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WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Rádio Digital --> Índice de artigos e notícias --> 2012
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Fonte: Sonia Pessoa
[24/01/12] 
Relatório Executivo sobre pesquisa - "Rádio digital: mapeamento das condições 
técnicas das emissoras" (realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Políticas 
de Comunicação da UnB - LAPCOM)
Apresentamos relatório executivo da pesquisa "Mapeamento das condições técnicas 
das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão 
digital sonora terrestre" realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Políticas de 
Comunicação da UnB (LAPCOM).
Os resultados indicam a necessidade de construção de políticas pública para 
migração das emissoras à tecnologia de transmissão digital terrestre. O desafio 
está na adaptação de um terço das emissoras que ainda utilizam transmissor 
analógico, a maior parte delas é comercial AM ou emissora pública. Para a 
migração ao digital será necessário a troca do sistema atual para transmissor 
modular. No entanto, a maioria das emissoras nesta situação dispõe de menos de 
150 mil dólares para investir em mudanças. A pesquisa destaca ainda aspectos 
relacionados as características técnicas, de produção e de infraestrutura física 
das emissoras; perfil dos profissionais; nível de conhecimento de técnicos e 
diretores sobre a transmissão digital; estratégias técnicas e econômicas de 
enfrentamento do processo de digitalização.
Em anexo estão dois arquivos para divulgação: 
1. Sugestão de texto para publicação e 
2. O relatório executivo da pesquisa que poderá ser disponibilizado.
Agradecemos a divulgação da pesquisa e colocamo-nos à disposição para qualquer 
outro esclarecimento.
Atenciosamente
Nelia Del Bianco
Carlos Eduardo Esch
Universidade de Brasilia
Faculdade de Comunicação
Laboratório de Políticas de Comunicação
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Fonte: FNDC
[Dez 2011]  
Rádio 
Digital no Brasil - Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio 
brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora 
terrestre
Relatório Executivo (formato pdf)
Pesquisadores
Nelia R. Del Bianco
Carlos Eduardo Esch
Brasília, dezembro de 2011
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Transcrição parcial
Resumo
Relatório apresenta os resultados da pesquisa “Mapeamento das condições técnicas 
das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão 
digital sonora terrestre” realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Políticas de 
Comunicação da UnB (LAPCOM) junto 750 emissoras, representando 96,45% das rádios 
instaladas no país.
O estudo demonstra que a maioria das emissoras está digitalizada na parte de 
produção, seja pelo uso de computadores ou de equipamentos de gravação e 
reprodução.
No entanto, 35% delas ainda funcionam com transmissor valvulado, especialmente 
entre as comerciais AM e educativas. Essa defasagem tecnológica merece reflexão, 
uma vez que a capacidade de investimento manifestada pela maioria das emissoras 
(81%) para promoverem adaptações à tecnologia digital, não alcança sequer os 
US$150 mil.
Com relação ao nível de informação que os profissionais do setor possuem sobre a 
digitalização das transmissões radiofônicas, a maior parte dos técnicos e 
gerentes de emissoras acompanham as discussões sobre o tema pela imprensa. 
Metade afirma ter somente conhecimentos básicos sobre as tecnologias que estão 
sendo discutidas para a digitalização do rádio. Pouco menos de 8% dos técnicos 
já participaram de algum treinamento e curso de especialização ou visitaram 
emissoras que realizaram testes com sistemas digitais.
O processo de discussão sobre a mudança tecnológica é criticado pelos 
radiodifusores. Pouco mais de um quinto das emissoras diz que o processo está 
mais lento e centralizado do que deveria (21%), que não tem sido realizado com a 
devida clareza e quantidade de informação (16%), e tem sido marcado pela 
ausência de políticas claras por parte do governo (16%).
