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Abril 2010               Índice Geral do BLOCO

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26/04/10

• Telebrás, Eletronet e PNBL (250) - O IPEA e o PNBL

Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

01.
Como previsto, as ações da Telebrás dispararam devido às notícias do Tele.Síntese:
Fonte: Yahoo! Notícias
[26/04/10]  Telebrás: ações sobem mais de 20%, com novos rumores sobre plano de banda larga


02.
A segunda-feira também foi o dia do IPEA na berlinda midiática.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é uma fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Suas atividades de pesquisa fornecem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros. Os trabalhos do Ipea são disponibilizados para a sociedade por meio de inúmeras e regulares publicações e seminários e, mais recentemente, via programa semanal de TV em canal fechado.

Trata-se de um órgão conceituado mas que foi alvo, recentemente , de críticas pela suposta politização de sua direção, conforme este Editorial do Estadão, transcrito no final desta mensagem:
Fonte: Estadão
[13/04/10]  A politização do Ipea - Editorial

O IPEA apresentou nesta segunda-feira, 26/4, um comunicado com análises e recomendações para a massificação da banda larga no país.
Mais abaixo está uma coleção de notícias sobre este assunto mas prefira conferir o Comunicado nestes links do website do IPEA:
Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 46

Veja os gráficos de apresentação do Comunicado

03.
Aqui estão as demais notícias que consideramos relevantes:

Fonte: Yahoo! Notícias
[26/04/10]  Telebrás: ações sobem mais de 20%, com novos rumores sobre plano de banda larga

Fonte: Estadão
[27/04/10]  Sky diz que leva banda larga a todo o País por um quarto da proposta da Oi - por Renato Cruz

Fonte: Teletime
[26/04/10]  Governo entrará na oferta de banda larga apenas no atacado - por Mariana Mazza

Fonte: Valor Econômico
[26/04/10]   Brasil precisa atentar para aumento da velocidade de acesso, adverte SAE - por Danilo Fariello, de Brasília

Fonte: Tele.Síntese
[26/04/10]  Para Ipea, Brasil não pode abrir mão da super banda larga  - por Lúcia Berbert

Fonte: O Globo
[26/04/10]  Ipea sugere novo marco regulatório e uso de fundo em banda larga - por Bruno Peres

Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]  É extremamente alarmante a situação da Banda Larga no Brasil - por Luís Osvaldo Grossmann

Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]   Banda larga: Brasil fica muito aquém do desejado - por Luís Osvaldo Grossmann

Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]  Banda Larga: Desigualdades só caem com política pública - por Luís Osvaldo Grossmann

Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]  Legislação defasada e regulação ineficiente emperram Banda Larga - por Luís Osvaldo Grossmann

Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]  Banda Larga: Brasil peca na aplicação das regras e falha na massificação - por Luís Osvaldo Grossmann

Fonte: Estadão
[13/04/10]  A politização do Ipea - Editorial

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa


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Fonte: Yahoo! Notícias
[26/04/10] Telebrás: ações sobem mais de 20%, com novos rumores sobre plano de banda larga

SÃO PAULO – Enquanto a bolsa brasileira consolidou sua trajetória negativa durante a tarde, as ações da Telebrás (TELB3, TELB4) seguiram trajetória contrária no final do pregão, acentuando seus ganhos até os instantes finais desta segunda-feira (26), em meio à expectativa de que a estatal poderá definir preços para o uso da fibra óptica instalada pelas companhias estatais e pelas operadoras privadas de telefonia.
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Desta forma, as ações preferenciais da companhia fecharam com forte alta de 26,01%, sendo cotadas na venda a R$ 2,18, enquanto que os ativos ordinários subiram 22,78%, fechando em R$ 1,94 na BM&F Bovespa. Ambos os papéis terminaram o pregão com a cotação máxima alcançada no intraday.

Vale destacar ainda o volume de negócios registrado por TELB4. Com 12.509 negócios realizados nesta sessão, as ações preferenciais da empresa tiveram um giro financeiro de R$ 171,778 milhões.

Novidades
Nesta segunda-feira, o jornal Valor Econômico trouxe a notícia de que o governo, por meio da Telebrás, planeja definir os preços do uso da fibra óptica. O movimento faz parte do PNBL (Plano Nacional e Banda Larga) que vai restaurar a Telebrás e permitir que a companhia gerencia parte da infraestrutura de banda larga.

Com isso e a expectativa de que o PNBL seja efetivado nos próximos dias, com o decreto oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as ações da empresa de telecom disparam no mercado de ações do Brasil.

Vazamento de informações
Por conta disso, a Comissão de Defesa do Consumidor já anunciou que será realizada nesta quarta-feira (28) uma audiência pública para debater o vazamento de informações sobre a possível reativação da Telebrás. Para o deputado Indio da Costa (DEM-RJ), o forte fluxo de notícias não oficiais pode ter provocado a forte valorização das ações da companhia, que já acumulam mais de 35.000% de ganho desde o início do governo Lula, em 2002.

