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06/03/10

• Telebrás, Eletronet e PNBL (204) - Estadão: "Estatais? Para que?" + DCI: "Criação de novas estatais pode piorar contas públicas"

de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 6 de março de 2010 18:39
assunto Telebrás, Eletronet e PNBL (204) - Estadão: "Estatais? Para que?" + DCI: "Criação de novas estatais pode piorar contas públicas"

Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

Sugestão de leitura e meditação no Domingão:  :-)

Fonte: Clipping MP - Origem: O Estado de S. Paulo
[28/02/10]  Estatais? Para que? - por Suely Caldas

Fonte: Diário Comércio e Indústria
[01/03/10]   Criação de novas estatais pode piorar contas públicas - por Fernanda Bompa

Ao debate!

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Fonte: Clipping MP - Origem: O Estado de S. Paulo
[28/02/10]  Estatais? Para que? - por Suely Caldas

O socorro financeiro de governos de países ricos a grandes bancos afetados pela crise animou integrantes do PT e do governo Lula a tirarem do baú convicções que foram forçados a esconder por 20 anos com a derrota do velho socialismo e a queda do Muro de Berlim. Com a euforia de quem passou esse tempo na retranca e agora vai à forra, a ministra Dilma Rousseff e o assessor especial de Lula Marco Aurélio Garcia condenaram a economia de mercado e aproveitaram para defender e justificar a presença forte do Estado na economia. Dilma chegou a afirmar que a ideia de livre mercado está fora de moda.

No afã de partir para o ataque, os dois esqueceram de criticar o que merece ser criticado e corrigido e se destrambelharam em análises apressadas e inadequadas. Onde o socorro financeiro ocorreu - EUA, Europa e Japão - não se cogita abrir mão da economia de mercado, e propostas na direção de estatizar os bancos que receberam socorro foram rejeitadas pelos governantes.

Nessa crise, erraram os bancos centrais, o BIS, que os supervisiona, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e as agências de risco - que não regularam, não fiscalizaram, não anteviram nem preveniram a crise. Essa cadeia de omissões, aliada à ganância por lucro elevado e rápido, incentivou executivos financeiros a fazerem apostas erradas e milionárias, num jogo especulativo e irresponsável com dinheiro alheio, que acabaram por criar uma situação de quebradeiras em série, em que os governos tiveram de intervir para evitar o pior.

Menos do que o tamanho da crise recomenda, governos e bancos centrais buscam agora corrigir seus erros submetendo o mercado a regras de regulação e fiscalização. Isso, sim, merece ser duramente criticado e corrigido e os especuladores, julgados. Não ensejar o ingênuo e ultrapassado desejo de recuperar para o Estado o papel de empresário - modelo derrotado nos países da União Soviética e do Leste Europeu e que só sobreviveu com a população silenciada, sem liberdade, sem direito a votar nem opinar. Modelo que atrofiou a economia, não produziu riquezas nem novas tecnologias. Nele, a população estava condenada à pobreza, os salários eram baixíssimos, não havia previdência para os idosos nem direitos trabalhistas para os trabalhadores.

Quando Nikita Kruchev e depois Mikhail Gorbachev começaram a destampar e remexer seu conteúdo, dessa panela transbordou o que ficou escondido por décadas: milhares de opositores assassinados, corrupção disseminada entre governantes e burocratas, gestões medíocres e incompetentes, empresas paralisadas e acomodadas, tecnologia primitiva, pobreza espalhada pela população e um gigante e rico poderio bélico-militar a sustentar a guerra fria.

No Brasil, empresas estatais foram criadas em dois momentos. Por Getúlio Vargas, a partir da década de 40, com Vale, Petrobrás e CSN. Foi o que deu impulso à industrialização - o que, na época, seria quase impossível fazer sem a participação do Estado. Juscelino Kubitschek acelerou a industrialização atraindo empresas privadas estrangeiras. Hoje reverenciado à esquerda e à direita, na época foi xingado de entreguista.

Num segundo momento, as estatais ganharam espaço e musculatura com a ditadura militar de 1964. Telebrás, Siderbrás, subsidiárias da Petrobrás, Eletrobrás vitaminada, bancos estaduais, enfim, centenas de estatais criadas pelos generais ditadores, num modelo típico de capitalismo de Estado, uma vez que defensores do socialismo eram reprimidos, presos e torturados.

A quem serviram as estatais? Hoje, com o distanciamento do tempo e centenas de casos conhecidos de corrupção, escândalos financeiros e uso político, é possível dizer que as estatais serviram muito mais a presidentes, governadores, prefeitos, deputados, senadores e seus amigos do que aos brasileiros.

