WirelessBRASIL - Bloco TECNOLOGIA
Janeiro 2012
21/01/12
• Anatel divulga minuta de edital da "4G" que vai à consulta pública
Olá, WirelessBR e Celld-group!
Lembro que em Março de 2010 realizamos aqui em 
nossos Grupos, com a apoio do e-Thesis, 
um evento virtual chamado "Março com 4G". 
Para saber "tudo" sobre 4G role
esta página 
até o mês de março. Foram 38 "posts" com muito conteúdo!
Como ambientação e reciclagem nos "problemas" da 4G, transcrevo mais abaixo três 
matérias, duas recentes e outra de 2011.
Luiz Queiroz do Convergência Digital informa:
"A Anatel aprovou nesta quinta-feira, 19/01, a minuta do edital de leilão para 
as frequências de 450 MHz e 2,5 GHz, destinada pelo governo para os serviços LTE, 
a 4G da telefonia móvel celular. Estranhamente o relator da matéria, o 
conselheiro Rodrigo Zerbone, deixou fora do texto qualquer menção quanto aos 
indicadores de qualidade do serviço Internet a ser prestado para os 
consumidores, num momento em que a própria agência vem analisando um pedido da 
Oi para retirar as metas impostas para os serviços disponíveis.
Zerbone alegou que o fato de não ter feito menção alguma quanto às metas de 
qualidade que são impostas pelo órgão regulador no texto do esboço deste edital, 
entende que as empresas já estão cientes de antemão, que terão de cumprir o que 
manda os regulamentos em vigor para o SPM e o SCM."  [Ler integra mais 
abaixo]
Mariana Mazza da Band reclama:
(...) Depois de ouvir a proposta da Anatel para o Edital, divulgada ontem pelo 
Conselho Diretor da agência, não tenho mais certeza se a estratégia dará certo. 
Além de confusas, as regras inovadoras desenhadas pela agência para a disputa 
pecam mais pela falta do que pelo excesso. Questões importantes como a 
velocidade das conexões que devem ser oferecida pelas empresas vencedoras e a 
qualidade do serviço ficaram de fora do documento.(...)  [Ler integra mais 
abaixo]
Em março de 2011 a jornalista Miriam Aquino, do Tele.Síntese fez uma 
interessante entrevista com Ken Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da 
Alcatel-Lucent. Vale conferir!
Ler na Fonte: Tele.Síntese
[01/03/11]  
Frequência e backhaul, dois desafios da LTE - por Miriam Aquino 
[Ler integra mais abaixo]
Comentários?
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
BLOCOs 
Tecnologia e
Cidadania
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Leia na Fonte: 
Convergência Digital
[19/01/12] 
Anatel lança esboço de edital para 4G, mas não exige qualidade no serviço - 
por Luiz Queiroz
(Visite a fonte para ver os vídeos!)
 A 
Anatel aprovou nesta quinta-feira, 19/01, a minuta do edital de leilão para as 
frequências de 450 MHz e 2,5 GHz, destinada pelo governo para os serviços LTE, a 
4G da telefonia móvel celular. Estranhamente o relator da matéria, o conselheiro 
Rodrigo Zerbone, deixou fora do texto qualquer menção quanto aos indicadores de 
qualidade do serviço Internet a ser prestado para os consumidores, num momento 
em que a própria agência vem analisando um pedido da Oi para retirar as metas 
impostas para os serviços disponíveis.
A 
Anatel aprovou nesta quinta-feira, 19/01, a minuta do edital de leilão para as 
frequências de 450 MHz e 2,5 GHz, destinada pelo governo para os serviços LTE, a 
4G da telefonia móvel celular. Estranhamente o relator da matéria, o conselheiro 
Rodrigo Zerbone, deixou fora do texto qualquer menção quanto aos indicadores de 
qualidade do serviço Internet a ser prestado para os consumidores, num momento 
em que a própria agência vem analisando um pedido da Oi para retirar as metas 
impostas para os serviços disponíveis.
Zerbone alegou que o fato de não ter feito menção alguma quanto às metas de 
qualidade que são impostas pelo órgão regulador no texto do esboço deste edital, 
entende que as empresas já estão cientes de antemão, que terão de cumprir o que 
manda os regulamentos em vigor para o SPM e o SCM.
