WirelessBRASIL - Bloco TECNOLOGIA

Maio 2012             


23/05/12

• Ethevaldo Siqueira comenta entrevista de Paulo Bernardo : "Imposto na telefonia é um escândalo"

Olá, WirelessBR e Celld-group!

01.
É sempre bom conhecer um pouco das origens de políticos e autoridades que conduzem os destinos do país.

Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações, "é hoje um dos 'curingas' a que a presidente pode recorrer para completar o seu jogo em situações estratégicas".
Bernardo já foi cotado, recentemente, para a Educação, Cidades e para a direção da Itaipu" (matéria transcrita mais abaixo).

"Paulo Bernardo Silva (São Paulo, 10 de março de 1952) é um político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). É o atual ministro das Comunicações.
Funcionário do Banco do Brasil, não concluiu o curso superior em Geologia na Universidade de Brasília. É casado com Gleisi Hoffmann, senadora pelo estado do Paraná e ministra-chefe da Casa Civil.
Entrou na política pelo sindicalismo como membro da diretoria do Sindicato dos Bancários do Paraná. Foi deputado federal pelo Paraná em três legislaturas (1991–1995, 1995–1999) e de 2003 a 2005, desta vez eleito com 72.831 votos.
Neste período também exerceu os cargos de Secretário de Fazenda do Estado do Mato Grosso do Sul entre janeiro de 1999 e dezembro de 2000 e de secretário de Fazenda da prefeitura de Londrina, entre janeiro de 2001 e março de 2002. [Fonte: Wikipédia]

Gleisi Hoffmann, esposa de Bernardo, formada em Direito, exerce seu primeiro cargo eletivo. No ano passado, foi a senadora mais votada do Paraná. A militância política é bem mais antiga. Começou no movimento estudantil, quando era filiada ao PCdoB.
"Após a posse de Lula, assumiu como diretora financeira da Itaipu Binacional, tornando-se a primeira mulher, em 30 anos da empresa, a ocupar um cargo na diretoria. Permaneceu no cargo até 2006, quando disputou suas primeiras eleições, já para o Senado. Em 2008, tentou a prefeitura de Curitiba, mas também não conseguiu se eleger. (matéria transcrita mais abaixo).

Minha opinião: Paulo Bernardo e sua esposa Gleisi Hoffmann continuam dando expediente em suas funções mas só pensam "naquilo": eleições!

02.
Recentemente o Estadão publicou uma entrevista com Paulo Bernardo (transcrita mais abaixo):

Leia na Fonte: Estadão
[20/05/12]  "Imposto na telefonia é um escândalo" - por Eduardo Rodrigues e Anne Warth

03.
O jornalista Ethevaldo Siqueira comentou a entrevista em seu Blog:

Leia na Fonte: Estadão / Blog do Ethevaldo Siqueira
[22/05/12]   ICMS escandaliza o ministro - por  Ethevaldo Siqueira
Recorte:
(...)
Meu entusiasmo pela nova posição do ministro durou pouco. Observe, leitor, o que Paulo Bernardo propõe, logo em seguida, para corrigir o “escândalo”:
“Acho que tirar só a carga federal não vai resolver, temos de convencer governadores a tirar um pedaço. Há Estados que cobram 27%, outros cobram 30% e alguns 35% de ICMS. Eu defendo, por exemplo, que baixemos tudo para 25%. Podemos fazer um plano e ir desonerando aos poucos, eu não quero desequilibrar as finanças de ninguém.”
Escândalo é 25%.
Baixar tudo para 25%? Ora, essa alíquota do ICMS no Brasil já é um escândalo. Por duas razões. Primeira, porque, além desse imposto, temos que pagar os tributos federais que incidem sobre a conta telefônica.(...)

04.
Em complemento, por motivos óbvios, transcrevo também estas matérias:

Leia na Fonte: Época
[07/06/11]  Quem é Gleisi Hoffmann, a nova ministra da Casa Civil

Leia na Fonte: ICNews
[17/01/12]  Para Gleisi, “caminho em Curitiba é a aliança”

Comentários?

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

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Leia na Fonte: Estadão / Blog do Ethevaldo Siqueira
[22/05/12]   ICMS escandaliza o ministro - por  Ethevaldo Siqueira

Fiquei entusiasmado ao começar a leitura da entrevista do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, ao Estadão, no domingo, dia 20 de maio. Ele disse considerar “um escândalo” os tributos que incidem sobre a telefonia e outros serviços de telecomunicações. Parabéns, ministro: é exatamente o que tenho afirmado há mais de dez anos, quase como um pregador no deserto.

