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Fonte: Alerta Total
[05/06/14]
TSE não fará testes nas urnas, apesar do MPF em SP comprovar que votação
eletrônica é vulnerável - por Jorge Serrão
O que se pode esperar do processo eleitoral brasileiro, depois que o Ministério
Público Federal em São Paulo admitiu, oficialmente, que o sistema atual de
votação eletrônica é falho, não pode garantir o sigilo do voto e nem a
integridade dos resultados das eleições? A resposta é: NADA! Pelo menos no que
depender do Tribunal Superior Eleitoral que este ano resolveu não fazer nenhum
teste de segurança das urnas antes da eleição de outubro. O presidente do TSE,
José Antonio Dias Toffoli, deve explicações públicas sobre tal omissão.
O pleito deste ano está antecipadamente sob suspeita. O procurador federal Pedro
Antônio Machado, em São Paulo, produziu um parecer baseado em relatório de
pesquisadores da Universidade de Brasília – que identificaram vulnerabilidades
no processo eletrônico de votação. O gravíssimo problema agora está nas mãos do
procurador regional eleitoral André de Carvalho Ramos. Burocraticamente, ele tem
a obrigação de enviar o caso ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Na
sequência, o TRE-SP tem de mandar o relatório ao TSE. O problema é que, na
instância máxima da Justiça Eleitoral, nada será levado em conta ou apurado.
Concretamente, o Brasil é uma Zona Eleitoral... Os sistemas de registro,
transmissão e contagem de votos demonstram vulnerabilidade de segurança. Nada é
seguro e inviolável – como dogmaticamente prega a propaganda do Tribunal
Superior Eleitoral, cujos componentes sempre dificultaram grupos de
pesquisadores isentos que insistem em testar a confiabilidade do sistema
eletrônico de votação brasileiro, para propor alterações de segurança.
Estranhamente, o TSE sempre foi contra qualquer proposta de implantação da
impressão do voto, para uma auditoria de recontagem por amostragem.
Em 2012, uma equipe de técnicos da Universidade de Brasília (UnB) simulou uma
eleição, em audiência pública do TSE, na qual ficou demonstrada a fragilidade do
processo. O professor de computação Diego Aranha, hoje trabalhando na Unicamp,
descreveu ao jornal O Globo como foi o trabalho: “No teste, o TSE abriu o código
de programação do software da urna e nos deu cinco horas para analisar mais de
10 milhões de linhas de programação. Em menos de uma hora descobrimos a equação
usada pelas urnas para embaralhar os votos que ela registra e, para provar isso,
simulamos uma eleição com 475 votos e, em seguida, ordenamos os votos que foram
registrados nela. Resumindo: achamos um erro banal do sistema”.
O processo eleitoral brasileiro é uma inaceitável caixa preta modernosa. O TSE
se limitou a baixar a Portaria nº 215 do diretor-geral da secretaria da corte
eleitoral. O objetivo é criar um grupo de trabalho para estudar e propor
soluções aos problemas referentes à segurança do sistema automatizado de votação
adotado no país. Oficialmente, segundo o TSE, o “grupo de segurança” deve
“mapear requisitos de segurança das diversas fases do processo eleitoral
brasileiro, elaborar um plano nacional de segurança do voto informatizado,
propor um modelo ágil de auditoria da votação e totalização dos votos e estudar,
propor e validar modelos de execução do teste de segurança”.
O probleminha é que o tal “grupo de segurança” é fechado demais. A equipe de 12
pessoas só conta com um membro “independente”: o Professor titular da Faculdade
de Ciência da Informação e diretor do Centro de Pesquisa em Arquitetura da
Informação da UnB, Mamede Lima-Marques. Oito membros são oriundos de tribunais
regionais eleitorais e três da própria corte eleitoral.
Pesquisadores querem fazer testes realistas e sem restrições impostas pela
burocracia do TSE. Estranhamente, no Brasil, não existe transparência suficiente
para isto. Assim, o resultado eleitoral se configura em dogma inquestionável. No
momento em que o partido no poder corre alto risco de perder a eleição, torna-se
ainda mais suspeito qualquer impedimento para assegurar a total lisura do
processo eletrônico.