Para ele a medida é desnecessária, apesar da Oi estar pleiteando justamente o 
fim dessas metas de qualidade junto à Anatel, que ainda não se posicionou e 
aguardará a manifestação da sociedade numa consulta pública.(assista ao vídeo do 
conselheiro explicando os detalhes de sua decisão).
O texto da minuta de edital ainda será levada à consulta pública, que terá 
duração de 30 dias, a contar de sua publicação no Diário Oficial da União. Na 
apresentação do seu parecer, Zerbone solicitou que durante esse período, pelo 
menos, duas audiências públicas, venham a ser realizadas. Elas devem acontecer 
em Brasíla e São Paulo.
O Convergência Digital traduz os pontos principais da apresentação de Zerbone, 
feita durante reunião do Conselho Diretor da Anatel, realizada nesta 
quinta-feira, 19/01, e transmitida pela primeira vez ao vivo para a socidade.
450 MHz
O conselheiro Zerbone optou por elaborar um edital para venda separada da faixa 
de frequência de 450 Mhz que será pelo menor preço do serviço ofertado ao 
usuário no interior do país. Em seguida será a vez da agência colocar em disputa 
a faixa de 2,5 GHz. Porém, Zerbone atrelou as duas frequências aos compradores. 
Ou seja, não há a hipótese de o leilão dos 450MHz não ter disputa e as empresas 
apenas demonstrarem interesse na faixa de 2,5 GHz.
Se não houver comprador para a faixa de 450 MHz, a Anatel obrigará os 
compradores das frequencias de 2,5 GHz a pelo menos disponibilizarem 
infraestrutura de rede para voz e dados na zona rural, que terá de ser 
compartilhada com futuros interessados em prestar esse serviço. Porém, outra vez 
o texto não deixa claro tal regra e a eventual necessidade de a Anatel ter de 
mediar conflitos relativos ao compartilhamento da rede. Na prática, a divisão 
ficou assim: São três blocos de 20 MHz + 20 MHz (bandas W, X e V) para serem 
explorados com tecnologias FDD (como a tecnologia LTE), um central de 35 MHz + 
35 MHz (U) para ser usado com tecnologias TDD(como o TD-LTE ou o WiMAX) e outro 
de 10 MHz + 10 MHz (P) para ser explorado com tecnologia FDD. Há ainda um quarto 
bloco de 15 MHz(T), destinado para administrações públicas e fora do processo de 
licitação.
A banda de 35 MHz para a tecnologia TDD - considerada a "jóia da coroa",será 
ofertada pela agência como sendo "de âmbito nacional" e, portanto, num único 
lote. No FDD, a Anatel tornou como faixa nacional 20 MHz (10 + 10). Por conta 
disso, a Anatel prevê a total limpeza dessas faixas, para garantir maior 
qualidade de sinal.
Cobertura
Os compromissos de cobertura no 4G seguem os mesmos interesses comerciais das 
empresas e políticos do governo, já que do ponto de vista comercial, o 4G 
somente atenderá a aqueles consumidores que podem pagar caro pelo serviço.
Do ponto de vista político, salvará o governo de eventuais vexames com a conexão 
de Internet nas cidades sedes da Copa das Confederações, do Mundo e nas 
Olimpíadas 2016. A Anatel espera que a rede 4G esteja pronta seis meses antes da 
realização da Copa do Mundo, ou seja até dezembro de 2013.
Nas demais capitais e cidades com maior aglomerado humano as regas são as 
seguintes:
- Cidades com mais de 500 mil habitantes, a rede 4G estará pronta até 31 de maio 
de 2014.
- Cidades com mais de 100 mil habitantes, 31 de dezembro de 2015.
- Cidades com população entre 30 mil e 100 mil habitantes, a rede terá de operar 
Até 31 de dezembro de 2016. Mas neste caso as operadoras poderão suprir parte 
das necessidades de atendimento com a rede 3G.
- Cidades abaixo de 30 mil habitantes, que sequer experimentaram a telefonia em 
rede 3G a meta é dezembro de 2017, mas as operadoras poderão se valer da 
ingraestrutura de rede 3G que ficará ociosa em outros locais do país.
