Durante audiência pública 
	realizada na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e 
	Informática (CCT), que discutiu nesta quinta-feira (22) a implantação do 
	rádio digital no Brasil, o secretário de Telecomunicações do Ministério das 
	Comunicações, Roberto Pinto Martins, afirmou que o Estado deve adotar o 
	sistema que respeite as características do modelo brasileiro de 
	radiodifusão, bem como contemple todos os radiodifusores. Para ele, a 
	decisão não poderá excluir emissoras por questões de custo tecnológico.
	 
	Martins explicou que existem 
	os sistemas norte-americano Iboc (In-Band-On-Channel), que utiliza as mesmas 
	faixas de freqüência usadas na atualidade, tanto em freqüência modulada (FM) 
	como em amplitude modulada (AM); os europeus DRM (digital Radio Mondiale), 
	para AM, e DAB (Digital Audio Broadcasting), para FM; e o japonês ISDB (Integrated 
	Services Digital Broadcasting). Ele informou que o ministério está 
	desenvolvendo testes em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações 
	(Anatel) para escolher o melhor sistema para o Brasil.
	 
	Na opinião de Martins, a rádio 
	digital contribui para o aperfeiçoamento das mídias, uma vez que, segundo 
	ele, as emissoras farão uso mais eficiente do espectro de freqüência, bem 
	como terão possibilidade de realizar transmissões com maior qualidade. Ele 
	também disse que o rádio tem alta penetração e a digitalização também poderá 
	oferecer novas oportunidades de negócios com publicidade.
	 
	Na opinião do assessor técnico 
	da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) Ronald 
	Siqueira Barbosa, o sistema Iboc, por ser hibrido - transmite tanto de forma 
	analógica como digital -, poderá melhor se adequar às necessidades 
	brasileiras. Ele disse que, ao adotar tal sistema, as empresas poderão 
	continuar a transmitir suas programações analogicamente até que tenham 
	condições de implantar o sistema digital. Para o assessor, também o público 
	é beneficiado ao continuar recebendo sua programação preferida sem a 
	necessidade de haver mudança de freqüência ou de identidade da emissora.
	 
	O gerente-geral de 
	Administração de Planos e Autorização de Uso de Radiofreqüências da Anatel, 
	Yapir Marotta, disse que a agência ainda não tem subsídios para fazer 
	recomendações conclusivas ao Ministério das Comunicaões em relação ao melhor 
	sistema a adotar. Ele informou que, das 20 autorizações para realizar 
	testes, foram efetivados 18 testes e destes, apenas cinco apresentaram 
	relatório. A Anatel, disse ele, decidiu elaborar procedimentos de testes em 
	parceria com a Universidade de Brasilía (UnB), cujos resultados estão 
	disponiveis no site da agência: 
	http://www.anatel.gov.br. Yapir 
	Marotta também informou que não existem resultados conclusivos sobre se as 
	emissoras de rádio comuntiárias poderão ser inseridas nos sistema digital. 
	 
	O professor do Departamento de 
	Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Lúcio Martins da Silva 
	alertou para o fato de que o processo de implantação de rádios pode não ter 
	sucesso. Ele disse que, ao mesmo tempo em que há necessidade de digitalizar 
	para que o rádio não fique ultrapassado em relação às demais mídias, há 
	risco de não adesão das empresas e por parte do público. Ele informou que as 
	empresas radiodifusoras precisarão investir cerca de cerca de cem mil 
	dólares em equipamentos para transmitir de forma digital e que também os 
	usuários precisarão comprar novos receptores.