"O governo federal vem reiteradamente confirmando o interesse em recuperar a Telebrás para levar a prestação de serviços de internet por banda larga. No entanto, as notícias sobre a reestatização da empresa não são oficiais", frisou Costa, que ainda citou a reportagem publicada pelo Folha de São Paulo, na qual o ex-ministro José Dirceu teria recebido R$ 620 mil do principal grupo privado que será beneficiado, caso a telecom seja reativada.

A audîência ocorrerá às 14h30 (horário de Brasília) e ainda não tem local definido. Foram convidados para o encontro a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, o ministro das Comunicações, José Artur Filardi Leite, o presidente da Telebrás, Jorge da Motta e Silva, o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna dos Santos, e o presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana.

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Fonte: Estadão
[27/04/10]   Sky diz que leva banda larga a todo o País por um quarto da proposta da Oi - por Renato Cruz

Enquanto o governo passa meses discutindo a volta da Telebrás, questões urgentes no mercado de telecomunicações continuam sem solução. O presidente da empresa de TV paga via satélite Sky, Luiz Eduardo Baptista, diz que teria R$ 15 bilhões para cobrir o País todo com banda larga sem fio, sozinho ou em parceria, caso não houvesse obstáculos regulatórios.

Recentemente, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, visitou ministros em Brasília propondo que sua empresa fosse o principal instrumento do Plano de Nacional de Banda Larga, pedindo bilhões de reais em incentivos do governo.

"O meu xará da Oi disse que por R$ 27 bilhões ele faria isso", diz Baptista (esse valor se refere aos subsídios que teriam sido pedidos pela empresa, que teria se comprometido ainda a investir mais R$ 33 bilhões). " A Sky, por R$ 15 bilhões, faria isso no Brasil inteiro, sozinha ou em parceria, ou em joint venture, ou em sociedade com gente local."

Há dois anos, a Sky comprou a Itsa, empresa de MMDS (TV paga via micro-ondas), em 12 cidades, incluindo capitais como Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Porto Velho e Vitória.

A empresa planejava oferecer banda larga sem fio na mesma faixa de frequência do MMDS, usando essas licenças, com a tecnologia WiMax. Mas a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não homologa os equipamentos para essa faixa, o que impede seu uso. Existe uma oposição muito grande das operadoras celulares ao WiMax na faixa usada pelo MMDS, de 2,5 GHz. As celulares querem que essa faixa seja reservada para a quarta geração da telefonia celular. Além do problema da homologação, há uma década a Anatel não vende licenças de MMDS.

"Nós entendemos que a Anatel não liberou isso até agora por questões políticas, e não técnicas", afirma Baptista. Ele até admite abrir mão de parte das frequências que tem hoje, se puder usar tudo o que sobrar para banda larga com mobilidade. "Se não carimbarem o espectro (definindo usos obrigatórios), qualquer empresa de MMDS sobrevive com metade do espectro."

Segundo Baptista, a entrada da Sky no mercado teria um efeito imediato sobre os preços. "Assumo um compromisso público de que, nessas regiões, vendo de 10% a 15% mais barato que qualquer provedor local, para começar, sem fazer muito cálculo."

Prioridade. Baptista critica a pretensão da Oi de se tornar a principal empresa do Plano Nacional de Banda Larga. "A Oi achou que era mais importante comprar a Brasil Telecom do que expandir banda larga no Brasil", afirma o presidente da Sky. "É uma decisão de negócios. Mas não sei até que ponto o governo acredita que a Oi vai passar a cumprir com o que não fez até agora."

A Oi comprou a BrT há dois anos, com forte apoio governamental, tornando-se a operadora dominante em todos os Estados, menos São Paulo. O governo controla, direta ou indiretamente, 49% da Oi.

Sobre a volta da Telebrás ou a criação de uma estatal de banda larga, Baptista diz não ter opinião formada. "Para nós, é indiferente. O nosso ponto é: não faz sentido segurar a expansão e o progresso porque o governo pensa em criar um plano."

Ele critica a morosidade regulatória. "A verdade é a seguinte: estamos debaixo do viaduto passando fome e sede e estamos aguardando que o Taj Mahal maravilhoso fique pronto em dez anos", diz. "A gente só tem de tomar cuidado para que a maior parte das empresas e dos cidadãos não morra antes de usufruir desse Taj Mahal daqui a dez anos. Ele pode ser até maravilhoso, mas que tal fazer alguma coisa que esteja ao nosso alcance desde já? É tão simples quanto isso. Não precisa mudar a lei, não precisa mudar nada."


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Fonte: Teletime
[26/04/10]  Governo entrará na oferta de banda larga apenas no atacado - por Mariana Mazza

O governo decidiu que o Estado não deverá entrar diretamente no mercado de oferta de banda larga ao consumidor final. Em matéria publicada nesta segunda-feira, 26, pela Agência Brasil, o coordenador de programas de inclusão digital do governo federal e do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), Cezar Alvarez, anunciou que o governo ficará restrito a oferta de redes "no atacado", atuando como um regulador dos preços finais no mercado.

"A média de preços praticada hoje no mercado é de cerca de R$ 1,4 mil. Nós queremos vender por menos da metade. Nós só venderemos para quem se comprometer a ter qualidade e preço final", afirmou Alvarez. Este "preço final" deverá ser de R$ 35, cenário mais favorável às contas da empresa pública que controlará a oferta das redes do governo. Nas simulações de cenários obtidas por este noticiário e divulgadas em fevereiro deste ano, a oferta na ponta a R$ 35 por 512 kbps prevê uma venda de capacidade de rede a R$ 200 para os prestadores de serviço.

