José Ribamar Smolka Ramos
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Março 2012               Índice Geral


28/03/12

• Coisas certas... Coisas erradas... (sobre entrevista do presidente da TIM)

de: J. R. Smolka smolka@terra.com.br por yahoogrupos.com.br
para: "wirelessbr@yahoogrupos.com.br" <wirelessbr@yahoogrupos.com.br>,
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data: 28 de março de 2012 10:16
assunto: [wireless.br] Coisas certas... Coisas erradas...

Oi pessoal,

Ontem o Tele.Sintese publicou uma entrevista com o Sr. Rogério Takayanagi, Presidente da TIM Fiber. O título chama a atenção: "A TIM Fiber se opõe à convergência".

Ao ler este título fiquei intrigado. Pensei: piraram na batatinha? E, lendo o texto cheguei à conclusão que o que foi dito, e que gerou o título bombástico, é uma mistura de coisas certas e erradas. Antes de comentar, vejamos o trecho da entrevista que gerou o título.

"Tele.Síntese – Como a TIM Fiber vai se posicionar neste mundo convergente?

Rogerio Takayanagi – A convergência fixo-móvel é a maior bobagem que já se inventou. Serve para vender projeto de consultoria. Não existe uma operadora no mundo que fez esse negocio funcionar bem. Por quê? Porque o cliente não quer um serviço fixo-móvel. Ele pode querer uma banda larga e um celular. Mas juntar os dois não tem o menor sentido.
 
Tele.Síntese – Mas o usuário pensa em chegar em casa e usar o celular pagando uma tarifa de telefonia fixa...

Takayanagi – Isso é o que os fornecedores vendem
. [...]"

O Sr. Takayanagi tem razão em um aspecto: nos moldes atuais da prestação dos serviços fixos e dos serviços móveis, onde apregoa-se como convergência apenas o fato de haver um pacote comercial com conta única dos dois serviços, então realmente falar de convergência é bobagem. E o repórter ainda reforça esta visão estreita e simplista, alegando que o que o usuário quer é usar celular com tarifa fixa. Se *isto* é o que chamamos de "convergência", então eu concordo com o Presidente da TIM Fiber: é bobagem, e da grossa. Mas... é o que os fornecedores vendem.

Esta discussão foge do ponto da real convergência, que ocorre com a adoção de serviços IP mediados pelo IMS. Desta forma você passa a ter uma única plataforma de prestação de serviços, quer sejam eles fixos ou móveis, ou mesmo híbridos ou intercambiáveis entre estas duas categorias.

"Convergência" para mim ocorrerá quando for possível a um usuário que está participando de uma videoconferência (com vídeo HD ou até mesmo 3D) no seu desktop no escritório, conectado por um acesso Ethernet sobre alguma forma de PON (para ficar no tipo de acesso que a TIM Fiber está bem posicionada para prover), dinamicamente remanejar a sessão (e renegociar as características da mesma - ex.: continuar com o vídeo HD, mas sem 3D) para o seu tablet com conexão 4G enquanto segue de taxi para o aeroporto, e, lá chegando, transferir sua sessão da rede 4G para a rede WiFi do terminal. Eventualmente, ao embarcar, talvez ele queira renegociar novamente os parâmetros da sessão para continuar participando da conferência, agora apenas por áudio, através do serviço de telefonia aérea disponível a bordo.

A questão é: ou as operadoras migram suas redes para o IMS ou este cenário acabará sendo oferecido por algum provedor OTT sobre sua própria suite de aplicações de unified comunications, disponível para uso em tablets e smartphones como aplicações, que podem ser baixadas na app store da preferência do usuário (ou do fabricante do aparelho).

Senhores e senhoras, não se iludam. A única coisa que está diminuindo a velocidade com que os provedores OTT atacam este mercado é a fragmentação do ambiente operacional (iOS, Android - em vários "sabores", o que é o grande problema da Google, hoje, nesta área - e, em menor escala, Windows Mobile e Symbian). E isto pode mudar rapidamente, seja porque algum dos ambientes operacionais torne-se o vencedor inconteste no mercado (aparentemente, hoje, só o iOS e o Android estão bem posicionados para isso), seja porque a adoção do HTML5 incorpore diretamente nos browsers o acesso a features do hardware que hoje tem que ser acessados por APIs proprietárias de cada Sistema Operacional.

Se o Sr. Takayanagi não vê este tipo de cenário no futuro da empresa que preside, ou acha que ela está no mesmo "saco de gatos" do que se pratica hoje sob o rótulo de "convergência", então o que eu acho é que eles contrataram serviços de consultoria de menos :-)

E se quiserem que alguém lhes mostre o caminho das pedras, estou à disposição.

[ ]'s

J. R. Smolka


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