O estudo demonstra que os radiodifusores estão à espera de políticas públicas 
para enfrentar a transição. As medidas aguardadas pelo setor são isenção fiscal 
na compra de
equipamentos (57%), estabelecimento de uma política industrial coerente (9%) e a 
abertura de linhas de crédito nos bancos oficiais para financiamento da 
modernização tecnológica
das emissoras (8%).
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Sumário
O estudo
Perfil das emissoras
Digitalização do processo de produção
Acesso à Internet
Estrutura de transmissão
Conhecimento sobre o rádio digital
Expectativa em relação ao rádio digital
Políticas públicas para a transição tecnológica
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1. O ESTUDO
A pesquisa “Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras 
e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre” (1) foi 
realizada no período de 2009-2011.
A composição da amostra foi constituída a partir da elaboração de um banco de 
dados com informações sobre 6.338 emissoras AM, FM, OC e OT de caráter 
comercial, educativo, cultural, público e comunitário. Para tanto, foram tomados 
como referência os registros do cadastro do Ministério das Comunicações, da 
Anatel e do Anuário de Mídia do Grupo de Mídia de São Paulo (2). 
Foram utilizados dados relacionados à identificação da rádio tais como a 
freqüência, o tipo de concessão, o prefixo e a localização.
Para realizar a investigação foi criado um sistema informático que permitiu a 
geração automática de senhas de acesso destinadas ao uso exclusivo de emissoras 
que aceitaram responder ao questionário eletrônico disponibilizado no site 
www.lapcom.unb.br. 
A ação de pesquisa foi complementada pela distribuição de um questionário 
impresso para as emissoras cadastradas juntamente com um envelope de porte pago. 
Essa medida permitiu àquelas rádios que não dispunham de acesso à Internet 
responderem o formulário e enviá-lo pelos correios sem custos.
Durante a investigação foram utilizadas mais duas estratégias para garantir 
maior participação dos radiodifusores: o envio de e-mail marketing personalizado 
e ações continuadas de telemarketing junto àquelas que não responderam 
responderam ao questionário dentro do prazo inicial estipulado pelos 
pesquisadores.
(1) A pesquisa foi financiada pela Fundação Ford.
(2) Foi necessário obter informações sobre as emissoras em outros bancos de 
dados não oficiais, a considerar o elevado nível de desatualização dos dados de 
cadastro das emissoras junto ao Ministério das Comunicações disponíveis no 
Sistema de Controle de Radiodifusão em 2009 ano de constituição da amostra.
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Amostra
A amostra da pesquisa é constituída por 750 emissoras brasileiras:
Composição da Amostra
(figura)
Desse grupo, 56% são FMs (incluídas 14% de comunitárias) e 43% AMs. Nos dois 
sistemas de transmissão, predominam as emissoras comerciais. A maioria está 
instalada nas regiões Sul e Sudeste.
A quantidade de emissoras ouvidas na pesquisa comparada com o total de registros 
de rádios legais contidos no banco de dados elaborados para esta investigação, 
permite afirmar que os resultados parciais aqui apresentados correspondem, 
estatisticamente, a 96,42% do perfil das rádios brasileiras.
Portanto, o erro amostral do estudo é de 3,58% do universo analisado. 
Importância
A pesquisa oferece um diagnóstico inédito no país que reúne dados sobre:
- as características técnicas, de produção e de infraestrutura física das 
emissoras;
- perfil dos profissionais;
- nível de conhecimento de técnicos e diretores sobre a transmissão digital;
- estratégias técnicas e econômicas de enfrentamento do processo de 
digitalização.
O conjunto de informações oferece subsídios para a construção de políticas 
públicas aplicadas ao processo de transição tecnológica do rádio analógico para 
o digital.
Com os dados coletados e interpretados é possível estabelecer padrões de 
classificação geral das emissoras em relação à sua adaptabilidade aos possíveis 
sistemas digitais de transmissão.
2. PERFIL DAS EMISSORAS
Predominam no país as pequenas e medias emissoras com características e 
programação locais, além de infraestrutura física e quadro de profissionais 
limitados.
