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Leia na Fonte: Convergência Digital
[09/03/12]
Urna eletrônica: Investigadores decifram código-fonte e preparam 'ataque'
Os investigadores inscritos na 2ª Edição dos Testes Públicos de Segurança do
Sistema Eletrônico de Votação, promovidos pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), participaram nesta quinta-feira, 08/03, do último dia da fase de
preparação para os testes. Nesta etapa, os participantes tiveram a chance de se
inteirar sobre o funcionamento de todos os sistemas que envolvem a votação
eletrônica, podendo, inclusive, visualizar o código-fonte da urna e fazer
pesquisas na internet.
Nos testes, que serão realizados de 20 a 22 de março, os investigadores tentarão
realizar “ataques” à urna eletrônica buscando explorar eventuais falhas do
sistema relacionadas à violação da integridade e ao sigilo do voto. Por sua vez,
a fase de preparação dos testes, uma novidade desta segunda edição do evento,
teve como objetivo dar o maior número de subsídios possíveis para a elaboração
dos planos de testes.
Nesta terça-feira,06/03, primeiro dia da fase de preparação, os investigadores
assistiram a uma palestra do secretário de Tecnologia da Informação do TSE,
Giuseppe Janino, que apresentou uma visão geral do processo eletrônico e sua
evolução, com destaque para as barreiras de segurança incluídas no sistema.
Depois da palestra, os participantes puderam dar início à elaboração das suas
propostas de “ataques” à urna eletrônica.
O integrante da Comissão Disciplinadora dos testes Luís Augusto Consularo
explica que esta etapa permitiu aos investigadores “tatear ou sondar possíveis
vulnerabilidades” do sistema eletrônico de votação. “A partir dessas
vulnerabilidades que os investigadores tatearam ou sondaram, será possível
implementar um plano de testes talvez mais efetivo e detectar alguma coisa que
talvez a gente não tenha visto”, destaca o servidor do TSE.
Segundo Consularo, durante a fase de preparação os investigadores trabalharam em
várias frentes, tendo desmontado urnas eletrônicas, visualizado o código-fonte,
esclarecido dúvidas com a Comissão e a equipe de apoio e até visualizado os
esquemas elétricos das urnas. “Com essas informações, eles estão fazendo
sugestões e verificando se há alguma possibilidade de ‘ataque’ ao sistema.
Percebemos que a fase de preparação foi uma etapa bastante positiva”, avalia.
“Os investigadores estão bastante entusiasmados com os testes e alguns até
surpresos com a complexidade da urna. Muitos chegaram aqui imaginando que a urna
seria um equipamento bastante simples e sairão daqui percebendo a complexidade
da urna e do próprio sistema eleitoral”, conclui Luís Augusto Consularo.
Esta segunda edição dos testes, que será realizada na sede do TSE, em
Brasília-DF, tem a finalidade de dar ainda mais transparência ao processo
eleitoral e demonstrar sua confiabilidade e segurança. O evento tem o apoio do
Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) e da Universidade de Brasília (UnB).
Elaboração dos testes
Durante os três dias da fase de preparação, os investigadores receberam todas as
informações possíveis para a elaboração dos seus planos de testes, que deverão
ser encaminhados à Comissão Disciplinadora até as 19h da próxima terça-feira
(13).
Diego de Freitas Aranha, doutor em Ciência da Computação pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), professor da UnB e integrante do Grupo 1, conta
que a equipe se interessou em participar dos testes porque trabalha com as áreas
de pesquisa em criptografia e segurança computacional. “Nós exercemos atividades
de segurança no dia a dia, então uma oportunidade dessas é muito interessante
para a gente colocar em prática o que a gente trabalha, estuda e pesquisa”,
explica.
De acordo com o Diego, o objetivo da equipe ao participar dos testes é
contribuir, de alguma forma, para melhorar a segurança do sistema eletrônico de
votação. “A iniciativa do TSE é muito positiva. Essa demanda por transparência é
antiga, pelo menos na comunidade acadêmica já existe há um bom tempo. Portanto,
os testes estão satisfazendo a um anseio antigo, e eu fico muito feliz por estar
participando dessa iniciativa”, completa o professor da UnB.
Marcelo Rodrigues de Sousa, doutor em Ciência, na área de Engenharia Elétrica e
Computação, pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e coordenador do Grupo
5, salienta que os três dias de preparação foram suficientes para o
desenvolvimento dos testes. “Nós já tínhamos algumas ideias antes de vir para
cá, mas, sinceramente, eu desconhecia os detalhes da urna desenvolvida hoje.
Então, nós pudemos ver a parte eletrônica, tivemos acesso aos programas, à urna
em si, pudemos até abrir a urna. A fase de preparação foi muito importante”,
avalia o professor da UFU.
Segundo o acadêmico, que no final da década de 1990 desenvolveu estudos para
levantar possíveis problemas na urna eletrônica, foi possível constatar uma
grande evolução no sistema. “Agora, o grande desafio nosso é colocar a segurança
da urna em xeque. É um grande desafio. É uma oportunidade muito boa, única. Nós
da Universidade Federal de Uberlândia estamos muito felizes por poder participar
desse evento e, de alguma forma, auxiliar o processo eleitoral brasileiro”,
afirma.
Já para o integrante do Grupo 3 Pedro Ivo Pereira Gomes, que representa o
Instituto Sapientia, a viabilização do código-fonte da urna eletrônica, possível
durante a fase de preparação, facilitou a elaboração dos testes por parte das
equipes. “Nosso tempo é curto e a gente precisa já ter conhecimentos técnicos
suficientes para conseguir identificar alguma eventual falha no sistema. É muito
positivo o TSE nos dar informações sobre como funciona o processo”, diz o
bacharel em Ciência da Computação.
No que se refere à iniciativa do TSE de realizar os testes, ele conclui: “é
muito séria a finalidade da urna eletrônica e isso tem que ficar muito
transparente para a população. Os testes, abertos ao público, possibilitam isso.
Essa iniciativa abre as portas para que o sistema possa ser realmente validado
por qualquer cidadão.”
Testes
Os testes de segurança contemplarão a segurança do sistema eletrônico de
votação, podendo ser explorados os seguintes elementos e componentes da urna
eletrônica para a elaboração e realização dos seus testes: processo de carga da
urna; hardware; lacre físico; dispositivos de logística que protegem a urna;
mídias eletrônicas; conteúdo das mídias de dados; e software de votação
utilizado na seção eleitoral.
Os resultados e as conclusões dos testes serão apresentados em audiência pública
no dia 29 de março, às 10h, também na sede do TSE. Os investigadores que
efetivamente tiverem participado do evento receberão certificados de
participação. As sugestões de melhorias encontradas poderão ser implementadas
futuramente no sistema.