Meu entusiasmo pela nova posição do ministro durou pouco. Observe, leitor, o que Paulo Bernardo propõe, logo em seguida, para corrigir o “escândalo”:

“Acho que tirar só a carga federal não vai resolver, temos de convencer governadores a tirar um pedaço. Há Estados que cobram 27%, outros cobram 30% e alguns 35% de ICMS. Eu defendo, por exemplo, que baixemos tudo para 25%. Podemos fazer um plano e ir desonerando aos poucos, eu não quero desequilibrar as finanças de ninguém.”

Escândalo é 25%

Baixar tudo para 25%? Ora, essa alíquota do ICMS no Brasil já é um escândalo. Por duas razões. Primeira, porque, além desse imposto, temos que pagar os tributos federais que incidem sobre a conta telefônica.

Em segundo lugar, há uma agravante: a forma marota que o fisco utiliza para calcular os 25% do ICMS, que transforma esse percentual, matematicamente, em 33%. Como bom político governista que é, o ministro das Comunicações parece desconhecer que a alíquota real do ICMS não é 25% — mas 33%, porque esse percentual é calculado “por dentro”.

Isso significa que as regras fiscais brasileiras determinam que se calcule o valor dos impostos sobre o valor total da conta – e não sobre o valor dos serviços. Nesse caso, o total da conta (100, por exemplo) é calculado como a soma do valor do serviço (que corresponde a 75) mais o imposto (25%). Ora, 25 sobre 75 equivalem a 33,3%. Esse exemplo nos dá ideia da voracidade fiscal deste País.

A ética nos sugere que o valor total da conta resulte pura e simplesmente do acréscimo de 25% sobre o valor do serviço. Se esse serviço equivale a 100, o valor da conta seria calculado com o simples acréscimo de 25% sobre os serviços, ou seja: 100+25%=125.

A visão do político

Por que os políticos governistas não dizem toda a verdade? Se estivesse na oposição, Paulo Bernardo abriria suas baterias contra esse critério. Não tenho dúvida. Mas, como o Brasil não tem oposição democrática, ninguém luta pela correção do “escândalo” apontado pelo próprio ministro.

Calcular impostos “por dentro” mostra que há no País dois pesos e duas medidas. Quando o cidadão recebe um reajuste ou aumento de salário, esse acréscimo é calculado “por fora” – que é o único critério honesto, usado em todos os preços reajustados.

Candidamente, Paulo Bernardo justifica sua proposta: “Eu acho que, se baixarmos os impostos, o mercado não vai mais crescer 130% como nos últimos 15 meses, vai crescer 250%, vai bombar. A tributação hoje é uma barreira ao crescimento dos serviços.”

Diante desse raciocínio genial, eu pergunto: “E se baixássemos esse imposto indecente para 10 ou 12% — como faz a maioria das nações civilizadas?”

ICMS cresceu 300%

Talvez o leitor não saiba, mas a arrecadação de ICMS cresceu mais de 300% nos últimos 10 anos. Isso não é novidade para o ministro das Comunicações, pois ele sabe que, em 2003, o Brasil mais que triplicou sua rede telefônica nesse período. Sim, em 2003, o País tinha 90 milhões de acessos telefônicos (soma de celulares e telefones fixos) em 2003. Hoje tem quase 300 milhões de acessos. Não é difícil concluir que o bolo do ICMS para os Estados cresceu algo próximo de 300% nesses 10 anos.

Com preços absurdos de energia, combustíveis e telecomunicações, o Brasil jamais será um país competitivo. Sem falar na burocracia, na ineficiência estatal, na gastança descontrolada na lentidão da Justiça e e na corrupção, entre outros problemas.

O mundo civilizado não cobra mais do que 10 ou 10% de imposto sobre telecomunicações. Para reduzir o custo Brasil e ganhar competitividade, como faz a maioria dos países, temos que desonerar progressivamente as telecomunicações, até o limite de 10% (dez por cento).

Duas sugestões

O Brasil poderia aprovar uma nova lei ou medida provisória que fixasse o prazo de cinco anos, com a redução 3% ao ano da alíquota de ICMS. No primeiro ano, cairia para 22%; no segundo, para 19%; no terceiro, para 16%; no quarto, para 13%; e no quinto, para 10%.

