José Roberto de Souza Pinto

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Novembro 2010                   Índice dos assuntos     


06/11/10

• Artigo de José Roberto S. Pinto: "Rede de TV a cabo, uma alternativa para banda larga competitiva no Brasil?" + Teletime: "A disputa pelas novas redes"

Olá, WirelessBR e Celld-group!

Ontem veiculamos esta mensagem/"post":
05/11/10
Artigo de José Roberto de Souza Pinto: "Rede de TV a cabo, uma alternativa para banda larga competitiva no Brasil?"

O artigo está aqui:
Fonte: e-Thesis
[05/11/10]   Rede de TV a cabo, uma alternativa para banda larga competitiva no Brasil? (link descontinuado)

Conforme combinado transcrevo na íntegra o artigo do José Roberto e também a excelente matéria citada no texto:

Fonte: Revista Teletime
[Ago 2010] A disputa pelas novas redes - por Samuel Possebon

Ao debate!

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
BLOCOs Tecnologia e Cidadania

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Fonte: e-Thesis
[05/11/10]   Rede de TV a cabo, uma alternativa para banda larga competitiva no Brasil? 

José Roberto de Souza Pinto, Engenheiro, Mestre em Economia e Consultor na área de Telecomunicações. Ver website aqui.

* Texto publicado originalmente no site e-Thesis, atualmente descontinuado.

Tendo como referência os dados publicados na revista TELETIME no artigo “A disputa pelas novas redes” que aborda a questão da competição nos serviços de acesso em banda larga e os recursos advindos da TV por assinatura, apresento os seguintes comentários com relação ao potencial que esta rede tem, para ser suporte competitivo para os serviços de acesso em banda larga.

O atual nível, por sinal muito baixo, de cobertura da TV por assinatura via cabo, quero dizer somente 200 municípios não representa um nível de competição quando comparado com as soluções via rede telefônica local, com tecnologia DSL.

O potencial futuro da solução via cabo de TV, decorrente das novas outorgas de TV por assinatura via cabo poderia ser um caminho. Entretanto o impacto das novas outorgas, é praticamente nulo, pois são apenas 81 cidades propostas que não tem nenhuma rede de acesso em banda larga, mais 92 onde já existem outras operadoras de cabo, com redes de acesso à Internet em banda larga e mesmo considerando outras tecnologias como rádio e fibra óptica, acrescentaríamos mais 210 cidades.

Estes dados nos permitem concluir que a infraestrutura de TV a cabo não será o recurso para gerar competição com as redes DSL das Concessionárias Locais de Telefonia (STFC).Além disso, imaginar que as Concessionárias de Telefonia entrando no serviço de TV por assinatura via cabo concorreriam com as suas redes DSL e também com as suas redes de telefonia 3G, sem dúvida seria outro equivoco.

Outro aspecto interessante é o fato do maior interesse do mercado consumidor pelos serviços de TV por assinatura via satélite (o DTH), o que faz com que a solução via cabo se torne cada vez mais restrita e menos competitiva, só tendo um maior espaço nos grandes centros.

Neste cenário de fraco potencial de competição é fundamental que se analise o posicionamento dos detentores destas plataformas que podem suportar os serviços de acesso em banda larga, haja visto que não interessa aos prestadores de serviços de um mesmo grupo econômico, gerar ofertas de serviços que roubem clientes de outras Empresas do mesmo grupo econômico.

A conclusão que chegamos é que no caso brasileiro, assim como em vários países da Europa, a solução que criará uma competição nos serviços de acesso em banda larga por um longo período de tempo, será a utilização das redes das Concessionárias Locais de Telefonia, na forma de uma desagregação destes elementos de rede, por novas Empresas Prestadoras de Serviço entrantes no mercado.

Na nossa tese de Mestrado em Economia, apresentamos para analise os 3 Modelos, quais sejam:

- Competição entre plataformas.

- Uso da rede das Concessionárias de Telefonia Local.

- Separação funcional da rede dos serviços prestados.

Nossa escolha, recaiu sobre o Modelo de Separação Funcional, que inclui obviamente o uso da rede das concessionárias de uma maneira mais segura e confiável. Esta em síntese é uma das razões para escolha deste modelo que possui também maior estabilidade, para todos os participantes deste processo (ANATEL, Concessionárias Locais, Empresas Entrantes e Consumidores).

Finalmente, resta-nos definir o que consideramos como competição, indicando que a existência de um conjunto de Empresas no mercado não quer dizer que teremos competição, pois poderíamos apressadamente concluir que hoje existem várias Empresas com outorgas, seja de STFC / SCM, SMP ou TV por assinatura.

Na nossa visão a competição deve ser medida pelos benefícios para o consumidor usuário de serviços, que são traduzidos, na queda dos preços, na melhor qualidade do serviço e atendimento ao usuário e na inovação, com a introdução de novas facilidades, situação esta que não verificamos no mercado brasileiro.