Programação
74% das rádios não integram rede por satélite. E dos 26% que estão em rede, 
apenas 13% são cabeça de rede, a grande maioria é afiliada.
Emissoras em re de via satélite
(figura)
A programação predominante é uma combinação, até certo ponto equilibrada, entre 
jornalismo, música, prestação de serviço e programas de variedades com 
comunicadores populares. Menos de 4% delas declararam ter programas comunitários 
em sua grade de programação, sendo que das que possuem, a grande maioria se 
concentra em rádios comunitárias.
(figura)
Estrutura física
Em geral, os setores das rádios pesquisadas são pequenos e estão instalados em 
espaços que não ultrapassam 7 salas, já incluindo aí, os espaços destinados à 
direção, produção de conteúdo, estúdios e áreas técnicas e administrativas.
(tabela)
Generos de programas em percentagem
As condições de instalação desses setores apresentam acentuadas precariedades e 
os recursos disponíveis para trabalhar se apresentam reduzidos.
Contexto este que indica um perfil das condições de produção bem limitado 
determinando programações ancoradas, primordialmente, no poder comunicativo e 
carisma pessoal de seus comunicadores e na utilização de músicas, com pouca 
produção nos programas em geral e no próprio jornalismo.
Perfil dos profissionais
Pouco mais de 38% das rádios não têm em seus quadros jornalistas com formação 
superior e quase 27% delas também indicam que não possuem produtores graduados. 
Das emissoras que possuem jornalistas, 47% delas tem entre um a três 
profissionais graduados e 53% afirmam possuir entre um a três jornalistas 
provisionados. Nas emissoras que registram a presença de produtores, 34% 
apresentam entre um a três produtores com graduação em comunicação e 66% possuem 
entre um a três produtores sem qualquer formação universitária.
O maiores índices de profissionais sem formação superior concentram-se em 
emissoras comerciais AM e FM, além das comunitárias.
(tabela)
Quadro de profissionais das emissoras 
Os dados obtidos sinalizam condições desfavoráveis à produção de conteúdo 
jornalístico, informativo e mesmo de entretenimento, especialmente se for 
considerada a forte presença e importância de locutores e comunicadores dentro 
do quadro de profissionais das estações e na estruturação de seus programas.
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7. EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO RÁDIO DIGITAL
Apesar das criticas ao processo de 
discussão da digitalização do rádio, há uma expectativa bastante positiva dos 
radiodifusores com relação aos possíveis ganhos que a nova tecnologia irá 
proporcionar às emissoras. Esperam que com a digitalização se consiga uma 
melhora significativa da qualidade de som (36%), se incremente a oferta de 
produtos adicionais (16%), se produza um aumento da audiência (13%) e do tão 
desejado faturamento (11%). Por outro lado, poucos enxergam na tecnologia o 
potencial para conquistar novos ouvintes que se diferenciem do perfil atual ou 
chegam a acreditar na melhoria da gestão do negócio rádio.
O otimismo com as melhorias técnicas se contrapõe à crítica que os 
radiodifusores fazem à forma como vem se desenvolvimento as discussões sobre a 
digitalização do rádio no Brasil. Pouco mais de um quinto das emissoras acha que 
o processo está mais lento do que deveria (21%); pouco mais de sexto delas 
considera que as discussões estão centralizadas e acontecem ao redor de poucos 
radiodifusores. Para aproximadamente um sexto das rádios o processo não tem sido 
realizado com a devida quantidade de informação (16%), e tem sido marcado pela 
ausência de políticas claras por parte do governo (16%).