Telebrás

Na mesma entrevista, Alvarez confirma que já está decidido o uso da Telebrás como a gestora das redes públicas. A revitalização da estatal foi questionada por alguns setores do governo, especialmente o Ministério da Fazenda, mas a decisão já estaria tomada em prol do uso da estatal, segundo o coordenador. O governo pretende ainda investir na ampliação da rede pública de fibras das elétricas, que será usada no PNBL.

"Queremos chegar na Copa do Mundo com uma rede capilatizada com mais um fornecedor capaz de oferecer novos serviços", afirmou Alvarez. Essa expansão da rede pode ser feita tanto por meio de investimentos públicos diretos, quanto em parceria com as teles, de acordo com o assessor especial da Presidência da República. Esses investimentos atingirão o backbone público e o backhaul.

Financiamento

Para estimular a adesão das empresas nos mais diversos níveis da cadeia de telecomunicações, o governo tem negociado a criação de uma linha de financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) superior a R$ 5 bilhões, valor bem além do disponível atualmente, disse Alvarez à Agência Brasil. Além disso, Alvarez confirmou que existirá uma política de isenção tributária voltada ao atendimento das populações de baixa renda, sem contar outros incentivos fiscais para oferta de equipamentos e de serviços já anunciadas em momentos anteriores.

A expectativa da equipe de construção do PNBL é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bata o martelo para iniciar o projeto nos próximos dias, garantindo assim o início da participação estatal no mercado de atacado de banda larga ainda neste ano. Segundo Alvarez, a oferta a R$ 35 para o consumidor final deve ser possível dentro do prazo de um ano.


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Fonte: Valor Econômico
[26/04/10]   Brasil precisa atentar para aumento da velocidade de acesso, adverte SAE - por Danilo Fariello, de Brasília

Mesmo que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) atinja seu objetivo de massificar o acesso à internet em poucos anos, o Brasil ainda estará aquém dos padrões de competitividade internacional por deficiência de conexão, na avaliação da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Para Luiz Alfredo Salomão, secretário-executivo da SAE, é preciso colocar em debate também o aumento da velocidade do acesso, porque os projetos em discussão em diversos países visam atingir velocidade de 100 megabits por segundo (Mbps), enquanto o Brasil fala em 1 Mbps. "O que discutimos como meta hoje, o Japão tinha em 1996", comenta.

Para ele, o governo deveria definir agora parâmetros para aumentar a capacidade das redes futuramente. "Depois de conectadas, as pessoas e as empresas vão precisar de velocidade." Atualmente, algumas operadoras já enfrentam dificuldades para manter um elevado número de acessos simultâneos nas redes existentes. Segundo Salomão, para crescer em competitividade sob o ritmo internacional, o Brasil deverá ter, no mínimo, uma rede com velocidade de 100 Mbps daqui a dez anos. Os projetos de banda larga anunciados recentemente por países como Japão, Estados Unidos, Suécia, Reino Unido, Itália e Austrália vão nesse rumo, comenta o secretário-executivo.

Salomão propõe o fortalecimento da indústria nacional para tornar viável o aumento futuro da capacidade da rede. Para ele, deveria ser criado no Nordeste um polo de empresas eletroeletrônicas voltado especificamente para componentes e outros equipamentos capazes de servir à demanda pela banda larga. "O Plano Nacional de Banda Larga justifica essa política industrial."

A localização do polo no Nordeste é justificada, segundo Salomão, pela indústria de base já existente na região - como no Recife (PE) e em Ilhéus (BA) -, pela presença de estaleiros e portos, que facilitam o comércio exterior, e pela indústria química, como a instalada em Camaçari (BA). "É uma proposta para recuperar a indústria eletroeletrônica nacional", diz.

Para Salomão, o número dois da SAE, essa política industrial deveria ter metas de expansão não apenas para componentes eletrônicos, mas para o desenvolvimento de software nacional. Isso poderia constar de uma eventual revisão da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). "O crescimento do acesso e da velocidade demandará também mais software."

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Fonte: Tele.Síntese
[26/04/10]  Para Ipea, Brasil não pode abrir mão da super banda larga  - por Lúcia Berbert

A massificação do acesso à internet em alta velocidade deve ser o foco central do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), em elaboração para o governo, mas, paralelo a esse objetivo principal, o governo precisa investir em uma segunda geração de internet no país, nos moldes dos projetos adotados em países desenvolvidos, e com velocidades que chegam a 1 Gbps. A conclusão é do pesquisador do Ipea, Luis Cláudio Kubota, que apresentou hoje o comunicado do instituto com análise e recomendações para as políticas públicas de massificação de acesso à internet em banda larga no país.