Fosso digital
Enquanto as populações mais ricas do país contarão com Internet de altíssima 
velocidade (no Japão a rede 4G oferece até 10 Mbps nas conexões móveis), na zona 
rural o atendimento previsto com banda larga na faixa de frequência de 450 MHz 
chega a ser praticamente a mesma velocidade que já foi estimada pelas operadoras 
junto ao governo no PNBL (1Mbps). A Anatel tornou obrigatória apenas um plano de 
serviços de dados que contempla velocidade mínima de download de 256 Kbps e de 
upload de 128 Kbps.
A CDTV, do Convergência Digital, editou as principais partes da apresentação 
feita pelo conselheiro Rodrigo Zerbone. Assista.
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Leia na Fonte: Portal da Band - 
Colunas
[20/01/12] 
4G sem qualidade? - por Mariana Mazza
 Na 
próxima semana, a Anatel iniciará uma consulta pública sobre as regras para o 
leilão de duas faixas de radiofrequência que permitirão ao Brasil inaugurar a 
tecnologia de quarta geração da telefonia celular, o chamado 4G. A vantagem da 
adoção de tecnologias 4G é o aumento sensível da velocidade da conexão de banda 
larga móvel. Bom, pelo menos tecnicamente.
Na 
próxima semana, a Anatel iniciará uma consulta pública sobre as regras para o 
leilão de duas faixas de radiofrequência que permitirão ao Brasil inaugurar a 
tecnologia de quarta geração da telefonia celular, o chamado 4G. A vantagem da 
adoção de tecnologias 4G é o aumento sensível da velocidade da conexão de banda 
larga móvel. Bom, pelo menos tecnicamente.
A projeção dos técnicos da Anatel é que a tecnologia que deverá ser adotada no 
Brasil - a Long Term Evolution (LTE) - garanta conexões até 10 vezes mais 
rápidas do que os sistemas 3G que possuímos hoje. O início do debate do leilão 
4G faz parte da agenda para a Copa do Mundo de 2014. O governo está seguro de 
que teremos celulares super potentes até lá, desde que a Anatel promova o tal 
leilão ainda neste ano.
Depois de ouvir a proposta da Anatel para o Edital, divulgada ontem pelo 
Conselho Diretor da agência, não tenho mais certeza se a estratégia dará certo. 
Além de confusas, as regras inovadoras desenhadas pela agência para a disputa 
pecam mais pela falta do que pelo excesso. Questões importantes como a 
velocidade das conexões que devem ser oferecida pelas empresas vencedoras e a 
qualidade do serviço ficaram de fora do documento.
A explicação dada pelo conselheiro Rodrigo Zerbone, relator da proposta, para a 
construção de um edital tão minimalista com relação ao que será prestado nas 
faixas que serão vendidas é estranha. Segundo Zerbone, as escolhas foram tomadas 
para garantir o interesse das teles em concorrer no leilão. E o excesso de 
detalhamento poderia afastar os investidores.
A esquisitice por trás desse argumento é que a Anatel passou os últimos anos 
defendendo de forma ferrenha de que as duas faixas que serão leiloadas - a de 
2,5 GHz e de 450 MHz - representavam o que havia de melhor para a evolução da 
tecnologia celular. Se isso é verdade, porque as empresas não compareceriam ao 
leilão mesmo com a existência de regras mais rígidas? É difícil de entender.
A ausência de parâmetros de velocidade e qualidade no documento torna-se ainda 
mais estranha se avaliarmos o contexto em que o edital está sendo colocado em 
consulta. Nos últimos dias tenho dedicado a coluna a noticiar a confusão criada 
pela Anatel por conta de um pedido de anulação feito pela Oi das regras de 
qualidade da banda larga editadas pela agência no ano passado. A autarquia abriu 
uma consulta pública apenas para debater a solicitação da Oi, alegando que o 
procedimento (nunca antes adotado) está previsto no regimento do órgão.
