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Fonte: IDG Now!
[25/09/06] Entrevista:
TSE diz que urna eletrônica é segura - por Daniela Braun
São Paulo - Secretário de tecnologia do TSE, Giuseppe Dutra Janino, rebate
críticas à segurança das eleições eletrônicas em entrevista ao IDG Now!
Na avaliação de Giuseppe Dutra Janino, secretário de tecnologia da informação do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o processo eleitoral eletrônico é cada vez
mais transparente.
Em entrevista ao IDG Now!, Janino rebate críticas relacionadas a possibilidades
de fraudes nas eleições eletrônicas, afirmando que o TSE ainda estuda a abertura
das urnas eletrônicas para testes de segurança, em 2007, nos moldes dos testes
de penetração realizados pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, em
setembro.
O processo de auditoria das urnas eletrônicas foi considerado insuficiente
por alguns partidos como PDT e PT. O TSE tem alguma intenção de modificar este
sistema ou contratar uma empresa terceirizada para realizar a auditoria das
urnas?
Antes de mais nada, gostaria de dizer que este grupo que critica a urna desta
maneira o faz desde 1996 e, muitas vezes, os interesses são divergentes. O
interesse do TSE é justamente tornar o voto informatizado, o mais transparente e
seguro possível. Aparentemente, este grupo deveria ter o mesmo interesse, mas
infelizmente, na prática isso não acontece na totalidade.
Nosso objetivo é justamente ouvir sempre este tipo de crítica e tudo o que é
pertinente tentamos implementar justamente com transparência e segurança.
O processo tem dez anos de implementação e a nossa diretriz é justamente a
melhoria contínua do processo. Então, essa questão da abertura do software já é
um resultado disso.
Em torno de 1998 e 2000 havia apenas uma semana para que todos os programas
fossem avaliados. Hoje, colocamos o prazo de seis meses justamente pelo fato de
haver a solicitação por parte dos partidos. Atualmente, colocamos os sistemas
abertos por um período de seis meses para que eles possam ser avaliados na sua
totalidade, desde a sua concepção até a avaliação final. Permitimos que os
partidos contratem empresas especialistas no assunto para que possam fazer uma
análise efetiva.
No final destes seis meses, assinamos o software digitalmente, após a última
análise por parte destes técnicos. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o
Ministério Público Federal têm a oportunidade de analisar, assinam junto e aí
disponibilizamos esses softwares para serem carregados nas urnas eletrônicas.
Cabe ressaltar que, além de assinarmos digitalmente, permitimos que os partidos
políticos assinem com suas próprias chaves [criptográficas] para que eles possam
fazer esta verificação em qualquer tempo e local do País.
Além disso, publicamos também os resumos digitais (hashes) de todos os programas
usados na eleição na internet. Isso possibilita que qualquer fiscal, de qualquer
parte do País, possa fazer uma análise efetiva com relação à integridade dos
programas que já foram examinados e assinados pelos partidos políticos.
Qual a posição do TSE a respeito de testes de segurança feitos com urnas
eletrônicas, incluindo equipamentos brasileiros usados nas eleições do Paraguai?
Parece que alguns partidos solicitaram a realização de testes de penetração ao
TSE e o processo ficou parado.
Existe uma tendência de vincular o Brasil com o Paraguai com o objetivo de
distorcer a imagem do País O Brasil cedeu ao Paraguai 17 mil urnas do modelo de
1996, que já não utiliza mais e passou a tecnologia e o conhecimento em termos
de gestão de eleição informatizada. O Paraguai já faz hoje a sua eleição com o
conhecimento que cedemos e os procedimentos com relação à eleição.
Mas a urna é simplesmente um computador. Se você não tiver um procedimento
definido dentro de um processo consistente e completo de segurança, todo
computador vai ser falho. E o processo utilizado no Brasil é bastante
consistente, com maturidade de dez anos, que vem evoluindo neste tempo e que
hoje se encontra em uma situação de extrema confiabilidade em relação à
transparência e à intenção do eleitor no ato de votar.
O TSE tem o objetivo de permitir os testes de inseminação?