Segundo Kubota, o PNBL está sendo projetado com velocidades de acesso abaixo de 1 Mbps, o que deixará o Brasil muito distante do que está sendo oferecido em outros países, inclusive aqueles com níveis de desenvolvimento semelhantes, como o México e Turquia. “Uma política pública não pode levar em consideração apenas a parte mais visível da infraestrutura, que é o acesso, sem deixar de acompanhar os seus futuros desdobramentos tecnológicos, sob pena de já nascer ultrapassada”, avalia.

Para a realização desses investimentos paralelos, o Ipea recomenda a efetiva utilização do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), recursos que deixaram de ser aplicados no setor por falta de uma regulação mais eficaz. Além disso, apoia a discussão da transformação da banda larga em serviço essencial prestado em regime público, de forma que possa ser alcançado por planos de metas de universalização e de qualidade.

Competição

Mas, a principal conclusão do estudo é de que o PNBL deve ser um indutor da competição. “Até a empresa estatal que irá gerir as ações do plano somente será justificada se promover a competição”, defendeu outro pesquisador, João Maria de Oliveira. Segundo ele, o plano deve conter medidas regulatórias para tornar o mercado de livre acesso, adotando o unbundling ou separação funcional, para que novos competidores tenham acesso à infraestrutura existente e possam multiplicar a oferta de acesso.

Oliveira reconhece, entretanto, que isso não será suficiente. O Estado deverá atender diretamente, por meio de subsídios ou por intermédio de parceria público-privada os pequenos municípios e áreas rurais de estados das regiões Norte e Nordeste, que carecem de infraestrutura em função da baixa atratividade diante da renda limitada da população residente e alto custo de instalação desse serviço.

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Fonte: O Globo
[26/04/10]   Ipea sugere novo marco regulatório e uso de fundo em banda larga - por Bruno Peres

BRASÍLIA (Reuters) - Uma revisão imediata da regulação do setor de telefonia e o uso dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) são fundamentais para o sucesso do Plano Nacional de Banda Larga em preparação pelo governo federal, avalia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"Os governos devem liderar o caminho para a expansão da banda larga, visto que os países que a priorizaram como um serviço universal já estão colhendo resultados altamente positivos", de acordo com o Ipea.

Em análise divulgada nesta segunda-feira sobre políticas públicas de massificação de Internet rápida, o Ipea afirmou que "o arcabouço jurídico-regulatório desenhado no final da década de 1990 está enfrentando a prova do tempo". "É preciso discutir uma reforma para que a regulação contemple de modo mais moderno o fenômeno da convergência tecnológica", afirmou o Ipea.
A Lei Geral de Telecomunicações, de 1997, privilegiou a telefonia fixa, já superada pelo serviço móvel. Naquela ocasião, lembrou o Ipea, a Internet foi considerada "um mero serviço de valor adicionado".

O instituto ligado ao Ministério do Planejamento recomenda, ainda, que o governo use os "vultosos recursos do Fust", que é recolhido pelas operadoras mas vem sendo utilizado como fonte de superávit primário. "Essa situação freou o ímpeto para que o fundo fosse efetivamente utilizado", disse o Ipea.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está trabalhando num Plano Nacional de Banda Larga para universalizar a Internet rápida no país. O anúncio do projeto, contudo, vem sendo adiado há algum tempo.
Uma das possibilidades em estudo é a reativação da estatal Telebrás, que poderia ser o braço público no plano.
Executivos do setor de telefonia têm se posicionado contra a reativação da Telebrás, afirmando que a iniciativa privada tem condição de liderar o plano de banda larga e que a competição em base desigual desestimularia investimentos.

DIFERENÇAS REGIONAIS
O Ipea também defende o provimento de "incentivos adequados" a fim de reduzir as desigualdades regionais, com a inclusão do fornecimento em áreas rurais e de pequenos municípios. Dados consolidados pelo Ipea mostram que praticamente inexiste o acesso à banda larga nos domicílios em Estados brasileiros como Roraima e Amapá.
Nesses dois Estados, o percentual de residências com acesso ao serviço em 2008 era de 0,3 e 0,6, respectivamente, em contraste com localidades nas regiões Sul e Centro-Oeste, onde o acesso abrange, por exemplo, 29,3 por cento dos domicílios em Santa Catarina, e 51,2 por cento no Distrito Federal.

O instituto destacou que, apesar de o governo ser "um dos protagonistas do movimento de inclusão digital", a alta carga tributária no setor "contraria a política de massificação".
"Há exemplos no Brasil de concessão de rodovias em que recentemente foi privilegiado o menor preço do pedágio em detrimento da maximização da receita governamental."

Em âmbito global, o Ipea menciona levantamento de 2009 da União Internacional das Telecomunicações, órgão da ONU, que classificou o serviço de banda larga no Brasil em 60o lugar.
"Os preços da banda larga também colocam o país em uma circunstância bastante desvantajosa... Em 2009, o gasto médio com banda larga no Brasil custava 4,58 por cento da renda mensal per capita... Nos países desenvolvidos, essa mesma relação está em torno de 0,5 por cento", completou o Ipea.

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Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]    É extremamente alarmante a situação da Banda Larga no Brasil - por Luís Osvaldo Grossmann

Pouca renda e muita concentração de mercado são os ingredientes para o modesto desempenho do Brasil no acesso à Internet. O diagnóstico é do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) que nesta segunda-feira, 26/4, apresentou um comunicado com análises e recomendações para a massificação da banda larga no país. Por conta dessa combinação, o preço do acesso é um dos mais altos do mundo e o serviço cobre menos da metade das cidades do território nacional.