Mas, se a motivação da consulta é meramente burocrática e a agência pretende 
manter as regras que ela mesma criou, não seria de bom tom incluí-las na minuta 
do edital do 4G? Em um documento como este, que ainda será discutido com a 
sociedade para só então ser validado, acredito que o excesso não é pecado. A 
falta de clareza do modelo adotado é que deveria preocupar.
Algumas empresas já começaram a reclamar do edital divulgado ontem. É o caso da 
TIM, que deu declarações a noticiários econômicos criticando o timing da Anatel 
para a execução do leilão. Para a empresa, não faz sentido o Brasil querem 
inaugurar o 4G se os investimentos no 3G ainda estão sendo feitos.
Por ironia do destino talvez, a TIM sofreu uma grave pane em Brasília na noite 
de ontem. Em comunicado enviado à Rede Bandeirantes, a empresa confirma que 
diversos clientes ficaram sem comunicação entre às 20h34 e às 23h por conta de 
um problema em uma de suas centrais na capital. O motivo da pane ainda está 
sendo investigado.
Certamente, os clientes da TIM e das outras operadoras têm percebido nos últimos 
meses que a necessidade de expansão das redes móveis é uma realidade no Brasil. 
As redes estão cada vez mais congestionadas, graças em grande parte à explosão 
de consumo da banda larga móvel. Sob esta ótica, tendo a concordar com a 
operadora: será que o mais interessante no momento é trocar de tecnologia, o que 
exigirá investimentos ainda mais robustos do que os necessários para reforçar as 
redes que já temos? Ainda mais se não há nenhuma garantia de que as operadoras 
4G oferecerão velocidades de fato maiores e com melhor qualidade.
Coisas ainda mais estranhas têm acontecido em torno das discussões sobre a 
melhoria dos serviços de banda larga no Brasil. Dentro da Anatel cresce a 
torcida para que a ABR Telecom, grupo formado pelas operadoras telefônicas para 
coordenar os serviços de portabilidade, vença a disputa para ser a responsável 
pela gestão dos parâmetros de qualidade da Internet. Essa concorrência foi 
aberta também ontem pela Anatel.
Fontes da agência contam que o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 
órgão criado pelo governo e formado por especialistas da área de tecnologia, tem 
sido tacitamente excluído das reuniões realizadas pela Anatel sobre as regras de 
qualidade. Se isso for verdade, a acusação é séria já que praticamente todos os 
parâmetros fixados pela Anatel se baseiam em estudos conduzidos pelo CGI.
A entrada do 4G no Brasil alinhada com a evolução tecnológica mundial deve ser 
uma meta da Anatel, mas não pode ser atingida a qualquer custo. Tive o 
privilégio de experimentar essa nova tecnologia quando a primeira rede foi 
lançada na Suécia e posso dizer que a qualidade do serviço é realmente 
impressionante se comparada às velocidades que dispomos hoje no Brasil. Mas 
acreditar que, apenas porque a tecnologia permite velocidades melhores as 
empresas oferecerão pacotes mais robustos por aqui é temerário. Basta dizer que, 
tecnicamente, as tecnologias 3G permitem conexões de até 7 Mbps em equipamentos 
estacionários, ou seja, em conexões sem movimento. Desafio alguém a encontrar 
uma oferta de 3G acima de 1 Mbps no Brasil.
De qualquer forma, a consulta do edital para o leilão do 4G será, ao menos, uma 
oportunidade para ampliar o debate sobre a qualidade dos serviços de banda larga 
prestados no país. A consulta pública é tradicionalmente um instrumento para 
aperfeiçoar as propostas feitas pela agência. Fica a torcida para que, 
especialmente neste caso, a Anatel aproveite este momento e apare as arrestas de 
um documento tão importante para a sociedade brasileira.
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Ler na Fonte: 
Tele.Síntese
[01/03/11]  
Frequência e backhaul, dois desafios da LTE - por Miriam Aquino [Entrevista 
com Ken Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da Alcatel-Lucent]
 A 
LTE traz vantagens, mas também grandes desafios para as operadoras, diz Ken 
Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da Alcatel-Lucent, que aponta como 
desafios a necessidade de muita banda e de espectro, muitos investimentos em 
backhaul e, principalmente, mudança de atitude, de maneira a também poderem 
ganhar receitas com os serviços "over the top".
