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Outubro 2008               Índice Geral do BLOCO

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07/10/08

• TV Digital (32) - Interatividade e Ginga - "Resumo" corrigido e ampliado + Coleção de notícias

----- Original Message -----
Sent: Tuesday, October 07, 2008 7:18 PM
Subject: TV Digital (32) - Interatividade e Ginga - "Resumo" corrigido e ampliado + Coleção de notícias
 
01.
Este é o "Serviço Comunitário" sobre "TV Digital.

O objetivo do "Serviço" é informar e estimular o "compartilhamento" das opiniões, conhecimentos e experiências dos participantes.
O "Serviço" se completa com o debate do tema.

Estamos também em "campanha" para incentivar a interação de nossos membros com as autoridades, entidades públicas e da sociedade civil e com a mídia.
Neste "maravilhoso novo mundo conectado" a participação individual é possível e faz uma enorme diferença!
 
02.
É uma longa "tradição" na ComUnidade acompanharmos programas governamentais sem fazer política partidária, com espírito crítico, para "ajudar a dar certo".
De um modo geral, independente do governo de plantão, os programas são bons mas não vingam por incompetência e má administração, falta de acompanhamento e auditoria e, não raro, muita malandragem e corrupção.
 
Estamos acompanhando a implantação da TV Digital.
Sem maiores considerações, vemos que a imposição de um padrão sem levar em conta os estudos anteriores patrocinados pelo próprio governo e a precipitada implantação parecem obedecer à fatores outros que não os diretamente ligados ao interesse da população.
O início prematuro das transmissões, a ausência de estudos sobre os canais de retorno no "mundo real" e a venda de conversores capengas é simplesmente um escândalo.
Mas está aí e veio para ficar.
Agora tem que dar certo, com transparência, sem enganação ou prejuízo para o consumidor.
No momento, nossa ajuda é procurar entender, para depois fiscalizar.

Um sub-produto esperado deste "acompanhamento" é não deixar que se cometam tantos erros no estudo e eventual adoção do "Rádio Digital".
 
Agradeço a todos que, nos bastidores, enviaram críticas, correções e sugestões!

Ontem registramos no BLOCO esta mensagem com indicações recebidas:
TV Digital (31) - Interatividade e Ginga - Dois artigos sobre TV Digital
 
03.
Como disse numa mensagem anterior, comecei a estudar um Tutorial para fazer aplicativos em linguagem NCL e compreender melhor a tal da "interatividade".
Serviu como motivação!
Em complemento, colecionei várias notícias sobre o tema (referenciadas ou transcritas mais abaixo).
Mas fiquei com enorme dificuldade de colocar tudo em perspectiva com a simples leitura dos textos: haja!  :-)
Como não sou jornalista (nem "estou" mais engenheiro...) mas sou curioso e chegado num "resumo-resumido", tentei fazer um pequeno texto apenas com os dados das matérias publicadas, o que é uma atividade de alto risco.  :-)
E arrisquei também alguns comentários simples, simplistas e simplórios (riscos mais elevados ainda...)  :-))
 
O "resumo-resumido" tomou fermento e transformou-se num "resumão"... :-)
A idéia é fornecer informações básicas sem pretensões de ser completo.
Vamos corrigir e complementar?

04.
Middleware, os "Gingas", os "interesses", a "Academia pragmática", o "canal de retorno", o "Fórum Nacional de TV Digital"...

Definição de middleware

Muito genericamente, "middleware" (alguns traduzem como "mediador") é um programa ou software intermediário que interliga outros dois aplicativos que normalmente encontram-se em camadas diferentes.

No caso da TV Digital é a ligação entre o "ambiente sofware/hardware" do receptor e o "ambiente" do conversor (set-top box).
Nesta situação, um "programador de interatividade" pode "operar" apenas o "middleware" sem necessidade de maiores conhecimentos sobre os dois ambientes.

Outros "padrões"

Pelo que consta, ainda não existe um padrão universal de middleware para TV Digital.
"Lá fora" três grupos principais tentam formalizar um padrão aberto:
- a Europa com sistema DVB tenta padronizar o MHP,
- os Estados Unidos com ATSC tenta o DASE e
- o Japão com ISDB tenta o ARIB.

O Ginga

O SBTVD - "Sistema Brasileiro de TV Digital" especificou um middleware com a denominação de Ginga para ser o "padrão" nacional e está sendo desenvolvido pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba). 

O Ginga é o único componente genuinamente nacional  do "sistema nipo-brasileiro" de TV Digital.

A PUC-Rio e a UFPB foram contratadas pelo governo federal em 2005 para o desenvolvimento. Por falta de recursos, o ritmo foi desacelerado em 2006 tendo sido necessário o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia.
No total, o FUNTTEL (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) investiu 5,7 milhões de reais no desenvolvimento do Ginga.

Ainda não entendi bem a "mecânica da coisa" mas, aparentemente, o governo contratou junto às universidades a elaboração de uma "especificação" que se confunde com um protótipo ou "produto acabado" básico.
Como é aberto, as empresas o recebem gratuitamente e o modificam para embuti-lo em seu equipamento. E, antes da comercialização, tudo teria que ser homologado  ou certificado com o "selo de conformidade Ginga".

Nada consta se o contrato está concluído com a entrega do "produto".

A PUC-Rio (que é uma universidade particular) e a UFBP (que é federal), travam uma feroz batalha para emplacar seus sub-sistemas.
Consta que, no momento, existem apenas duas empresas fornecedoras do middleware (Ginga) no Brasil - a TQTVD e a Mopa (comentários mais abaixo).

O middleware desenvolvido pela PUC-Rio é conhecido como Ginga-NCL, Ginga 1.0 ou Ginga NCL-Lua.
O middleware desenvolvido pela UFPB é conhecido como Ginga-J ou Ginga Java.

Do website do Ginga anotamos estas duas "manchetes":

• O Ginga-NCL foi desenvolvido pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Ele define um ambiente de apresentação para aplicações declarativas escritas em NCL (Nested Context Language) e sua linguagem de script Lua.

• O Ginga-Java foi desenvolvido pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba). Ele provê uma infra-estrutura de execução de aplicações baseadas na linguagem Java, com facilidades especificamente voltadas para o ambiente de TV digital.

Assim, vemos que o middleware Ginga pode ser dividido em dois subsistemas principais, que permitem o desenvolvimento de aplicações seguindo dois paradigmas de programação diferentes. Dependendo das funcionalidades requeridas no projeto de cada aplicação, um paradigma possuirá uma melhor adequação que o outro.
 
Os "interesses comerciais"
 
Os interesses comerciais, como sempre, são enormes.
O middleware totalmente desenvolvido no país representa uma grande oportunidade para as empresas que desenvolvem de softwares que poderão explorar tanto no mercado nacional quanto internacional novas formas de interatividade.

Consta que o Ginga-NCL da PUC-Rio esteja pronto e em condições de ser "embarcado" (jargão bastante usado da mídia) nos conversores (set-top box).

O Ginga Java parece ser a melhor aposta devido à universalização do Java. Mas está "sub judice" pois utilizou em seu desenvolvimento módulos proprietários sujeitos ao pagamento de royalties para a empresa americana Via Licensing. Isto parece surpresa na mídia recente mas já é noticiado desde 2006.

O Ginga Java e a parceria com a Sun
 
Para solucionar o impasse o "Grupo do Ginga-Java" fez parceria com a Sun Microsystem para desenvolver "aplicativos substitutos" que permitam uma versão "free". Consta que o interesse da Sun é vender "grandes sistemas" para as emissoras que precisarão armazenar "terabytes" de informação.
Mas não está descartada uma versão que permitiria a cobrança pelo licenciamento.
O Ginga-NCL e a parceria com a Intel

O mercado é impaciente e não espera a "burocracia"...
A Mopa (Mopa Embedded Systems) nasceu a partir de uma encubadora da Universidade da Paraíba e implantou fábricas de software em João Pessoa (PB) e Natal (RN), com o objetivo de transformar o Ginga em produto.

As empresas TOTVS e a Quality estabeleceram uma aliança chamada TQTVD (TOTVS - QUALITY para TV Digital) e desenvolvem o middleware AstroTV que é uma "implementação comercial 100% compatível com a especificação brasileira do Middleware Ginga".
A empresa pretende criar uma rede com desenvolvedores, já  batizada de AstroDevNete e pretende "educar"  o mercado sobre seu produto, além de oferecer treinamento para os desenvolvedores.

A Intel anunciou um acordo com a TQTVD para suporte do middleware "AstroTV". O grande diferencial da plataforma da Intel, segundo a TQTVD, desenvolvedora dessa aplicação, é o tempo de resposta de processamento.

"Rua Santa Efigênia"

Assim, verifica-se que o Ginga, dado como "pronto" pelas universidades, exigirá ainda um grande esforço de programação para embuti-lo nos conversores, que deverão posteriormente ser homologado.
Enquanto os "grandes" debatem no Fórum SBTVD, uma pequena empresa da Rua Santa Ifigênia, que concentra lojas de eletrônicos no centro de São Paulo, lançou um conversor de TV digital com a parte do Ginga que não tem problemas de royalties. O nome do aparelho é ZBT-620, e é fabricado pela Neo Security com o "Mopa" embarcado. Não consta que tenha sido homologado ou certificado. A conferir.

