Wireless |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Segurança do Processo Eleitoral --> Índice de artigos e notícias --> 2012
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na
Fonte: Contexto Livre
[16/01/12]
Urnas Eletrônicas com Biometria - o que há por trás da propaganda oficial
Comentário de Osvaldo Maneschi sobre dados biométricos e voto digitalizado.
Amigos, infelizmente a política de coleta de dados biométricos - o verdadeiro
Grande Irmão - do FBI está acontecendo em larga escala hoje no Brasil debaixo
dos bigodes de todos e só uma meia duzia de pessoas está nesta briga.
Aqui no Brasil, esse trabalho está sendo feito pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) com a desculpa que as urnas eletrônicas 100% inseguras que usamos, se
tornarão "mais seguras", com a coleta dos dados biométricos dos 180 milhões de
eleitores brasileiros. Esse trabalho - que vai custar muitos milhões - já
começou, está sendo feito pelo TSE em vários estados brasileiros, ao que nos
consta sem autorização formal da CGU ou de qualquer órgão de controle do
governo, por unica e exclusiva iniciativa da turma que controla a informática do
TSE.
Um absurdo!
O pior disso tudo é que estão usando software proprietário para o tal "acréscimo
de segurança" para que um eleitor não vote por outro, a fraude mais comum de
todas e que existe desde que as urnas eletrônicas foram introduzidas nas
eleições brasileiros em 1996, embora a propaganda do TSE garantisse que eram 100
por cento seguras - falácia que costumam repetir de vez em quando para convencer
basbaques.
Pois já começaram a usar a biometria nas eleições - constatamos nas ultimas
eleições para governador do Maranhão, há dois anos, que a biometria não adianta
de absolutamente nada, em se tratando de uso dessas urnas chinfrins que usamos
no Brasil, porque os presidentes de mesas podem, com um comando, quando existe o
falso negativo, botar quem quiser para votar no lugar do eleitor. Geralmente
eles próprios, na hora de fechar a votação, se aproveitando de quem não veio
votar. Ou fraudando mesmo descadaramente, votando no lugar do eleitor.
A biometria, embora custe milhões, pareça infalível, é mais uma prosopopéia para
enganar os trouxas que acreditam na seriedade das máquinas de votar de primeira
geração, totalmente dependentes de softwares, que não imprimem o voto, que
usamos no Brasil.
Só o TSE, a turma de olho grande da informática de lá interessada em gastar
dinheiro publico inutilmente tem interesse nisso. Detalhe, nessa coleta dos
dados biométricos de toda a população brasileira que estão fazendo, ou que
começaram a fazer, está embutida - já que se trata de software proprietário que
estão usando - a cessão desse banco de dados para o FBI norte-americano.
Prestem atenção: por que o TSE está coletando digitais dos dez dedos dos
eleitores brasileiros? Se fosse só para votar, fazer a maquineta reconhecer o
eleitor, não bastariam dois dedos - os indicadores de cada uma das mãos? Para
que coletar dez dedos.
Tem gente séria, da área da ciência da informação, denunciando mais esta
sacanagem contra o brasileiro comum há muito tempo. Vale a pena ouvir o que o
Amilcar Brunazo Filho, mediador do Forum do Voto Eletrônico (www.votoseguro.org)
e o professor Pedro Antonio Dourado Rezende, do Departamento da Ciência da
Computação da UnB, tem a falar sobre este assunto.
Abraço grande para todos.
Osvaldo Maneschy
---------------------------------------------------------------
1. Histórico - a biometria nas eleições
Até 2005, a Justiça (e administradora) Eleitoral alardeava que seu sistema
eletrônico de votação era 100% seguro e a prova de fraude quando,
surpreendentemente, em abril de 2005 promoveu um seminário para anunciar um novo
"Projeto Atualização do Cadastro de Eleitores" que utilizaria a biometria dos
eleitores (impressão digital digitalizada) para acabar com o "último reduto da
fraude eleitoral".
Com o peculiar ufanismo os ministros do TSE anunciavam:
Min. Carlos Velloso: "A urna eletrônica será aberta pela identificação
biométrica (do eleitor). Isso impedirá que outra pessoa vote no seu lugar”.
Min. Peçanha Martins: “A última tentativa de fraude que precisa ser extirpada
pela Justiça Eleitoral diz respeito à identificação do eleitor, que ainda
permite, por exemplo, que em alguns municípios se pratique a fraude da
substituição e até mesmo da ressurreição de eleitores”.