As distribuidoras de energia elétrica e os bancos estaduais eram descaradamente usados como caixa de governadores para financiar campanhas eleitorais. O setor elétrico (Eletrobrás e subsidiárias) foi por anos feudo do senador baiano Antonio Carlos Magalhães, transferido depois para o senador José Sarney. A Telebrás e as telefônicas estaduais eram inchadas de apadrinhados, prestavam favores aos políticos, enquanto a população mendigava uma linha telefônica, que custava R$ 5 mil.

Pois agora, com todo esse lamentável histórico, em vez de um programa de governo para a banda larga, Lula e Dilma querem ressuscitar a Telebrás e criar uma nova estatal de fertilizantes. Para quê?

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Fonte: Diário Comércio e Indústria
[01/03/10]   Criação de novas estatais pode piorar contas públicas - por Fernanda Bompan

SÃO PAULO - O governo federal pretende criar três novas estatais neste ano: uma de fertilizante, uma de energia e outra de telecomunicação. Entretanto, segundo especialistas, essas empresas podem ter um efeito negativo nas contas públicas. Isso porque para dar mais transparência às despesas com estatais, estas teriam de entrar no cálculo dos gastos públicos e do superávit primário, o que dificultaria o cumprimento da meta de economia para pagamento de juros do setor público (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, mais os estados e municípios e as empresas estatais).

"O risco de o Tesouro arcar com problemas diversos, como de gestão em uma estatal, estava controlado. Com as novas estatais, o governo não poderá lançar mão delas para aumentar os gastos", explica o analista da Tendências Consultoria, Felipe Salto.

De acordo com os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, há a possibilidade de criar uma nova empresa estatal para atuar no setor de fertilizantes, com atribuições que incluiriam a regulação do setor, a pesquisa e a produção desses insumos. Segundo Stephanes, a iniciativa ajudaria a reduzir os custos para o produtor e diminuir o repasse ao consumidor, pois estima-se que as despesas com fertilizantes seja da ordem de 10% a 30%.

Sobre os custos que o projeto de estatal de fertilizantes traria aos cofres públicos, o Ministério de Minas e Energia, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que, por enquanto, não há detalhes sobre o assunto. O ministério também foi questionado a respeito de nova estatal no setor de energia, da mesma forma, a assessoria não tinha informações a respeito até o fechamento desta edição.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informou na semana passada que o governo quer a criação de um novo órgão para cuidar, principalmente, de projetos do setor de logística. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece estar também interessado em reativar a Telebrás para ser operadora do Plano Nacional de Banda Larga.

O Ministério das Comunicações, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que o órgão não defende a reativação da Telebrás como parte do plano de banda larga, mas afirma que sua reativação depende da decisão do presidente da República.

Custos adicionais

Para o professor do curso de administração da ESPM, Adriano Gomes, o Brasil não comporta novas estatais. Na opinião dele, ressuscitar empresas desativadas no governo anterior, como a Telebrás, é um fato estranho.

"O Estado deve induzir a economia, mas o governo quer entrar em setores já consolidados e que não precisam de novos concorrentes para regular preços". Gomes ressalta que o mercado de fertilizante é regulado por commodities e não existe função para uma nova estatal.

Na visão do professor a criação de novas empresas do governo traria gastos extras como a contratação de pessoas, construção ou aluguel de novos prédios, dentre outros gastos. "Há um gasto excessivo com a máquina pública e isto é preocupante. Reativar estatais é jogar um balde de água gelada nas contas públicas", diz.

Já para o professor do departamento de Administração Pública, da Unesp de Araraquara, Valdemir Pires, não se pode analisar a criação das estatais apenas pelo lado negativo. "Devemos pensar em crescer [Produto Interno Bruto] mais do que estamos atualmente. Essas áreas [telecomunicação, energia e fertilizantes] são formadas por oligopólio que muitas vezes não oferecem qualidade, necessitando de uma regulação que a intervenção do estado pode dar", diz. Sobre o aumento dos gastos públicos, Pires é mais otimista. "Se, por exemplo, uma pessoa está endividada, mas precisa de um carro que poderá dobrar sua receita, ela deixará de comprar o veículo? Claro que não, é um investimento. Tudo vai depender da execução de um projeto bem feito."

De fato, ano a ano os investimentos nas estatais aumentam e elas apresentam lucros (bilhões de reais). De acordo com dados do Ministério do Planejamento, de 2007 a 2010, os investimentos no setor produtivo (Petrobras, Eletrobrás, entre outras) cresceram 164,77% e no setor financeiro (Banco do Brasil e Caixa, entre outras) subiu 232,76%. Paralelo a isso, o lucro da Petrobras, por exemplo, aumentou 58% de 2007 para 2008 - apesar de se prever queda de 14% de 2008 a 2009 -, e o Banco do Brasil, no ano passado, lucrar 15% a mais que 2008, a frente do banco Itaú Unibanco.


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