A 
LTE traz vantagens, mas também grandes desafios para as operadoras, diz Ken 
Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da Alcatel-Lucent, que aponta como 
desafios a necessidade de muita banda e de espectro, muitos investimentos em 
backhaul e, principalmente, mudança de atitude, de maneira a também poderem 
ganhar receitas com os serviços "over the top". 
A quarta geração da telefonia móvel, a LTE, começa a ser implantada 
paulatinamente pelas grandes operadoras globais, entre elas a norte-americana 
Verizon. Para Ken Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da Alcatel-Lucent, esta nova 
tecnologia tem como vantagem frente às versões anteriores ser, mesmo toda IP, e 
conseguir unificar os padrões de mercado existentes (UMTS, CDMA, etc.). Mas, 
alerta o executivo, ela traz também grandes desafios para as operadoras: 
necessidade de muita banda e de espectro, muitos investimentos em backhaul e, 
principalmente, mudança de atitude, de maneira a também poderem ganhar receitas 
com os serviços "over the top".
Conforme suas projeções, com o desenvolvimento do mercado máquina a máquina 
(M2M), que vai ocorrer quando os smartphones estiverem bem mais baratos, cada 
usuário deverá ter pelo menos cinco a seis diferentes aparelhos de celular.
Tele.Síntese – Quais são os desafios da LTE (Long Term Evolution), a quarta 
geração do celular?
Ken Wirth – Temos observado que está sendo muito tranquila a implementação desta 
nova tecnologia, seja de rádio, seja LTE fim-a fim. Mas há alguns desafios para 
os quais as operadoras precisam se preparar.
Tele.Síntese – Quais seriam eles?
Wirth – O primeiro, a necessidade por espectro. As operadoras precisam ter suas 
frequências para deixar a LTE usar toda as suas habilidades.
Tele.Síntese – Qual é o mínimo de banda indispensável para a LTE?
Wirth – O mínimo seria 5 MHz de espectro. Mas, para otimizar toda a tecnologia, 
o ótimo é de pelo menos 20 MHz (10 MHz para o uplink e 10 MHz para o downlink). 
Espectro é realmente imprescindível para que as operadoras consigam oferecer 
bons serviços a seus clientes. A outra coisa muito importante é como se consegue 
este espectro.
Tele.Síntese – Por que?
Wirth - As alternativas de hoje são conseguir o espectro do governo, o que, 
geralmente, significa que o governo terá que liberar frequências atualmente 
ocupadas, o que custa dinheiro. A segunda alternativa é o “refarming”. E como se 
faz esta reutilização de espectro? Fizemos anúncios recentes nesta direção, de 
maneira a ajudar a melhorar a atuação das operadoras. Um outro quesito 
importante para a prestadora não está relacionado com a tecnologia, mas 
refere-se ao planejamento da rede.
Tele.Síntese – Como assim?
Wirth - Encontrei muitas operadoras que estão “estranguladas” pelo backhaul. E 
backhaul deve ser a segunda fonte de preocupação, pois há um crescimento enorme 
nas redes de transmissão e, com a LTE, esta demanda vai aumentar. Ter backhaul 
que sustente o ingresso da LTE é também uma das chaves. A terceira recomendação 
é para as operadoras olharem as redes de maneira diferente. Tradicionalmente, as 
operadoras têm expertises em radio, transmissão, em switching, e se organizam 
desta forma. Agora, com a LTE, que é realmente uma rede toda IP, há uma mudança 
completa na dinâmica. É preciso ver a performance por toda a rede, além de se 
organizar em volta das redes.
Tele.Síntese – As soluções que os países estão encontrando para receber a LTE em 
suas frequências estão sendo diferentes mundo afora. Não acha este um problema 
para a concretização desta tecnologia?
Wirth - Esta é mesmo uma complexidade. Posso dizer que nos últimos 18 meses 
tivemos que receber mais frequências em nossas soluções LTE do que a 2G e 3G 
receberam em oito anos.
Tele.Síntese – No final, por causa de tanta diversidade, os equipamentos não 
ficarão mais caros?
