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Maio 2011               Índice Geral do BLOCO

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08/05/11

• Telebrás, Eletronet e PNBL (356) - "Plano de reativação da Telebrás fica no papel" + "TIM defende constituição de consórcio para expandir rede no interior"

Olá, WirelessBR e Celld-group!

01.
Sou ferrenhamente contra a reativação da Telebrás e também contra a criação de qualquer estatal.
Existem outros maneiras de resolver os problemas em cada área crítica sem necessidade de onerar ainda mais a finanças públicas.

Notícia de  ontem dá conta que, "de acordo com Medida Provisória (MP) encaminhada pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso na semana passada, os Correios, um dos exemplos mais notórios de má gestão pública nos últimos anos, vão passar por grandes mudanças."

Para quem não acompanhou o desmantelamento de uma das mais confiáveis organizações (ao lado das Forças Armadas e do Judiciário) reproduzo esta matéria com proposta de reflexão do que poderá ser a Telebrás ressuscitada:
Fonte: O Estado de S.Paulo
[01/09/10]  O loteamento dos Correios - Editorial Estadão
(...) Não há melhor exemplo dos efeitos desastrosos do loteamento de cargos no governo federal do que a crise dos Correios. Há evidente necessidade de uma reforma, que não pode ser conduzida com a distribuição de cargos com endereço certo. Não faltam os que advogam a privatização da ECT, mas, como isto dificilmente ocorrerá, a empresa precisa ser modernizada, sob critérios rigorosamente técnicos, para justificar a sua permanência como empresa pública. Se os Correios continuarem sendo tratados como cabide de empregos políticos, só se pode esperar que a ineficiência se agrave, os serviços se deteriorem e os déficits operacionais sejam ainda mais elevados. (...)

Tardiamente, o atual governo age no sentido de recuperar os falidos Correios, "herança maldita" do governo anterior:
Fonte: O Estado de S.Paulo
[07/05/11]  Mudanças nos Correios - Editorial Estadão

Infelizmente, a leitura atenta da matéria só me trouxe mais apreensões...

02.
Já tive oportunidade de expressar minha opinião de que o PNBL e a Telebrás seriam o primeiro grande teste da seriedade do novo Governo.
A campanha já terminou, agora é preciso governar.
Os membros do governo envolvidos no planejamento do PNBL precisam calar a boca e trabalhar, simples assim!
O PNBL inicial não vingou e o governo precisa vir à publico e reconhecer isto!
Se a equipe atual não tem competência para este tipo de planejamento é preciso mudá-la; se o governo não possui técnicos e administradores, é preciso buscá-los no mercado.
A reunião prevista para esta semana será a oportunidade para o Governo exercitar sua transparência e seu espírito de brasilidade.
Chega de enganação! Chega de politicagem e de falsas promessas!

03.
Transcrevo duas matérias recentes:

Fonte: ClippingMP - Origem: Valor Econômico
[25/04/11]  Plano de reativação da Telebrás fica no papel - por André Borges

Fonte: Valor Online
[04/05/11] TIM defende constituição de consórcio para expandir rede no interior - por Rafael Bitencourt

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
BLOCOs Tecnologia e Cidadania

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Fonte: Valor Econômico
[25/04/11]  Plano de reativação da Telebrás fica no papel - por André Borges

Há um ano, o governo conseguiu balançar as estruturas do setor de telecomunicações ao anunciar a reativação da Telebrás para liderar uma grande empreitada de disseminação de acesso à banda larga no país. O lançamento do ambicioso Programa Nacional da Banda Larga (PNBL), que tinha a estatal de telefonia como a sua "espinha dorsal", causou fortes reações das teles privadas, que enxergaram na iniciativa o risco de um movimento reestatizante.

Um ano depois, o PNBL continua a ser apenas um plano, sem ter ligado até agora nenhuma residência à banda larga. Suas prioridades e estratégias, no entanto, passaram por uma guinada surpreendente. A realidade mostra que a Telebrás, que até o ano passado protagonizava as ambições de inclusão digital do governo, agora não passa de mera coadjuvante, sob risco até, segundo os mais pessimistas, de não ter mais papel algum.

