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Maio 2009               Índice Geral do BLOCO

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24/05/09

• Rádio Digital (44) - A mídia desmemoriada - Ethevaldo Siqueira: Hélio Costa abandona projeto de rádio digital

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, May 24, 2009 5:17 PM
Subject: Rádio Digital (44) - A mídia desmemoriada - Ethevaldo Siqueira: Hélio Costa abandona projeto de rádio digital
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
01.
Registrei, ao longo do tempo, alguns "posts" no nosso BLOCO com o tema "mídia pautada".

No caso, "pauta" é o "release" ou informação mastigada que os departamentos de imprensa de empresas, organizações e entidades do governo enviam aos veículos de divulgação.
 
Mesmo não sendo jornalista, de vez em quando recebo algumas "sugestões de pauta".  :-)
 
Como disse, são matérias prontas, normalmente redigidas por jornalistas contratados pelos interessados em veicular a informação, que os sites noticiosos reproduzem com alguma "guaribação" ou então na íntegra, e não raro são registrados como de autoria "da redação".
 
Nada contra as pautas, enquanto fontes de notícias.
Tudo contra quando são reproduzidas como se fossem frutos de reportagem, sem apuração ou investigação, sem consultas aos arquivos das redações e quando não são acompanhadas da "história" resumida do tema ou das eventuais versões ou visões de ângulos diferentes para ambientação e estímulo ao leitor para meditação e formação de opinião.
 
02.
Mas...será que existe uma "despauta" que sugere que uma determinada informação não deve ser divulgada?  :-)
Certamente alguém vai dizer que assim também é demais, que uma "não-pauta" é um... despautério ("grande tolice, despropósito, disparate": Houaiss).

Pergunto:
Qual será o maior despautério na cobertura da ressurreição do Rádio Digital no recente Congresso da ABERT:
- achar que o fato de nenhum jornalista citar que em dezembro Helio Costa desistiu do Rádio Digital é uma mera coincidência?
- achar que houve "sugestão" do Minicom e da ABERT para o esquecimento da desistência?
- achar que houve uma autocensura geral pois o ministro e a ABERT são poderosos demais?

Os mais "antigos" devem se lembrar do famoso colunista Ibrahim Sued, cujo bordão foi até título de livro: "Em sociedade tudo se sabe".
Em algum momento tudo virá à tona, é questão de tempo.

03.
Vamos recordar mais abaixo, o artigo do jornalista Ethevaldo Siqueira, colunista do Estadão, publicado após a desistência no ministro:
Fonte: Adnews  Origem: Estadão
[29/12/08]  
Hélio Costa abandona projeto de rádio digital por Ethevaldo Siqueira, do Estadão

Esperei até hoje que o Ethevaldo voltasse ao tema na sua coluna dominical do Estadão: não voltou.
Em
seu blog comenta timidamente, quase "en passant" no seu "post" de ontem: O surrealismo de um ministro das Comunicações

(...) Ah, o Rádio Digital
A novela do rádio digital retorna aos debates. Conforme antecipou o ministro Hélio Costa, a escolha do sistema do rádio digital que será adotado pelas emissoras brasileiras será feita após consulta pública, com prazo de 180 dias. Para tanto, o Ministério das Comunicações divulga portaria específica, autorizando a consulta pública, para ouvir sugestões da sociedade sobre o tema.
A escolha do padrão de rádio digital para o Brasil não é uma questão de opinião. Por isso, o Brasil não pode simplesmente escolher uma nova tecnologia apenas com base em sugestões de pessoas e entidades, por mais competentes que elas sejam. É preciso que uma comissão de especialistas e representantes de entidades altamente qualificadas do ponto de vista científico e tecnológico, realmente isentas, conduza testes exaustivos em centros de pesquisas e universidades, num processo de licitação internacional. (...)
 
Ah, Ethevaldo, e a desistência do ministro, sô?   :-)
 
Mas ainda estou concedendo um crédito geral à nossa mídia especializada pois as matérias sobre o tema devem surgir após o merecido descanso da cobertura do Congresso da ABERT...  :-)
 
Por falar em AdNews.
Este Portal, que reproduziu a matéria do Ethevaldo em dezembro, publicou pelos menos 4 matérias sobre o Rádio Digital no congresso da ABERT mas também não citou a desistência anterior do ministro.

Tem mais na próxima mensagem.
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
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Fonte: Adnews  Origem: Estadão
[29/12/08]  
Hélio Costa abandona projeto de rádio digital por Ethevaldo Siqueira, do Estadão
 
A mudança de posição foi radical. Depois de ter defendido abertamente durante quase três anos e meio o padrão de rádio digital norte-americano (Iboc ou HD), apresentando-o como o único aceitável para o Brasil, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, acaba de retirar seu apoio àquela tecnologia, também preferida pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
 
O ministro reconhece agora o que todos os técnicos independentes vinham afirmando desde 2006: em todo o mundo, a tecnologia de rádio digital ainda tem muitos problemas que não permitem sua adoção no Brasil.
 