Aposto com quem quiser que, com uma redução escalonada do ICMS, como a sugerida acima, os Estados não sofrerão praticamente nenhuma queda de arrecadação. Até porque a base de acessos telefônicos sem fio está crescendo a 20% ao ano. E, se houver uma pequena queda, o governo poderia ainda taxar produtos supérfluos que hoje (acreditem) pagam menos imposto do que insumos essenciais como comunicações.

Finalmente, uma pergunta ao ministro Paulo Bernardo: “Por que permitir que os Estados e a União continuem cobrando tanto imposto sobre as telecomunicações, encarecendo desse modo um serviço fundamental de nossa economia? Já não basta o confisco ilegal dos fundos setoriais, cujo valor acumulado já ultrapassa R$ 50 bilhões ao longo dos últimos 12 anos?”

E mais uma sugestão ao ministro: discuta com a presidente Dilma Rousseff a elaboração de um projeto de lei, que dê prioridade um verdadeiro plano nacional de banda larga, pujante, com a totalidade dos recursos hoje confiscados pelo governo federal desses fundos setoriais, que incluem o Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) e os excedentes dos Fundos de Tecnologia de Telecomunicações (Funttel) e de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). O governo federal realizaria uma obra de grande valor social e econômico. Sem onerar o orçamento nacional.

E lembre-se, ministro, o que importa numa verdadeira democracia não são os interesses políticos ou pessoais dos governadores, de parlamentares da base governista, dos ministros ou da presidente da República. O que importa, realmente, são os interesses legítimos de 195 milhões de brasileiros, que pagam essa montanha de tributos – que já alcança quase 40% do PIB (Produto Nacional Bruto).

Por mais lógicas e factíveis que sejam essas sugestões, ministro Paulo Bernardo, sei que nenhuma delas será aceita e implementada, ministro. Não importa. Continuarei batendo nesta tecla porque sonho com um país bem diferente do que temos hoje.

Comente no Blog do Ethevaldo!

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Leia na Fonte: Estadão
[20/05/12]  "Imposto na telefonia é um escândalo" (Entrevista com Paulo Bernardo)- por Eduardo Rodrigues e Anne Warth

Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, diz que, se baixar os impostos, o mercado vai crescer 250%, ‘vai bombar’

Aproveitando a inclinação da presidente Dilma Rousseff em cortar os impostos e encargos que encarecem as contas de luz, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, propõe que a redução das tarifas também barateie as contas de telefone dos consumidores. Para isso, porém, o governo teria de comprar a briga com os Estados, uma vez que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o que mais pesa no preço das ligações.

Em entrevista ao Estado, Bernardo avaliou que a alta carga tributária dos serviços de telecomunicações - classificada por ele como um "escândalo" - limita a expansão do setor, que nos últimos anos já tem crescido a um ritmo bem acima do verificado no restante da economia. Mas um eventual corte nos tributos, acrescentou, seria condicionado a um maior equilíbrio nos planos oferecidos pelas operadoras, sobretudo nos chamados pré-pagos.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

O governo vai cortar os impostos e encargos da conta telefônica, a exemplo do que pretende fazer na conta de luz?

Não posso dizer se a presidente vai reduzir isso. Há 15 dias fui consultado e mostrei a ela alguns quadros sobre os tributos do setor de telecomunicações, que eu acho - para falar o mínimo - um escândalo. E estamos falando de serviço, do que é cobrado nas contas telefônicas. Ela disse que ia conversar com pessoal da Fazenda, mas eu ainda não fui comunicado.

O que teria mais efeito, cortar na tributação federal ou nas estaduais?

Eu acho que nós devemos mexer em tudo. Na verdade, eu acho que o ICMS estadual é muito, muito, muito alto. Se você pega uma conta de telefone de R$ 100, por exemplo, a carga de impostos é de até R$ 43, dos quais R$ 35 são só o ICMS. Se comparar com o total da fatura, o tributo estadual é de 35%, mas se comparar só com o que de fato foi o custo do serviço utilizado pelo cliente, a proporção chega a 50%.

O difícil é convencer os governos estaduais a abrirem mão dessa receita.

