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Fonte: Veja / Colunas
[24/01/14]
As urnas eletrônicas são confiáveis? - por Rodrigo Constantino
Eis uma pergunta que alguns se fazem, mas ainda é um tema pouco debatido. Toda
eleição brasileira é a mesma coisa: as autoridades celebram a rapidez da
apuração, graças a nossa tecnologia. Mas seria paranoia desconfiar do sistema?
Luiz Roberto Nascimento Silva, advogado que já foi ministro da Cultura, acredita
que não, e escreveu um
artigo no GLOBO hoje com questões importantes sobre o assunto. Eis um
trecho:
Num país onde se desvia merenda escolar, se rouba
remédio popular e se desnaturam emendas parlamentares, a prática política
assegura o direito ao silêncio premiado, mas impede a delação premiada, causa-me
estranheza que tenhamos adotado o modelo eletrônico de votação, sem maior debate
ou cuidado. Já foram praticados inúmeros crimes de apropriação indébita
eletrônica, sem maior divulgação. Soa-me, portanto, ingênuo não debater essa
questão.
Serão as economias mais desenvolvidas de EUA, Alemanha, França e Japão países
atrasados por continuarem a se utilizar de processos históricos de apuração? Os
Estados Unidos são o país com o maior domínio e criatividade na informática e
uma nação da qual não se duvida de seus propósitos democráticos. Eles continuam
a obedecer à sistemática do voto distrital concebido na sua formação política e
a utilizar um sistema quase artesanal na apuração do voto. Por que esses países
continuam a ter controles humanos ao lado do processo eletrônico?
Essa pergunta é que precisa ser feita com mais frequência. Alguém realmente
acredita que os Estados Unidos não possuem capacidade tecnológica para ter um
sistema como o nosso? Nem de brincadeira alguém diria algo tão absurdo. Logo,
parece evidente que por algum outro motivo os americanos optaram por preservar o
sistema antigo.
A desconfiança em relação às urnas eletrônicas é grande. Só pode ser esta a
explicação, pois todos sabemos que os Estados Unidos, a Alemanha, a França e o
Japão são bem mais avançados que o Brasil do ponto de vista da informática. Será
que os brasileiros devem mesmo se gabar de suas eleições eletrônicas? Ou será
que devem coçar a cabeça em perplexidade por seguirmos à contramão desses países
mais desenvolvidos?
O autor pesquisou estudos que apontam alguns riscos de manipulação de software,
e eu mesmo já vi alguns vídeos na internet demonstrando como o resultado pode
ser adulterado de forma relativamente fácil. Luiz Roberto joga a crucial questão
no ar: “Nosso passado político, nossa prática de coronelismo, enxada e voto,
mesmo com todos os avanços inegáveis ocorridos no país, não nos sugeririam um
maior cuidado?”
Penso que sim. Esse tema precisa ser melhor apurado, mais debatido, e cabe
procurar entender melhor as razões pelas quais esses países ricos rejeitam o
sistema que o Brasil utiliza. Ainda mais quando sabemos que é o PT no poder,
disposto a “fazer o diabo” para lá permanecer pelo mesmo tempo que o ditador do
Gabão…