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Fonte: Revista Teletime
[Ago 2010]  A disputa pelas novas redes - por Samuel Possebon

No mundo digital, ganha a corrida pelo assinante quem tiver o melhor canal de acesso banda larga. Não por acaso, as redes banda larga no Brasil são a prioridade das operadoras de telecomunicações e TV por assinatura. As redes de acesso se tornaram sinônimo de redes de acesso à Internet. O salto na última década foi impressionante. Para se ter uma ideia (ver gráfico), no final do ano 2000, ano em que começaram a ser oferecidos os serviços de ADSL no País, havia 51 cidades com serviço do que se chamava de banda larga na época: conexões de cable modem ou ADSL cujas velocidades variavam de 64 kbps a 512 kbps. Mais que isso, só em soluções corporativas, e mesmo assim até 2 Mbps. Esses dados, computados na primeira edição do Atlas Brasileiro de Telecomunicações, eram comemorados como a chegada da “Era da Banda Larga” no Brasil.

Em junho deste ano, segundo o levantamento feito para o pôster Operadoras Brasileiras de Telecomunicações, da TELETIME, eram nada menos do que 4,6 mil municípios cobertos com alguma tecnologia de acesso banda larga (a maior parte, ADSL+), e velocidades disponíveis ao consumidor de até 100 Mbps. Também em junho de 2010, o mercado nacional de banda larga apresentava 331 municípios com redes de acesso residencial por fibra óptica (FTTx), o que é mais do que o total de municípios com acesso por cable modem (151) e que as cerca de 80 operações de banda larga por MMDS.

Esses dados devem se ampliar ainda mais até o final de 2010, visto que a Oi tem o projeto de atender com banda larga por ADSL todos os municípios em que está presente. Da mesma forma, a Telefônica concluiu a cobertura de banda larga em abril desde ano, o que significa que até o começo de 2011 praticamente 100% dos municípios terão acesso a banda larga fixa. O que não quer dizer que as zonas rurais e localidades com menos poder aquisitivo terão o serviço. Outro problema é que o grosso dessas redes de banda larga no Brasil utiliza as tecnologias ADSL e ADSL2, o que significa velocidades limitadas a não mais do que 20 Mbps, o que é pouco diante da perspectiva dos futuros serviços de dados e vídeo que passarão pelas redes de Internet. Redes de cabo e fibra são mais adequadas a esse cenário.

O que existe pouco no Brasil é a competição entre redes de diferentes operadores. Isso porque a melhor alternativa de acesso banda larga para fazer frente às redes ADSL e FTTx das concessionárias de telefonia são as redes das operadoras de cabo, e essas não têm encontrado um ritmo razoável de expansão. Primeiro, porque o número de outorgas de cabo e MMDS continua estagnado desde 2002. Hoje há cerca de 260 operações de TV a cabo e cerca de 80 de MMDS, e há sobreposição entre elas. As operadoras de MMDS estão rapidamente perdendo base e, no restante no Brasil, o DTH tem ganho espaço.

Novas redes

A pergunta é: o quanto a abertura do mercado de TV a cabo, com novas licenças, impactará na construção de novas redes? Será que as operadoras de DTH não optarão por continuar entregando seus serviços de vídeo apenas por satélite, como fazem hoje? É tudo uma questão de análise de viabilidade de mercados. Um bom ponto de partida para entender o potencial impacto da expansão da TV por assinatura é a listagem de 1,1 mil pedidos de concessões de cabo acumulados na Anatel desde 2000 (em 762 cidades). Ressalte-se que esta listagem não contempla, por exemplo, o interesse de empresas como Oi, GVT e Embratel, três operadoras que declaradamente pretendem expandir a sua cobertura de TV por assinatura por meio de redes físicas.

Mas essa lista da Anatel dá uma ideia do que o mercado cresceria sem as teles. Do ponto de vista de infraestrutura de banda larga, o impacto é quase nulo. Apenas 81 das cidades propostas não têm nenhuma rede de acesso banda larga, e em 92 já existem outras operadoras de cabo, com redes de Internet em alta velocidade. E se forem consideradas outras tecnologias, há 210 cidades em que existe o atendimento à Internet em alta velocidade com redes de rádio ou fibra. Ou seja, mesmo nessas pequenas cidades em que existe demanda manifestada por redes de TV por assinatura, já existe oferta do serviço de banda larga e a TV por assinatura entraria apenas como competidora.

Olhando do ponto de vista do mercado, a população nesses 762 municípios em que a Anatel já recebeu pedidos de outorgas soma cerca de 68 milhões de pessoas, ou 20,3 milhões de domicílios. Mas excluindo aquelas cidades em que já existem operadores de TV por assinatura, o potencial de mercado é bem menor. A população

das cidades em que há interesse manifestado por novas outorgas cai a 30 milhões e o total de domicílios, a 8,8 milhões.

Olhando-se para todo o universo brasileiro, e não apenas para esses municípios em que, em princípio, já houve algum tipo de manifestação de interesse, o potencial é maior. Há um potencial, nas cidades ainda sem concessão, de 95 milhões de habitantes, que respondem por 37% da renda nacional. Mas grande parte desses municípios tem, individualmente, pouca atratividade econômica e dificilmente viabilizaria a construção de redes estanque de TV paga.