Não é de hoje que se aponta o preço do acesso como o grande entrave para a massificação do uso da internet pelos brasileiros. Pesquisas, como as do Comitê Gestor da Internet (CGI), já indicaram que a barreira de custo é o fator mais importante na decisão de contratar o serviço. Mas ao comparar o Brasil com outros países, o Ipea foi categórico: a situação do país em termos de preço e oferta de banda larga é extremamente alarmante.

“Os preços da banda larga colocam o país em uma circunstância bastante desvantajosa. Por exemplo, em 2009, o gasto médio com banda larga no Brasil custava, proporcionalmente, 4,58% da renda mensal per capita enquanto na Rússia esse índice era de menos da metade: 1,68%. Já nos países desenvolvidos, essa mesma relação situa-se em torno de 0,5%, ou seja, quase 10 vezes menor que no Brasil”, cita o relatório.

O documento lembra, ainda, que apesar de a economia brasileira situar-se entre as dez maiores do mundo, em termos desempenho das telecomunicações, a União Internacional das Telecomunicações (UIT) classificou o Brasil em 60° lugar no ano passado. “O índice utilizado na classificação refere-se ao comportamento de 11 indicadores do setor internacionalmente comparados. Vale ressaltar que, nesse mesmo ano, a Argentina situou-se em 49º, a Rússia em 48º e a Grécia em 30º lugar.”

No comunicado, o Ipea sustenta que das várias razões que explicam a baixa densidade do acesso à banda larga no Brasil, grande parte pode ser creditada ao alto preço do serviço. E, para o instituto, são três os fatores que contribuem para esse alto preço: baixo nível de competição, elevada carga tributária e baixa renda da população.

Não se pode negar o peso dos impostos, especialmente do ICMS que, a depender do estado, leva a uma tributação efetiva superior a 50% da conta. Mas a carga tributária, assim como a baixa renda dos brasileiros, é uma dificuldade comum aos diversos setores produtivos do país. E o próprio Ipea, no mesmo estudo, entende ser “importante frisar que centrar a discussão unicamente na tributação é uma visão extremamente reducionista da questão”.

O que salta aos olhos no comunicado do Ipea, porém, é a concentração no mercado de acesso à internet no país. “Existe uma forte concentração em nível estadual – em 11 estados o índice se situou acima de 80% e sua média simples foi 75,3%. Confirma-se a percepção geral de que as empresas prestadoras possuem grande poder de mercado em cada estado, de acordo com suas respectivas áreas de atuação.”

Mostra ainda o instituto que dos municípios que possuem acesso em banda larga, somente 361 – cerca de 14% – têm prestadora dominante com participação inferior a 80%. Além disso, em apenas 15 deles (pouco mais de 0,5%), a participação da empresa dominante é inferior a 50%. “Esses dados sustentam que a oferta do acesso à banda larga é exageradamente concentrada, sobretudo considerando que a prestação do serviço está sujeita ao regime de livre concorrência”, diz o Ipea.

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Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]   Banda larga: Brasil fica muito aquém do desejado - por Luís Osvaldo Grossmann

Ao analisar a oferta de internet em Banda Larga, o Ipea concluiu que o Brasil está ficando para trás. Não só o serviço é mais caro por aqui, como a densidade é menor, o que deixa o país em situação inferior mesmo a de outras economias em desenvolvimento, como México e Turquia.

Segundo o Ipea, as economias avançadas estão aumentando sua densidade muito mais rapidamente que os países em desenvolvimento, mesmo estando em patamar bem mais elevado. Enquanto isso, estes países ainda não lograram que a alteração significativa dos preços do serviço se refletisse em maior acesso por parte da população.

Assim, o instituto entende que o Brasil tem um longo caminho nas duas direções: por um lado, seu preço relativo de banda larga ainda é quase cinco vezes mais alto que o preço de internet na França e dez vezes maior que o encontrado nos EUA. Por outro, a densidade é quase cinco vezes menor que na Austrália e quatro vezes menor que nos EUA, países que mais investem em banda larga na atualidade.

"Conclusão: no ritmo atual, continuará aumentando a distância que separa o Brasil do grupo de economias avançadas, quanto ao aspecto densidade de acesso em banda larga, caso não haja interferências no mercado". De acordo com o Ipea, o Brasil está em um patamar de penetração do serviço de acesso à internet banda larga fixa muito aquém do dos países desenvolvidos e mesmo de países em desenvolvimento como México e Turquia.

Ainda de acordo com a análise do instituto, “é inegável a importância e o alcance social do serviço de banda larga, o qual vem se tornando uma ferramenta cada vez mais demandada pelos mais diferentes públicos”. O Ipea acredita que no futuro próximo o serviço deverá ter uma presença semelhante à da televisão, que abrange cerca de 95% dos domicílios brasileiros.