O "Fórum Nacional de TV Digital"
 
O Fórum SBTVD (ou Fórum Nacional de TV Digital) é uma entidade muito estranha. Não possui e-mail para contato, não há uma relação dos integrantes em seu portal (e em nenhuma notícia) e "entidades de classe"  não participam do Fórum conforme o art. 10 do seu Estatuto:  Não serão aceitas na composição do presente Fórum, em quaisquer categorias ou cargos, entidades de classe, constituídas sob qualquer forma societária." [Fonte: TV Digital (25) - O que é o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD)]
 
Conta que possua apenas com 11 membros, sendo que quatro da indústria – dois do segmento de transmissão e dois de aparelhos de recepção; quatro da radiodifusão; dois de universidades e um da indústria de software.

Podem participar do Fórum, com direito à voto, "Emissoras de radiodifusão", "Fabricantes de equipamentos de recepção ou transmissão", "Indústrias de software"
e "Entidades de ensino e pesquisa que desenvolvam atividades diretamente relacionadas ao sistema brasileiro de TV Digital".
 
O Fórum SBTVD, uma organização colegiada responsável pela implantação da TV Digital, não possui representantes das "entidades de classe", nem das operadoras de telefonia. Representantes dos consumidores? Aparentemente, nem pensar! O tempo passa, e tudo se passa como se o povo continuasse sendo "apenas um detalhe", conforme estabeleceu a famosa mas de triste lembrança, Zélia de Melo, quando ministra do Collor.
 
Este Fórum parece ter poderes de uma "agência de regulação e execução" e tudo se passa como se o Governo, que fez enorme esforço na imposição de um padrão, agora "não tem mais nada com isso". Posso estar paranóico mas é muito estranho...
 
Consta, no entanto, que o Fórum não tem tanta autonomia assim, pois suas decisões precisam ser referendadas "Comitê de Desenvolvimento do SBTVDT", criado pelo decreto 231, de 27 de novembro de 2003. Dele fazem parte a Casa Civil da Presidência da República e os Ministérios das Comunicações; da Ciência e Tecnologia; o Ministério da Cultura; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da Educação; da Fazenda; do Planejamento, Orçamento e Gestão; das Relações Exteriores; e a Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República. Ufa!
 
O Fórum é presidido pelo diretor de tecnologia da rede SBT/Silvio Santos.

Não está muito claro se o Fórum tem preferência por um dos sub-sistemas mas se opõe fortemente à liberação prematura do Ginga-NCL antes do Ginga-Java pois quer garantir que os aparelhos que forem para o mercado sejam compatíveis entre si. "Meno male".

As principais entidades da área de software - Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), a Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) e a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação, Software e Internet (Assespro) pressionam para que o Ginga-NCL possa ser "embarcado" de imediato, sem esperar pelo Ginga-Java.
 
Repetindo, está evidenciado o forte conflito de interesses comerciais entre fabricantes de conversores, radiodifusores, desenvolvedores de software e até da "Academia"!
Esses interesses não permitiram a participação de fabricantes no grupo de trabalho que está, ao lado da Sun Microsystems, desenvolvendo a versão do Ginga Java free. Até porque quem entra nesse grupo é obrigado a assinar um contrato dizendo que não vai cobrar patente.
Esse grupo é composto de apenas sete empresas, entre elas - duas de radiodifusão - Globo e SBT - e duas de software - TQTVD e Hyrix. Este número é considerado bem aquém do ideal para a discussão técnica e da mobilização necessária de um setor que pode estar tendo pela frente uma chance única de ganhar presença mundial.
 
Se não fossem os interesses comerciais, aparentemente não haveria necessidade de disputa pois consta que as atualizações dos softwares poderiam ser feitas "pelo ar" (o bom e velho "éter"), pelas próprias emissoras. E também através de download da Internet e inserção no "set-top box" com o uso de um "pen drive".  A conferir.

O Canal de Retorno ou de Interatividade
A batalha na área de software é apenas uma parte da guerra pois sem "canal de retorno" não haverá interatividade.
 
Continuando com nossa estranheza em relação ao Fórum SBTVD, vemos que as operadoras de telecom - fixas e móveis - ainda não participam.
Os executivos do Fórum afirmaram que há uma mobilização para atrai-las, principalmente porque houve uma decisão significativa: não há "canal de retorno", mas sim "canal de interatividade" (ah, bom!), e esse pode ser ocupado pela tecnologia mais adequada - 3G, ADSL, WiMAX, entre outras.

E comento: Pois é, parece que, ao planejar a interatividade, que ajudou a justificar a importância da TV Digital para a "inclusão", esqueceram de um pequeno "detalhe": o canal de retorno. 

Pode não ser o único mas certamente é um grande fantasma para a TV Digital destepaís: A "banda larga em 3G" e o iPhone e similares estão aí... e a IPTV também.

Nada muito preocupante, ao que parece: se não vingar por aqui já se aposta nestaAméricaLatina...
O vice-ministro de Comunicações e Assuntos Interiores do Japão ofereceu almoço em Brasília à autoridades brasileiras e embaixadores latino-americanos e o nosso ministro Helio Costa já até falou em empréstimo do BNDS à Argentina.
Por que será que me lembrei do bordão "não existe almoço de graça"? 
 
Temos em nossos fóruns muitos participantes atuando na área técnica e na produção de conteúdo.

Como disse no início, a "tentativa de resumo" acima foi feita apenas com base nas matérias abaixo.  :-)
Vamos corrigir e complementar?
 
05.
"Atores" citados nas matérias:
 
Se alguém for próximo à estas pessoas ou tiver acesso de algum modo, ficaremos imensamente gratos em receber novas informações sobre este assunto.
 
Américo Tomé, gerente da Intel para a América Latina
André Barbosa, assessor da Casa Civil 
David Britto, diretor da Quality Software
Guido Lemos, da Universidade Federal da Paraíba
Faiçal Farhat de Carvalho, consultor técnico da FITec
Fernando Gomes, executivo responsável pela MOPA em São Paulo
Helio Costa, ministro das Comunicações
Hélio Rotenberg, presidente da Positvo
Igor Vilas Boas, diretor de Indústria, Ciência e Tecnologia do Minicom
Izaias da Silva Jr., diretor de vendas e alianças da TQTVD
José Carlos de Souza, sócio da Central Santa Ifigênia
Juliano Dall’Antonia, diretor de TV Digital do CPqD
Luiz Eduardo Cunha Leite, diretor-executivo da Mopa
Luiz Fernando Maluf, diretor para a América Latina da Sun Microsystem.
Luís Meloni, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Marcelo Knörich Zuffo, professor do Departamento de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Moris Arditti, vice-presidente do Fórum SBTVD
Nelson Wortsmann, consultor da Brasscom
Roberto Dias, gerente de Engenharia da Evadin
Roberto Franco, presidente do Fórum SBTVD e diretor de tecnologia do SBT
Salustiano Fagundes, diretor presidente da HXD 
 
06.
Transcrições nesta mensagem:
 
Fonte: ResellerWeb
[02/10/08]   À espera da "T-life" por Haline Mayra
 
Fonte: TTInside
 
Fonte: Convergência Digital
[12/09/08]    Intel entra no mercado de conversor para TV Digital no Brasil por por Cristina De Luca, especial para o Convergência Digital
 
Fonte: SertSC
[28/08/08]   Presidente do Fórum SBTVD é favorável à criação de um selo de conformidade Ginga por Cristina De Luca 

Fonte: Folha de S.Paulo
[08/12/07]   TV digital decepciona as universidades por Elvira Lobato
 

Fonte: Ministério da Cultura - Origem: Estadão
[10/08/08]   Conversor para a TV interativa já está à venda por Renato Cruz - O Estado de S. Paulo
 
Fonte: Folha de S.Paulo
[08/12/07]   TV digital decepciona as universidades
 por Elvira Lobato
 
Fonte: Tele.Síntese
[04/12/07]   As decepções da TV digital por Lia Ribeiro
 
Fonte: Estadão
[02/12/07]  Indústria prepara TV digital interativa por Renato Cruz

Fonte: TIInside
[30/11/07]   Saiba como funciona e os desafios da TV digital no Brasil

Fonte: Yahoo Tecnologia
[03/10/07]   Ginga na TV Digital Interativa por Wagner Tamanaha

Fonte: Convergência Digital
[12/09/07]   CEF realiza testes com middleware Ginga para oferecer serviços na TV digital por Ana Paula Lobo - Convergencial Digital
 
Fonte: Estadão
[25/06/07]   Software brasileiro para TV digital está pronto, dizem pesquisadores por Renato Cruz
 
Fonte: IDG Now!
[09/11/06]   TV digital: novo filão para os desenvolvedores de software por Daniela Moreira, repórter do IDG Now!
 
07.
Transcrições constantes da mensagem anterior:
 
Fonte: HojeMídia
 
Fonte: Gazeta Mercantil
 
Fonte: Convergência Digital
 
Fonte: Adnews
[24/09/08]   Em debate, o potencial da TV digital no Brasil por Christiane Aguiar - Redação Adnews
 
Fonte: IDG Now!
[24/09/08]   Indústria de software pressiona por interatividade na TV digital por Daniela Moreira, editora assistente do IDG Now!
 
Fonte: Convergência Digital
[24/09/08]   TV Digital: Entidades de Software endossam Ginga 1.0 por Ana Paula Lobo
 
Fonte: Convergência Digital
[24/09/08]   TV Digital: Operadoras ainda não assustam, mas preocupam por Ana Paula Lobo
 
Fonte: B2B magazine
[24/09/08]   TV digital interativa: sem data certa para estrear por Thiago Borges   
 
Fonte: Convergência Digital - Coluna Circuito
[23/09/09]   É hora de o Brasil ficar à reboque na TV Digital? por Cristina De Luca
 
Fonte: BemParaná
[19/09/08]   TV Digital - Maior interatividade na TV
 
 
Fonte: Convergência Digital
[12/09/08]   TV Digital: Um caminho sem volta para a conectividade por Cristina De Luca, especial para o Convergência Digital
 
Fonte: Convergência Digital
[01/09/08]   Brasil vai à UIT para validar o Ginga como padrão IPTV por Cristina de Luca, especial para o Convergência Digital
 
Fonte: Reuters
 
Fonte: Blog de Ranato Cruz - Estadão
[08/03/08]   As patentes e a TV digital interativa por Renato Cruz
 
 
08.
Ao debate!  :-)

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

 
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Fonte: ResellerWeb
[02/10/08]   À espera da "T-life" por Haline Mayra

Empresas arregaçam as mangas para se antecipar à corrida da TV Digital e da prometida bomba de interatividade que ela trará em breve
 
Depois do celular e da internet, está chegando a hora em que a televisão vai mostrar seu potencial em termos de conexão com o mundo externo, a exemplo dos dois similares.
 