Wirth – Nos custa uma grande quantidade de dinheiro para incluirmos tantas 
bandas diferentes em nossos equipamentos. Mas o outro lado da moeda também é 
verdadeiro, quando se olha para o sistema como um todo. Agora, pela primeira vez 
em todo o globo há um único padrão, baseado na LTE. Pode haver versões 
diferentes, mas um único padrão. A LTE congrega os mercados de GSM, de UMTS, e o 
mercado do CDMA, que estão todos consolidados. Isso também permitirá que os 
fabricantes de aparelhos tenham mais flexibilidade para aportar as diferentes 
faixas.
Tele.Síntese- Ouvimos falar da LTE há cerca de cinco anos. Havia um problema 
sério, pois a rede 3G não conseguia “falar”com a LTE. Isto já foi resolvido? 
Como?
Wirth - A primeira premissa de nossos clientes é: “vocês têm que fazer com que a 
tecnologia fique interoperável com as minhas redes de 3G e 2G existentes”. E a 
razão para isso é que, mesmo uma grande carrier, como a Verizon, que atua em 
todo os Estados Unidos, não pode implantar a LTE tão rapidamente. A Verizon 
instalou a quarta geração em 38 mercados no primeiro ano e irá implantar a 
tecnologia em 140 novos mercados este ano. Só se consegue a cobertura de todo o 
país em um prazo mínimo de três anos pois há limitações físicas.
Assim, por exemplo, na cidade de Nova Iorque, a LTE está implementada, mas 
quando nos aproximamos da borda da célula, precisamos voltar para as tecnologias 
3G para que a experiência do usuário – seja voz, seja acesso à internet- seja 
mantida. Assim, a interoperabilidade entre a LTE, CDMA e HSPA é crítica. Fazemos 
um trabalho interno nas redes das operadoras que lançam a LTE para que haja a 
interoperabilidade com as outras tecnologias.
Tele.Síntese – Qual a sua expectativa para a LTE na América Latina? Estão sendo 
realizados alguns trials, não?
Wirth - Sim, nós estamos participando de alguns testes na América Latina, por 
exemplo, no México. Sei que está havendo muita discussão sob o ponto de vista da 
política pública sobre se o espectro a ser reservado deve ser de 700, 800 MHz, e 
estão sendo debatidas recomendações para este uso.
Tele.Síntese – Qual a sua avaliação sobre a faixa de 2,5 GHz? Ela também foi 
destinada para o celular pela UIT, e deverá ser leiloada este ano no Brasil pela 
Anatel.
Wirth – Toda a vez que se sobe no espectro de frequência, a cobertura e 
principalmente a cobertura interna, não é tão boa. Nós já suportamos a banda de 
2,6 GHz, o que significa que poderemos suportar também a de 2,5 GHz. Quando 
descemos nas frequências- para 700, 800 ou 900 MHz- podemos dobrar as 
capacidades.
Tele.Síntese – No Brasil, o espectro de 700 MHz está ocupado pela TV aberta. 
Embora o governo tenha estabelecido a data de 2016 para a devolução de parte 
dessa faixa, não acredito que isto ocorrerá, pelo menos neste prazo.
Wirth – Nos Estados Unidos, a faixa de 700 MHz também estava ocupada pelas TVs 
analógicas, mas o governo conseguiu as bandas de volta e as vendeu muito bem. A 
Europa está fazendo algo parecido, na faixa de 800 MHz, que era a destinada para 
as TVs, no “plano do dividendo digital europeu”, em alguns países. Mas a chave 
para esta questão é que, se for a faixa de 700 MHz ou a de 2,6 GHz pode-se fazer 
funcionar a LTE. Nós podemos fazer com que a performance seja muito boa. Mas o 
Capex das operadoras em faixas mais baixas é menor.
Tele.Síntese – As operadoras em todo o mundo reagem ao fato de que têm que 
aumentar investimentos para os serviços “over the top” ganharem as receitas. 
Como imagina que elas devem administrar esta questão?
Wirth - As operadoras estão agora discutindo sobre como elas vão controlar seus 
próprios destinos versus serem as “vítimas” de tempos atrás. Estão se 
conscientizando que, se se transformarem em vítimas não conseguirão resolver 
seus negócios. Assim, as operadoras estão se mobilizando para saber como 
participam dos dólares gerados nessa nova cadeia de valor.