Políticas públicas
Os radiodifusores estão à espera de políticas públicas que possam ajudá-los a 
enfrentar os enormes desafios que a transição irá impor as emissoras. As medidas 
de apoio que os radiodifusores acreditam que podem ser mais importantes nesse 
processo são a isenção fiscal na compra de equipamentos (57%), estabelecimento 
de uma política industrial coerente (9%) e a abertura de linhas de crédito nos 
bancos oficiais para financiarem o processo de modernização tecnológica das 
emissoras (8%). No entanto, é preciso considerar que 19% das emissoras disseram 
não saber bem quais medidas devem ser tomadas ao longo do processo de migração.
Os resultados apresentados indicam a necessidade de construção de políticas 
públicas que favoreçam a migração do rádio analógico para o digital e colaborem 
para vencer as reais ameaças a sustentabilidade do meio como negócio surgidas a 
partir do aprofundamento da atual crise econômica vivida pelas estações 
brasileiras, notadamente as emissoras de Amplitude Modulada.
Entre os radiodifusores há o temor de que processo de incorporação tecnológica e 
a falta de investimento, planejamento e estratégia poderão condenar emissoras, 
como as de Amplitude Modulada, por exemplo, ao isolamento do sistema de 
radiodifusão digitalizado caso não sejam tomadas medidas urgentes. Alguns 
depoimentos de radiodifusores de comerciais AM ilustram essa situação:
****
“A digitalização será uma realidade inevitável, mas ainda existem muitas 
indagações quanto a viabilidade das emissoras em se adaptar a essa nova 
tecnologia cara. Existem também limitações técnicas com relação ao alcance do 
sinal digital qual a capacidade de emissoras de pequeno e médio porte em 
suportar os custos e gerir o negócio radio. Quando os receptores digitais vão 
chegar ao mercado com preço acessível? Com os novos conteúdos como essa nova 
ferramenta de fato aumentará o faturamento? São muitas as dúvidas nesse
contexto. Viabilidade é o fator que vai delimitar o tempo de transição.”
“As emissoras que tem outorga para transmitir apenas em AM, deveriam receber do 
Governo Federal autorização para transmitir em FM até que o novo sistema de AM 
digital se transformasse em realidade, pois do jeito que está não tem como 
competir com as rádios FM.”
“...o rádio AM precisa de uma solução que o coloque em pé de igualdade com as 
demais mídias e a digitalização é a nossa salvação e único caminho para 
sobreviver...”
“Digitalizada, o AM poderá voltar a faturar o que faturava até 9 anos atrás. O 
que colocou a rádio no vermelho foi a instalação das rádios piratas, 
erroneamente chamadas de comunitárias. Elas cobram apenas 25% do valor de uma 
hora de programa avisos e outras notas. Chegamos a ter até 6 rádios piratas no 
município. Hoje são apenas 3, mas abalam fortemente a nossa arrecadação. O 
Governo cobra absurdos da rádio AM.
*****
Ao mesmo tempo em que se manifestam otimistas em relação às vantagens que 
poderão obter com a implantação do rádio digital, os radiodifusores demonstram 
insegurança gerada pelas indagações que existem sobre a sobrevivência do meio, 
pelas dúvidas advindas com a crise comercial e financeira vivida pelo setor, 
somadas à falta de perspectiva da realidade atual.
***** 
“...É difícil afirmar algo, por conta das incertezas do setor. As dificuldades 
financeiras são intermináveis, e não nos permitem falar em investimento. O 
mercado publicitário está, aos poucos, desconsiderando nosso poder como veículo 
de mídia, o que é uma falta de conhecimento grande do comportamento das pessoas, 
que não deixaram de ouvir rádio. Mas ainda
há esperança de que poderemos sobreviver com este meio nos próximos 20 anos... 
Em suma: com ou sem rádio digital, os próximos 5 anos serão difíceis demais, 
como foram os últimos 5 anos...”
“...luto todo o dia para atravessar o 
atoleiro e manter a rádio em pé. Quanto ao futuro do rádio vejo-o com muitas 
dificuldades e incertezas para sobreviver...”
