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Leia na Fonte: Convergência Digital
[06/05/14]
O novo padrão 802.11ac e as redes corporativas - por Fernando Lobo
Fernando Lobo é Diretor Geral da Aerohive para a América Latina
Estamos vivendo um importante momento na tecnologia WiFi e é preciso aproveitar
os benefícios trazidos para as corporações
As inovações que frequentemente mudam nosso caminho e nos dirigem a novos
destinos são rupturas decorrentes das constantes evoluções que o mundo da
tecnologia nos traz.
Na rede wireless a última evolução é o padrão 802.11ac, importante mudança na
utilização massiva da rede Wi-Fi no mundo corporativo oriunda da invasão de
tablets e smartphones dentro das companhias. As redes sem fio vêm aumentando a
velocidade de maneira exponencial e estão se tornando cada vez mais o principal
mecanismo de acesso às redes corporativas.
O 802.11ac, definido pelo IEEE (Instituto de Engenharia Elétrica e Eletrônica)
utiliza múltiplas conexões de alta velocidade para transferir conteúdo em vez de
propagar as ondas de modo uniforme para todas as direções. Além disso, com a
evolução no padrão Wi-Fi, é possível conversar simultaneamente com diversos
aparelhos conectados ao roteador sem qualquer interrupção.
Neste momento, entender o que esta tecnologia inova e onde se aplica é
fundamental para que os profissionais de TI tomem a decisão correta. Um momento
“Geek” é necessário para entendermos o que mudou:
1 · Modulação: Houve uma clara evolução de 64 QAM para 256 QAM, ou seja,
passamos de seis para oito bits, aumentando a quantidade de símbolos
transmitidos resultando em maior quantidade de dados. Por outro lado, o aumento
da demanda torna o sinal mais sensível a ruído e, por isso, é necessário um
sinal mais potente (54-59 dBm). Entretanto, a otimização do sinal resulta em
menor alcance.
2 · Canais mais largos: O novo padrão 802.11ac permite a operação em canais de
80 e 160 MHz, o que resulta em termos práticos, de 100% a 200% mais velocidade
na transmissão dos dados.
3 · Operação: O novo padrão 802.11ac deixa de operar a 2.4 GHz e passa a atuar
em faixa de 5GHz, com menos interferência.
4 · Maior número de “spatial streams”: O padrão 802.11ac passa de quatro spatial
streams (fluxo espacial) do padrão N para até oito “spatial streams”. Quanto
mais spatial streams utilizados simultaneamente, maior a velocidade de
transmissão. O problema é que os pontos de acesso utilizam diversos streams mas
os dispositivos dos usuários como tablets e smartphones dificilmente terão oito
antenas para se beneficiar dos oito streams. A solução seria downlinks
simultâneos a partir dos pontos de acesso.
5 · Multi-User Mimo: Essa tecnologia contempla o maior número de spatial streams
e possibilita que vários usuários transmitam dados para mais do que um receptor
simultaneamente. Se pensarmos em evolução com mu-mimo, os pontos de acesso
passarão finalmente a operar de forma análoga a switches e não a hubs como
operam hoje.
6 · Standard Beamforming: Aqui temos outra importante evolução, uma vez que
finalmente o beamforming está padronizado para WiFi. Trata-se de uma maneira de
direcionar o sinal para o cliente aumentando a potência em sua direção. Com a
padronização, apenas uma forma de beamforming (“explicit feedback”) será
utilizada, beneficiando a todos já que atualmente cada fabricante adota uma
maneira distinta.
7 · Canal: A largura de canal que no antigo padrão 802.11n era fixa, agora com o
802.11ac passa a ser dinâmica podendo variar automaticamente de 160MHz para 20
MHz, reduzindo o risco de interferência entre canais.
8 · Maior Velocidade: O novo padrão chegará próximo a sete Gbits, um incremento
nas taxas de dados para além de 1 gigabit por segundo.
Veja o quadro comparando com 802.11n
Vale ressaltar que hoje, os fabricantes entregam em seus produtos 802.1ac apenas
parte destas funcionalidades. Estamos vivendo a era da primeira fase do 802.11ac,
que neste momento disponibiliza:
• Três spatial streams
• Clientes com suporte a 1, 2 e 3 spatial streams
• Modulação em 256-QAM
• Canais de 80 MHz
• Velocidades de até 1.3 Gbps
A segunda fase, que começará a surgir no segundo semestre de 2014, trará os
reais benefícios de 802.11ac:
• 4 spatial streams
• Canais de 160 MHz
• Tx Beamforming
• Mu-mimo
Entendendo os benefícios decorrentes da nova tecnologia
Na primeira fase teremos um maior rendimento. É como se tivéssemos que entregar
pacotes de uma cidade para outra e para isto precisássemos de dois caminhões
para transportá-los. Com o 802.11ac os caminhões andaram mais rápido liberando a
estrada para o segundo caminhão.
Já na segunda fase com Mu-mimo, poderemos ter dois caminhões trafegando
simultaneamente utilizando assim ao máximo as estradas (streams) disponíveis.
Os dispositivos passam a operar com melhor taxa por distância, isto quer dizer
que a uma mesma distância, dispositivos com tecnologia 802.11ac terão maiores
velocidades que dispositivos 802.11n.
O meio estará livre mais rápido devido às altas taxas de transmissão,
possibilitando um maior número de clientes conectados simultaneamente.
Com maior velocidade de transmissão, os dispositivos como smartphones e tablets
estarão transmitindo por menos tempo, consequentemente haverá menor consumo de
bateria.
Para a adoção de 802.11ac
Os uplinks dos pontos de acesso necessariamente devem ser a Gbits, porém, para a
segunda fase em que as velocidades passaram de 1.3 Gbs, mais de uma interface
por ponto de acesso deve ser considerada.
A utilização de POE+ será quase que obrigatória. Os switches POE devem prover
802.1at para se obter o máximo dos pontos de acesso. Características como
suporte a firewall e QoS em camada 7, controle de aplicação, portais de visita,
MDM, BYOD não podem ser perdidas pelo simples fato de se adotar uma nova
tecnologia.
Sem dúvida existe muito mais a ser explorado sobre esta tecnologia, mas esta
evolução não pode de forma alguma gerar complexidade nas rede corporativas
existentes. A adoção de uma tecnologia utilizando arquitetura de controle
distribuído e gestão simplificada é quase que obrigatória para o sucesso do novo
padrão 802.11ac. Arquiteturas criadas para redes que operavam a 54 Mbits, com
controladoras centrais provavelmente não poderão co-existir com o 802.11ac ou
necessitarão de um número infinito de adaptações que tornarão as redes
corporativas extremamente complexas e virtualmente impossíveis de se gerenciar.
A arquitetura com processamento e controle distribuído entre os pontos de acesso
e gestão por software simples e especializado serão mais adequadas para as
corporações.