Em 2006 foram compradas as primeiras 25 mil urnas com sensor biométrico
acoplado, as Urnas Biométricas a um custo unitário de $900 Dólares
aproximadamente, mas em nota a imprensa o TSE anunciava que o custo para
adaptação de suas demais 355 mil urnas eletrônicas seria de apenas $15 Dólares
por unidade.
Mas esta estimativa estava totalmente errada. Até dezembro de 2010 foram
compradas aproximadamente mais 370 mil urnas biométricas novas a um custo
unitário médio de $750 Dólares, 50 vezes mais que o estimado.
Para fazer a coleta dos dados biométricos dos eleitores, o TSE comprou
equipamentos chamados de Kitbio.
Kitbio completo com laptop, leitor de digitais, máquina fotográfica e caixa de
transporte.
No final de 2007, o TSE comprou os primeiros 60 Kitbios que custaram mais de R$
13.500,00 por unidade, o dobro do estimado inicialmente.
Em março e abril de 2008 iniciou-se o recadastramento biométrico de eleitores
nas cidades de Colorado do Oeste (RO), São João Batista (SC) e Fátima do Sul
(MS), com a coleta das impressões digitais dos 10 dedos e da foto digitalizada
em alta resolução de cada eleitor. Em junho e julho ocorreram testes simulados
com os próprios eleitores.
Finalmente em outubro de 2008 ocorreu a primeira eleição com biometria nessas
cidades, sendo utilizadas apenas 100 das 25 mil urnas biométricas compradas.
Devido ao altíssimo custo, o TSE não efetuou o batimento biométrico, que é
conferência online das impressões digitais dos eleitores já cadastratados, que
teria que ser feita para evitar a duplicidade que gera os
eleitores-fantasmas-biométricos.
Em 2010, o reconhecimento biométrico do eleitor foi extendido para mais 60
cidades em 23 Estados, atingindo 1,2 milhão de eleitores. Foram utilizadas
apenas 3.000 das 380 mil urnas biométricas compradas até então.
Apenas 4 das 10 impressões digitais de cada eleitor eram usadas nas urnas
biométricas. As demais são colhidas pelo TSE mas não são utilizadas.
2. Objetivos não Cumpridos
A propaganda oficial do administrador eleitoral sobre as urnas biométricas tem
seguido o mote que seriam "as urnas eletrônicas mais modernas do mundo",
desenvolvidas para acabar com o "último reduto da fraude eleitoral", quer dizer,
com a possibilidade de um eleitor votar no lugar de outro.
Vejam, por exemplo, o
texto oficial do TSE:
Voto Seguro
:: IDENTIFICAÇÃO BIOMÉTRICA DO ELEITOR... merece destaque o desenvolvimento de
Urnas Biométricas, que processarão o voto a partir da identificação biométrica
do eleitor. A missão da Justiça Eleitoral brasileira é a de colocar nas mãos dos
brasileiros o futuro cada vez mais seguro para a democracia e levar o Brasil à
vanguarda tecnológica dos processos eleitorais em todo o mundo.
... O objetivo desse cadastramento biométrico é excluir a possibilidade de uma
pessoa votar por outra, tornando praticamente impossível a fraude ao
procedimento de votação.
Porém, quase nenhum dos objetivos do uso na biometria nas eleições foi atingido
como se lista a seguir:
01. A Fraude do Mesário - quando este libera o voto em nome de um eleitor
ausente - continua possível. Ver seção 3.
A Fraude do Mesário abaixo.
02. O titulo de eleitor com foto, chip e dados biométricos não foi implantado
como prometido em 2005. O novo título dado aos eleitores que se recadastraram é
idêntico ao anterior, isto é, sem foto do eleitor.
03. O custo de adaptação de $15 Dólares por urna não foi cumprido nem de longe.
Gastou-se 50 vezes mais que o orçado.
04. Na eleição de 2010, a taxa de falhas no reconhecimento biométrico do eleitor
foi 7%, muito superior a taxa prevista de 1%, revelando a baixa qualidade dos
dados biométricos coletados.
3. A Fraude dos Mesários
Contrariando o objetivo de "excluir a possibilidade de uma pessoa votar por
outra", a Fraude dos Mesários continua sendo possível mesmo com as urnas
biométricas.