Já há quase um ano em vigor, a TV Digital ainda engatinha em busca de sua identidade no mercado brasileiro e, mais ainda, à procura de empresas que apostem em sua fortuna escondida. Há quem já acredita nela e não entende como as empresas, em especial de software, ainda não despertaram para ela.
 
"O maior gargalo não está no desenvolvimento das soluções em si, mas na ausência de um grupo consistente de empresas apostando nesse novo formato de relacionamento", aponta Salustiano Fagundes, diretor-presidente da HXD - desenvolvedora de software -, e representante da área de software no Fórum TV Digital.
 
Segundo suas contas, existe um oceano de nichos grandes e pequenos em que os desenvolvedores podem imergir para diversificar seu portfólio. As principais, claro, são as soluções de t-commerce, t-access, t-banking e tantos outros "T's".
 
Ele lembra que, até hoje, existem apenas duas fornecedoras do middleware (Ginga) no Brasil - a TQTVD e a Mopa - e outras 13 desenvolvedoras de software ligadas ao Fórum TV Digital, entidade que congrega os players do setor e tem apoio do governo. "Isso é muito pouco. Quando uma tecnologia nova aparece, é preciso um volume de concorrentes, para que se desenvolva um ecossistema e as pessoas comecem a prestar atenção nisso", salienta.
 
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Fonte: TTInside
 
A TQTVD, empresa resultante da joint venture entre a Totvs e a Quality, criou um middleware voltado para a interatividade de TV digital, o AstroTV. A empresa enxerga uma grande oportunidade de mercado para o produto já em 2009, pois tem a expectativa de que todos os conversores digitais (set-top boxes) sejam produzidos com sistemas de interatividade.
 
Por esse motivo, a TQTVD espera que o Fórum de TV Digital opte por colocar no mercado a especificação do Ginga 1.0, apenas com a parte da linguagem NCL-LUA funcionando, projetada para estender aplicações.
 
"O mercado será muito promissor, porque o grande alavancador da TV digital para o mercado de software será a interatividade. Com nossa solução podemos obter boas receitas", acredita Izaias da Silva Jr., diretor de vendas e alianças da TQTVD. A empresa vislumbra obter grande participação no mercado de middleware com o Astro TV. Para isso, firmou parcerias com grandes fabricantes, como a Intel, e quer tornar a solução capaz de ser embarcada em todos os modelos de conversores.
 
Outra estratégia da empresa será criar uma rede com desenvolvedores. Já batizada de AstroDevNet, por meio da rede a TQTVD pretende "educar" as empresas sobre seu produto, além de oferecer treinamento para os desenvolvedores. A idéia é atraí-los para que criem diversas aplicações compatíveis com seu middleware e gerar grande demanda para o produto.
 
"Como esses desenvolvedores utilizaram nosso middleware, a tendência é que o indiquem como a principal solução e nós ficaremos mais fortes no mercado. Nossa expectativa é muito otimista", finalizou o executivo.
 
De fato, uma dose enorme de otimismo, pois, no caso o fórum não opte por liberar a criação de um middleware baseado apenas na plataforma NCL-LUA, a TQTVD terá de esperar a especificação do Ginga Java, da Sun Microsystems, e desenvolver um novo middleware. "Teremos que fazer uma grande mudança no nosso software, o que demandará tempo", reconheceu David Britto, diretor técnico da TQTVD.
 
Além da TQTVD, a Mopa Embedded Systems também desenvolve middleware para interatividade aqui no Brasil e é outra interessada na liberação do Ginga 1.0 para gerar receitas com seu produto.
 
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Fonte: Convergência Digital
[12/09/08]    Intel entra no mercado de conversor para TV Digital no Brasil por por Cristina De Luca, especial para o Convergência Digital
 
A Intel e a Tecsys anunciaram nesta sexta-feira, 12/09, o lançamento de três set-top-boxes para TV Digital no Brasil usando o primeiro System on Chip Intel, lançado no último IDF, o CE2110.
 
O protótipo de um deles rodava algumas as aplicações interativas baseadas no Astro, implementação do middleware Ginga, no estande da TQTVD no SET 2008, realizado no fim de agosto, em São Paulo.
 
Ainda este ano, a Tecsys colocará três modelos de set-top-boxes no mercado, com marcas de terceiros: Amplimatic e Jabil (fabricante multinacional). Um deles será para recepção por satélite. Os outros dois, terrestre.
 
"A TV Digital é uma das principais apostas da Intel para o mercado brasileiro na área de soluções embarcadas", disse Américo Tomé, Gerente de Novas tecnologias da Intel para a América Latina.
 
A Intel está prevendo um crescimento exponencial no mercado de set-top-boxes a taxas de 30%, até 2012. Também em 2012, o Brasil deverá ser o segundo maior mercado de set-top-boxes avançado com recursos de interatividade e conectividade, que demandam uma caixa com maior capacidade de memória, software embutido (no nosso caso o Ginga).
 
Sem disputa com o Ginga e parceria com a TQTVD
 
A Intel anunciou também um acordo com a TQTVD para suporte do AstroTV. O grande diferencial da plataforma da Intel, segundo a TQTVD, desenvolvedora dessa aplicação - disponibilizada no vídeo abaixo - é o tempo de resposta de processamento.
 
Para os telespectadores brasileiros, a interatividade na TV ainda é um conceito muito distante. Uma fronteira nova no mundo da radiodifusão. Explorar essa nova frente, do ponto de vista de desenvolvimento de aplicações, atendendo primeiro às demandas das radiodifusoras e, em seguida, das agências de propaganda, tem animado os desenvolvedores de software no Brasil.
 
Algumas aplicações interativas criadas apenas para mostrar o potencial deste mercado foram apresentados por empresas como o C.E.S.A.R, a TQTVD, a Mopa e a HXD durante o SET 2008, realizado no fim de agosto em São Paulo. Uma dessas aplicações, bem complexa, rodava em uma plataforma Intel CE2110.
 
Desenvolvida combinando as linguagens NCL, Lua e Java, fazendo uso da capacidade de memória flash do receptor para armazenamento de pequenas aplicações enviadas pelo canal de retorno, a aplicação se aproximava muito do conceito apresentado pela Intel e a Yahoo! no último IDF, de usar a interatividae para aproximar a internet da televisão, oferecendo aos usuários pequenos aplicativos baixados e usados a partir da tela da TV.
 
Ao ser questionado se há competição entre o Ginga, middleware brasileiro, e a plataforma desenvolvida pela Intel, o gerente da Intel para a América Latina, Américo Tomé, negou essa "disputa" e garantiu que as plataformas são complementares.
 
Pode ser que agora os preços baixem.
 
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No que depender do presidente do Fórum Nacional de TV Digital e diretor de tecnologia do SBT, Roberto Franco, em pouco tempo a interatividade estará presente na TV Digital, com set-top-boxes certificadas com o selo de conformidade Ginga, assim como foi feito com o DTV. O que falta? O consenso entre todos os segmentos representados na entidade, de que é possível a adoção de um middleware evolutivo, partindo de especificações consistentes de uso das linguagens NCL e Lua. Trocando em miúdos, com aquilo que os desenvolvedores de software estão chamando de Ginga 1.0.

- Como não podemos esperar muito, vamos buscar este consenso, afirma Roberto.

Dos quatro segmentos representados no Fórum, três, se não apóiam diretamente a idéia, não são declaradamente contrários a ela, com uma ou outra exceção. Entre os radiodifusores, por exemplo, a TV Globo, embora já venha testando aplicações interativas escritas em NCL/Lua, fez circular na SET 2008 a informação de que entende que o lançamento comercial dos serviços interativos ainda depende da conclusão das especificações e normas do Ginga, completo, nas suas vertentes NCL e Java.

O segmento declaradamente contrário é o de fabricantes de set-top-boxes. Mas até nele é possível encontrar exceções, como os muitos fabricantes com implementações Ginga da TQTVD (o Astro) e da MOPA já portadas para seus equipamentos. Um passeio rápido pelos estandes da TQTVD, da MOPA e do próprio Fórum SBTVD na SET 2008 pode ser revelador. Há aplicações suportadas por set-top-boxes da Intel, da Aiko e da Visiontec, entre outros.

O principal argumento em prol da rápida liberação de uma especificação Ginga antes mesmo do  término do trabalho da Sun no desenvolvimento de uma implementação Java royaltie free é o de que já é possível ter interatividade full apenas usando NCL e Lua.

- Temos que tirar o foco da tecnologia e focar nos recursos que a plataforma oferece, argumenta Roberto Franco.

E, para muitos, ela já fornece o suficiente para fazer com que a interatividade não corra o risco de deixar de ser um diferencial para a TV Digital.

O principal argumento contrário é o de que vale a pena esperar um, dois anos, que seja, por uma especificação mais robusta, que não corra o risco de ter que ser trocada a toda hora.