O recuo de Hélio Costa, embora tardio, é um fato positivo, pois seria muito pior se o País adotasse o padrão Iboc. O maior prejuízo ficaria com as 5 mil emissoras de rádio brasileiras, que seriam levadas a investir numa tecnologia que aindafunciona precariamente.
 
O que mais estranhou os observadores nesse episódio foi a posição da Abert, ao defender apaixonadamente o padrão norte-americano, mesmo diante da comprovação de seus problemas.
 
MARCHA A RÉ
 
Hélio Costa anunciou sua nova posição no domingo passado, em artigo no jornal O Estado de Minas (leia-o no site Caros Ouvintes, http://www.carosouvintes.org.br/blog/?p=2111), em resposta à jornalista e professora Nair Prata, que havia cobrado do ministro, no início de dezembro, o cumprimento de suas promessas quanto ao rádio digital.
 
Entre as diversas opiniões citadas no artigo de Hélio Costa, uma das mais convincentes foi a de Sarah McBride, editora de tecnologia do Wall Street Journal (http://online.wsj.com/article/SB122575904804195337.html).
 
Na realidade, o jornal norte-americano apenas confirmou a conclusão já conhecida havia muito tempo: depois de quase 5 anos de introdução nos Estados Unidos, a nova tecnologia digital não conta hoje sequer com 10% da adesão das emissoras.
 
Para se ter idéia da baixa penetração do rádio digital nos Estados Unidos, basta lembrar que, do lado dos ouvintes, mesmo com preços subsidiados, apenas 0,15% da população norte-americana adquiriu seu receptor digital.
 
PROBLEMAS
 
Uma das características do padrão conhecido pelo nome de In Band on Channel (Iboc) ou HD Radio, criado pela empresa Ibiquity, é utilizar o mesmo canal de freqüência para transmitir um único programa, simultaneamente, tanto no modo analógico quanto no digital. A idéia é excelente, mas, até agora, o sistema não tem funcionado de forma satisfatória.
 
Nas transmissões em AM e FM, o padrão Iboc apresenta, entre outros, o problema do atraso (delay) de 8 segundos do sinal digital, em relação ao analógico. Como o alcance do sinal digital é menor do que o analógico, nos limites de sua propagação, a sintonia oscila entre um e outro, com grande desconforto para o ouvinte.
 
Embora pareça ser a grande saída, a idéia de usar o mesmo canal para transmissões analógicas e digitais, adotada pela empresa Ibiquity, não tem tido sucesso na prática. O fato indiscutível é que essa tecnologia ainda não está madura e apresenta diversos problemas sérios, como a impossibilidade de se utilizarem receptores portáteis - pois o consumo de energia é tão elevado que as baterias se descarregam em poucas horas.
 
Na Europa, outras tecnologias têm sido propostas em faixas de freqüências exclusivas para o rádio digital, o que, no entanto, obrigaria à troca de todos os receptores. Conclusão: ainda temos que esperar que o mundo desenvolva uma solução melhor para a digitalização do rádio.
 
ANÚNCIOS PRECOCES
 
O ministro Hélio Costa, desde que tomou posse no Ministério das Comunicações, em julho de 2005, tem anunciado numerosos projetos puramente imaginários que nunca se concretizam ou que se revelam inviáveis.
 
Na abertura do evento internacional Américas Telecom, em outubro de 2005, em Salvador (Bahia), ele anunciou que o Brasil já vivia "a era do rádio digital" (quando apenas algumas emissoras iniciavam os primeiros testes com o padrão norte-americano HD Radio ou Iboc). Na mesma ocasião, anunciou ao auditório que a Grande São Paulo veria as imagens da Copa do Mundo de 2006 com imagens da TV digital, que só entrou no ar em 2 dezembro de 2007.
 
Entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2005, afirmou categoricamente que o Ministério das Comunicações iria investir não apenas o montante de R$ 600 milhões anuais dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), bem como o saldo acumulado então superior a R$ 4 bilhões.
 
Até hoje o Brasil não utilizou praticamente nada do Fust. No ano de 2006, o ministro garantiu que o Japão havia concordado em instalar uma indústria de semicondutores (circuitos microeletrônicos) no Brasil, em contrapartida à escolha do padrão de TV digital nipo-brasileiro. Na verdade, o Japão jamais prometeu essa fábrica.
Ethevaldo Siqueira - O Estado de S.Paulo
 

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