Essa modalidade de fraude consiste em se aproveitar a ausência de fiscais para
inserir votos nas urnas-E em nome de eleitores que ainda não compareceram para
votar.
Há, em média, 15% a 20% de abstenção de eleitores em nome dos quais se pode
introduzir votos que, na gíria própria, "engravidam a urna". Isto viabiliza aos
mesários colocarem muitos votos nas Urnas-E em nome de muitos eleitores
ausentes.
Para tanto, basta liberarem o voto na urna-E pela digitação do número do eleitor
ausente que se obtem na Lista de Votação impressa disponível em todas as seções
eleitorais.
Na eventualidade de aparecer um eleitor em nome do qual já foi depositado um
voto, o mesário contorna o problema digitando o número do eleitor seguinte na
Folha de Votação. O eleitor poderá votar sem maiores problemas.
Uma curiosidade: mesmo mesários simpáticos a candidatos de partidos concorrentes
poderão estabelecer um conluio, aceitando colocar um voto de cada vez para cada
candidato. Os demais candidatos é que serão prejudicados.
As urnas com biometria não resolvem essa modalidade de fraude por causa do
problema do "falso negativo".
Como a leitura de impressão digital do eleitor pode falhar por dezenas de
motivos e como não se pode impedir eleitores legítimos de votar, é inevitável
ter-se que prover ao mesário uma forma de liberar a urna para o voto de um
eleitor legítimo que tenha sido recusado pela biometria na urna, como foi
regulamentado na Resolução TSE 22.718/08 (inciso VII do Art. 4º) e na Resolução
TSE 23.208/10 (inciso XII do Art. 2º), que permitem ao mesário liberar o voto
por meio de uma senha.
De posse desta senha - igual para todas as urnas biométricas -, mesários
desonestos simplesmente continuarão podendo votar por eleitores ausentes!
O TSE sempre divulgou que, em seus testes de campo, a taxa de liberação do voto
por senha do mesário era menor que 1%, mas não foi isso que se ocorreu na
eleição oficial.
Em 2010, 1º turno, a média nacional de votos liberados pelo mesário sem
reconhecimento biométrico do eleitor foi de 7%, havendo inúmeros casos acima de
20% e casos extremos acima de 60%.
Apresentamos a seguir o cabeçalho de alguns Boletins de Urna oficiais de 2010:
[Ver
figuras e tabela na fonte]
Esses exemplos deixam claro que as urnas biométricas não conseguem "excluir a
possibilidade de uma pessoa votar por outra".
4. O que a propaganda oficial não diz
Para justificar os enormes gastos com a biometria, em sua propaganda, a
autoridade eleitoral repete com insistência a falsa informação de que o uso da
biometria no processo eleitoral vai acabar de vez com a possibilidade de que
alguem vote no lugar de um eleitor ausente.
O que a publicidade oficial não mostra é que:
01. Embora toda a tecnologia de biometria utilizada pelo TSE (sofware e
hardware) venha do exterior, nos países de origem dessa tecnologia urnas
biométricas não são usadas porque não se admite fazer a identificação do eleitor
no mesmo equipamento de coleta do voto.
02. Todas as 312 mil urnas biométricas de modelo UE2009 foram compradas em
desrespeito à lei (que impede que a identificação do eleitor seja feita no mesmo
equipamento de coleta do voto).
03. A fraude do mesário, que cresce a cada eleição, continua sendo possível.
04. O titulo de eleitor continua não tendo a foto do eleitor, o que o tornou um
documento inútil e dispensável, como ocorreu na eleição de 2010.
05. A biometria nas eleições vai, no mínimo, dobrar o custo de cada eleição.
06. O TSE coleta e mantém em arquivo as impressões digitais dos 10 dedos
de cada eleitor, embora só use 4 delas nas urnas eletrônicas.
07. O TSE coleta e mantém em arquivo foto em alta resolução de cada
eleitor, embora só use para imprimir em formato 2x2 de baixa resolução nas
folhas de votação.
08. Todos esses dados digitais dos eleitores são coletados e arquivados em
padrão determinado pelo FBI norte-americano.
09. O custo para manter esses arquivos de alta segurança, mas inúteis, é
altíssimo.
Amílcar Brunazo Filho, engenheiro, é o Representante Técnico do PDT junto ao TSE
e coordenador do Fórum do Voto-E na Internet
No SOA Brasil