- O ciclo de troca de uma TV ou de um set-top-box é muito maior que o ciclo de troca de um computador, e mais ainda no caso do celular, explica Roberto.

Como buscar o consenso, então?

- Trabalhando em uma especificação madura para esse facilidade de atualização, diz Roberto.

Quanto tempo isso vai levar?

- Eu seria leviano em dar uma data. Mas queremos que seja o mais rápido possível. Em menos de um ano estamos com o sistema de transmissão funcionando. Agora temos que cuidar do restante do ecossistema, diz ele.
 
- No caso do Java, por exemplo, a demora se deve ao fato da Sun estar fazendo uma trabalho bastante criterioso para assegurar a disponibilidade de um Java TV royaltie free de fato, que não corra qualquer risco de ser questionado por uso indevido de uma dessas patentes submarinas. Se tivermos sucesso, estaremos de fato colocando no mercado o primeiro middleware royaltie free do mundo, afirma Roberto.

A própria Sun revelou na SET que não deve liberar a especificação do Java TV antes de um ano.

Portanto...

@@@@@@

O mercado é soberano

No Fórum, o maior temor dos que defendem abertamente a certificação dos set-top-boxes a partir de uma especificação imediata do Ginga apenas com NCL/Lua é a de que o mercado comece a atender à demanda por interatividade com soluções mágicas, fora de um padrão.

Hoje já é possível encontrar set-top-boxes que afirmam rodar Ginga na rua Santa Efigênia. Como o Ginga é um sistema aberto, qualquer fabricante de set-top-box pode desenvolver a sua implementação Ginga.

E, se em um ambiente controlado, como o de desenvolvimento de aplicações para rodar no MOPA e no Astro ainda e possível encontrar algumas  incompatiblidades (principalmente falhas no layout, como constumavam ocorrer nas páginas HTML carregadas nas primeiras versões do netscape e do Internet Explorer), o que não  acontecerá em um cenário caótico, do cada um por si?

@@@@@@ 

A criação do ecossistema já tem seus embriões

A julgar pelo que se ouve e vê nessa edição da SET, a interatividade, ao contrário do que muitos pensavam, deverá estar disponível para os brasileiros bem antes de outros dois pilares do SBTVD: a mobilidade e a multiprogramação.

- A interatividade é um atrativo relevante. E os radiodifusores já perceberam isso. Pouquíssimos brasileiros têm hoje um televisor capaz de oferecer alta definição de imagem, mesmo que o set-top-box tenha saída HDMI, explica Luiz Eduardo Leite,sócio da Mopa.

Embora a especificação do Ginga para dispositivos portáteis já tenha sido publicada, até agora nenhum fabricante de celular demonstrou o interesse de colocá-la em seus aparelhos. Nem mesmo Samsung ou a Semp Toshiba, que já oferecem modelos com receptores de sinal digital de TV.

A Mopa já trabalha com muitos deles. Alguns interessados em embutir o celular no set-top-box. Há um protótipo assim sendo apresentado no estande da Mopa. Para usar o canal de retorno 3G basta inserir o cartão da operadora no aparelho.

Já a multiprogramação não é de interesse das próprias emissoras, que preferem oferecer melhor qualidade de som e de imagem ao telespectador,. No caso da Imagem, só possível na transmissão H264 a 13,7Mbps.

- Acredito que a multiprogramação seja mais importante para as empresas públicas, argumenta Roberto Franco _ Mas mesmo a BBC já viu que será preciso aliar alta definição à interatividade. E esse modelo misto limita o uso do espectro.

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 O que vem por aí?

Ainda em formação, o famoso ecossistema da TV Digital começa a mostrar ao que veio. E a SET é um bom exemplo para isso.

Embora os radiodifusores ainda não tenham encomendado nem testado nenhuma aplicação comercial que faça uso de um canal de retorno, os desenvolvedores de software como a TOTVD e a AXD se encarregaram disso. Mas de todos os players do mercado, a Mopa, especializada em sistemas embarcados, é, por isso mesmo, a mais adiantada em múltiplos uso do celular como canal de retorno. Inclusive para recebimento de aplicações e  dados sincronizados com a programação.

Também a Mopa apresenta em seu estande na SET 2008 dois joguinhos criados em Lua que usam o controle de Wii. Um deles, multiplayer. 

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 A TV Digital pelos olhos de Roberto Franco, prediente do Fórum SBTVD

TV Computador

"Com a TV Digital, a TV não deixa de ser TV. TV Digital é o caminho mais poderoso para otimizar a hábito do telespectador de ver TV. Vamos levar a curva até onde a integração de valor à experiência do usuário fizer sentido".  

Alta Resolução

"Só quem já viu algo em alta resolução entende o impacto das imagens e a mudança de acarreta para a visão humana. O mecanismo de percepção muda".

"O padrão de tela já é o 1080, com transmissão H264 a 13,7MBps. Qualquer coisa diferente disso prejudica a alta resolução".

Programação

"As emissoras estão migrando novos programas, sem que isso chegue ao conhecimento de vocês. O programa do Gugu, no SBT, já está digital. Toda a programação da RedeTV, também. A Globo está com 15 horas de programação já digital".

Preços

"O Brasil está andando muito rápido na queda do preço dos conversores. Eu não mediria em preço, mediria em custo. Se chegarmos a um valor muito baixo, as apostas por novidades podem ficar ameaçadas".

Multiprogramação

"Hoje o mercado não está preparado para a multiprogramação. Ela ainda não cabe nos nossos modelos de negócio".

DRM

"Que fique claro, não existe proposta de DRM no Fórum. O que existe é a adoção de um mecanismo para restrição da cópia da cópia. O telespectador pode gravar uma vez. A programação pode dar filhos, não pode dar netos".

"Fala-se muito que a necessidade da proteção para cópia é uma imposição dos grandes distribuidores estrangeiros. Não é. É o conteúdo nacional que está em risco. Quando a TV exibe aqui um filme estrangeiro, ele já está no fim da sua curva de distribuição. Mas uma minissérie, um show feito por uma TV brasileira, só chega ao DVD depois da exibição na TV."

"A norma está pronta, mas ainda não foi publicada. Estamos esperando o resultado da consulta pública da ABNT e as discussões com o governo".
Convergência Digital

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Fonte: Ministério da Cultura - Origem: Estadão
[10/08/08]   Conversor para a TV interativa já está à venda por Renato Cruz - O Estado de S. Paulo
 
A interatividade, que permite serviços parecidos com os da internet no televisor, era o único componente genuinamente brasileiro do sistema nipo-brasileiro de TV digital. No lançamento da tecnologia em São Paulo, no mês de dezembro de 2007, ela não estava disponível.
 
Primeiro, houve demora na especificação do software de interatividade, batizado de Ginga.
 
Depois, o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) descobriu que existiam problemas de royalties, que deveriam ser pagos a uma empresa estrangeira por componentes de software empregados em parte do Ginga.
 
Enquanto os grandes fabricantes debatem o que fazer com o software de interatividade no Fórum SBTVD, uma pequena empresa da Rua Santa Ifigênia, que concentra lojas de eletrônicos no centro de São Paulo, lançou um conversor de TV digital com a parte do Ginga que não tem problemas de royalties. O aparelho, que converte o sinal digital para ser visto em televisores analógicos, se chama ZBT-620, e é fabricado pela Neo Security.
 
“É o único do mercado com o software interativo”, disse José Carlos de Souza, sócio da Central Santa Ifigênia, uma das lojas que vendem o aparelho. “A receptividade do Ginga é interessante. Vendo mais desse aparelho do que outros.” Ele custa cerca de R$ 600. Um modelo de outro fabricante, sem o Ginga, é R$ 100 mais barato.
 
Segundo Souza, os consumidores preferem comprar o conversor com Ginga, apesar de as emissoras ainda não estarem transmitindo programas interativos. Ele chegou a vender 150 peças em junho, mas, no mês passado, a procura pelo aparelho caiu, e foram vendidos menos de 100. O lojista apontou como motivo o anúncio do conversor de R$ 200 pela Proview. “As pessoas vão às lojas dispostas a pagar esse preço e não acham o produto”, disse Souza.
 
A Neo Security preferiu não comentar o produto, limitando-se a informar que a Mopa Embedded Systems, que tem escritórios em João Pessoa e Natal, foi quem forneceu o Ginga para o seu conversor. A Mopa foi fundada por ex-alunos do professor Guido Lemos, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), um dos criadores do Ginga.
 
“Já tenho acordos com cinco fabricantes”, disse Luiz Eduardo Cunha Leite, diretor-executivo da Mopa. Ele explicou que não poderia comentar o produto da Neo, por causa de cláusulas de confidencialidade que tem com seus clientes. Leite está animado com as perspectivas do Ginga. Segundo o executivo, a Mopa foi procurada até por uma empresa que atua no mercado europeu, interessada no software.
 
O Ginga é dividido em duas partes: Ginga-NCL (que é uma linguagem de marcação, parecida com o HTML usado para as páginas de internet) e o Ginga-J (uma linguagem de programação, parecida com o Java). Houve problemas de royalties com o Ginga-J, criado na UFPB. O Ginga-NCL, disponível no conversor da Neo, foi criado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, e não embute propriedade intelectual internacional.
 
Moris Arditti, vice-presidente do Fórum SBTVD, ficou surpreso ao saber do conversor da Neo. “Não tenho informações sobre esse aparelho”, disse Arditi. “Não é impossível, porque as especificações já existem.” Ele disse que lançar um conversor de TV somente com o Ginga-NCL contraria as determinações do fórum.
 
“Não existe meio Ginga”, explicou o executivo. “Até o fim do ano, é possível que apareçam no mercado máquinas com o Ginga como deve ser.”
 
