José Roberto de Souza Pinto

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Agosto 2009                   Índice dos assuntos     


29/08/09

• Telebrás e Eletronet: de novo...  - Opiniões de José Smolka, José Roberto S. Pinto, Bruno Cabral e Luis Toledo

----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr
Sent: Thursday, August 13, 2009 11:44 PM
Subject: [wireless.br] Sobre a "ressurreição" da Telebrás
Boa noite pessoal,

Assim como o Bruno deu a opinião dele (a favor), vou dar a minha também. Sou contra.

Eu vi o sistema Telebrás por dentro, já na sua pior fase. O que posso dizer é o seguinte: minhas objeções não tem nada a ver com a possibilidade ou não de uma empresa estatal atuar com seriedade. É possível sim. Porém, assim como algumas mulheres ao volante acabam dando má fama a toda a classe, algumas empresas do velho sistema Telebrás são responáveis pela má fama de todo o resto. Não é difícil adivinhar quais eram estas empresas. Basta reparar em um fato simples: aqui no Brasil o que repercute na mídia são os eventos do eixo São Paulo - Rio - Brasília. Então, onde vocês acham que os problemas de PEX vencidos há mais de dois anos e não entregues eram mais graves? E, na época do lançamento da telefonia celular, onde as filas de espera pela habilitação eram maiores, a ponto de ter havido sorteio de quem seriam os felizardos a receber as primeiras habilitações? É... Exatamente ali, no "triângulo das Bermudas".

E por serem assim, estas empresas deram a má fama a todo o resto do sistema. Não importa que outras empresas, como Telemig, Telepar, Telebahia, Teleceará e tantas outras tivessem conseguido resolver estes problemas sem maiores traumas (a Telebahia, por exemplo, em pouco tempo após o lançamento da telefonia celular já fazia habilitação imediata - o cliente saía da loja falando).

Mas, como eu disse antes, minhas objeções não tem a ver com essas hstórias. A primeira objeção é técnica. Vou pegar um trecho da reportagem citada pelo Hélio:

(...) Rogério Santana, secretário de e Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, um dos pais do projeto de recriação da Telebrás, rejeita o rótulo de estatizante ao projeto. Avalia que o modelo da economia de mercado não cria condições para que as operadoras cheguem com banda larga aos pontos mais distantes do país. Por isso, ou o governo parte para implementação de uma rede própria ou os mais desassistidos ficarão de fora da chamada inclusão digital. (...)

Agora vamos dar uma boa olhada no mapa das rotas de fibra da rede da Eletronet. Temos essencialmente quatro anéis de fibra. um cobrindo a região sul, dois cobrindo a região sudeste e um que vai pelo litoral da região nordeste e desce fechando pela região centro-oeste. O miolo da região nordeste é um vazio, bem como a região norte, e o lado oeste da região centro-oeste.

Eu gostaria muito que o Sr. Rogério Santana explicasse como e quando a Telebrás, tendo recebido a imissão de posse desta malha de fibras, faria com que ela realmente tivesse capliaridade para chegar onde as redes de fibra ou rádio das operadoras atuais não chegam.

As fibras são apenas uma parte do negócio. É preciso conectá-las a multiplexadores óticos DWDM, e depois construir toda uma malha de captação, encaminhamento e concentração do tráfego para esta malha central - o tal backhaul, com SDH (se eles forem conservadores) ou com carrier Ethernet (meu preferido).

Depois tem a infra-estrutura de acesso em cada região urbana. Com xDSL, Metro Ethernet, e MPLS (a exata conjugação de tecnologias depende do porte da cidade). Alguém já parou para pensar que as escolas que ficaram de fora do projeto com as operadoras atuais também estão longe do backbone da Eletronet, ou até mesmo o da Eletrobrás? E especialmente nas regiões N e NE?

Alguém já calculou quanto custaria construir este backhaul? Ou será que, para isto, o governo sinta-se inclinado a, finalmente, mexer nas verbas do FUST?

Finalmente, mas não menos importante, me oponho a este projeto - assim como a uma nova estatal para o pré-sal - por razões ideológicas. Já me defini, no passado, como quase minarquista. Para mim o ideal é que os políticos tenham o mínimo possível de cargos e verbas para manipular. Criar novas estatais, ou ampliar o poder das já existentes, vai totalmente contra esta minha convicção.

Tenho certeza que, uma vez ressurgida (ou ressurreta, no dizer erudito do Hélio) a Telebrás será campo fértil para tudo que existe de pior da prática política brasileira: partidos da base aliada se engalfinhando para nomear a si mesmos, ou seus apadrinhados, para cargos de diretoria e de primeiro escalão, roubalheira nas licitações para expansão da rede, etc. etc. Ah, sim... e não custa nada lembrar que 2010 é ano eleitoral...

Não sei de vocês, mas eu já não tenho mais fígado para este tipo de espetáculo. Me incluam fora dessa!

[ ]'s

J. R. Smolka

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Mensagem de José Roberto de Souza Pinto

14 ago 09
Smolka
Penso exatamente da mesma forma que você e até escrevi algo de como esta rede da ELETRONET e futuramente da TELEBRÁS chegaria ao usuário final. Afinal se ela já chegasse ao usuário final não teria falido, pois a demanda existe, a oferta é que é restrita das Concessionárias Locais e da NET, além do preço que não cai.
Sobre as Empresas da TELEBRÁS concordo em parte com voce, pois TELEBAHIA, TELEMIG e TELEPAR eram bem diferentes da famosa Empresa Santa em São Paulo e daquele transtorno que era a TELERJ. A TELEPAR como algumas outras teve certos problemas, como por exemplo a coincidência do Presidente da Empresa ser o dono da Empresa que vendia os telefones para o público, mas isso passou pois o cidadão ganhou grande experiência neste negócio e foi eleito Deputado Federal e aí a TELEPAR voltou a sua trajetória.
sds
Jose Roberto

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Mensagem de Bruno Cabral

Não concordo que a falência da Eletronet tenha sido a demanda restrita, pelo contrário, o problema foi o estouro da bolha em 2000 que levou a AES a não honrar sua participação na empresa (interessante é que honrou na Eletropaulo)

> Concessionárias Locais e da NET, além do preço que não cai.

A conversa que ouvi dentro da Eletronet foi que as teles usavam a infraestrutura da Eletronet, quando chegavam num determinado tamanho, deitavam fibra e saiam, deixando a
Eletronet com o "mico"

Erro do plano de negócios da Eletronet, IMHO. é muito melhor atender vários clientes pequenos que um grande cliente, pois se o grande sai, deixa um rombo difícil de ser coberto em curtíssimo prazo

[]s, !3runo Cabral

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Mensagem de Toledo, Luis Carlos
14 ago 09

Senhores, tenho acompanhado algumas iniciativas de alguns provedores regionais, principalmente no norte/nordeste, onde por nenhuma falta de opção de link de internet para atendimento de seus clientes, este se vê obrigado a construir links de até 350KM, ou pagando até R$ 3.000,00 o mega.

Obviamente coisas com essa não podem justificar o renascimento de mais um cabide de empregos ou alavanca eleitoral, mas sem dúvida algum ação deveria ser tomada por parte do governo a respeito, utilizar essa malha e permitir que provedores locais/regionais tenham acesso a internet de boa qualidade a preços razoáveis.

Não creio que o foco de uma Telebrás seja levar internet a porta de ninguém, mas sim ter-se um backbone que permita distribuir.

Fígado ou estomago para os atuais desmandos ninguém tem mais, mas vamos simplesmente fazer de conta que moramos na suíça? Eleições são nossas ferramentas de mudança.


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