José Roberto de Souza Pinto

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28/03/24

• Investir em conhecimento

Nota de encaminhamento:

Esse texto estava na prateleira, esperando uma oportunidade e eu mesmo acreditava no pouco interesse do brasileiro por este tema, em face da situação atual do país.

Entretanto dois fatores me motivaram a fazer essa publicação.

Recentes catástrofes naturais e inúmeras novas informações sobre a saída de profissionais qualificados do país.

Trata-se de uma oportunidade de avaliar o que devemos fazer para alterar este cenário da ciência e tecnologia no Brasil.

• Investir em conhecimento

Toda vez que eu leio algo sobre tecnologia e conhecimento me assusta a situação do atraso do Brasil.

O mesmo acontece quando tomo conhecimento sobre alguma catástrofe natural, motivada por questões climáticas ou mesmo pelo ciclo de vida do planeta terra.

Não importa neste momento o fato em si, até porque já aconteceu, mas a necessidade de se prever acontecimentos e desenvolver projetos ou estratégias que minimizem os impactos.

Neste contesto retornamos à necessidade de conhecimentos científicos e tecnológicos como fundamentais para sobrevivência da humanidade, seja no campo dos alimentos, remédios e materiais e equipamentos para a saúde, bem como nas situações que envolvem a segurança física da população.

Qualquer pesquisa que se faça sobre o tema, vamos encontrar no Brasil alguns números muito baixos de investimentos, cientistas e soluções quando comparados com outros países.

Por outro lado, se você pesquisar sobre ciência e tecnologia, vai encontrar frases como essas:

“Investir em educação, ciência, tecnologia e inovação é tarefa fundamental para garantir um país mais desenvolvido tanto no plano econômico como social. Sabe-se que o dinheiro investido nessas áreas gera um efeito multiplicador que se reflete, entre outras coisas, no PIB de um país”.

“Investir em Ciência e Tecnologia é a alicerce do progresso nacional, impulsionando a economia, resolvendo problemas sociais e preservando o meio ambiente.”

Então parece que não precisamos de mais argumentos para decidir sobre a importância e a prioridade de se investir em conhecimento.

Pensei em elencar um conjunto de motivos para essa baixa ou nenhuma prioridade na questão do conhecimento cientifico e tecnológico, mas parece claro que a existência de poucos centros de excelência e poucos profissionais e sem dúvida a evasão desses cérebros para o exterior são argumentos mais convincentes.

A título de exemplo a recente publicação do Valor Econômico, cita que cerca de 1500 profissionais brasileiros das áreas de TI e Engenharia migraram para a Alemanha.

Não faltam exemplos de busca de profissionais qualificados no Brasil para a migração para outros países.

Para ficar claro, quero dizer que não se trata de abandonar as artes a filosofia e outras matérias importantes para o desenvolvimento da sociedade harmônica e saudável física e mentalmente, mas precisamos incentivar o desenvolvimento da ciência e tecnologia no país.

Sem sobra de dúvida, temos inúmeras iniciativas nesse campo e estamos melhor se compararmos com a situação do país de 40 anos atras.

A questão são as comparações com outros países, que investiram nesses últimos 40 anos em educação, conhecimento e ciência e tecnologia e colocam o Brasil junto com países subdesenvolvidos, não só pelos indicadores, mas pela realidade aqui estabelecida.

Trata-se de sobrevivência e menos dependência de outras nações que estão em um estágio de desenvolvimento científico e tecnológico bem mais avançado que o Brasil e até de uma busca de cooperação séria em condições semelhantes com outras nações.

Numa rápida pesquisa no Senado sobre projetos neste campo, encontramos uma colcha de retalhos, com iniciativas das mais diversas e até críticas a Lei do Bem, que deveria ser um incentivo fiscal para as Empresas investirem em ciência e tecnologia e que aparentemente não está produzindo resultados, se compararmos com outros países. Na Câmara dos Deputados a resposta é semelhante de tópicos e não de um conjunto organizado de ideias.

Louvável encontrar nessas Casas do Congresso Nacional o agendamento para discussão da Inteligência Artificial (IA), mas como solução ou restrições, quando o espaço do conhecimento da ciência e tecnologia a ser percorrido é muito mais amplo em diversos segmentos da sociedade.

Salvo engano, não vejo nenhuma iniciativa de grande vulto no país nesta direção que tenha esta característica com amplitude e um caminho de longo prazo sustentável, na linha de um planejamento que defina com clareza recursos públicos e privados, incentivos e projetos, como desejaria, que sem dúvida, seria objeto de ampla divulgação, dado a sua importância.

A demanda ou necessidade imperiosa que se apresenta me parece clara, afinal produtividade, desenvolvimento e segurança física da população estão aí para nos desafiar a cada dia que passa, sem falar na fuga de profissionais, que não encontram espaço no país.

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.