Primeiro nós temos de respeitar o fato de que os Estados têm suas contas para pagar, e os secretários e governadores têm suas preocupações com o orçamento. Mas acho que tirar só a carga federal não vai resolver, temos de convencer governadores a tirar um pedaço. Há Estados que cobram 27%, outros cobram 30% e alguns 35% de ICMS. Eu defendo, por exemplo, que baixemos tudo para 25%.

Mas o cenário político permite essa negociação com os governadores?

Se não for esse o momento, que façamos adiante, daqui a um ano. Mas a gente tem a obrigação de apontar o problema. Mais de 60% da arrecadação dos Estados é com o ICMS de combustíveis, automóveis, telecomunicações, energia e bebidas. No caso das telecomunicações, é um recolhimento fácil e invisível, porque a secretaria estadual de Fazenda recebe cinco ou seis boletos das companhias e arrecada de toda a população. O consumidor nem percebe.

O senhor já pensa em uma estratégia para fazer isso?

Podemos fazer um plano e ir desonerando aos poucos, eu não quero desequilibrar as finanças de ninguém. O mercado brasileiro está crescendo e isso significa uma receita extra que está entrando para todo mundo, para o governo federal e para os Estados. Eu acho que, se baixarmos os impostos, o mercado não vai mais crescer 130% como nos últimos 15 meses, vai crescer 250%, vai bombar. A tributação hoje é uma barreira ao crescimento dos serviços. Com essas alíquotas, você acaba limitando a expansão do setor, porque uma pessoa que gasta R$ 100 todo mês poderia estar telefonando muito mais.

E quem tem um plano pré-pago liga menos ainda.

O usuário do serviço pré-pago ainda paga mais caro. Podemos propor a redução da carga tributária desde que empresas acabem com esse pré-pago absurdo. No pós-pago, o cliente gasta em média R$ 54,33 para falar 100 minutos, enquanto no pré-pago a mesma duração de chamadas custa até R$ 135,37. Com esses valores, os impostos pagos no pós-pago são de R$ 23,36, enquanto no pré-pago custam até R$ 58,20. Ou seja, uma carga tributária duas vezes e meia maior para a mesma quantidade de minutos. É uma tragédia.

Como o serviço chegou a essa distorção tão grande? Faltou regulação e fiscalização por parte do governo?

O problema está na chamada tarifa de interconexão, que já começamos a atacar. Hoje as companhias habilitam aparelhos pré-pagos para quem não tem condições de colocar crédito, mas são remuneradas sempre que esses clientes recebem ligações. É o fenômeno do celular "pai de santo", que só recebe. O valor pago de operadora para operadora é de R$ 0,54 por minuto, mas a Anatel já decidiu diminuir esse custo em 30% até 2014. Já falei com o (presidente da Anatel) João Rezende para começar os estudos para diminuir mais. E já avisei as empresas que nos vamos reduzir mais. Hoje, os consumidores têm vários chips para falar com cada uma das operadores e nem sabem que elas ganham com isso.

A desoneração para os smartphones pode sair ainda este ano?

Eu mostrei para presidente Dilma os dados do crescimento do setor. Ela disse que quer desonerar e me mandou falar com a Fazenda. Estão fazendo as contas lá. Acho que desonerar vai ser importante porque as fábricas devem vir pra cá para produzir equipamentos com base no sistema operacional Android, na faixa de R$ 300 a R$ 400, com condições de pagamento em até dez vezes com as operadoras. Isso vende igual pipoca.

Mas o serviço hoje de internet móvel já não é satisfatório, mesmo nas grandes cidades. As redes aguentarão essa nova demanda?

Acho que as empresas não se prepararam para o crescimento do mercado, fizeram um planejamento conservador de 30% de expansão e tivemos 130% a mais de usuários. E acho que o Estado também não se preparou e exigiu esses padrões de qualidade antes. Poderíamos ter votado os regulamentos de compartilhamento, competição e qualidade antes, temos de assumir que também falhamos nisso, mas nós estamos fazendo. Estamos exigindo investimentos das empresas e estamos dando condições, com desoneração para a construção das redes.

O governo vai mesmo alterar o marco regulatório para as telecomunicações?