Houve alguma resistência dos radiodifusores ao Ginga durante o processo de definição da tecnologia de TV digital no País. Eles temiam que os espectadores pudessem achar as aplicações interativas mais interessantes que os programas. Mas a resistência ficou para trás. As emissoras têm se preparado para a interatividade, que vêem agora como uma ferramenta para conquistar audiência.
 
Todas as iniciativas de interação com o público que fazem usando o celular, o telefone fixo e a internet podem ser reforçadas e feitas diretamente pelo controle remoto, com o Ginga. Além disso, muitas outras aplicações podem ser criadas.
 
“A maioria das emissoras já está preparada”, afirmou o professor Valdecir Becker, da Universidade Metodista. “Está na hora de mostrar ao mercado que a interatividade existe e é viável, que está pronta para ser lançada comercialmente.” No dia 25 deste mês, a Metodista vai realizar um evento de TV digital, onde serão demonstradas as aplicações em Ginga desenvolvidas pela primeira turma do curso de especialização em produção de TV interativa.
 
Becker também é diretor da empresa ITV Produções Interativas, que oferece treinamento de programação em Ginga. Ele já ministrou o curso para mais de 350 pessoas, a maioria delas de emissoras de televisão.
 
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Fonte: Folha de S.Paulo
[08/12/07]   TV digital decepciona as universidades por Elvira Lobato

Instituições se queixam de descontinuidade de programas e da burocracia para liberar recursos para as pesquisas
 
Acadêmicos esperavam que introdução da tecnologia trouxesse mais recursos para pesquisa na área; governo diz que há verba
 
Depois da euforia inicial do meio acadêmico com a decisão do governo de implantar a televisão digital com inovações tecnológicas desenvolvidas no país, as universidades se decepcionaram com o atraso na liberação de recursos federais para custeio das pesquisas.
O Instituto Mackenzie, de São Paulo, aguarda há 16 meses a assinatura de um contrato de R$ 1 milhão com a Finep (Financiadora Projetos e Pesquisas, do Ministério da Ciência e Tecnologia) para construir a Estação Experimental da Televisão Digital, que medirá a qualidade de recepção dos sinais da TV digital transmitidos pelas emissoras.
A Finep disse que o contrato está em vias de ser assinado.
A estação deveria ter sido implantada antes do lançamento da televisão digital (ocorrida no último domingo, em São Paulo), o que não foi possível por falta de verba.
Segundo o coordenador do projeto, Gunnar Bendicks, professor da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, uma das funções da estação será informar à população as áreas em que os sinais não funcionam. ""As emissoras fazem a medição, mas não têm interesse em divulgá-las", diz ele.
A mais famosa contribuição da academia para a televisão digital, o software da interatividade, chamado de Ginga, teve as pesquisas custeadas pela PUC do Rio de Janeiro por vários anos. O projeto tem a participação da Universidade Federal da Paraíba.
Um dos criadores do Ginga, Luiz Fernando Gomes Soares, da PUC do Rio, diz que a descontinuidade dos programas leva à desarticulação das equipes de pesquisadores. Ele disse que o projeto também sofreu atrasos nos repasses da Finep.
Por isso o andamento das pesquisas também atrasa. O Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações), de Santa Rita do Sapucaí (MG), assinou um convênio, de R$ 7 milhões com a Finep há cinco anos para desenvolver o laboratório de homologação dos sistemas de TV digital.
Segundo o presidente da Fundação Inatel, Adonias Costa, o projeto era de três anos, mas o prazo vem sendo adiado, por falta de verba. Ainda está pendente uma parcela de R$ 630 mil. A Finep alega que o Ministério das Comunicações não repassou o dinheiro.
Em 2004, o governo mobilizou as universidades para apresentar soluções tecnológicas para o sistema brasileiro de televisão digital. Foram formados 21 consórcios. As universidades dizem que quando essa etapa terminou, em 2005, faltou uma ação do governo para dar continuidade às pesquisas.
 
Ano da desarticulação
O ano de 2006, em que o governo fez a escolha pelo padrão japonês, é considerado como o da desarticulação dos projetos na área acadêmica.
As discussões passaram ao âmbito do fórum da TV digital, no qual indústrias e radiodifusores têm maior peso de votos, e cada universidade passou a agir isoladamente para tentar aprovar projetos na Finep.
O professor Marcelo Zuffo, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, que havia coordenado o consórcio de discussão sobre o terminal de acesso, apresentou à Finep projeto para desenvolvimento da caixa conversora (set top box) em janeiro de 2006.
A USP esperou uma resposta da Finep até outubro deste ano, quando foi comunicada da recusa do pedido.
"Foi um processo muito desgastante. A discussão da TV digital acabou politizada, e nosso papel é científico. Não recorremos da decisão da Finep, porque a TV digital já foi lançada, e inovação tecnológica exige "timing" ", afirma Marcelo Zuffo Ele diz que a USP continua as pesquisas do conversor, com recursos próprios, e que deve anunciar uma novidade nessa área em breve.
O conversor é o "calcanhar de Aquiles" da TV digital, pelo seu alto preço. O equipamento chegou ao mercado com preços entre R$ 499 e R$ 1.100, e o próprio governo pediu que os consumidores não o comprem antes que o preço caia.
 
Ministério diz que não há falta de recursos
 
O Ministério das Comunicações diz que não faltam recursos para o custeio das pesquisas da TV digital e que não vê morosidade nem excesso de burocracia por parte da Finep, no repasse do dinheiro para o meio acadêmico.
A verba para custeio das pesquisas sai do Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações), formado pela arrecadação de 0,5% sobre o faturamento de todas as empresas do setor.
Desde a criação do fundo, em 2000, o governo já arrecadou R$ 707,84 milhões. A maior parte do dinheiro está com a União e financia as contas públicas.
O secretário-executivo do grupo gestor do Funttel, Carlos Paiva, do Ministério das Comunicações, diz que a dotação orçamentária do fundo neste ano é de R$ 105 milhões, dos quais 30% ficarão com o Cpqd (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), e que o restante da dotação será usada ainda neste ano.
Finep e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são agentes repassadores dos recursos do Funttel. Para Paiva, os projetos da Finep estão com cronograma em dia, contrariando o entendimento das universidades.
 
Finep
A Finep afirmou, por intermédio de sua assessoria, que a última parcela do convênio com o Inatel (de R$ 630 mil) não foi paga porque não foi liberada pelo Ministério das Comunicações. Carlos Paiva, do ministério, afirmou que desconhecia a informação.
Em relação ao financiamento das pesquisas do Ginga, a Finep disse que firmou um contrato com a PUC do Rio de Janeiro de dezembro de 2006, no valor de R$ 1,7 milhão, dos quais liberou R$ 1 milhão, pago em duas parcelas. A liberação da terceira parcela, segundo a Finep, depende de exame da prestação de contas da universidade, ainda a ser feito pelos auditores.
A Finep não comentou as razões da demora na assinatura do contrato com o Instituto Mackenzie.
 
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Fonte: Tele.Síntese
[04/12/07]   As decepções da TV digital por Lia Ribeiro
 
Marcado por pompa e circunstância, o início da transmissão da TV digital no Brasil, na noite de domingo, 2 de dezembro, representa, sem dúvida, um novo capítulo na história da comunicação de massa no país. Telespectador assíduo, o brasileiro, que consome 3 horas e 43 minutos do seu dia em frente à tevê (dados de 2006, do Ibope Mídia), vai poder receber um sinal de muito melhor qualidade e até em alta definição. Vai também poder assistir tevê no celular, no ônibus ou trem, na ida para o trabalho ou no retorno para casa. E fazer uma série de operações a partir do conversor de sinais, o setop box: interagir com o programa a que está assistindo, marcar consulta na rede pública de saúde, ver se a aposentadoria foi depositada, entre muitos outros serviços.
 
Mas tudo isso é futuro. A TV digital começa limitada a poucos telespectadores não só porque a transmissão digital, por enquanto, só cobre a Grande São Paulo. É limitada também porque poucos usuários têm televisores digitais preparados para a recepção digital, comercializados por volta de R$ 7 mil, ou investiram na compra do conversor que, acoplado à TV analógica, permite receber os sinais digitais. Ao contrário das promessas do governo, os conversores chegaram ao mercado com preço salgado: o modelo mais simples, da Positivo, foi lançado por R$ 499,00.
 
Além do preço, que deve cair, os conversores padecem de um outro mal. Não trazem recursos de interatividade, porque não incorporam o software, no caso o Ginga, o middleware desenvolvido no país, com recursos públicos, que faz a interface entre o sistema operacional e os programas aplicativos. Isso significa que quem comprar agora o conversor vai ter de trocá-lo mais à frente, se quiser novos recursos. Para evitar a chamada base legada, os órgãos de defesa do consumidor estão sugerindo à população não comprar os conversores agora, mas esperar pela nova geração com recursos de interatividade. Segundo os desenvolvedores do Ginga, ele já está sendo embarcado em produtos de diferentes fabricantes, que devem chegar ao mercado a partir de maio/junho de 2008.
 
Que a televisão digital seria voltada a uma elite, no início das transmissões, todos sabiam. Afinal, o governo brasileiro escolheu o padrão japonês (e com alterações em relação ao middleware e ao sistema de compressão de sinais), que tem uma base muita limitada – só está operacional no Japão e, mesmo assim, em poucas cidades. Para contornar a falta de escala, o país precisava ter definido uma política industrial agressiva. Mas não o fez. Mais uma vez prevaleceram os interesses regionais, e o conversor foi enquadrado como bem de imagem e som. Ou seja, seus fabricantes só têm benefícios fiscais, se estiverem instalados na Zona Franca de Manaus.
 