“...é preciso uma maior aproximação do Ministério e disponibilizar meios que 
possibilitem a modernização das emissoras do país. Desenvolver uma política que 
ajude os radiodifusores.”
 ****************
Os resultados da pesquisa apontam que o maior nível de incerteza está entre as 
emissoras de pequeno e médio porte situadas no interior do país. Entendem os 
radiodifusores que esses tipos de estações são desconsideradas pelos atores 
envolvidos no debate da digitalização, especialmente o governo e a Abert.
As incertezas também rondam as emissoras comunitárias:
***********
“A situação das rádios comunitárias no Brasil é a mais precária possível. Só 
sobrevivemos por amor à causa. A lei 9.612 deixa bem claro que é proibida a 
veiculação de propaganda comercial de qualquer tipo. Imaginem a nossa situação 
em particular. Moramos em um município com pouco mais de 6000 habitantes, cuja 
renda per capta é baixíssima. Como vamos prestar serviços, pagar aluguel, água, 
luz, telefone etc...só com doações? O Ministério das Comunicações deveria adotar 
um critério para avaliar a realidade, não um a
um, sabemos que é impossível, mas que verificasse a verdadeira realidade.”
“Incerteza, pois para as rádios comunitárias de cidades do interior será 
impossível se adaptar ao novo sistema devido aos altos custos...O Ministério das 
Comunicações deveria se preocupar em desburocratizar primeiro o sistema de 
licença das comunitárias ao contrario de se preocupar com o sistema para o 
digital.”
“O nosso caso é bastante complexo moramos numa cidade do interior do Pará com 
uma população de 23 mil habitantes e o nosso apoiadores culturais são poucos. 
Não dá para nos garantir um futuro promissor.
Esperamos que o governo federal reparta o bolo da mídia para as emissoras 
comunitárias porque correm o risco de extinção.”
Os radiodifusores têm expectativa de que as ações de fomento por parte do 
governo devem ser de amplo espectro, alcançando desde a promoção de capacitação 
técnica dos profissionais do setor até o estabelecimento de um conjunto de 
estratégias – financeiras e fiscais - que permitam as emissoras obterem níveis 
de capitalização para realizar, em um primeiro instante, os investimentos 
exigidos pela migração tecnológica e, em um segundo momento, continuarem a 
existir no novo sistema digital.
Depoimentos de dirigentes de rádios AMs e FMs mostram a dificuldade de fazer 
mudanças com recursos próprios:
********************
“Sem condições de melhorias. Nosso faturamento bruto mensal mal chega a R$ 
10.000,00. (..) Qualquer projeto de implementação do Rádio Digital que não 
considerar tais especificidades, trará, para as pequenas emissoras, ainda mais 
dificuldades para a subsistência das mesmas. Exemplo disso é que funcionamos há 
52 anos e ainda não temos sede própria.”
“Uma emissora AM de cidade com menos de 50.000 habitantes, hoje tem seu valor 
bruto para venda na faixa de 150 a 200 mil, como investir qualquer importância, 
além disso toda cidade do Brasil tem uma rádio pirata ou comunitária que 
atualmente faturam muito mais que as AMs locais.”
“ Rádio comercial FM numa cidade com menos de 20 mil habitantes e comércio muito 
fraco, mal consegue se sustentar. A concorrência desleal das rádios comunitárias 
que realizam práticas comerciais e mais os desafios da implantação do rádio 
digital fazem com que a perspectiva para o futuro seja incerto.” 
******************
Essas manifestações expressam o contexto de crise resultante de um complexo 
conjunto de causas como: a) a falta de apoio do governo por meio de políticas 
públicas de investimento para a modernização e desenvolvimento do setor; b) a 
“competição comercial desleal” de emissoras “comunitárias e piratas” em todo o 
país; c) a falta de uma política fiscal igualitária entre as emissoras 
comerciais, comunitárias e educativas por parte dos governos; d) crescente perda 
de audiência em grandes centros e, consequentemente, de faturamento; e) crise
de faturamento que levou a falta de investimentos na renovação da programação, 
especialmente em emissoras AMs.
