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Leia na Fonte: Baguete
[12/06/18]
Crítico das urnas eletrônicas sai do país - por Maurício Renner
Diego Aranha, professor da Computação da Unicamp que se tornou conhecido por
liderar pesquisas apontando problemas de segurança nas urnas eletrônicas
brasileiras, está de saída do país.
O pesquisador começa no mês que vem a dar aulas na universidade Aarhus, a maior
universidade da Dinamarca e uma presença frequente nas listas das 100 melhores
do mundo.
“A decisão veio de uma desilusão generalizada com o estado completamente
disfuncional do país. A (in)segurança da urna eletrônica é apenas mais um
exemplo infeliz”, resume Aranha.
Aranha coordenou uma equipe de profissionais num teste de segurança promovido
pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2017.
“Conseguimos, por exemplo, alterar mensagens de texto exibidas ao eleitor na
urna para fazer propaganda a um certo candidato. Também fizemos progresso na
direção de desviar voto de um candidato para outro”, disse Aranha recentemente
em uma audiência pública realizada pela Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania do Senado.
As ações foram possíveis porque a equipe descobriu a chave de acesso ao sistema
de arquivo do equipamento, o que permitiu ter acesso ao log e ao registro
digital de votação.
Segundo Aranha disse na ocasião, a equipe dele trabalhou em condições piores do
que trabalhariam verdadeiros fraudadores, devido a restrições técnicas e de
tempo impostas pelo tribunal, mas ainda assim foi possível explorar pontos
vulneráveis para adulterar o software de votação e entrar no ambiente da urna
eletrônica.
O Tribunal Superior Eleitoral afirmouna época que as falhas estavam sendo
corrigidas e não haveria riscos quanto à votação de 2018. O problema não teria
ocorrido em eleições anteriores porque foi identificado em uma atualização de
sistema, segundo o tribunal.
Aranha é um dos pequisadores mais destacados do tema criptografia no país, sendo
membro do Comitê Consultivo da Conferência Internacional em Criptografia e
Segurança da Informação na América Latina (LATINCRYPT) e da Comissão Especial de
Segurança da Sociedade Brasileira de Computação (CESEG).
Recebeu em 2015 o prêmio Inovadores com Menos de 35 Anos Brasil da MIT
Technology Review por seu trabalho com o voto eletrônico e Google Latin America
Research Award para pesquisa em privacidade em 2015 e 2016.
Ainda neste mês, o Supremo Tribunal Federal decidiu suspender a adoção parcial
do voto impresso nas eleições de 2018, uma medida como um mecanismo para coibir
fraudes.
A impressão do voto seria implantada em 5% das urnas, a um custo de R$ 57
milhões.
A Procuradoria Geral da República contestou a medida afirmando que se tratava de
um "retrocesso para o processo eleitoral" ao amplia a possibilidade de fraudes e
ameaça o sigilo do votos.