Promessas não cumpridas
 
Da mesma forma que não construiu uma política para que os conversores chegassem ao mercado ao preço prometido pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, menos de R$ 200,00, o governo também falhou no que se refere à interatividade. Aliás, esse foi um dos principais argumentos, ao lado da mobilidade, que o governo brasileiro apresentou na defesa do padrão japonês, o preferido dos radiodifusores, pois, ao permitir a transmissão, na mesma faixa de espectro, para pontos fixos e móveis, mantém intacto o modelo de negócios desse setor. Ou seja, os radiodifusores não têm que dividir com outras redes a transmissão dos programas e, portanto, os recursos publicitários que os patrocinam.
 
A interatividade é importante do ponto de vista do desenvolvimento de uma política de inclusão digital. Diante da elevada taxa de penetração da televisão no país – ela está presente em 91% dos domicílios brasileiros --, usar o televisor, na versão da transmissão digital, como canal de difusão de programas de governo, de programas educacionais, de serviços da Previdência, para citar um exemplo, pode significar uma revolução social de proporções não imaginadas.
 
Mas, embora no discurso o governo tenha destacado a importância da interatividade , na implementação do processo, ela não mereceu a prioridade devida. O governo, que financiou desenvolvimentos para a TV digital com recursos do Funttel, o fundo de desenvolvimento das telecomunicações, não traçou uma política para garantir a industrialização dos conversores com a incorporação do Ginga, desenvolvido pelas equipes da PUC do Rio e pela Federal da Paraíba, e do sistema de compressão MPEG. Só assim seria possível ter um conversor popular, de baixo custo e com os recursos da interatividade. O governo também não se preocupou em montar um programa coordenado de desenvolvimento de aplicativos sociais para rodarem no Ginga, e serem utilizados pela população. Pelo que se sabe, só a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil têm projeto nesse sentido.
 
Por fim, também não há um trabalho organizado de definição do canal de retorno, que hoje só pode ser feito via redes telefônicas (fixas, no domicílio que contar com uma linha), ou celular, ambas pagas. Para aplicações sociais, seria importante que o canal de retorno fosse gratuito (reservando-se espaço para uma rede pública nas freqüências de 3,5 GHz ou mesmo em 700 MHz), ou patrocinado pelo provedor do serviço.
Há muitos outros equívocos no modelo de televisão digital definido para o Brasil. Como o fato de ter privilegiado a alta definição no lugar da multiprogramação, o que limitou o número de emissoras praticamente às existentes – só houve espaço para a criação de quatro novos canais públicos. Também as anunciadas contrapartidas do governo e empresas japonesas à adesão ao seu padrão deixaram muito a desejar. Da hipotética fábrica de difusão de semicondutores ao centro de desenvolvimento de design de chip, passando pela garantia de mercado a produtos fabricados aqui. Ao final das negociações, a montanha pariu um rato.
 
Se, em relação a esses pontos, não há nada o que fazer, o governo Lula pode ainda corrigir a rota da TV digital, para que ela não sirva apenas aos interesses dos radiodifusores brasileiros – e também dos telespectadores que puderem pagar por um sinal de muito melhor qualidade e facilidades que virão no futuro. É preciso que se monte um programa para fazer, da interatividade na TV para programas sociais, um objetivo estratégico do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre. Aí, sim, a TV digital vai fazer uma diferença que vai muito além da imagem sem chuviscos. Ela vai ser a porta de entrada para a Sociedade da Informação.

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Fonte: Estadão
[02/12/07]  Indústria prepara TV digital interativa por Renato Cruz

Empresa que produz o software já fechou acordo com fabricantes
 
Apesar de muita gente - inclusive no governo - ter dito que não, tudo indica que haverá conversores de TV digital com interatividade em 2 de dezembro, data marcada para a estréia da tecnologia em São Paulo. Os conversores (ou set-top boxes) transformam o sinal digital em analógico, e permitem recebê-lo nos aparelhos atuais. A interatividade permite serviços parecidos com a internet na televisão, como compras, serviços bancários, informações sob demanda, bate-papo e correio eletrônico.
 
O software de interatividade, chamado Ginga, é a única coisa brasileira no chamado padrão nipo-brasileiro de TV digital. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, havia até anunciado que a televisão digital estrearia sem interatividade, mas reviu sua posição. Ex-alunos do professor Guido Lemos, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), formaram uma empresa, chamada Mopa Embedded Systems, para transformar o Ginga em produto. O software foi desenvolvido por equipes na UFPB e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
 
COMPETIÇÃO
 
A previsão é que a primeira versão completa do software fique pronta este mês. “Em dezembro, deveremos ter quatro ou cinco fabricantes com o Ginga”, disse Lemos. A Mopa tem 40 pessoas, divididas entre João Pessoa e Natal. “É um time que trabalha com o middleware há vários anos, com um custo de produção que disputa com os chineses e está abaixo do dos indianos.”
 
A Evadin, que trabalha com a marca Aiko, é uma das parceiras da Mopa. “Teremos o Ginga implementado no final de novembro para os clientes”, afirmou Roberto Dias, gerente de Engenharia da Evadin. O preço ainda não está definido o preço do conversor. “Completo, como se espera, não será muito barato”, disse Maria Inês Poli, gerente de Marketing da Evadin. Outros fabricantes têm falado em pelo menos R$ 800, enquanto o governo garante que haverá aparelhos a R$ 200 no lançamento.
 
“A Aiko vai sair na frente com a interatividade”, acredita Dias. Ainda não está definido se haverá canal de retorno no lançamento da TV digital. O canal de retorno é um serviço de telecomunicações - como uma linha fixa, um celular ou uma conexão de banda larga - que leva as informações da casa do espectador para a emissora ou a internet.
 
Durante o evento Broadcast & Cable, no mês passado, a Aiko apresentou uma aplicação de torcida virtual na TV digital. O sistema permite que as pessoas simulem que estão num estádio enquanto assistem um jogo de futebol pela televisão, conversando com amigos que estão em outros lugares, pelo canal de retorno. O set-top box da Aiko terá duas saídas USB, como dos computadores, uma conexão de rede local e outra para linha discada. Além da torcida virtual, o equipamento deverá ter aplicativos como mosaico e grade de programação, para que as pessoas possam escolher o que assistir.
 
INTERATIVIDADE
 
Somente 27,5 milhões de brasileiros têm internet em casa. A TV aberta, por outro lado, está presente em mais de 90% das residências. A televisão digital cria uma oportunidade de levar serviços interativos para uma parcela da população que hoje não tem acesso ao computador.
 
A Caixa Econômica Federal trabalha para lançar serviços bancários na televisão na estréia da TV digital em São Paulo. Mesmo se não houver canal de retorno em dezembro, o banco planeja oferecer serviços com interatividade local. Ou seja, onde todas as informações são processadas no conversor.
 
“Quando o canal de retorno estiver regulamentado, a televisão vai funcionar teoricamente como um computador”, disse Cleusa Yoshida, superintendente de Inovação da Caixa. “Com nosso papel social, temos total interesse de que a TV digital interativa seja um sucesso.” Cleusa apontou que, no Japão, todos os serviços bancários disponíveis na internet também podem ser acessados pelo celular e pela televisão.
 
Para Juliano Dall’Antonia, diretor de TV Digital do CPqD, os serviços de comércio e banco via televisão são promissores. “O internet banking já está atingindo a estagnação”, apontou o executivo. O centro de pesquisas trabalha em aplicações de TV digital interativa.
 
Assim como os bancos, os anunciantes vêem uma grande oportunidade na TV digital. A Agência Click, especializada em comunicação na internet, criou um laboratório de interatividade para TV digital. “Teremos dois clientes com campanhas interativas já em 2 de dezembro”, garantiu Abel Reis, vice-presidente de Tecnologia da Agência Click. “O segredo não é competir com a programação, mas potencializá-la.”

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Fonte: TIInside
[30/11/07]   Saiba como funciona e os desafios da TV digital no Brasil

O início das transmissões da TV digital na cidade de São Paulo, neste domingo (2/12), na cidade de São Paulo, marca uma nova etapa no desenvolvimento da televisão no Brasil, embora neste primeiro momento o acesso a nova tecnologia ainda será para poucas pessoas, já que o número de modelos de conversores à venda nas lojas de produtos eletrônicos é muito pequeno (veja notícia Conversores para TV digital estão disponíveis em pequena quantidade na edição desta sexta feira, 30).

As emissoras paulistas começarão a operar simultaneamente em duas freqüências: analógica e digital. A expectativa é que o sinal digital esteja disponível em todas as capitais até o fim de 2009, e, em 2013, em todos os municípios brasileiros. O fim do sistema atual, analógico, está previsto para dezembro de 2016. Até lá, o desafio é conseguir dar acesso digital aos usuários dos 55 milhões de residências do país com televisores. Ao todo, são mais de 100 milhões de aparelhos.

“O início das transmissões digitais é resultado de um intenso processo de inovação que está se concretizando no Brasil. Toda a expectativa e debate em torno da novidade indicam que as pesquisas realizadas na universidade conseguiram gerar transformação, ou seja, fizeram com que o desenvolvimento tecnológico em rede dos laboratórios brasileiros chegasse ao mercado”, disse Marcelo Knörich Zuffo, professor do Departamento de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Segundo Zuffo, um considerável ganho em imagem e som poderá ser visto por quem tiver o decodificador de sinais digitais, também chamado de set-top box, e uma antena UHF instalados no televisor analógico, ou, então, pelos donos de televisores com sistema digital integrado. A qualidade da imagem digital que chega agora será até duas vezes e meia melhor do que a televisão atual, seja ela aberta ou a cabo, passando do padrão de até 480 linhas de resolução para até 1.080 linhas (aberta e digital), conforme explica ele.

