacial (space 
division switching) utilizando centrais eletromecânicas, tendo evoluído para 
a comutação temporal (time division switching) associada a sistemas 
digitais baseados em centrais CPA-T (Central de Programa Armazenado-Temporal).
A rede de telefonia totalmente digitalizada é referida como RDI (Rede Digital 
Integrada).
2.2-RDSI-FE
Outra modalidade de rede comutada digital operando no modo circuito 
primordialmente destinada à telefonia é a RDSI-FE (Rede Digital de Serviços 
Integrados-Faixa Estreita).
A RDSI-FE, hoje praticamente não mais utilizada, foi obsoletada e substituída 
pela RDSI-FL (RDSI de Faixa Larga), que é baseada no ATM.
A RDSI-FL (ou seja, o ATM) tampouco teve uma longa duração, em parte em 
decorrência de seu desencontro com as redes IP. Esse assunto será abordado em 
futuros artigos ou tutoriais,
O insucesso da RDSI-FE decorre provavelmente do fato de se lançar uma rede modo 
circuito para múltiplos serviços quando as redes modo pacote, mais adequadas 
para isso, já eram praticamente realidade.
A RDSI-FE utiliza multiplexação por divisão de tempo no acesso, e possibilita, 
além da comutação de circuitos, também a comutação de pacotes.
O acesso pode ocorrer pelos seguintes principais tipos de interface:
- Interface básica;
- Interface primária.
2.2.1– Interface Básica 
A interface básica é constituída por três canais multiplexados, na forma 2B+D.
Os canais B, com 64 Kbps cada um, são destinados à transmissão telefônica 
digital em PCM (Pulse Code Modulation). Os sistemas PCM foram vistos no 
artigo anterior. Os canais B podem ser utilizados também para comunicações 
comutadas por pacotes.
O canal D, com 16 Kbps, é utilizado primordialmente para sinalização, mas pode 
ser utilizado também para transmitir dados comutados por pacotes.
2.2.2 – Interface Primária
A interface primária no Brasil, que adotou o padrão Europeu, é estruturada na 
forma 30B+D, mantendo-se a taxa de 64 Kbps para os canais B.
O canal D, nesse caso, utiliza também a taxa de 64 Kbps.
A estrutura dos canais B é semelhante à estrutura dos sistemas E1, já vista no 
artigo anterior. A estrutura 30B, de 1.920 Kbps, é referida como canal H12.
Da mesma maneira que nos sistemas E1, que possuem 32 canais, sendo 30 desses 
canais destinados à transmissão de informações, o canal 0 é utilizado para o 
alinhamento de quadros, uma vez a cada dois quadros. Quando não utilizados para 
alinhamento, os canais 0 podem conduzir informações de manutenção e de detecção 
de erros por CRC (Cyclic Redundancy Check).
O canal 16 é também utilizado para fins de controle, no caso para sinalização.
2.2.3 – Outros Tipos de Canal
Além dos canais B, de 64 Kbps, e dos canais D, de 16 Kbps ou de 64 Kbps, foram 
definidos os canais H.
Existem três tipos de canais H:
- H0 (6 canais B, no total de 384 Kbps);
- H11 (24 canais B, no total de 1.536 Kbps), utilizado no padrão americano;
- H12 (30 canais B, no total de 1.920 Kbps), utilizado na Europa e no Brasil.
Os canais H são destinados à transmissão de dados em aplicações que requerem 
altas taxas de vazão.
2.3 - Redes Ópticas de Transporte Cross-Conectadas
Um grande desenvolvimento na comutação no modo circuito vem ocorrendo por meio 
do uso de centrais de cross-conexão em redes ópticas de transporte, tanto no 
modo temporal (SDH e OTN) quanto no modo espacial (WDM).
Assim, por exemplo, em centrais de cross-conexão SDH, time-slots iguais 
de diferentes sistemas SDH podem ser administrativamente cross-conectados, 
permitindo a constituição de extensos links SDH, abrangendo diversos sistemas 
SDH cujos time-slots foram cross-conectados.
2.4- Redes Ópticas de Transporte Comutadas pelo GMPLS
Mais recentemente, sob a égide do IETF (Internet Engineering Task Force), 
entidade de padronização da comunidade Internet, passou-se a utilizar comutação 
em demanda em SDH, OTN e WDM, dentre outras redes, utilizando-se o GMPLS.
O GMPLS é um plano de controle derivado do plano de controle do MPLS-TE (MPLS 
Traffic Engineering), que consiste fundamentalmente em um entre dois 
protocolos de roteamento denominados GMPLS OSPF-TE e GMPLS ISIS-TE (GMPLS IS-IS 
TE), e em um protocolo associado de sinalização denominado GMPLS RSVP-TE (GMPLS 
Resource Reservation Protocol-TE).
O GMPLS possibilita o roteamento e a sinalização em diferentes modalidades de 
rede, tanto no modo circuito quanto no modo pacote.
Um importante exemplo de uso do GMPLS em redes modo pacote é o MPLS-TP (MPLS 
Transport Profile).
Pela sua importância e complexidade, abordaremos o GMPLS em futuros tutoriais.