Mas o Comunicado divulgado nesta segunda-feira, 26/4 – que tem por objetivo avaliar a defasagem brasileira no setor e fazer recomendações sobre as políticas públicas de massificação do acesso em banda larga – entende que o Plano Nacional de Banda Larga deve ser muito mais abrangente que a oferta de acesso a preços compatíveis com a renda dos brasileiros.

“Uma política pública não pode levar em consideração apenas a parte mais visível da infraestrutura – o acesso – nem deixar de acompanhar os seus futuros desdobramentos tecnológicos, sob pena de já nascer ultrapassada”, diz o relatório. O Ipea lembra que o Brasil é um país com elevado déficit comercial em produtos eletroeletrônicos e que, normalmente, adota tecnologias com defasagem em relação aos países desenvolvidos.

“No caso da banda larga, essa defasagem tecnológica se reflete inicialmente nas baixas velocidades de acesso. Além disso, existem lacunas também em três outras direções: desenvolvimento de tecnologias para acesso em banda larga de forma ubíqua (em todos os lugares); produção de conteúdo (informações e conhecimento); e criação de aplicativos.”

Portanto, além de vencer as distâncias que já separam o Brasil de outros países na questão do acesso à internet, uma política pública para o setor deve levar em consideração as próximas evoluções tecnológicas, direcionadas em quatro eixos que o Ipea considera fundamentais: velocidades de conexão cada vez maiores, maior mobilidade para os usuários, flexibilidade na criação de novos serviços para os usuários, e novas aplicações de computação, localização e automatização.

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Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]   Banda Larga: Desigualdades só caem com política pública - por Luís Osvaldo Grossmann

Ao analisar a situação da banda larga no país, o Ipea conclui que o mercado privado não vai reduzir as desigualdades de acesso. Mais do que a necessidade de investimentos públicos, que poderiam se materializar no Plano Nacional de Banda Larga, o instituto entende que seria preciso modificar o regime jurídico desse serviço: ou seja, torná-lo público e, portanto, sujeito às regras de universalização.

A discussão é polêmica. Afinal, a oferta de acesso à internet em regime público implica na fixação de tarifas para o serviço. Além disso, serviços públicos são prestados por concessionárias, o que por si abre um novo leque de questionamentos, como novas licitações de áreas de prestação no país.

São medidas que, antes de tudo, levam tempo. Não é por menos que o regime público não está no vocabulário dos principais desenhistas do Plano Nacional de Banda Larga. E talvez por isso o Ipea tenha evitado tratar do assunto diretamente, mas simplesmente defendido que “é preciso rever o regime jurídico a que está submetido este serviço”.

Objetivamente, porém, o Ipea fez um diagnóstico em que as desigualdades regionais são evidentes no atual estado da oferta de internet no país. “O acesso em banda larga é extremamente desigual em termos regionais no país. Em alguns estados mais isolados, como Roraima e Amapá, o acesso nos domicílios é praticamente inexistente. Nos estados do Nordeste, os acessos em banda larga não chegam a 15% dos domicílios.”

“Com relação às unidades da federação do Norte, os estados de Rondônia e Acre apresentam penetração de banda larga ligeiramente superior a 15%. As UFs do Centro-Oeste têm penetração da internet de banda larga em mais de 18% dos domicílios, com destaque para o Distrito Federal, com uma taxa de 51%. Nos estados do Sul e Sudeste, a penetração varia entre 20% e 30% dos domicílios.”

O quadro é mais evidente – e alarmante, segundo o Ipea – quando o tratamento é feito por municípios. “Alguns estados estão em situação bastante crítica: Amapá e Roraima não têm sequer suas capitais com acesso em banda larga. O caso de Amazonas, Maranhão, Pará, Paraíba e Piauí também é preocupante, com penetração de banda larga em menos de 10% de seus municípios.”

O retrato geral mostra que “menos da metade dos municípios brasileiros têm acesso em banda larga, de fato, em operação”. A faixa dos pequenos municípios, que o Ipea considerou sendo aqueles com menos de 100 mil habitantes, concentra mais de 92% da população sem acesso, equivalentes a 39,2 milhões de pessoas.

Por outro lado, nas metrópoles – consideradas as cidades com mais de 1 milhão de habitantes – a densidade do acesso à banda larga é o dobro da encontrada em municípios de médio porte, a qual, por sua vez, também é quase duas vezes maior que a de pequenas cidades.

O perfil da penetração de acesso à internet em banda larga nas áreas rurais das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste é semelhante, em torno de 5%. Já nas áreas rurais da região Norte, a penetração cai para próximo de 2%, e, no Nordeste, para 1%. Dos 8,6 milhões de domicílios rurais, aproximadamente 266 mil têm acesso à internet em banda larga (3,1% do total).

Para o Ipea, esse fenômeno pode ser explicado por dois fatores. “O primeiro é que as grandes cidades concentram a população com maior renda e, portanto, com maior disponibilidade de pagar pelo serviço. O segundo é que, pela maior densidade demográfica, o custo para instalação da infraestrutura é menor que numa pequena localidade do interior.”

