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Outubro 2010               Índice Geral do BLOCO

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05/10/10

• Telebrás, Eletronet e PNBL (294) - José Smolka comenta os "Termos de Referência" da Telebrás em consulta pública.

de J. R. Smolka <smolka@terra.com.br>
para wirelessbr@yahoogrupos.com.br, Celld-group@yahoogrupos.com.br
data 5 de outubro de 2010 18:54
assunto Re: [wireless.br] Teletime: "Preferência por tecnologia nacional privará Telebrás de tecnologia de ponta, dizem fabricante"

Oi Hélio e demais membros da ComUnidade,

Fui até o site da Telebrás, não sem um certo entojo, admito, e dei uma olhada nos termos de referência que estão lá, tanto para a rede óptica DWDM quanto os três para a rede IP/MPLS (core, borda e acesso, e serviços complementares) que, pelo que aparentam os textos, será superposta à rede DWDM e será usada para a capilarização final dos serviços.

Primeiro ponto: alegar que os componentes a ofertar são padronizados no mercado, com vários fornecedores alternativos e equivalentes, e com base nisso adotar o regime de pregão por registro de preços unitários (que foi imaginado para simplificar compras comuns e quotidianas como, por exemplo, material de escritório) ou é uma temeridade ou incompetência ou o maior jabuti em cima de um galho de árvore que eu já vi.

Segundo: até certo ponto concordo com a AlcaLu que, da maneira que está, a Telebrás se priva de utilizar o estado da arte nesta área. Porém suspeito que as razões deles para invocar este argumento não são exatamente os mesmos que os meus. A AlcaLu tem algumas idéias próprias (nem todas boas, IMHO) sobre como convergir os planos de controle da rede óptica com a rede IP/MPLS. Esta convergência, prometida para quando houver um padrão para o GMPLS (generalized multi-protocol label switching), por enquanto só pode ser conseguida por uma solução single vendor nos dois níveis (como a da AlcaLu). Quanto a mim, acho que, da maneira que está, a solução que vier a ser ofertada não poderá incluir algumas coisas interessantes, embora ainda pre standard, tais como P-OTS (packet-optical transport systems) e interfaces 100GbE. Na verdade, observando os tipos de interfaces pedidas para os roteadores IP/MPLS e os transponders e multiplexers pedidos na rede óptica, tudo indica que eles estão prevendo dois planos de controle separados, sistemas separados de gerência das disciplinas FCAPS (fault, configuration, accounting, provisioning e security), und so weiter. Parece que o planejamento deles é mais ortodoxo que rótulo de Maizena, ou não perderiam a oportunidade de fazer algo realmente interessante nesta área.

Terceiro: sobre aquela pergunta que a Flávia Lefévre fez, sobre a Telebrás vender ou não capacidade de trânsito para as grandes operadoras privadas, acho que o pedido que eles fizeram de interfaces SDH STM-16, STM-64 e STM-256 responde isso. Não creio que nenhum pequeno ou médio provedor SCM no Brasil use este tipo de interface nos seus uplinks.

Quarto (last, but not least): Se eles tem tanta certeza do que querem ao ponto de especificar minuciosamente (e ultra-super-mega-hiper-extra-plus repetitivamente - até parece que alguém está recebendo comissão por página impressa do documento :-) ) características e quantitativos de equipamentos e interfaces, bem como toda a arquitetura lógica esperada para a prestação de serviços sobre esta rede, porque então o primeiros itens do termo de referência do core IP/MPLS (GR1-IT1-PT1 e GR1-IT1-PT2) mandam revisar e validar tudo isso?

Como a leitura que fiz foi superficial, por enquanto é só. Se depois eu tiver paciência de aprofundar a leitura, então comento mais coisas. Mas não contem isso como certo, a menos que alguém me contrate para trabalhar na resposta a estas RFPs :-) .

[ ]'s

J. R. Smolka


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