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Fonte: Valor Econômico
[09/05/15] 
Escolas ignoram Marco Civil, mas professor e aluno dividem rede social
Pesquisa feita com 400 escolas paulistas mostra que a educação digital está fora 
do currículo dos alunos do ensino médio e fundamental, que as instituições de 
ensino não sabem o que é Marco Civil da Internet e que estão desinformadas sobre 
a obrigatoriedade da inclusão da educação digital no sistema educacional 
brasileiro.
Os dados constam da primeira edição da pesquisa “Educação Digital nas Escolas 
Brasileiras” feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do 
Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).
Por meio de questionários, foram entrevistados 400 donos e diretores de escolas 
públicas e privadas, de ensinos fundamental e médio do Estado, para avaliar o 
nível do preparo dos dirigentes das escolas em relação ao uso de mídias sociais 
pelos alunos, os níveis de alerta e de conhecimento sobre cyberbullying e se 
existem escolas que já incorporaram em sua grade curricular a disciplina 
educação digital.
“Um dos fatos que nos surpreendeu foi saber que 82% das escolas públicas 
permitem que professores sejam amigos virtuais e mantenham contato com seus 
alunos em redes sociais e grupos de WhatsApp. O professor mantém maior contato. 
Já nas escolas privadas são 76,75%”, diz o advogado Renato Opice Blum, 
presidente do conselho de TI da federação.
Mas também chama a atenção, ressalta, que entre as que afirmaram permitir o 
contato somente 36,59% das escolas públicas informaram estipular regras claras 
sobre essa relação virtual. Nas instituições privadas, sete em cada dez (72,64%) 
disseram possuir regras de conduta.
A pesquisa destaca ainda que metade dos dirigentes das escolas públicas 
informaram estar preparados para resolver os conflitos dos alunos ocorridos no 
ambiente virtual. Entre as escolas particulares, esse percentual é de 77,25%.
Quando o assunto é ter planejamento de procedimentos a serem adotados se 
ocorrerem conflitos ou incidentes digitais envolvendo seus alunos, como 
cyberbullying e sexting (o ato de compartilhar mensagens de conteúdo sexual 
usando das tecnologias digitais com uma ou mais pessoas) 64,2% das escolas, na 
média, se dizem preparadas. Entre as públicas, esse percentual é de 55% e nas 
privadas, 66,5%.
“No caso de cyberbullying o que vemos, de forma geral, é que há um atraso da 
escola em tomar conhecimento. E, ainda que tome ciência de forma atrasada, não 
há um comitê multidisciplinar formado, com pedagogos, advogados e psicólogos, 
para avaliar medidas e buscar alternativas com agilidade”, diz Blum.
Em março deste ano, alunos do colégio Bandeirantes vazaram informações em redes 
sociais conteúdo de reuniões sigilosas de professores da escola. Nelas havia 
informações pessoais sobre alunos e ex-alunos. O episódio virou polêmica sobre a 
forma como dirigentes lideram com o tema.
Responsabilidade
No geral, a maior parte dos dirigentes (68%) considera que a responsabilidade 
pelo que os alunos fazem na internet e em seus próprios dispositivos móveis 
dentro da escola é de pais, escolas e professores: 12,2% creditam a 
responsabilidade à escola; 9,6% aos pais; 8,4% aos professores; 1% não permite o 
uso na escola; e 0,8% não sabe ou não respondeu.
Sobre a relevância do tema “educação e cidadania digital” preparar o aluno para 
a era digital ensinando direitos e deveres, uso adequado das tecnologias e de 
segurança da informação e privacidade, 99,4% dos entrevistados admitem sua 
importância.
Entretanto, a maioria das escolas (95,6%) públicas e privadas do Estado de São 
Paulo afirma não possuir a disciplina Educação Digital em suas grades 
curriculares. Somente 4,75% das escolas privadas adotaram a disciplina, como 
determina o artigo 26 do Marco Civil da Internet - a lei 12.965, criada em abril 
de 2014, que regula o uso da internet no país. Nas escolas públicas, esse 
percentual cai para 1%.
Entre as escolas públicas, oito em cada dez (83%) não sabem o que é o Marco 
Civil da Internet e 54,12% não estão cientes da obrigatoriedade da lei que 
inclui o tema nas escolas. Outras 65,9% das instituições afirmaram que não há a 
intenção de incluir a nova disciplina na grade curricular.
“Curioso é que elas admitem a importância de discutir conceitos básicos de 
segurança, ética e responsabilidade no uso da internet com os alunos, antes de 
introduzir noções de informática, mas não pretendem instituir a disciplina”, 
afirma o presidente do conselho de TI da entidade.
“O envolvimento e a inserção de crianças, adolescentes e adultos no ambiente 
digital é uma realidade. Seja por meio de videogames, objetos, internet ou 
celulares. É extremamente necessário que profissionais, pais e educadores 
estejam aptos a lidar com esse cenário”, afirma.