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Fonte: TSE
[04/11/14]
TSE aprova auditoria do PSDB sobre sistemas eleitorais de 2014
Por unanimidade de votos, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
acolheu, na sessão desta terça-feira (4), pedido do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB) para que a sigla tenha pleno acesso aos sistemas de votação,
apuração e totalização dos votos das eleições de 2014 para que o partido possa,
se desejar, realizar uma auditoria própria. Os ministros entenderam, no entanto,
que a solicitação da sigla para que fosse formada uma comissão pluripartidária
para a análise comum dos dados não pode ser atendida, pois o PSDB não tem
legitimidade jurídica para atuar em nome de outros partidos.
Ao apresentar voto pela aprovação dos itens solicitados pelo partido no pedido,
o presidente do Tribunal, ministro Dias Toffoli, salientou que a legislação
eleitoral e as resoluções do TSE 23.397 e 23.399, ambas de 2013, que tratam,
respectivamente, da cerimônia de assinatura digital e dos atos preparatórios das
eleições, entre outras questões, já davam total acesso aos partidos políticos,
coligações, Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aos dados
requisitados.
“Antes de editar essas duas resoluções, este Tribunal deu ampla publicidade às
respectivas minutas de proposta de resolução, que foram submetidas à audiência
pública específica”, disse Toffoli, enfatizando que “nada foi feito às escuras,
tudo com total transparência”.
Disse ainda que o calendário eleitoral das eleições 2014, aprovado dia 21 de
maio de 2013, estipulou que, a partir do dia 5 de abril deste ano, todos os
programas de computador de propriedade do TSE, desenvolvidos por ele ou sob sua
encomenda, utilizados nas urnas eletrônicas e nos computadores da Justiça
Eleitoral para os processos eleitorais poderiam ter suas fases de especificação
e de desenvolvimento acompanhadas por técnicos indicados pelos partidos, pela
OAB, e pelo Ministério Público.
“Os partidos que quisessem utilizar programas próprios de verificação de
integridade dos programas carregados nas urnas eletrônicas poderiam ter
apresentado, até 90 dias antes da realização do pleito, os seus respectivos
programas de verificação para a homologação da Justiça Eleitoral”, informou o
ministro, acrescentando que não constam nos registros do TSE que o PSDB tenha
entregue tal programa.
O ministro fez um longo apanhado dos diversos dispositivos da legislação e das
duas resoluções do Tribunal que asseguram a fiscalização, a confiabilidade e a
transparência dos sistemas eleitorais. “Todos os eventos da urna são postos à
disposição dos partidos. Ou seja, é altamente normatizado o procedimento, com
transparência, com publicidade”, ressaltou Toffoli. Salientou também que estava
mencionando apenas “alguns dos mecanismos de fiscalização, de garantia e de
segurança, que permitem a transparência e a integridade dos sistemas de
informática nas urnas eletrônicas brasileiras”.
“Diante de tais constatações, verifica-se que a pretensão do partido político,
tratada com certo estardalhaço em notas divulgadas à imprensa, se constitui em
nenhuma inovação ou solicitação que já não tenha sido previamente garantida por
este Tribunal, na forma prevista nas resoluções editadas, com grande
antecedência em relação à data das eleições”, finalizou o presidente da Corte.
Argumentos contestados
Ao aprovar o pedido de acesso do PSDB aos dados solicitados, Toffoli contestou,
no entanto, os argumentos utilizados pelo partido para a obtenção das
informações.
Ele corrigiu a sigla ao informar que foi o Supremo Tribunal Federal (STF) e não
o TSE que declarou inconstitucional a impressão do voto. Segundo o partido, a
inconstitucionalidade da impressão do voto, item que constava originalmente da
Minirreforma Eleitoral de 2009 (Lei nº 12.034), teria agravado os
questionamentos sobre a segurança do sistema eleitoral. “Já se foi o tempo da
República Velha em que os mesários eram obrigados a dar recibo do voto, com uma
cópia para o eleitor mostrar para o coronel que ele votou no candidato do
coronel. Aliás, foi para acabar com isso que foi criada a Justiça Eleitoral na
década de 1930”, disse.
Outro ponto contestado pelo PSDB foi a divulgação da totalização dos votos para
presidente e vice-presidente da República somente a partir das 20h, pelo horário
de Brasília, no dia 26 de outubro. Toffoli observou que tal determinação não
partiu de uma decisão pessoal nem constitui ato de competência do presidente do
Tribunal, mas vem da legislação. “Foi estabelecido no artigo 210 da Resolução
23.399, de 2013. Não foi uma decisão tomada de última hora. Foi uma decisão
tomada por esta Corte em 2013”, enfatizou o ministro.