Há uma série de especulações, mas a verdade é que nós temos concessões que vigoram até 2025, temos revisões quinquenais e nós não temos nenhuma definição de mudança. Eu pedi para a Anatel - e estamos fazendo aqui também - estudos sobre esse modelo para não sermos imprevidentes e deixarmos chegar ao problema que está ocorrendo com as concessões do setor elétrico que estão vencendo agora. Para não criarmos um dilema faltando dois anos, um ano, começamos a fazer estudos, mas de fato não há nenhuma definição sobre isso.

E o prometido novo marco regulatório da mídia?

Olha, ele andou bastante. Fizemos toda a revisão, preparamos os elementos para fazer uma consulta pública e acho que não pode ser encaminhado sem haver um grande debate. Conversei com a presidente e ela me orientou a fazer consultas com todos os setores e atores interessados, e nós pretendemos colocar em consulta pública, embora ainda não haja data. Pode ser neste ano ainda, e eu espero que seja.

O governo não quer assumir sozinho o ônus do projeto?

Nós queremos fazer um debate e nem vamos colocar o projeto, mas os temas para debater. E em vez de colocarmos um projeto já no formato técnico e jurídico, vamos colocar questões. Por exemplo: político deve ter rádio e televisão? As TVs educativas funcionam bem do jeito que estão? Nós já mudamos algumas coisas por decreto, como os critérios para a concessão de outorgas para se evitar o uso de "laranjas", mas eu acho que deveria mudar o marco todo.

Haverá mudança na limitação ao capital estrangeiro nas empresas de comunicação?

Nós não estamos pensando em propor nada disso aí, mas não sei se na consulta vai aparecer. Até o pessoal da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) me perguntou sobre isso, mas nós não temos proposta de mudar. Eu particularmente acho que quem tem 30% pode ter 49% também, me parece que o espírito da Constituição é não permitir que haja o controle estrangeiro. Acho que tem de manter isso.

Como o marco vai tratar os sites de notícias?

Isso é um problema. Quando fizeram a Constituição, em 1988, não havia internet e essa questão não estava posta. Então, dizer que a Constituição limitou site com capital estrangeiro não é possível. Alguém pode decidir que o espírito da Constituição vale para esse site também, mas se eu fizer isso vou parar imediatamente no Supremo Tribunal Federal (STF). Outra coisa que eu falei para a ANJ é a eficácia de uma decisão como essa. Mesmo que o STF diga: portal de notícia é órgão de comunicação e não pode ter controle estrangeiro, o cara pode montar o escritório em cima da Ponte da Amizade, do lado do Paraguai, e continuar publicando notícias em português na rede. Quem vai impedir isso?

E as concessões de rádio de TV nas mãos de políticos?

Eu acho que não deveria ter, mas há também uma dificuldade porque a legislação hoje não proíbe. Ela diz que político não pode ser administrador de qualquer empresa, ele tem de se afastar. E por outro lado tem de haver regras que digam o que deve ocorrer com a evolução da situação.
A lei teria que dizer como fazer para sair da concessão e ainda ter uma clareza suficiente para que ele não possa simplesmente transferir para a mulher ou as filhas, como a gente sabe que acontece. Acho que a consulta pública pode dizer o que a sociedade acha de uma coisa como essa, mas depois tem de se construir a solução.

Isso resolveria a questão para o futuro, mas por que o governo não ataca as concessões irregulares hoje?

Se você quiser hoje cassar uma concessão de rádio ou TV de uma emissora que não cumpre suas obrigações, é muito difícil. Você tem de ter decisão judicial ou então tem de votar no Congresso com quórum de, no mínimo, 40%. É um negócio dificílimo, acho que não teve nenhum caso até agora. Nós podemos colocar na consulta pública essa necessidade de uma outorga como essa passar pelo Congresso. Eu acho que a sociedade precisa tomar conhecimento dessas coisas, para inclusive apoiar a mudança. Se eu mandar um projeto para o Congresso querendo mudar isso, não vai mudar nada.

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Leia na Fonte: Correio Braziliense
[12/12/11]   Paulo Bernardo é cotado para a Educação, Cidades e para a direção da Itaipu - por Denise Rothenburg

Enquanto a reforma ministerial não chega, a presidente Dilma Rousseff começa a estudar os nomes que podem ocupar os cargos de petistas que deixam o governo para concorrer às eleições municipais. Em dois casos mais emblemáticos — Ministério da Educação e direção-geral da Itaipu Binacional — o nome do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, aparece como provável solução. Aos 59 anos, ele é hoje um dos “curingas” a que a presidente pode recorrer para completar o seu jogo em situações estratégicas.