Ou seja, devido a suas características econômico-operacionais, as operadoras tendem a concentrar suas operações no atendimento a clientes com forte poder de compra (alta densidade econômica), e em áreas de baixo custo (aglomeração de infraestrutura). “Ao buscar maiores lucros, ou seja, ao procurar rentabilidade, as operadoras privadas provocam uma forte concentração de mercado, que somente pode ser vencida à custa de políticas de incentivo à massificação nas áreas mal atendidas”, conclui o Ipea.

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Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]  Legislação defasada e regulação ineficiente emperram Banda Larga - por Luís Osvaldo Grossmann

A legislação sobre telecomunicações em vigor no Brasil está defasada. A avaliação, feita pelo Ipea, tem como base o fato da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), de 1997, privilegiar a telefonia fixa e tratar a internet como “um mero serviço de valor adicionado”.

“Hoje a internet rápida é a plataforma de telecomunicações mais importante, impondo uma imediata revisão do arcabouço jurídico desenhado quase quinze anos atrás. De modo mais ambicioso, é preciso discutir uma reforma para que a regulação contemple de modo mais moderno o fenômeno da convergência tecnológica”, sustenta o instituto em comunicado divulgado nesta segunda-feira, 26/4.

Para o Ipea, a evolução de tecnologias como a voz sobre IP, por exemplo, e a crescente importância da transmissão de dados torna o serviço de voz convencional progressivamente menos importante. Trata-se de um fenômeno que se observa mundialmente, e também no Brasil. Toda a discussão sobre a massificação da banda larga diz respeito a um serviço que – formalmente falando – ainda não é considerado juridicamente “essencial”.

Ao analisar o estado da oferta de internet no país, o Ipea entende que existem dois pontos fracos no serviço de acesso em banda larga: falta eficiência no mercado, por conta de falhas na regulação, e falta capacidade financeira dos consumidores para contratarem um serviço que, como demonstrado pelo próprio instituto, está entre os mais caros do mundo.

Para o Ipea, “a lacuna da eficiência de mercado pode ser dirimida com um conjunto de políticas regulatórias bem desenhadas”. O instituto lista algumas medidas adotadas em outros países, como a desagregação de redes, a regulação de prestadores de serviço de banda larga como provedores de infraestrutura e a separação funcional, sustentando que, onde foi introduzida, houve rápidos efeitos na entrada de competidores, penetração, preços, e/ou velocidades.

O instituto entende, no entanto, que o arcabouço regulatório e a atuação das agências reguladoras no Brasil não ofereceram as mesmas condições de competição vista nestes países. Entre os problemas mais impactantes no Brasil, pode-se destacar a falta de regulamentação de: custos, preços, qualidade, acesso à infraestrutura e desagregação de redes. “Ainda existe um grande espaço de densidade de serviço a ser percorrido pelo Brasil usando de maneira eficiente os mecanismos regulatórios.”

Já a lacuna de acesso requer, sobretudo, recursos financeiros – como subsídios – para a inclusão de áreas rurais e de pequenos municípios. “É necessário investimento público para universalizar a banda larga”, diz o Ipea. Nesse ponto, porém, o instituto acaba repetindo o que já virou um bordão do setor: “efetivar o uso dos vultosos recursos do Fust (o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), devidamente recolhido pelas operadoras, mas de fato utilizado como fonte de superávit primário”.

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Fonte: Convergência Digital
[26/04/10]  Banda Larga: Brasil peca na aplicação das regras e falha na massificação - por Luís Osvaldo Grossmann

Ao analisar a situação da oferta de Internet no país e sugerir medidas para a massificação da banda larga, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) sustenta que a melhor maneira para isso é ampliar a competição – e que isso poderia ter acontecido no país caso a Anatel colocasse em prática regras já definidas como a desagregação de redes, o unbundling.

“Precisamos promover a competição, via regulação. E a regulação é boa. As regras de unbundling existem há quatro anos, mas o problema está na aplicação e na definição dos preços”, afirmou José Maria de Oliveira, um dos técnicos que participaram da elaboração do Comunicado 46: Análise e recomendações para as políticas públicas de massificação de acesso à Internet em banda larga, divulgada nesta segunda-feira, 26/04, em Brasília.

Para Oliveira e seus colegas do Ipea, o livre acesso às redes é um dos segredos para a massificação de banda larga ter funcionado em outros países. “Precisamos do unbundling para que todos possam utilizar a infraestrutura”, insistiu o técnico. Os responsáveis pelo relatório do Ipea são favoráveis à criação de uma estatal para gerir o Plano Nacional de Banda Larga – especialmente por oferecer o acesso às redes públicas de fibras óticas, mas também para financiar e subsidiar o acesso.

“Em algumas regiões, como é o caso do Norte, é necessário um aporte público de recursos para que elas sejam subsidiadas e o acesso chegue a essas populações. Temos uma projeção de que uma redução no preço do acesso para próximo de R$ 30 aumentaria o número de usuários em 20 milhões”, diz outro técnico do Ipea, Rodrigo Abdalla.

Os técnicos responsáveis pelo estudo também procuraram desmistificar o debate em relação à carga tributária. É certo que trata-se de um dos pontos fundamentais para a massificação, mas por si não resolveria os problemas de acesso identificados no Brasil e apresentados no estudo, como as desigualdades regionais.