Os aplicativos de interatividade que fazem parte do pacote tecnológico da televisão digital no Brasil, no entanto, ainda não estão nos conversores. Isso ocorre porque os middlewares, que são as interfaces de programação responsáveis pelos aplicativos de interatividade, também não foram instalados nos conversores que estão à venda. “Os middlewares não foram embarcados no set-top box, mas isso pode ocorrer a qualquer momento, uma vez que essa é a camada mais externa dos conversores, que podem ser vendidos sem essas interfaces”, explica Zuffo.

O acesso interativo aos conteúdos se dará por meio de aplicativos como grade de programação, sinopses e informações extras sobre filmes e novelas. O usuário também poderá, com alguns cliques no controle remoto, personalizar a forma como os programas serão exibidos. As vantagens interativas deverão trazer ainda serviços semelhantes aos existentes na internet, do tipo internet banking e correio eletrônico.

Poucos e caros

Um dos grandes impasses para a implementação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) se refere aos valores elevados dos conversores, que devem variar de R$ 500 a R$ 1,1 mil, e não na casa dos R$ 100 como previa o ministro das Comunicações, Helio Costa, que, em entrevista na quarta-feira (28/11), em Brasília, deu a entender que a inclusão das tecnologias brasileiras nos dispositivos de TV digital seria um dos responsáveis pelo preço elevado dos conversores. Segundo o ministro, um dos responsáveis por esse aumento seria o Ginga, middleware desenvolvido em parceria por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e que deverá ser embutido em conversores comercializados no país.

Os pesquisadores discordam. “Ainda não existe nenhum modelo do Ginga embarcado nos conversores que estão no mercado, então acredito que ele não seja a causa do custo elevado desses aparelhos. A sua única influência nos set-top box até agora é que alguns modelos do aparelho foram dimensionados para serem atualizados quando as primeiras versões do Ginga ficarem prontas”, afirmou Guido Lemos, professor do Departamento de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e um dos responsáveis pela criação do Ginga.

“O que está encarecendo os conversores é a decodificação H.264, padrão que permite que o sinal digital tenha 1.080 linhas de resolução. Trata-se de um chip decodificador de vídeo que não existia antes do Sistema Brasileiro de Televisão Digital. Esse circuito foi desenvolvido por empresas estrangeiras para atender exclusivamente a demanda brasileira”, explicou Lemos. Segundo ele, a especificação tecnológica do Ginga está pronta e foi aprovada em consulta pública feita pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas a produção comercial do software ainda está em fase de desenvolvimento por empresas nacionais e, também, por ao menos duas estrangeiras.

Para que o custo de produção dos conversores seja reduzido, o governo federal não descarta a possibilidade de oferecer subsídios aos fabricantes. “Acredito que subsídio não seja o melhor caminho. Precisamos criar uma política industrial de incentivo à produção dos produtos da TV digital, a exemplo do que já existe para o setor de computadores”, destacou Zuffo, que integra o Fórum Brasileiro de TV Digital, cujo objetivo é formular, junto ao governo federal, consensos técnicos para o SBTVD.

“Assim como o iPod, toda novidade tecnológica é mais cara. O problema do encarecimento dos conversores não são as tecnologias brasileiras, mas o simples fato de ainda não termos atingido uma situação de competitividade plena no mercado nacional. A indústria estabelecida no Brasil não está familiarizada com perfis de inovação que já são comuns em outros países. Os conversores deverão baixar pelo menos pela metade e até um terço do preço nos próximos anos”, disse Zuffo.

O professor da Poli chamou a atenção também para a ausência de um marco regulatório que garantisse a inserção, nos produtos da TV digital, das inovações tecnológicas desenvolvidas nos centros de pesquisa brasileiros. “Apesar desse marco regulatório já ter sido criado e muitas inovações da academia estarem sendo implementadas, agora precisamos discutir como as tecnologias previstas no decreto presidencial, como a multiformato e multiprogramação, serão exploradas na prática como recursos efetivos de TV digital”, finalizou Zuffo.

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Fonte: Yahoo Tecnologia
[03/10/07]   Ginga na TV Digital Interativa por Wagner Tamanaha

Matéria no Estadão publicada mês passado, em 2/9/2007 - Indústria Prepara TV Digital Interativa - fala do software Ginga desenvolvido por equipes na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - RJ) para permitir interatividade no padrão nipo-brasileiro de TV Digital.

A reportagem cita a abertura da empresa Mopa Embedded Systems formada por ex-alunos do professor Guido Lemos, da UFPB, com 40 profissionais divididos entre João Pessoa/PB e Natal/RN.

A Mopa já atende a Evadin cujo set-up box, que será lançado com a marca Aiko e terá aplicativos como grade de programação e torcida virtual (que permite conversas com outros espectadores).

Roberto Dias, gerente de engenharia da Evadin explica que para a interatividade, o canal de retorno no lançamento oficial da TV Digital brasileira é necessario mas ainda não está definido. Para levar informações da casa do espectador para a emissora será necessário um serviço de telecomunicações, como uma linha fixa, celular ou conexão banda larga. Prevendo isso os set-up boxes da Aiko terão 2 saidas USB, uma conexão de rede e outra para linha discada.
Outra empresa que está trabalhando com o Ginga é a Dynavideo, segundo afirma nota publicada em junho aqui no Yahoo! Tecnologia: Software Brasileiro para a TV Digital está Pronto. Aqui no canal outras notas Ginga beneficia indústria nacional e Consórcio entre Brasil e Índia deve baratear receptores de TV digital já abordaram o assunto.
A matéria no Estadão também consultou Juliano Dall'Antonia, diretor de TV Digital do CPqD, que já citei aqui na coluna Institutos de Pesquisa e a Lei de Informática e que trabalha em aplicações de interatividade. Outra empresa que tem planos de lançar serviços sobre o novo padrão é a Caixa Econômica Federal, Claudia Yoshida, superintendente de inovação da Caixa, revelou que pretende disponibilizar serviços bancários. Caso o canal de retorno não esteja definido até o lançamento oficial do sistema, o banco estuda oferecer serviços com interatividade local, ou seja, as informações seriam processadas no próprio conversor.
Ainda na época do anúncio oficial do Ginga, em seu blog, a colunista de tecnologia Cris De Luca saudou a iniciativa com entusiasmo: Ginga Brasil, com força total.

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Fonte: Convergência Digital
[12/09/07]   CEF realiza testes com middleware Ginga para oferecer serviços na TV digital por Ana Paula Lobo - Convergencial Digital

 
A AIKO, empresa do grupo Evadin, é a primeira fabricante de set-top-box do país a embutir o Ginga NCL num conversor. O produto, ainda experimental, está disponível na aplicação que a Caixa Econômica demonstra ao longo desta semana, para clientes e não-clientes na agência da Av. Paulista, na capital paulista, de simulação de contratação de crédito imobiliário. Participam ainda da iniciativa as empresas MOPA, HXD, e as emissoras SBT, MTV e Band.
 
No último dia 05/12, o Convergência Digital antecipou com exclusividade que a Caixa Econômica Federal seria a primeira instituição oficial a mostrar, ainda em caráter experimental, a primeira aplicação baseada no middleware Ginga NCL e com interatividade, para clientes de uma agência bancária em São Paulo.
 
A solução foi desenvolvida pelo consórcio formado pelas empresas brasileiras HXD e MOPA, desenvolvedoras de aplicações e do software Ginga, e pela AIKO, que disponibilizou o equipamento com o Ginga. Também há a participação de três emissoras de TV para a transmissão: SBT, MTV e Bandeirantes. A aplicação simula uma operação de crédito imobiliário através da interatividade via TV Digital.
 
"Apesar de todo o processo acontecer via TV, o equipamento disponibilizado pela AIKO já poderia, se houvesse um acordo, disponibilizar o retorno também via cable modem ou ADSL. A questão não é de tecnologia, mas sim, de modelo de negócios entre as partes envolvidas, em especial, radiodifusão e telecomunicações", explica o executivo responsável pela MOPA em São Paulo, Fernando Gomes. Os clientes e não-clientes da Caixa podem testar a interatividade do sistema ao longo desta semana na agência paulista.
 
Para o executivo da MOPA, o teste da Caixa Econômica Federal permite provar que o Ginga não "roda apenas em provas de conceitos". Gomes ressalta que a aplicação, em demonstração, revela o potencial de negócios que a TV Digital poderá trazer, através da interatividade permitida pelo Ginga. "Foi significativo trabalharmos com as emissoras de TV e mostrar que o Ginga é real. Que ele pode trazer rentabilidade para os negócios futuros. E mais: Que ele funciona fora das plataformas dos laboratórios", completou Gomes.

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Fonte: HTML Staff
[27/08/07]   Empresa nacional implanta fábricas de software para TV Digital

Os investimentos de 5,7 milhões de reais do FUNTTEL (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) no desenvolvimento genuinamente nacional do Ginga, software responsável pela interatividade do Sistema Brasileiro de TV Digital, começam a dar seus primeiros frutos.

A primeira companhia brasileira especializada na produção do programa, a Mopa, nascida a partir da encubadora da Universidade da Paraíba, implantou fábricas de software em João Pessoa (PB) e Natal (RN).

“Este é o caminho para o Brasil crescer verdadeiramente - desenvolver tecnologia nacional de ponta que tenha condições de competir no mercado internacional. Nós do Ministério das Comunicações estamos muito felizes em ter apoiado este projeto por meio do FUNTTEL”, afirmou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, em comunicado distribuído à imprensa.