Os números falam por si. Em seus 12 meses, a nova Telebrás sofreu um completo esvaziamento financeiro. Pelo projeto inicial, previa-se que a capitalização dela exigiria injeção de R$ 5,7 bilhões. Dos cofres do Tesouro sairiam, nos primeiros dois anos de operação, nada menos que RS 3,2 bilhões. Os demais R$ 2,5 bilhões para investimento viriam da própria geração de caixa da empresa, ao longo de dez anos. Nada disso ocorreu.

Até agora, segundo o Valor apurou, o governo não colocou nenhum centavo na Telebrás. No ano passado, a previsão inicial era investir R$ 1 bilhão na empresa. Depois esse valor caiu para R$ 600 milhões. Na última semana do ano, a estatal conseguiu empenhar R$ 316 milhões, mas o acesso a esse dinheiro depende de autorização do Tesouro, o que ainda não ocorreu. A situação se repete neste ano. O plano do governo, que originalmente previa R$ 1,5 bilhão em investimentos, foi reduzido para R$ 400 milhões. Uma segunda ceifada diminuiu o recurso para R$ 216 milhões. Então, para complicar mais, veio o corte de orçamento do governo, que autorizou liberação de apenas R$ 50 milhões para a Telebrás. Apesar do valor ser 3% do gasto previsto um ano atrás, esse recurso também não entrou nas contas da estatal.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, negou que haja intenção do governo de esvaziar a Telebrás, que continuará a ter um papel importante no PNBL. Ele admitiu, porém, que a atuação da companhia tem "ajustes" que precisam ser feitos. "Não é tarefa dela disputar mercado com as teles que estão no setor, e sim ajudar a regular o mercado", disse.

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Fonte: Valor Online
[04/05/11] TIM defende constituição de consórcio para expandir rede no interior - por Rafael Bitencourt

BRASÍLIA – O presidente da TIM, Luca Luciani, disse hoje que uma solução viável para levar os serviços de internet ao interior do Brasil é a constituição de consórcios de empresas para implementar a infraestrutura de telecomunicações (backbone).

No entanto, ele ressaltou que o país precisa dar um salto na regulamentação do compartilhamento destas redes para, finalmente, criar condições de massificar o acesso da população à internet fora dos grandes centros.

“A coisa importante é fazer consórcios para construir backbone na Amazônia, no interior e no Centro-Oeste e compartilhar a infraestrutura já existente de backbone que é muito grande”, disse Luciani, que esteve reunido com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, em Brasília.

O presidente da operadora denominou de “gargalos” a falta de regulamentação do uso de serviço no atacado, que ainda não foram regulamentados no país pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Esta iniciativa, já difundida em outros países, envolve a Exploração Industrial de Linha Dedicada (EILD), que funciona como uma espécie de aluguel da rede, e a desagregação de rede, chamada de unbundling.

O executivo afirmou que as prestadoras estão dispostas a investir pesado se for oferecido um ambiente favorável à competição. “Se a gente criar as condições para que a competição chegue a qualquer lugar, só as empresas de capital privado podem colocar aquele dinheiro”, disse ao ser questionado sobre a estimativa do governo de destinar, entre capital público e privado, R$ 7 bilhões para Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) até 2014.

Para o presidente da operadora, os investimentos públicos também são bem-vindos se servirem para ampliar ainda mais a capacidade de rede do país. Ele disse que a participação da Telebrás não é necessariamente prejudicial ao mercado e, inclusive, pode ser benéfica se oferecer uma capacidade de rede adicional às companhias.

Luciani observou que a competição já chegou às grandes cidades e pode ir também ao interior do país. “Existem gargalos no componente de transmissão (de dados). A gente acredita que baixando custo de transmissão aquele processo natural de desenvolvimento pode se acelerar ainda mais”, disse.

O presidente da TIM garantiu que, se tomadas as medidas para regulamentar os preços dos serviços no atacado, é possível atender ao anseio do governo de vender banda larga de 1 Megabit por segundo (Mbps) a R$ 35 por mês. Ele destacou que a companhia já propôs o serviço mensal de internet a R$ 29,90.

