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Fonte: Veja
[23/08/06]
Por que
mudar? - por Renata Peña
Orçada em 1 bilhão de reais, nova urna não aumenta a segurança do voto
Nas próximas eleições de outubro, das 430.000 urnas eletrônicas que estarão em
uso no país, 25.000 trarão uma novidade: um leitor de impressões digitais para a
identificação dos eleitores, sem que seja necessária a apresentação de
documentos. O equipamento, contudo, só entrará em funcionamento em 2012 – até
lá, será apenas adereço de urnas compradas em substituição às que não funcionam
mais.
Para que o leitor passe a funcionar, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisa
providenciar o cadastramento das impressões digitais dos 126 milhões de
eleitores. O custo do processo, equipamentos incluídos, está estimado em 1
bilhão de reais. É de supor que tanto dinheiro investido retorne, para o
eleitor, na forma de mais praticidade e segurança na hora de votar, certo?
Errado.
Na opinião de especialistas, a implantação do novo sistema pode até ajudar a
evitar que um eleitor se passe por outro no momento de escolher seu candidato,
como afirma o TSE, mas não elimina aquela que é considerada uma das maiores
falhas do atual sistema de votação: o grau de vulnerabilidade que ele oferece em
relação ao sigilo do voto.
Especialistas sempre criticaram o fato de, nas eleições brasileiras, a
identificação do eleitor ser feita na mesma máquina em que ele registra o seu
voto. Hoje, ao chegar à seção eleitoral, o eleitor se dirige ao mesário e
apresenta um documento de identidade. O mesário localiza o seu nome no cadastro
e libera a máquina para votação. Faz isso usando um terminal conectado à urna –
e é aí que mora o problema. "O fato de o terminal que identifica o eleitor estar
ligado à urna dá margem para que, por exemplo, uma programação mal-intencionada
junte os dados do eleitor com o voto que ele digitou, acabando com a
inviolabilidade da escolha", afirma o engenheiro Amilcar Brunazo Filho, autor do
livro Fraudes e Defesas no Voto Eletrônico.
O novo sistema reproduz fielmente o modelo atual: como ocorre hoje, a máquina
que identifica o eleitor – nesse caso, o leitor de impressões digitais – também
estará conectada à urna. "A mudança proposta pelo TSE não diminui o risco de
quebra do sigilo", diz Jorge Stolfi, professor do Instituto de Computação da
Unicamp. Também não apagará outro problema: a impossibilidade de recontagem de
votos em um sistema que não prevê a impressão. Em grande parte dos estados
americanos, o voto é digitado de forma eletrônica – e impresso em seguida. "Um
equipamento que permitisse a impressão do voto, este, sim, seria um investimento
que valeria a pena", afirma Brunazo.