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Fonte: Convergência Digital
[01/06/07]  Eletronet divide e provoca polêmica no Telebrasil - por Ana Paula Lobo
 
A decisão do governo de reativar a rede Eletronet dividiu a atenção do primeiro dia de debates do 51º Painel Telebrasil, que acontece na Costa do Sauípe, Salvador. O tema é tão complexo, que os próprios representantes do governo não revelaram uma posição unânime. Por sua vez, o setor privado também não possui uma posição fechada.
 
As empresas admitem preocupação com a possibilidade de a iniciativa deflagrar uma 'reestatização' na oferta de serviços de telecom. Mas, há também quem defenda que, diante da complexidade do tema, o melhor é sentar à mesa e formular uma política que reduza os impactos das perdas e danos na indústria.
 
Os conflitos com relação ao sucesso da reativação da Eletronet ficaram evidente no debate desta sexta-feira, 01/06. Se de um lado o Senador e presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal, Wellington Salgado, do PMDB/MG, e o asessor especial do Palácio do Planalto, César Alvarez, defenderam a posição do governo de utilizar o backbone da Eletronet como infra-estrutura de rede do governo, os deputados petistas, Walter Pinheiro, e Jorge Bittar, mostraram reticência com a eficiência da estratégia. A posição dos parlamentares foi aplaudida pela iniciativa privada presente ao evento. O tema foi um dos que mobilizou o debate no primeiro dia do 51º painel Telebrasil, que acontece na Costa do Sauípe, Salvador.
 
"Não acredito que a Eletronet resolva o problema. Não sei se vale a pena o custo do investimento. Sou mais favorável  que todos sentemos à mesa e se negocie uma parceria pública privada com as operadoras. Mas é preciso um modelo de negócio. Não se pense que haverá caridade na PPP. Todos estão fazendo negócios", declarou Pinheiro, aplaudido pelos presentes no painel da Telebrasil.
 
Pinheiro foi além. Apesar de ser do PT, ele disse que chegou a hora de se discutir o setor de telecomunicações de forma mais enfática. "É preciso colocar o dedo na ferida. O governo não pode desconsiderar o setor", declarou. Segundo o parlamentar, é preciso avaliar se o gasto necessário para tornar a Eletronet uma rede viável para serviços de governo é realmente crucial, enquanto há infra-estruturas já instaladas.
 
"Não acho que valha a pena. Vai demorar para estruturar o projeto e precisamos interagir. Dividir esforços. criar modelos de negócios que ampliem a oferta de serviços", destacou Pinheiro. O deputado Jorge Bittar, também mostrou reticência com o sucesso da negociação do governo, mas foi menos enfático ao criticar o processo.
 
Para ele, o governo pode avaliar as melhores alternativas, mas indagou que se uma rede própria fosse, de fato, essencial, qual a razão de as intituições financeiras terem vendido suas infra-estruturas para o setor privado. "Fico pensando se o Bradesco venderia sua rede, como vendeu, se ela fosse de fato crucial para o negócio dele", salientou.
 
O argumento em prol da Eletronet que mais surpresa causou foi o do Senador Wellington Salgado, do PMDB/MG, e presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal. Mesmo sabendo ir na contramão do setor, ele defendeu a posição govenamental, sob a justificativa de o governo precisar de uma rede que 'garanta a integridade dos seus dados'. A tese causou mal-estar entre as operadoras presentes ao evento, já que houve um questionamento formal do presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal em relação à oferta de serviços de segurança por parte das atuais concessionárias.
 
O Assessor especial do Palácio do Planalto, César Alvarez, também defendeu a discussão da Eletronet. Mas, argumentou de forma mais política. Segundo ele, o governo elaborou uma estratégia de atuação na qual ele precisa de uma infra-estrutura para suportar suas operações. Alvarez, que recém-assumiu a coordenação do projeto nacional de inclusão digital, foi menos político ao afirmar que o setor precisa sentar à mesa e negociar, assim como, estabelecer custos, metas e prazos para uma parceria mais efetiva entre as partes.
 
Na indústria, a questão Eletronet é considerada 'preocupante', mas como disse o presidente da Trópico, Raul Del Fiol, o melhor de uma situação complexa, é enfrenta-la para tentar conduzir, dentro do que for possível, as perdas e danos desta situação. "Temos que sentar à mesa e negociar. Não podemos ficar de fora e à espera de uma posição do governo. Precisamos nos mostrar. Precisamos falar. É, sim, uma questão de 'gerenciamento de egos'", declarou o executivo, que assim como o deputado Walter Pinheiro, foi aplaudido pela platéia, formada pelos principais executivos de operadoras e fornecedoras do setor de telecomunicações.
 
Ana Paula Lobo viajou para a Costa do Sauípe, Salvador, a convite da organização do Telebrasil