José Ribamar Smolka Ramos
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Fevereiro 2014               Índice Geral


07/02/14

• Comentário sobre o artigo "Telecom: qualidade do serviço sob a ótica do executivo da empresa"

Referências:
01.
Fonte: e-Thesis
[06/02/14]  
Telecom: qualidade do serviço sob a ótica do executivo da empresa - por José Roberto de Souza Pinto
02.
Observação de um debatedor:
(...) Interessante ponto de vista, no entanto os executivos de uma forma geral a bastante tempo deixaram de observar a satisfação dos seus clientes em favor da situação dos acionistas (lucro a qualquer preço) E dos seus próprios bolsos (na forma de bônus, mesmo que suas atitudes comprometam o futuro da empresa o que vale é o AGORA).
Num ambiente onde todas concordam em ser ruins, a rotatividade também esconde grande parte do observado pelo articulista.
O que falta, realmente, é um órgão regulador que seja proativo executando literalmente o que diz a LGT: PADO, multa, intervenção e cassação da licença.(...)

Comentário de José Smolka:

Quando falamos de modelos e técnicas de gestão (e este não é um problema localizado só das empresas de telecom), me vem à mente aquele ditado: para quem só sabe manejar o martelo, tudo será tratado como prego.

É verdade que os executivos das empresas continuam com esta miopia do foco exclusivo no "shareholders value enhancement", como se não houvesse alternativa. Mentira. Há sim, e com grandes casos de sucesso. Mas também é verdade que a maioria dos detratores deste modelo de gestão, porque em geral são descrentes das virtudes do capitalismo, também só sabe advogar mais regulação, mais fiscalização, mais controle do Estado, mais (e mais pesadas) multas... Creio que esta fé inabalável na eficácia das medidas punitivas (e, em última análise, a descrença de qualquer possibilidade alternativa para obter uma melhoria do estado das coisas) vem daquele fenômeno da ilusão do retorno à média, do qual falei em outro post.

Acreditem vocês ou não, esta política cega do "shareholders value enhancement", bem como a ferramenta que deveria manter o foco dos executivos nesta direção (a vinculação dos bônus de desempenho ao resultado dos papéis da empresa em bolsa - ou mesmo o pagamento do bônus em ações) já foram reconhecidos como sendo a ideia mais idiota do mundo por não menos que o próprio Jack Welch, modelo e guru de dez entre dez CEOs. Duvida? Acesse este artigo do Financial Times, onde Welch é citado dizendo: “On the face of it, shareholder value is the dumbest idea in the world. Shareholder value is a result, not a strategy... Your main constituencies are your employees, your customers and your products.”

Eu, pessoalmente, tenho me inclinado fortemente em favor do Radical Management, proposto por Steve Denning, como alternativa à forma dominante de gestão. Se vocês quiserem informação sobre isto, recomendo a leitura destes dois artigos no blog dele na Forbes:

The Dumbest Idea In The World: Maximizing Shareholder Value
Why Most Of What We Know About Management Is Plain, Flat, Dead Wrong

E, se há alternativas para o modelo de gestão das empresas, o mesmo pode ser dito do modelo de gestão pública da regulação de serviços. Em resumo, há coisas muito diferentes que pregos por aí. Nós é que precisamos aprender a manejar novas ferramentas para explorar as vantagens dessa diversidade. O resto é mi mi mi.

[ ]'s
J. R. Smolka


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