Luciani ressaltou que as operadoras de serviços móveis tem um papel crucial na disseminação do acesso a serviços de telecomunicações. “Todos os países em rápido desenvolvimento mostraram de forma clara que a rede fixa chega às grandes cidades, mas só os móveis podem oferecer serviço de voz e dados no interior. Acredito que esta perspectiva garantirá espaço a todos”, afirmou.

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Fonte: O Estado de S.Paulo
[01/09/10]  O loteamento dos Correios - Editorial Estadão

Excetuados os episódios iniciais do "mensalão", o fisiologismo nos Correios nunca foi tão evidente como agora. O aparelhamento dos Correios resultou na queda do padrão dos serviços postais e na desordem administrativa da empresa. A situação chegou ao limite do suportável - até para o governo - em julho deste ano, depois que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) criou um site que se propunha a ensinar a candidatos como fazer campanha eleitoral. O governo resolveu então demitir o presidente da empresa, Carlos Henrique Custódio. Para substituí-lo foi nomeado David José de Matos, ex-funcionário da Eletrobrás. Em junho, fora dispensado o diretor de Operações, Marco Antonio Oliveira, permanecendo vago o cargo até a nomeação para o posto de Eduardo Artur Rodrigues Silva, conhecido como "coronel Artur", ao que parece apoiado pelo advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula.

Como o coronel era presidente da Master Top Linhas Aéreas (MAT), cuja certificação fora suspensa pela Agência Nacional de Aviação Civil, foi preciso esperar que essa penalidade fosse anulada, o que ocorreu na véspera da nomeação. Mas era conveniente também que o novo diretor de Operações dos Correios tivesse um verniz do PMDB, já que o Ministério das Comunicações pertence à cota do partido. Divulgou-se então que ele era apadrinhado pelo senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Não consta que tenha sido considerado conflito de interesses o fato de a MAT ter sido recentemente contratada pela ECT para transporte de mala postal, como vencedora de uma licitação de R$ 44,9 milhões. Isso foi resolvido em família, sendo a presidência da empresa transferida na undécima hora para uma filha de Artur. Assim, em 2 de agosto, o coronel tomou posse na diretoria dos Correios, tornando-se, simultaneamente, contratado e contratante de serviços postais.

O senador Quintanilha nega a indicação, o PMDB também não a perfilha, a empresa de advocacia de que Teixeira é sócio diz nada ter a ver com o caso e o ministro das Comunicações, José Artur Filardi, diz não ter tido conhecimento prévio da ligação de Artur com o setor aéreo, prometendo uma investigação. Antes bem apadrinhado, o coronel ficou "pagão".

As licitações nos Correios têm obedecido a um padrão, do qual não fugiu a que premiou a MAT. Veja-se, por exemplo, como têm sido complexas as licitações para a renovação de contratos entre os Correios e as lojas franqueadas. A ECT tem 1.415 franquias, que representam 15% dos seus postos de atendimento e respondem por 40% de sua receita. Por decisão judicial, foi fixada a data de 10 de novembro de 2010 para serem realizadas licitações, o que só abrangerá 187 lojas. As demais preferiram recorrer à Justiça, sob a alegação de que os novos contratos não ofereciam remuneração adequada.

Os problemas não param aí. Um concurso para 5.565 vagas, marcado para setembro, foi adiado para o fim de novembro, devendo ser feitas admissões em 2011. Para suprir a falta de pessoal, serão recrutados, segundo Matos, 4 mil funcionários "provisórios". A saída aventada é a adoção de plano de contingência, que poderá custar R$ 550 milhões.

Com os serviços postais à beira do colapso, teme-se que as provas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para 6 e 7 de novembro, não possam ser distribuídas em tempo hábil.

