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11/01/09

• Crimes Digitais (52): Artigo de Elis Monteiro: "Combate ao cibercrime, sim; caça às bruxas, não"

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, January 11, 2009 11:35 AM
Subject: Crimes Digitais (51): Artigo de Elis Monteiro: "Combate ao cibercrime, sim; caça às bruxas, não"
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
O "Serviço ComUnitário" acompanha este tema com o nome genérico de "Crimes Digitais" desde novembro de 2006.
A relação de "posts" anteriores está no final desta mensagem.

Nossa participante e jornalista Elis Monteiro aborda o assunto neste artigo recente:
 
 
Fonte: Fórum PCS
[08/01/09]   Combate ao cibercrime, sim; caça às bruxas, não por Elis Monteiro  

Para interagir com a Elis visite a fonte ou use este e-mail: elis@forumpcs.com.br
 
Boa leitura!
Ótimo 2009!
Um abraço cordial
Helio Rosa

 
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Fonte: Fórum PCS
[08/01/09]   Combate ao cibercrime, sim; caça às bruxas, não por Elis Monteiro 
 
Todos os dias, minha caixa postal é bombardeada por mensagens a respeito do projeto de Lei Lei 89/03, de autoria do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), também chamado de Projeto sobre Crimes Digitais. O PL já foi aprovado no Senado e está em vias de ser votado na Câmara dos Deputados, onde pode vir a se tornar lei. Recentemente, fiz uma reportagem sobre o assunto, na qual tive a oportunidade de conversar com algumas fontes sobre o assunto, dentre elas o próprio Azeredo. Que, é claro, está por dentro da enxurrada de críticas a respeito de seu projeto, que já renderam até um abaixo-assinado com mais de 100 mil assinaturas.
 
Azeredo reconhece que o projeto tem pontos bastante polêmicos. Mal sabe ele que outros colegas parlamentares já levantaram as questões que ele aborda no PL em projetos que chegaram à Câmara e ao Senado nos últimos anos. A maioria não seguiu adiante simplesmente porque a sociedade refutou as modificações na lei. Pior: recusou veementemente as propostas, que acabam sendo recorrentes. Com o PL de Azeredo não foi diferente: ele incluiu pontos como a obrigatoriedade de os provedores de acesso à internet armazenarem dados de acesso (logs) de usuários por um período de até três anos.
 
O ponto é muito complicado, e pode ser considerado o mais polêmico do ponto de vista do mercado — porque, pensando no lado do usuário de internet, um maior controle sobre as redes P2P (peer-to-peer) é o mais assustador. Azeredo garante que não tem a intenção de cercear a liberdade na internet nem tem o intuito de promover uma caça às bruxas, ou seja, criminalizar o download de arquivos, mas deixa claro que os provedores passarão, sim, a ter responsabilidades muito maiores sobre o que trafegam e o que é feito dentro de seus servidores.
 
Do lado dos provedores, a exigência do armazenamento não é vista com bons olhos, o que também era altamente previsível. De acordo com fontes consultadas, o armazenamento dos logs gera custos não previstos pelas empresas - segundo Azeredo, um provedor que armazene tais dados por um período de um ano não gastaria mais de seis DVDs. Além disso, caso o PL seja aprovado na Câmara e se torne lei, cairá sobre os provedores a responsabilidade de monitorar e denunciar atividades criminosas que porventura aconteçam em suas, digamos, “dependências”. O que já está sendo chamado, desde que o projeto foi apresentado à sociedade, de “criação de uma legião de provedores dedos-duros”.
 
Segundo Azeredo, tanto o armazenamento dos dados de acesso dos internautas quanto a responsabilização do provedor em denunciar crimes cometidos na Web — procurando a polícia ou quaisquer outras autoridades competentes — são fatores fundamentais para a criação de qualquer qualquer força-tarefa contra crimes como pedofilia e fraudes eletrônicas, dentre muitos outros.
 
Ainda sobre a questão do armazenamento dos logs, o texto do projeto é considerado dúbio, podendo levar a interpretações equivocadas: o PL fala em armazenamento dos logs, mas não toca no assunto da identificação dos usuários para o acesso à rede. Assim, dizem os críticos de plantão, não faria sentido guardar dados de usuários anônimos, já que o acesso pode ser feito tanto a partir de ambientes domésticos quanto de empresas e pontos públicos, como as lan houses, hoje a principal forma de contato da população carente com a rede mundial de computadores.
 
O ponto que toca no P2P rende panos para mangas. Dentre os artigos polêmicos estão o artigos 285-A, que trata do acesso a redes de computadores, dispositivos de comunicação ou sistema informatizado sem autorização do titular, quando exigida, e o 285-B, que fala em “obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado sem autorização do titular”.
 
Estaria criada, aqui, uma porta aberta à possibilidade de instauração de uma caça às bruxas, ou seja, de usuários de redes P2P como e-Mule, torrents, LimeWire e muitos outros? Azeredo jura de pés juntos que não, mas os especialistas garantem que o texto não é tão claro e deixa abertas possibilidades perigosas, já que redes P2P serão consideradas criminosas uma vez que não dependem de servidores para tráfego (o que torna impossível a geração de logs), usando apenas um servidor central, de propriedade do fornecedor do software de troca, que gerencia o material existente e seu tráfego entre usuários.
 
A questão é que, passando em revista o texto do projeto, sempre fica a impressão de que, caso vire lei, o usuário poderá, sim, passar a ser perseguido, e não apenas os responsáveis pelos programas que tornam o download de arquivos possível.
 
Estes dias estive com uma outra fonte, que defende os direitos da indústria fonográfica, que me surpreendeu ao afirmar que o projeto de Azeredo é frouxo. Isso mesmo. Apesar de as mais de 100 mil pessoas que assinaram o abaixo-assinado temerem pela transformação dele em lei, a indústria que pretende defender seus direitos legalmente considera que ainda há a necessidade de apertar ainda mais o cerco, correndo atrás não só de quem faz grandes quantidades de upload de arquivos mas também dos usuários que baixam muita coisa. Cheguei a argumentar que tal controle se torna impossível, uma vez que são milhões e milhões de usuários espalhados pelos quatro cantos do planeta. A resposta? "Podemos usar as mesmas estratégias empregadas pelas associações de defesa de software, que têm conseguido importantes vitórias no combate à pirataria, contando com a ajuda da força policial".
 
A questão, meus amigos, é que a indústria não está parada, assistindo pacientemente ao crescimento exponencial das redes P2P. A indústria (seja audiovisual, fonográfica, de editores de livro, edição musical, associação de músicos e por aí vai) está se mexendo, tentando correr atrás de um fenômeno que, cá entre nós, é
impossível de ser detido.
 
Há quem defenda o projeto de Azeredo e ninguém em sã consciência contesta o fato de ser urgente a existência de um controle maior sobre as atividades criminosas na rede mundial. Afinal, quem considera a pedofilia um crime que possa passar incólume? Não é à toa que nomes como Google capitularam frente à força da opinião pública e, agora, colaboram com as autoridades tendo como objetivo facilitar a identificação de criminosos que se fartam de transitar livremente pelas salas de bate-papo, programas de mensagens instantâneas e redes de relacionamento.
Ler mais: Combate ao cibercrime, sim; caça às bruxas, não
 

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