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Fonte: UOL
[29/08/14]
TSE admite que urna não é totalmente segura - por Bruna Borges
A cada eleição, a confiabilidade da urna eletrônica usada no país é colocada em
xeque. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) admite que os mecanismos para evitar
sabotagens na urna eletrônica "nem sempre 'garantidamente' impedem uma fraude",
mas defende que o sistema é aperfeiçoado à medida que é exposto a riscos e
vulnerabilidades.
Especialistas consultados pelo UOL afirmam que o sistema
eletrônico de votação utilizado no país não é totalmente confiável e não permite
auditoria.
"O que a Justiça Eleitoral tem buscado fazer é tornar eventuais fraudes
impingidas ao processo eleitoral inviáveis, impondo, ao eventual atacante, uma
sucessão muito numerosa de barreiras, tornando o esforço de se atacar muito
superior ao eventual benefício da fraude. Tais barreiras nem sempre
'garantidamente' impedem uma fraude, porém são concebidas de tal forma que o
invasor ou atacante, em sua tentativa, com grande margem de certeza, deixe suas
marcas, permitindo posterior identificação do autor, sua localização e o
instante da ação do ataque", afirma Giuseppe Janino, secretário de Tecnologia de
Informação do TSE, em entrevista por e-mail.
O funcionário do TSE também reconhece que "é incorreto afirmar categoricamente
que um sistema seja totalmente seguro" e "igualmente incorreto afirmar que ele
seja totalmente inseguro". Segundo Janino, o sistema eleitoral é dinâmico e é
aprimorado quando exposto a riscos.
O TSE realizou testes públicos para analisar a confiabilidade da urna eletrônica
apenas duas vezes, em 1999 e 2012. Uma equipe da UnB (Universidade de Brasília)
descobriu uma lacuna no sistema de segurança no último exame. Embora a
tecnologia evolua com o tempo, o tribunal não permitiu novos testes públicos e
não respondeu ao UOL por que não promoveu novas provas.
"É importante também deixar claro que há um compromisso entre segurança e custo.
Como exemplo, se me desloco de carro da minha casa para o trabalho e ganho um
salário de R$ 1.000 por mês, não faria sentido eu gastar mais de R$ 1.000 por
mês para, por exemplo, comprar um carro blindado ou contratar uma escolta. Em
suma, as barreiras devem ser implantadas de acordo com riscos e vulnerabilidades
reais e não baseado em suposições infundadas", completou Janino.
Questionado sobre o histórico de suspeitas de fraude, o TSE reconheceu que
algumas ocorrências foram identificadas. "Há alguns casos de suspeição de
fraudes, invariavelmente levantadas por candidatos derrotados no pleito. Todas
as denúncias formalizadas foram devidamente apuradas e consideradas
improcedentes pelas instituições competentes que realizam as perícias",
respondeu Janino sobre casos suspeitos.
O tribunal, no entanto, não respondeu quantos casos são suspeitos e de que forma
se procedeu a investigação que julgou os casos improcedentes.
Ainda sobre os mecanismos de segurança, o TSE afirma o sistema pode ser
fiscalizado por agentes do Ministério Público ou por partidos. "A versão oficial
dos softwares de cada eleição é assinada digitalmente, inclusive o software das
urnas eletrônicas, que dispõem de vários mecanismos de verificação", disse
Janino.
O UOL perguntou a um especialista em segurança digital sobre quais garantias de
confiança uma assinatura digital traria ao processo eleitoral. Para o engenheiro
Amilcar Brunazo Filho, supervisor do Fórum do Voto Eletrônico, a técnica não
impossibilita ataques de pessoas.
"O Bruce Schneier, um dos cinco mais conhecidos e premiados criptógrafos e autor
dos livros mais vendidos sobre segurança em TI, em seu livro 'Segurança.com'
disse uma frase significativa: 'Se você acredita que a tecnologia pode resolver
seus problemas de segurança, então você não conhece os problemas e nem a
tecnologia.' Ele escreveu isso para explicar que concluiu que segurança de
sistemas tem a ver com as pessoas que operam o sistema e não com as tecnologias
adotadas", defendeu Brunazo Filho.
O engenheiro também cita o Ph.D. Ronald Rivest, que segundo ele, é outro entre
os cinco principais criptógrafos no mundo. "Ele é o inventor da técnica de
assinatura digital RSA que o TSE usa, e nega que sua técnica de assinatura
digital seja suficiente para garantir, por si só, a integridade do software
embarcado em sistemas eleitorais", disse Brunazo.