Segundo o artigo 210 da resolução, “na divulgação dos resultados parciais ou
totais das eleições pela Justiça Eleitoral deverá ser utilizado o sistema
fornecido pelo TSE e os dados do resultado para o cargo de presidente da
República serão liberados somente a partir das 17 horas do fuso horário do
estado do Acre”. O que, acrescentou o ministro, no segundo turno do pleito
correspondeu às 20h do horário de Brasília. Toffoli observou que a regra é
simples repetição de outras idênticas utilizadas nas eleições 2006 e 2010.
Votos dos ministros
Ao votar, a ministra Rosa Weber afirmou que a transparência deve nortear toda a
atuação do Poder Judiciário, “o que está retratado na ampla normatividade deste
TSE e nas cautelas adotadas no que diz respeito a sistemas informatizados de
votação e apuração de votos”. A ministra Maria Thereza Assis Moura também
acompanhou integralmente o voto do ministro Dias Toffoli, parabenizando-o.
Também o ministro Napoleão Nunes Maia Filho acentuou que “a transparência deve
estar presente em todos os procedimentos do Judiciário e em particular da
Justiça Eleitoral, especialmente em uma situação como esta, em que as coisas
evoluem no rumo de gerar incertezas e dúvidas”.
Ao votar, o ministro Henrique Neves salientou que todo o processo de votação
eletrônica foi editado, elaborado, preparado pelo TSE há mais de seis meses.
Sustentou que “se o sistema eleitoral permite, de um lado, toda essa
fiscalização, ele não é imune a boatos”. Disse que os votos são gravados na urna
sem a identificação do eleitor nem do horário. “Todo esse cuidado é feito pela
Secretaria de Tecnologia da Informação que desenvolve esses programas durante
seis meses perante todos os fiscais dos partidos políticos”.
A ministra Luciana Lóssio afirmou que “um dos pilares da Justiça Eleitoral
brasileira é a transparência. É importante que não só nós, da Justiça Eleitoral,
mas também todos os cidadãos tenham a real dimensão da importância que isso é”.
O ministro Gilmar Mendes disse que a decisão tomada nesta noite “não trata de
valorar o que está na internet, mas se levar em conta o que está na internet
sobre a credibilidade do sistema. Lendas urbanas passam a prosperar como objeto
de campanha. Não se trata de emprestar credibilidade a essas lendas urbanas, mas
desmistificá-las”.
Desenvolvimento e verificação dos sistemas
Em seu voto, o ministro Dias Toffoli fez um histórico da implantação da urna
eletrônica no país, iniciada nas eleições municipais de 1996. Destacou ainda
que, no período de 180 dias antes do primeiro turno das eleições, os partidos
políticos, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público puderam
acompanhar todas as fases de especificação e de desenvolvimento dos sistemas no
TSE. Em caso de dúvidas e questionamentos técnicos durante o processo, tiveram
inclusive a oportunidade de solicitar análises e respostas à Secretaria de
Tecnologia da Informação (STI) do Tribunal.
Além dessa medida de integral transparência, o TSE realizou, de 28 de agosto a 4
de setembro, a Cerimônia de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas
Eleitorais utilizados nas eleições de outubro, em evento aberto ao público.
Consistiu na apresentação dos programas que seriam usados no pleito, em suas
versões finais, aos representantes de todos os partidos políticos, das
coligações, da OAB e do MP.
No dia 4 de setembro, os sistemas eleitorais foram assinados digitalmente pelo
presidente do TSE, pelo procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot, e pelo
presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho. A assinatura digital assegura
que os softwares da urna não foram modificados e são autênticos, ou seja,
produzidos e gerados pelo TSE.
Em seguida, os programas eleitorais foram gravados em mídias não regraváveis,
que também receberam as assinaturas do presidente Dias Toffoli, do
vice-presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, do ministro do TSE Luiz Fux,
do procurador-geral e de representantes do Partido Democrático Trabalhista
(PDT).
Após as assinaturas, as mídias receberam lacres físicos, também assinados pelas
autoridades presentes. Após, foram depositadas em envelopes novamente lacrados.
Uma cópia foi armazenada pelo presidente do TSE na Sala-Cofre do Tribunal. A
outra seguiu para os 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
Apuração da Eleição
Ainda na sessão desta terça-feira, o Plenário homologou a apuração da eleição
presidencial no segundo turno do grupo da relatoria do ministro Gilmar Mendes
nos estados do Amazonas, Alagoas, São Paulo e Tocantins. O ministro considerou
que não houve dúvidas nos relatórios parciais aprovados.
Confira a
íntegra do relatório e voto do presidente do TSE.
EM, BB/JP
Processo relacionado:
AE 157804