Tele.Síntese – Acredita que as operadoras estão mesmo encontrando novos 
caminhos?
Wirth – Sim. Dois terços dos provedores de aplicações constroem serviços sobre 
as plataformas dos clientes, e nós consigamos mapear um modelo de negócios 
relacionado a esses desenvolvimentos. Toda a vez que uma aplicação entra em uma 
rede de telecom para uma localização de GPS, por exemplo, pode haver um preço 
para isto. É um valor muito pequeno, mas a questão é que ele acontece inúmeras 
vezes, sem parar. Acreditamos que uma das respostas está na publicidade. Para 
nós, a publicidade móvel vai criar uma nova fonte de receita a qual as 
operadoras poderão participar.
Tele.Síntese – Você acha que o usuário do celular vai querer receber anúncio em 
seu aparelho?
Wirth – Isso pode ser feito em fatias. Por exemplo, nos serviços mais básicos 
pode-se inserir os anúncios, mas se o consumidor não quiser receber os anúncios, 
ele poderá ir para um outro nível de serviço, e assim por diante. A terceira 
área onde vejo movimentação é que as operadoras de celular não querem ser os 
provedores de internet (como as operadoras fixas acabaram se transformando), mas 
querem criar valor nos servidores que os usuários usam em sua rede móvel. Se 
olharmos no site da Verizon, ela oferece para a LTE três tipos de planos de 
serviço para a comunicação de dados, por um preço “X’, oferta essa baseada na 
capacidade. Exemplo, acho que 5 Gbps correspondem a US$ 50 por mês e acima disto 
ela cobra por consumo de gigabits. A operadora, com isso, está mudando o 
comportamento do cliente, pois não oferece uma acesso ilimitado à comunicação de 
dados.
Tele.Síntese – Você acredita que a estratégia de controlar o consumo funciona?
Wirth - Se tomarmos como exemplo a Verizon, parece que sim. No primeiro dia do 
lançamento da LTE, conquistou 19 mil clientes com esses planos. Mas o mais 
importante é saber onde as operadoras querem estar. E elas querem oferecer um 
conjunto de serviços que signifiquem valor para os consumidores, a ponto de 
quererem pagar por isso. Se eu estiver em um jogo de futebol com o meu filho e 
há outro jogo também interessante ocorrendo no mesmo horário, eu posso receber, 
pelo meu smartphone, um vídeo stream ao vivo deste outro jogo. Isto é algo que o 
cliente vai querer pagar e é conhecido como “modelo por clique”, e haverá uma 
taxa associada. Em entretenimento e vídeos e filmes em alta definição, acho que 
este modelo irá funcionar muito bem.
Tele.Síntese – Na feira de Barcelona deste ano, que reúne as principais 
tendências do mundo móvel, ouvimos muito pouco sobre as soluções M2M (maquina a 
máquina). A indústria está abandonando esta linha de mercado?
Wirth – Não. M2M é uma área chave e para a qual nós estamos nos focando 
bastante. Nós temos algumas pesquisas nessa direção, como a cloud computing. 
Acreditamos que os PCs vão embora e terão cada vez menos memórias. Outra área 
que apostamos muito na M2M é a área de saúde. Neste segmento não vemos uma 
relação entre a operadora e o paciente, mas entre a operadora e o centro de 
saúde. Serviços de máquina a máquina ganharão mais corpo quando os aparelhos de 
celular e os seus chips forem muito mais baratos. Aí eles passarão a ser usados 
em casa, para a segurança; para cuidar da luz ou para mandar sinais para os 
aparelhos elétricos. M2M trará uma variedade de opções.
Conforme estimativas, haverá de cinco a seis aparelhos de celular para cada 
indivíduo. Hoje, muitas pessoas já têm o smartphone, um lap top, um tablet, e 
haverá outros aparelhos para o carro, casa, etc.
Tele.Síntese – Socorro...
Wirth – Se forem cinco aparelhos diferentes com os quais teremos que nos 
preocupar, realmente não será nada bom. Mas não é essa a aposta da LTE.