Os sintomas de que Paulo Bernardo pode estar mesmo arrumando as gavetas nas Comunicações começaram a surgir quando um técnico considerado um dos “meninos de ouro” da equipe do ministro, o secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica, Genildo Lins, saiu de férias de modo inesperado. Sinal de que o chefe quer que ele o siga em uma nova empreitada.

Nestes 11 meses como ministro de Comunicações, Paulo Bernardo mudou a diretoria da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e reestruturou os Correios. No Planalto, considera-se que o ministro silenciosamente fez “o dever de casa”, embora tenha enfrentado uma denúncia — a de ter voado em avião de empresa privada que ajudou a financiar a campanha para o Senado de sua mulher, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

No Ministério de Comunicações, as especulações são as de que ele estaria de partida para o Ministério da Educação, abrindo a vaga na pasta para o deputado André Vargas (PT-PR), ligado ao setor. No governo, há quem diga que a transferência de Bernardo para a Itaipu Binacional é mais plausível porque ajudaria a preparar um projeto do PT no estado hoje governado pelo tucano Beto Richa. Jorge Samek, que dirige a empresa, é pré-candidato a prefeito de Foz do Iguaçu.

Bernardo começou o primeiro governo de Lula, em 2003, no banco de reservas. Em 2005, deixou o mandato de deputado e foi para o Planejamento após a migração de Guido Mantega ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No governo, Bernardo se reaproximou do presidente e tornou-se parte do grupo de articuladores. Chegou ao ponto de o presidente Lula pedir que ele não deixasse o governo nos pleitos de 2006 e 2010.

Boa convivência
Bernardo convive bem com o PMDB, principal sócio do PT na base do governo. “Ele é uma das pessoas de quem eu gosto de verdade. Tem tino político e é leal”, afirma o diretor de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica, Geddel Vieira Lima, um dos integrantes da cúpula do PMDB. A exceção, é claro, é o adversário paranaense, o senador Roberto Requião.

Do ponto de vista pessoal, Paulo Bernardo é reservado e de hábitos simples. Disciplinado, perdeu 10 quilos recentemente, quando o médico mandou que emagrecesse seis. Assim como a presidente Dilma, tem fama de mau-humorado. Detesta perder tempo. Recentemente, em São Paulo, dispensou o carro oficial e foi de metrô para um compromisso para não ficar parado no trânsito. É tão interessado em mobilidade urbana que não será surpresa se for escolhido ministro das Cidades. Ninguém mais é candidato a tantas pastas.

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Leia na Fonte: Época
[07/06/11]  Quem é Gleisi Hoffmann, a nova ministra da Casa Civil

O nome foi uma homenagem do pai à atriz Grace Kelly, que se equivocou na grafia

O anúncio do pedido de demissão de Antonio Palocci e do convite de Dilma Rousseff para Gleisi Hoffmann comandar a Casa Civil levou imediatamente o nome da senadora do PT pelo Paraná aos TTs do Twitter (a lista de assuntos mais comentados da rede social). O site de Gleisi também ficou inacessível, provavelmente, derrubado pelo tráfego (o endereço é a primeira citação para uma busca por Gleisi Hoffmann no Google).

Formada em Direito, Gleisi exerce seu primeiro cargo eletivo. No ano passado, foi a senadora mais votada do Paraná. A militância política é bem mais antiga. Começou no movimento estudantil, quando era filiada ao PCdoB. Em 1989, entrou no PT. Em 1999, foi secretaria extraordinária de Reestruturação Administrativa de Mato Grosso do Sul, na gestão de Zeca do PT. Em 2001, assumiu a Secretaria de Gestão Pública de Londrina. Em 2002, fez parte da equipe de transição para o governo Lula, trabalhando com Palocci e a presidente Dilma Rousseff no Grupo de Trabalho de Orçamento. Após a posse de Lula, assumiu como diretora financeira da Itaipu Binacional, tornando-se a primeira mulher, em 30 anos da empresa, a ocupar um cargo na diretoria. Permaneceu no cargo até 2006, quando disputou suas primeiras eleições, já para o Senado. Em 2008, tentou a prefeitura de Curitiba, mas também não conseguiu se eleger.

