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Fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[07/01/10]   Rádio digital no País está entre os EUA e Europa - por Gerusa Marques - Agência Estado

Brasília (AE) - A televisão digital já completa dois anos em operação no País, desde a sua inauguração na cidade de São Paulo, em dezembro de 2007, mas o rádio ainda aguarda uma definição do governo sobre qual sistema digital será adotado no Brasil. A disputa está entre o padrão americano - preferido pelas emissoras - e o padrão europeu, ainda em fase de testes no Brasil.

A estimativa mais recente, feita em setembro pelo Ministério das Comunicações, era de que o anúncio da decisão seria feito pelo governo até dezembro, mas não há perspectivas de quando a escolha será feita. As emissoras de rádio tinham optado pelo padrão dos Estados Unidos, sob o argumento que dá para manter na mesma frequência tanto o sinal digital quanto o analógico, sem precisar de um novo canal, como ocorre no caso da TV.O governo, porém, foi pressionado a pensar melhor sobre a questão, em virtude dos problemas detectados no padrão americano, como interferências entre sinais digitais e analógicos e redução no raio de alcance das emissoras.

A escolha de um padrão digital para o rádio - veículo que tem uma história de mais de 80 anos no Brasil - vem sendo discutida pelo governo desde 2007, quando a tendência era a de se optar por um sistema híbrido. Assim, seria escolhido o padrão americano para as emissoras AM e FM e o europeu para as emissoras de ondas curtas, que atendem principalmente à região amazônica.

A decisão é importante pela dimensão que o rádio tem no Brasil, presente em quase 90% dos domicílios do País. O principal ganho com a digitalização será a melhoria na qualidade do som e da recepção, com o fim dos chiados. A nova tecnologia permite que a rádio AM fique parecida com a FM, preservando o longo alcance, e a rádio FM terá um som igual ao de um CD.

No sistema digital, o rádio também passa a ter algumas funções de texto, como informar no painel do aparelho o título da música e o nome do cantor e do compositor. As emissoras também passarão a oferecer outros serviços de texto, como informações de trânsito, localização, previsão de tempo e resumo das notícias do dia. Esses serviços agregados também poderão ser fontes de novas receitas para as emissoras, com a venda de anúncios.

No Brasil, existem 4.339 rádios comerciais e 3.865 rádios comunitárias, segundo dados de novembro do Ministério das Comunicações.

Das emissoras comerciais, 2.425 são FM, 1.774 são AM, 74 operam em ondas tropicais e 66 em ondas curtas.

A expectativa de técnicos do setor é de que no prazo de um ano após a decisão pelo governo, todas as capitais e grandes cidades do País terão pelo menos uma emissora transmitindo em sinal digital. A partir do segundo ano, o rádio digital começaria a ser instalado em cidades de médio porte, até chegar ao interior. A estimativa é de que entre cinco e dez anos, o rádio digital estará em todo o Brasil.

A indústria, por sua vez está de olho na possibilidade de troca dos 200 milhões de aparelhos em funcionamento no País, o que reaqueceria o mercado. Entre estes aparelhos, estão desde o radinho de pilha até os equipamentos mais sofisticados, como os que vêm incorporados a aparelhos de home theater, por exemplo.

Um importante mercado para a expansão do rádio digital é a indústria automobilística, uma vez que os novos veículos já sairiam da fábrica com o aparelho digital. O prazo previsto pela indústria é de cerca de um ano entre a definição das especificações até a colocação do produto na prateleira.

No caso das emissoras, a estimativa é de que serão necessários, em média, 90 dias depois da definição do padrão para a compra e instalação de equipamentos. Assim como foi feito no caso da TV digital, o governo estuda a liberação de linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para financiar a troca de equipamentos de transmissão pelas emissoras.