Registre-se ainda, que parte dos radiodifusores também acredita que a crise 
atual vivida pelo setor é originária da falta de um maior profissionalismo e 
estratégia de planejamento empresarial no sentido de repensar o chamado “negócio 
rádio”. Neste caso, a modernização do setor também passaria por qualificar as 
ações de produção de conteúdo e de venda de programação junto ao mercado 
publicitário.
Clamores para o que o governo estabeleça um conjunto de políticas públicas 
coerentes no âmbito industrial, fiscal ou de crédito que representem efetivo 
apoio a todos os setores da cadeia produtiva que darão sustentação a implantação 
de uma nova base tecnológica no rádio brasileiro, são os principais argumentos 
que embasam as manifestações dos pequenos e médios radiodifusores. Esse 
chamamento para que o governo atue de modo articulado em diversas frentes de 
ação também marca o discurso das emissoras comunitárias, educativas e
públicas participantes da pesquisa.
Essas condições demonstram o quanto é urgente que o governo e demais atores 
privados envolvidos na questão promovam amplas discussões com o objetivo de 
refletir sobre a complexa situação na qual se encontra o rádio e os instrumentos 
que esse meio irá dispor para afrontar as distintas transformações advindas com 
a alteração tecnológica que já está no horizonte. A mensagem dos radiodifusores 
é clara: não há mais tempo a perder e o processo de debate, testes e a definição 
do sistema técnico a ser adotado na digitalização do meio,
deve acontecer o mais rápido possível, sem interrupções e com o devido apoio e 
condução dos setores governamentais responsáveis. 
Depoimentos de emissoras comerciais ilustram essa observação:
“O rádio está sendo deixado de lado para o governo, o sistema não foi ainda 
decidido. Eu vejo a minha emissora daqui há cinco anos como estamos hoje. Temos 
que acreditar em nossa capacidade de gerir o negócio com os instrumentos que nos 
possibilita a manter grande a audiência com a reinvenção todos os dias.”
“Em se tratando de tecnologia, principalmente no que se refere ao rádio digital 
é uma mudança que não tenho idéia. Mas temos que avançar nas discussões e ter 
uma melhor atenção por parte do governo... Não podemos esperar mais, pois o 
tempo é curto... A digitalização é feita por região econômica, imagina quando 
isso vai chegar até nos do nordeste
brasileiro!”
“Esperamos que com a implantação do rádio digital possamos fazer uma verdadeira 
revolução mercadológica, principalmente no campo das ferramentas da internet 
(relacionamentos), casando o rádio com o twitter e similares, por exemplo. A 
digitalização, em minha opinião, vai fortalecer este relacionamento com a 
internet. Assim, creio, manteremos a nossa
audiência, onde somos líderes no mercado, e aumentaremos nosso faturamento. Duas 
grandes metas para a nossa emissora.” *******
É imperioso que o Ministério das Comunicações assuma, de fato, o seu papel 
governamental e conduza o debate público sobre a digitalização, estabelecendo 
para isso, fóruns permanentes para a discussão de parâmetros – técnicos, 
políticos, econômicos e regulatórios - que dotem o novo sistema de legitimidade 
social. Situação esta que poderá permitir ao governo (,cumprir a difícil tarefa 
– retirar isso!!!!) solucionar uma equação complicada: conduzir o processo de 
modo a que se tenha um sistema de rádio digital, tecnicamente viável, eficaz em 
alcance e qualidade de áudio, economicamente sustentável, representativo dos 
interesses sociais e com parâmetros de acesso democrático. Nesse caminho, 
certamente
o governo terá que tomar medidas – técnicas e políticas - que irão contra os 
interesses de segmentos historicamente poderosos da radiodifusão nacional. A 
trajetória é incerta, as necessidades são reais e o desafio está lançado.