“É uma incoerência falar de massificação cobrando taxas que representam até 63% da conta. Mas temos que considerar a questão federativa”, diz Luís Cláudio Kubota, que também participou do estudo, referindo-se ao fato de que o maior peso tributário nas telecomunicações vem do ICMS. “Mas simplesmente atacar a questão tributária não vai resolver o problema”, insiste.

Ele lembrou, ainda, que estados como Pará e São Paulo reduziram o ICMS para acesso à internet, mas enquanto no primeiro sequer houve iniciativa materializada em oferta de acesso, no segundo ela ficou muito aquém da esperada. “Pará e São Paulo reduziram e não teve efeito. Além disso, a questão tributária não resolve o problema da concentração”, afirma Kubota.

“Em boa parte do país existe monopólio e isso implica em preço alto. Além disso, são empresas que vendem serviço de voz, mas que sabem que a internet pode acabar substituindo esse serviço e fazendo com que elas percam faturamento”, explicou José Maria de Oliveira. “Com a estrutura metálica já existente, seria possível oferecer velocidades de até 2 Mbps. Mas à medida que a internet se ramifica, elas perdem receita em voz”, completou.

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Fonte: Estadão
[13/04/10]  A politização do Ipea - Editorial

Criado há quatro décadas para realizar pesquisas para subsidiar políticas públicas e programas econômicos do governo, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desde que passou da alçada do Ministério do Planejamento para a da Secretaria de Assuntos Estratégicos, em 2007, vem perdendo o padrão de qualidade e de isenção técnica que sempre foi uma das principais marcas de seus trabalhos.

Lançados com o intervalo de uma semana, seus dois últimos relatórios - os Comunicados da Presidência nº 19 e nº 20 - são mais uma prova disso. O primeiro estudo foi elaborado para refutar as críticas de que a administração pública está "inchada", e o segundo foi preparado para criticar o processo de privatização de bancos públicos iniciado a partir de 1996.

Em seis anos, o governo do presidente Lula aumentou em 98% a despesa com servidores civis, contratou 201 mil novos funcionários e elevou para 76 mil o número de cargos de confiança, sem que isso tenha resultado em qualquer melhoria de qualidade dos serviços prestados pelo Estado. Entre 2002 e 2008, os gastos anuais com o pagamento do funcionalismo passaram de R$ 70 bilhões para R$ 144 bilhões. E, com a crise econômica, a receita tributária vem caindo, enquanto as despesas com pessoal vão crescendo, o que constitui um quadro ameaçador para as finanças públicas - que levou o presidente Lula a proclamar que "é hora de apertar os cintos".

Apesar disso, o Comunicado nº 19 afirma que, por ter o Brasil proporcionalmente menos funcionários públicos do que vários países desenvolvidos e em desenvolvimento, haveria "espaço" para o governo contratar mais servidores. Em 1995, diz o estudo, os empregados do setor público representavam 32,7% do total de ocupados do setor formal do mercado de trabalho do País. Em 2003, o porcentual foi de 27% e, em 2008, de 25%. "Portanto, não há razão para se afirmar que o Estado brasileiro seja um Estado inchado por um suposto excesso de funcionários públicos", diz o trabalho, sem levar em consideração que o porcentual de funcionários diminuiu porque houve um forte aumento dos empregos no setor privado. Além disso, o estudo menciona a questão da relação perversa entre o custo do funcionalismo e a eficácia de sua gestão e a qualidade dos serviços que presta apenas para estabelecer uma estranha relação de causa e efeito, ao afirmar que esse problema só poderá ser enfrentado a partir de "um novo padrão de crescimento econômico, baseado no fortalecimento do mercado interno de consumo e vinculado a uma nova forma de repartição dos ganhos de produtividade social, com redução de jornada de trabalho, reforma tributária em favor de uma tributação mais progressiva e garantia dos direitos sociais". Não faz sentido, como se vê, mas exala forte odor de "politicamente correto".

O segundo estudo também peca pelo mesmo enviesamento ideológico. O Comunicado nº 20 afirma que a privatização de bancos públicos levou à concentração do mercado financeiro e à menor oferta de serviços à população de baixa renda, dificultou a redução dos spreads bancários e das taxas de juros e provocou a concentração do crédito nas regiões mais desenvolvidas. O trabalho não levou em conta as próprias estatísticas oficiais sobre as operações bancárias feitas por meio de financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, o que distorce suas conclusões. Também não considera que, entre 2000 e 2008, o número de agências bancárias passou de 16.396 para 19.142 e as contas correntes passaram de 71,5 milhões para 125,7 milhões. Além disso, compara os juros cobrados no Brasil com os praticados na Inglaterra, Espanha e EUA, sem considerar as diferenças macroeconômicas e da legislação bancária existentes entre esses países.

Assim, não estranha a conclusão a que chegou o documento: o sistema bancário é indutor da desigualdade social, contribuindo para a concentração da riqueza e a exclusão social que, segundo o Ipea, são observadas nos últimos anos. Estaria se referindo aos seis anos do governo Lula?

Com estudos como esses, que carecem de isenção e de consistência técnica, o Ipea está se transformando em simples órgão de promoção dos programas da facção mais radical do Partido dos Trabalhadores, felizmente minoritária.
 


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