Se fizermos um corte nos mil maiores municípios brasileiros, todos com mais de 31 mil habitantes, onde ainda não há oferta de TV por assinatura, existe uma população de 46 milhões de pessoas, 1,7 milhão de domicílios AB, 3,87 milhões de domicílios classe C e uma participação no potencial de consumo nacional de cerca de 20%. Nessas cidades, já existem cerca de 1,36 milhão de assinantes de banda larga.

Analisar os efeitos concretos da competição entre empresas de TV por assinatura e empresas de telecomunicações não é tarefa simples. Olhando no mercado como um todo, a entrada das teles trouxe resultados significativos. Por exemplo, segundo os dados mais recentes da Anatel, as três empresas de telecomunicações que atuam no mercado de TV paga com operações de DTH próprias acumulavam em junho mais de 1,5 milhão de assinantes, o que significa cerca de 17% de market share. A maior operadora entre as teles é a Embratel, com 655 mil assinantes, seguida da Telefônica, com 468 mil e finalmente pela Oi, que segundo a Anatel tinha em junho 344 mil clientes mas, segundo o balanço da própria operadora, tinha 265 mil clientes. No caso da Embratel, a operação de DTH começou no final de 2008.

Desempenho das teles Mas quando se olha os exemplos de desempenho de uma operação de TV paga por redes fixas operada pela Oi, no caso a operação de Belo Horizonte, o cenário não é tão positivo.

A operadora de cabo comprada pela Oi em 2006 tem menos assinantes do que tinha no começo de 2007 (38 mil clientes hoje contra 46 mil no primeiro trimestre de 2007, segundo dados da PTS). Depois de um período de crescimento que perdurou até o começo de 2009, quando se atingiu o ápice do número de clientes da Oi TV na cidade (71 mil assinantes), houve uma forte retração, que coincidiu com o período de aperto financeiro da maior operadora de telecomunicações do País. A Net, por sua vez, manteve crescimento constante na cidade desde 2007 e nunca foi ameaçada pela Oi (tem hoje 204 mil clientes em BH, contra 128 mil no começo de 2007).

Por outro lado, a Embratel, por exemplo, mostra ter tomado gosto pela coisa. Com a experiência acumulada na Net Serviços, onde a tele é acionista ao lado da Globo, a Embratel percebeu que as redes de cabo podem ser muito competitivas no acesso banda larga e na telefonia. Não por acaso, a empresa está investindo na construção de redes HFC em dez clusters espalhados pelo País. A operação de Osasco (SP), por exemplo, já está em funcionamento, e lá a Embratel vende apenas banda larga pela rede de cabos, pois não tem concessão para TV a cabo. É natural supor que no momento em que a legislação permitir e que a empresa tenha a outorga efetiva de TV, a oferta multisserviços se tornará realidade.

Já a Telefônica parece estar caminhando para uma retomada na expansão de suas redes de fibra e pretende oferecer TV por assinatura nessa infraestrutura. Mas, até junho deste ano, estava com rede disponível em apenas oito cidades.

Quem está mesmo fazendo a diferença com uma rede de acesso em fibra é a GVT (72 cidades) e empresas que utilizam a rede de acesso da Copel, em fibra, no Paraná. A Oi diminuiu o ritmo de expansão de seus serviços de TV por assinatura em 2010 e planeja chegar aos 800 mil clientes até o final de 2011. Hoje, a empresa opera DTH em apenas dois estados (Rio de Janeiro e Minas), mas deve levar o serviço ainda a Pernambuco e Ceará. A entrada da Portugal Telecom no capital da empresa, anunciada este mês, pode mudar as coisas. A PT é das operadoras européias que mais inovaram na oferta de serviços convergentes. Desde a década de 90 a operadora tem tradição de oferecer serviços de TV paga avançados e recentemente decidiu conectar todas as cidades de Portugal com redes de fibra e melhorar a rede de acesso para a oferta de IPTV. É claro que as dimensões brasileiras são outras, mas os próprios acionistas atuais da Oi esperam que os portugueses agreguem uma cultura convergente, o que levaria a uma expansão nas redes multisserviços.

Paralelamente, existe a expectativa dos impactos que a atuação da Telebrás no mercado de backbone poderá provocar. Muitos provedores de serviços, como a RNTW, no Paraná, dependem de capacidade de compra no atacado para se tornarem mais competitivas, e é nesse tipo de empresa (e nos pequenos operadores de cabo) que a estatal quer concentrar seus esforços, como forma de criar competição com quem já tem capacidade, como é o caso da Oi, Telefônica e Embratel/Net. A construção de um grande backbone nacional pelas operadoras móveis Vivo, Claro e TIM/Intelig, em conjunto com a GVT, também deve tornar a infraestrutura mais barata para terceiros, caso haja sobra nessa rede, o que potencialmente beneficiará operadores que façam pequenas redes de acesso, como são as operações de cabo locais. os poucos, o mercado brasileiro pode começar a registrar a realidade do mercado dos EUA, em que o acesso por cabo e fibra dominam o mercado e o ADSL está em franca decadência.


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