A empresa também deverá desenvolver versões do Ginga para plataformas como IPTV, cabo e satélite. “A continuidade do desenvolvimento tecnológico do software é uma prioridade do FUNTTEL”, afirma o diretor de Indústria, Ciência e Tecnologia do ministério, Igor Vilas Boas, na mesma nota.

O pedido de registro do nome fantasia – Mopa, que significa “sucesso” entre os pesquisadores – foi feito na semana passada. A empresa já tem dois clientes (CCE e Aiko) e venderá implementações Ginga para fabricantes de conversores.

Quarenta engenheiros que participaram da fase de pesquisa fazem parte do quadro de funcionários. Os protótipos do Ginga foram desenvolvidos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

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Fonte: Estadão
[25/06/07]   Software brasileiro para TV digital está pronto, dizem pesquisadores por Renato Cruz

Cabe agora à indústria investir para adaptar a seus produtos o programa que vai garantir a interatividade

O sistema nipo-brasileiro de TV digital pode estrear em 2 de dezembro sem seu único componente genuinamente brasileiro. De tudo que foi desenvolvido aqui, somente o Ginga, nome dado pelos pesquisadores locais ao software de interatividade, entrou na especificação final. Mas as chances são pequenas de ele estar presente nos equipamentos que serão vendidos no lançamento. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, já descartou a interatividade nessa primeira fase. A interatividade permite serviços parecidos com a internet na televisão, como consulta de informações e compras.

Boa parte da indústria não está empolgada com o Ginga, chegando a dizer que ele não existe. Os pesquisadores querem provar que não é verdade, e marcaram para 3 de julho, no Rio, um evento em que haverá a demonstração do software completo, rodando em um conversor. O consumidor deve ficar atento, pois corre o risco de levar para casa um equipamento incompleto, sendo obrigado a trocá-lo em poucos meses, quando forem lançados os conversores com interatividade.

'O Ginga está pronto', afirmou o professor Luiz Fernando Soares, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. 'Nossa resposta será dada no dia 3.' O Ginga é um middleware, software que tem o papel de garantir que as aplicações interativas irão funcionar nos televisores e conversores de todos os fabricantes. No evento da semana que vem, parte do código do Ginga será aberto, o que significa que as pessoas poderão estudá-lo, usá-lo e modificá-lo sem o pagamento de licenças, como acontece com o sistema operacional Linux.

Quem quiser assistir à TV digital nos televisores atuais, analógicos, precisará de um conversor, também chamado de set-top box. Os fabricantes já têm conversores de TV digital funcionando, mas sem o Ginga. 'Se eles tivessem investido antes, já teriam o middleware rodando', afirmou Soares.

FINANCIAMENTO
Os pesquisadores não terminaram o Ginga antes por falta de financiamento. Os consórcios da TV digital criaram uma prova de conceito em 2005, quando o governo contratou o trabalho. Depois disso, os trabalhos foram bastante reduzidos. 'Trabalhamos em 2006 sem dinheiro nenhum', disse o professor. No início deste ano, a PUC-Rio e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que também trabalha no middleware, conseguiram a aprovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, para um projeto de R$ 1 milhão. A primeira de duas parcelas foi liberada.

'Nossa parte está feita e publicada', afirmou o professor Guido Lemos, da UFPB. 'Na indústria, quem fizer primeiro vai ganhar dinheiro.' Demonstrar o Ginga em um conversor não quer dizer que ele está pronto para o mercado. O software precisa ser adaptado aos produtos de cada fabricante, o que pode ser feito por diversas empresas de software. Além disso, precisa ser testado e homologado, para garantir que não existe nenhum erro. Os telespectadores não estão acostumados a coisas como travamentos, mensagens de erro e telas azuis, como os usuários de computadores.

'Ainda falta ficar pronta a suíte de testes para verificar se o software está aderente à norma', disse o professor Luís Meloni, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 'Ela deve ser especificada em três meses. Depois, é preciso implementar.' Para ele, a presença do Ginga nos aparelhos em dezembro depende de investimento, que poderia vir do governo ou da iniciativa privada.

PRAZO
A Dynavideo é uma das empresas de software que trabalha no Ginga. A arquitetura do middleware foi tema da tese de doutorado do seu diretor-executivo, Luiz Eduardo Leite, na UFPB. A Hirix, outra empresa de software, usou este mês uma versão do Ginga feita pela Dynavideo na demonstração de um serviço de banco via televisão no Ciab, evento de tecnologia da Febraban.

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Fonte: IDG Now!
[09/11/06]   TV digital: novo filão para os desenvolvedores de software por Daniela Moreira, repórter do IDG Now!

São Paulo - Profissionais brasileiros poderão investir em uma nova área: a de aplicativos que rodarão nos aparelhos receptores de TV digital.

Com a estréia da TV digital no Brasil, prevista para 3 de dezembro de 2007, um novo mercado começa a se abrir para os desenvolvedores brasileiros de software. Conhecidos pela habilidade e criatividade na elaboração de jogos para celular e videogames, os profissionais tupiniquins poderão investir em um novo filão, o de aplicativos que rodarão nos aparelhos receptores de TV digital.

A interatividade é um dos recursos mais celebrados da TV digital. Na prática, as emissoras poderão enviar junto com a programação dados e aplicativos que rodarão no receptor. A gama de aplicações é a mais variada: desde jogos, notícias, guias de entretenimento até programas governamentais, incluindo informações ao cidadão, consultas a serviços públicos e votações.

As aplicações podem funcionar de duas formas: localmente ou em comunicação com a emissora. No primeiro caso, o usuário simplesmente recebe o aplicativo e executa na sua TV – sem enviar dados de volta. Nesta categoria podem ser incluídos, por exemplo, os guias de programação, notícias e estatísticas sobre jogos esportivos.

Já as aplicações de interatividade remota – que requerem um canal de comunicação com a emissora (o chamado canal de retorno) – levam as possibilidades a um horizonte ainda mais amplo, que inclui respostas a enquetes, consultas a bases de dados, compras pela TV, entre muitas outras possibilidades.

Antes de entrar nos pormenores técnicos, é preciso pensar que a criação de aplicações para TV digital deve respeitar alguns critérios comportamentais. Embora possa ter uma tela tão grande ou maior que a de um computador, a TV não possui teclado – o que significa que os comandos estão restritos aos botões de um controle remoto.

A questão da distância é outro ponto a ser observado – não se assiste à TV tão de perto quanto se utiliza o computador ou o celular. Textos longos e letras pequenas, portanto, não são muito viáveis. Além disso, a TV tem um caráter coletivo, diferente do PC e do telefone móvel, que também deve ser levado em conta.
 
“A postura do espectador é o fator principal. No computador, ela é ativa e na TV, contemplativa”, observa Faiçal Farhat de Carvalho, consultor técnico da FITec, que produziu aplicações de prova de conceito para TV digital, pedido do consórcio do padrão norte-americano (ATSC).

Mercado
Além das emissoras de TV, que distribuirão conteúdo junto com a programação, e do governo, que pretende aproveitar a tecnologia para promover iniciativas em saúde e em educação, um dos mercados potenciais para o desenvolvedor de aplicativos para TV digital é o de publicidade.

A interatividade abrirá uma série de possibilidades aos anunciantes, que terão a opção de enviar informações adicionais aos espectadores e, utilizando o canal de retorno, até mesmo fazer transações de compra em tempo real. O desenvolvimento destes aplicativos ficará a critério do anunciante e não da emissora, que só enviará o sinal. Portanto, ao menos nesse filão, é certo que os programadores encontrarão oportunidades.

Mas, para Marcelo Zuffo, coordenador do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Universidade de São Paulo, o desenvolvedor brasileiro deve voltar sua atenção principalmente ao mercado externo. “Essa será a grande chance para o profissional brasileiro conquistar um espaço de destaque no mercado mundial”, defende o pesquisador.

Segundo Zuffo, uma das preocupações do grupo de padronização da TV digital é justamente garantir que as aplicações desenvolvidas no Brasil possam ser vendidas para outros países. “É o que temos de melhor para oferecer. O hardware tende a se tornar commodity”, concorda Daniel Pataca, pesquisador do CPqD.

Por isso, o middleware – camada de software que roda sobre o sistema operacional e a máquina virtual e permite que a mesma aplicação funcione em diferentes modelos de equipamentos receptores sem necessidade adaptações – desenvolvido no Brasil deve abarcar aplicações criadas para todos os sistemas vigentes no mundo: norte-americano (ATSC), o europeu (DVB) e o japonês (ISDB), que adotamos como referência para o nosso próprio sistema.

Essa é uma vantagem para os programadores, já que os aplicativos para celulares, por exemplo, não têm padronização, exigindo que um mesmo software tenha que ser reescrito ou adaptado para rodar em aparelhos dos diferentes fabricantes.

De acordo com o pesquisador, a plataforma de referência do middleware brasileiro, que permitirá aos desenvolvedores criar as aplicações para TV digital, deve ser divulgada ainda no início de 2007. Mas ele adianta: conhecimentos em linguagens de desenvolvimento para web, e padrões como Java e XML serão fundamentais.

“Antes de qualquer decisão é preciso resolver a questão do pagamento de royalties”, diz Zuffo, em relação ao uso do Java como linguagem de referência para as aplicações voltadas a TV digital no Brasil. No que depender da Sun, este não deve ser o empecilho: a companhia já sinalizou que deve abrir o código-fonte do Java até o início de 2007, eliminando a necessidade de pagar pelo uso da linguagem.

Zuffo justifica a opção pela linguagem: "O Brasil tem 37 mil programadores em Java". Segundo o pesquisador, a plataforma de referência para as aplicações de TV digital será escalável, se estendo a celulares, set-top boxes (receptores) e qualquer outro hardware que for receber o sinal digital.


 

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