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11/07/08

Como funciona a Internet (13) - Mapeando os "nossos" backbones (03) - Mensagem de Bruno Cabral

----- Original Message -----
From:
bruno@openline.com.br

To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, July 11, 2008 6:30 PM
Subject: Re: [wireless.br] Mapeando os "nossos" backbones

Olá

Muito interessante essa discussão, gostaria de tecer um ou dois comentários mais pragmáticos a respeito sobre AS e interconexão e sobre "de quem é a culpa quando tudo cai".

Nos Estados Unidos e também no Brasil, há um esforço centralizador dos grandes players, que se recusam a interconectar (trocar tráfego) com players menores sem cobrar deles o trânsito (explico o que é trânsito no final, para quem ainda não conhece o termo). Por exemplo aqui no Nordeste um cliente da Embratel em João Pessoa para acessar um cliente Telemar (ADSL) na mesma cidade geralmente passeia bastante, indo até Recife, as vezes Salvador, Rio de Janeiro ou mesmo São Paulo para trocar tráfego com o outro backbone e vir
pela rede do mesmo até o cliente destino.

E a volta sofre do mesmo problema.

Os usuários de Internet nem imaginam que isso acontece, é bom frisar, mas pode ser facilmente verificado através do TRACEROUTE (Iniciar, executar, cmd, tracert nos Windows), que mostra algumas informações incompreensíveis para leigos mas entre elas o endereço IP (e nome, quando existe) de cada roteador por onde o pacote passa enquanto caminha pela Internet.

Por que os backbones não tem interconexão em mais locais? Porque manter mais pontos de troca de tráfego pressupõe maior gerência de rede, custo de portas de interconexão (físicas), e tira poder de fogo do fornecedor de backbone em forçar os menores a pagarem trânsito consigo: Por que um provedor de serviços de internet pagaria caro por link da tele se pode trocar tráfego sem pagar nada ou pagando pouco, localmente?

Portanto, a "culpa" quando há uma queda de link é da operadora, que centraliza para economizar custos ganhando pela escala ao invés de fazer rotas redundantes para minimizar possíveis problemas. E quem precisa de mais resistência se vê obrigado a manter 2 (as vezes mais) fornecedores de Internet para que a queda do principal não interrompa completamente sua comunicação.

Os PTTs (Pontos de Troca de Trafego) que a RNP tem (muito timidamente, IMHO) criado são um esforço para contrabalançar esse interesse privado das teles face ao interesse público de melhor funcionamento da Internet. Com mais PTTs, no caso de uma queda, os caminhos alternativos automaticamente surgiriam e a comunicação fluiria, um pouco mais lenta talvez, mas não interromperia de todo.

Por sinal acho que cabe dizer aqui que o pessoal da Abranet, na Presidência do Eduardo Parajós, quer replicar a experiência de PTTs nas demais regiões, onde qualquer um que chegue com meios próprios possa trocar tráfego com os outros e com isso diminuir a dependência de um backbone para que sua Internet funcione. Um sonho para os provedores independentes.

Eu acho essa idéia louvável e deveria ter mais apoio, mas está sofrendo, digamos, "resistência" por parte das teles em vender os links (sem IP) de São Paulo até cada local em preços acessiveis. Algo como ofertar por R$3 mil um mega de MPLS quando o preço de um link de um mega com a própria tele custa na faixa R$179, por exemplo. As grandes redes de dados (tirando a da Eletronet) já estão nas mãos das teles (por ex. a Rede Pegasus comprada pela Oi, a Geodex comprada pela GVT etc.), o que limita bastante a oferta de fibras para
cobrir nosso gigantesco pais (essa é a seara do Rogério *risos*)

Aqui com meus botões eu me pergunto se a rede "gigaflops" da RNP (mapa no endereço abaixo), que tem bastante ociosidade nos links principais, não poderia "hospedar" essa troca de tráfego entre os core routers (no sp.ptt.br) em São Paulo e os provedores independentes nas diversas capitais, já que se depender das teles isso não sairá do papel nunca...
http://www.rnp.br/ceo/trafego/panorama.php

[]s,
!3runo Cabral

* Trânsito é tráfego internet com o mundo exterior. É diferente de peering pois neste caso este se apresenta como troca apenas com endereços dentro das respectivas redes. Por ex. se eu sou cliente da Embratel faço peering com todos os clientes dela (sem mudar de backbone, embora ela cobre por isso).
Para atingir clientes conectados em outros backbones, como da BrT por exemplo, ou mesmo internacionais, precisaria comprar trânsito. Conectado a um PTT o provedor não pagaria o peering, o que diminui sua conta e com isso possibilita menores preços e mais oferta de serviços aos seus usuários.

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