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Leia na Fonte: ICNews
[17/01/12]  Para Gleisi, “caminho em Curitiba é a aliança”

“Com todo o respeito que temos aos pré-candidatos do PT, eu acredito que o caminho em Curitiba é a aliança. Se unirmos forças, poderemos fazer um grande debate na cidade, oferecer uma alternativa e vencer a eleição”.

Esta é a opinião da ministra Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, que a coluna ouviu ontem em entrevista exclusiva. Era dia do aniversário de Gleisi, dona da maior votação ao Senado nas últimas eleições no Paraná.

Gleisi trabalhou normalmente ontem, em Brasília, e entre as respostas que me deu está a de que não pensa em eleições, pois só está voltada à missão que a presidenta lhe confiou.

Com relação a eventual ida do ministro Paulo Bernardo para a Binacional Itaipu, não a confirmou nem a desmentiu. Saiu-se politicamente: disse que ele – assim como ela – é ministro do Governo e só à presidenta cabe decidir seus passos na administração federal. A seguir a entrevista:

Em que medida o Paraná tem ocupado suas atenções nos últimos meses? O fato de ser ministra do Governo – e, portanto, com olhar para o país todo – não a distancia um pouco de nosso dia a dia? Como tem resolvido essa questão?

Gleisi Hoffmann: O povo do Paraná me elegeu como a senadora mais votada no Estado. Reconheço e agradeço pela força e apoio de todos que acreditaram em minha candidatura. Assim como no Senado, continuo no governo sendo uma interlocutora do povo paranaense. Procuro sempre apoiar projetos que garantam melhorias e estimulem o desenvolvimento do Estado. Também espero que as políticas do governo federal, as ações que a presidenta Dilma vem realizando, contribuam no sentido de manter o Paraná na rota do crescimento, com geração de emprego, distribuição de renda e inclusão de milhões de pessoas na classe média do país. É claro que o número de viagens e visitas ao Estado estão menores. Procuro compensar um pouco essa ausência acompanhando de perto a participação efetiva do Paraná nos grandes programas de governo.

A ministra já começou a pensar nas eleições de 2012? Embora ocupe cargo hoje mais técnico, a senhora será sempre a política, o ser político. Como encara as alianças que seu partido vai fazendo no PR, com vistas às eleições deste ano e particularmente, o caso de Curitiba?

Gleisi Hoffmann: Com todo o respeito que temos aos pré-candidatos do PT, eu acredito que o caminho em Curitiba é a aliança. Se unirmos forças, poderemos fazer um grande debate na cidade, oferecer uma alternativa e vencer a eleição.

Suas pretensões a concorrer ao governo em 2014 a senhora nunca as escondeu. Mas, concretamente, como estão as costuras para esse projeto político?

Gleisi Hoffmann: Meu foco é a Casa Civil, colaborar com a presidente Dilma. É com isso que estou comprometida. As eleições de 2014 não fazem parte da minha agenda.

Paulo Bernardo: sem novidades

A possível ida do ministro Paulo Bernardo para a direção geral da Binacional Itaipu faz, porventura, parte de um amplo projeto de fortalecimento das bases de apoio à ministra do interior do Estado? Ou o grande objetivo é fortalecer as pretensões de Samek, o forte nome do PT a prefeito de Foz?

Gleisi Hoffmann: O ministro Paulo Bernardo já disse algumas vezes que permanecerá ministro enquanto for da vontade da presidenta Dilma. Assim como eu.

A senhora e Gustavo Fruet têm mantido contatos com vistas à aliança PT/PDT que se avizinha? Independente dessa aliança esperada, como a senhora vê o político e postulante a prefeito Gustavo Fruet?

Gleisi Hoffmann: Acho que o Gustavo Fruet é uma pessoa que está preparada para assumir a prefeitura de Curitiba. Tem condições de fazer um bom trabalho na nossa capital.

A presidenta Dilma tem em sua agenda para 2012 definidas algumas datas para visitas ao Paraná? Se tem, poderia adiantar-me algo, como os eventos que ela cumprirá aqui?

Gleisi Hoffmann: A presidenta Dilma fez algumas viagens pelo Brasil no ano passado. Inclusive esteve duas vezesem no Paraná:em Francisco Beltrão, em julho, para o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/12 e em Curitiba, em outubro, para lançar as obras do metrô. Em função de uma agenda cheia de compromissos é difícil dizer quando será a próxima visita dela ao Estado. Mas com certeza terá presença em 2012.