Não há melhor exemplo dos efeitos desastrosos do loteamento de cargos no governo federal do que a crise dos Correios. Há evidente necessidade de uma reforma, que não pode ser conduzida com a distribuição de cargos com endereço certo. Não faltam os que advogam a privatização da ECT, mas, como isto dificilmente ocorrerá, a empresa precisa ser modernizada, sob critérios rigorosamente técnicos, para justificar a sua permanência como empresa pública. Se os Correios continuarem sendo tratados como cabide de empregos políticos, só se pode esperar que a ineficiência se agrave, os serviços se deteriorem e os déficits operacionais sejam ainda mais elevados.

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Fonte: O Estado de S.Paulo
[07/05/11]  Mudanças nos Correios

De acordo com Medida Provisória (MP) encaminhada pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso na semana passada, os Correios, um dos exemplos mais notórios de má gestão pública nos últimos anos, vão passar por grandes mudanças. As medidas previstas visam a modernizar os serviços postais, ampliando seu suporte logístico, permitindo a venda de aparelhos celulares, oferta de serviços de telefonia e internet, criação de subsidiárias no exterior, expansão das operações do Banco Postal e associação com outras empresas ou negócios, entre os quais é citado o trem-bala. O atual governo decidiu manter os Correios no setor público, de modo que é de bom alvitre dar à empresa condições de competir no mercado e gerar lucros. O essencial é que as melhorias sejam obtidas com recursos próprios, evitando apelos ao Tesouro ou a empréstimos subsidiados do BNDES para a execução de megaprojetos irrealistas.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que, embora não seja transformada em uma sociedade anônima (S.A.), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) vai atuar de acordo com os dispositivos que puder aplicar da Lei das S.As., como a publicação ampla de balanços anuais e a observância de normas de boa governança. Para melhor controle das operações, o posto de presidente do conselho de administração deixará de caber ao presidente da empresa, passando a ser ocupado por pessoa indicada pelo ministro.

Para reforçar os seus quadros, a ECT, além de realizar concursos públicos já programados, mudará os seus estatutos para possibilitar a contratação de servidores públicos de outras áreas do governo ou de outras empresas estatais, com experiência administrativa.

Parece boa também a ideia de a empresa atuar como operadora de telefonia móvel virtual, comprando no atacado serviços das operadoras existentes e oferecendo-os a tarifas módicas no varejo a seus clientes. Isso pouparia os Correios de investimentos nesse setor de infraestrutura. A ECT precisaria apenas deter a marca de serviços que poderão ser prestados pelas empresas privadas existentes na área de telecomunicações.

De acordo com a mesma orientação, já foi divulgado o edital colocando em licitação o Banco Postal, que há dez anos vem sendo operado pelo Bradesco. O preço mínimo para a concessão foi fixado em R$ 500 milhões, prevendo-se que o Banco Postal, que presta serviços especialmente para as vilas ou pequenas cidades em áreas remotas ou de difícil acesso, possa oferecer cartões de crédito e fazer pequenos empréstimos.

A MP abre a possibilidade de os Correios poderem comprar aviões para seus serviços. Se houver recursos para isso, a empresa poderá ter sua própria frota de cargueiros. Deve-se observar, no entanto, que a ECT não tem experiência e tradição na área de transporte aéreo de cargas, que poderia ser feito com mais eficácia e a menor custo por empresas contratadas por meio de licitações conduzidas com lisura.

A criação de uma subsidiária no exterior poderia ser igualmente útil, mas isso dependerá, naturalmente, da legislação de cada país. Se a ECT puder atuar em países onde há grande número de emigrantes brasileiros poderia prestar-lhes bons serviços, uma vez que a sua rede, complementada pelas suas franqueadas, cobre todo o território nacional, facilitando as remessas de pacotes ou transferências financeiras de pequenos valores.

Quanto à eventual participação dos Correios no projeto do trem-bala, entre Campinas, São Paulo e Rio, trata-se de uma ideia que não pode ser levada a sério. Além de o projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) ainda não ter saído do papel, exigindo vultosos investimentos, que devem ser, em sua maior parte, privados, não há justificativa plausível para o embarque precipitado da ECT nesse controverso comboio. Se e quando o TAV estiver em pleno funcionamento, a ECT, sem comprometer recursos próprios na construção, será livre para incorporá-lo à sua logística, se lhe parecer então conveniente.


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