O TSE está aberto a fazer testes, inclusive o teste de penetração, só que
pedimos um adiamento em virtude de estarmos em pleno ano eleitoral. Nós
pretendemos fazer isso mais adiante, provavelmente no ano que vem, dentro de uma
especificação baseada em procedimentos acadêmicos, de normas e padrões
internacionais.
Nossas urnas são 'e-virtuais' com um processo totalmente digitalizado. A
impressão do voto eletrônico pode diminuir os riscos de fraudes?
Já passamos por essa experiência. Em 2002, houve a aprovação de uma lei no
Congresso obrigando que fosse feita a impressão do voto servindo para auditar o
mecanismo eletrônico. Isso foi implementado e se verificou que era um
procedimento totalmente inócuo, porque a grande motivação da informatização do
processo é justamente eliminar procedimentos manuais e a intervenção humana no
processo. Naquela situação, o voto impresso (manual) estava auditando o processo
eletrônico. Entendemos que era um mecanismo falho e que foi constatado na
prática já em 2002.
Dentro de um processo de melhoria contínua, ao invés de ser impresso em papel, o
voto é guardado nas memórias internas da urna eletrônica, como se fosse a
cédula, só que em forma digital. Isso permite, inclusive, a recontagem dos
votos.
É possível haver fraudes no processo de inseminação das urnas eletrônicas?
Quem divulga este tipo de fraude não conhece o processo na sua totalidade. Não
há possibilidade de se fazer tal procedimento pelo menos sem que se tenha
conhecimento de que aquilo foi praticado. Existe uma série de controles que não
permite que se faça uma alteração em um determinado código porque todos os
programas são assinados digitalmente.
No momento em que eles entram lá [na urna] a primeira coisa que é feita é
verificar se as assinaturas batem. Se elas não batem, automaticamente, o sistema
é paralisado. No momento em que se liga a urna e todos os sistemas, a primeira
coisa que é feita é verificar as assinaturas digitais.
As assinaturas digitais assinam também os resumos (hashes) - dígitos
verificadores de cada programa. Se for alterada uma vírgula de determinado
programa, a assinatura digital de todo aquele conjunto não vai bater mais. E
isso, a urna faz sempre que entra no ar.
Vamos supor que haja a possibilidade de alguém conseguir romper os lacres
físicos - embora a urna seja totalmente fechada - sem deixar pistas, ter acesso
aos cartões de memória e faça alterações nos programas. No momento em que o
sistema entrar no ar isso não vai funcionar. Além de outros controles
matemáticos de software que embutimos nos procedimentos físicos de segurança
envolvidos no processo, incluindo o acesso físico aos equipamentos.
As críticas ao processo de auditoria argumentam que o período de seis meses é
muito curto e que mudanças nos softwares podem ser feitas até uma semana, antes
da assinatura dos programas. Isso é fato?
Remos registro dos partidos que realmente vêm diariamente e verificam o
software. Se houver realmente o acompanhamento do desenvolvimento tem todo o
ferramental para verificar exatamente o que foi alterado. Isso em uma análise
técnica não procede porque existem recursos que permitem que, fazendo realmente
o acompanhamento regular, você chegue ao final com um software totalmente
revisado. Então, não procede o que é dito.
O TSE tomou conhecimento do livro "Fraudes e Defesas no Voto Eletrônico", do
engenheiro Amilcar Brunazo, que atua como consultor técnico do PDT?
Sim. Tivemos conhecimento e a grande maioria do que é levantado ali não se
consegue implementar a não ser que se considere que toda a equipe desenvolvedora
seja corrupta, que todos os mesários sejam corruptos e que todos os fiscais de
partidos sejam corruptos. Partindo dessa premissa, ainda assim, existe a
possibilidade de se verificar que a fraude realmente foi implementada buscando
os registros de todas as operações realizadas nos sistemas por meio de logs, que
permitem que seja feita uma auditoria e detectada uma fraude.
Denúncias há várias, mas até hoje, com dez anos de implementação do voto
eletrônico, nenhuma delas foi confirmada.