Michael Stanton

WirelessBrasil

Ano 2005       Página Inicial (Índice)    


25/08/05
Google e Skype, de novo 

Sem dúvida, duas das organizações mais interessantes que atuam na Internet hoje são Google e Skype, que já foram assuntos de colunas anteriores (v, por exemplo, as colunas de 30 de novembro de 2003 e 4 de janeiro de 2005.

Apesar de ter falado sobre o Skype já em novembro de 2003, custei um pouco para usá-lo, convencido primeiro pelo entusiasmo de meus alunos e colegas de trabalho e, finalmente, por meu filho, que mora no exterior. Skype (v. www.skype.com), para quem ainda não sabe, é um aplicativo que permite seu computador ser também um telefone. Imagino eu que seu desempenho será melhor com acesso Internet de "faixa larga" - ainda não experimentei sobre uma conexão de acesso discado. Para usar o Skype, o computador precisa possuir suporte para áudio, com microfone e alto-falantes, e estes podem ser substituídos por fones de ouvido. O serviço de telefonia prestado é de boa qualidade, e inteiramente sem custo quando usado entre computadores ligados à Internet. Para tanto, é necessário sabe a identificação Skype do seu correspondente, que será usado para determinar se ele está ligado à rede, e se está disponível para conversar.

Skype é o exemplo mais destacado das aplicações de Voz sobre IP, ou VoIP (do inglês), que é uma técnica usada para transmitir áudio por meio de uma rede de informação digital. Por motivos de economia, algumas companhias telefônicas vêm usando VoIP para diminuir os custos de telefonia de longa distância ou internacional, e podemos notar que os preços vêm caindo há anos com a entrada de novos concorrentes. Me recordo que há poucos anos telefonemas internacionais para Europa ou EUA custavam em torno de US$ 1 por minuto. Então veio uma investida forte da Intelig (www.inteligtelecom.com.br), que acabou baixando o preço de referência para mais próximo de R$ 1 por minuto. Mais recentemente, a GVT (www.gvt.com.br), que já era "espelho" da Brasil Telecom na sua área de operação, passou a oferecer telefonia internacional para as cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, baixando o preço final incluindo impostos ao patamar de R$ 0,25 por minuto. É só chamar 25. Evidentemente é bom que as economias de VoIP também sejam repassadas ao usuário final.

A tendência dos preços da telefonia internacional é de cair ainda mais. Hoje, quando se viaja no exterior e quer falar com o Brasil, há várias alternativas: uso das companhias locais no exterior, fazer chamadas a cobrar usando operadoras nacionais, ou comprar um cartão pré-pago de telefonia "alternativa". É uma confusão de opções, e não sempre todas estão disponíveis. Às vezes os custos estão salgados, quando usados os meios mais convencionais, especialmente de hotéis. Agora, se tem acesso à Internet pode-se usar o SkypeOut (v. skype.com/products/skypeout). Este é um serviço recente de Skype, que permite realizar chamadas a partir de um computador para telefones convencionais. O serviço existe para um grande número de países e o custo reflete apenas o custo de telefonia interna no país de destino, pois não se paga a parte internacional da conexão. Os preços começam em torno de R$ 0,05 por minuto, para telefones fixos nos países e cidades maiores. O uso de SkypeOut é pré-pago, com crédito mínimo de 10 Euros, com validade de 6 meses, e o pagamento poderá ser feito por cartão de crédito. Este serviço funciona muito bem, na minha experiência. Comecei usar mês passado quando estava numa cidade do interior de Guatemala, e fiquei impressionado por sua facilidade de uso e funcionalidade. Depois de voltar ao Brasil comecei a usar SkypeOut para minhas ligações internacionais daqui. Os inventores de Skype estão ganhando merecidamente muito dinheiro com este serviço excelente.

O que falar sobre Google (www.google.com)? A partir de demonstrar na prática a enorme importância de localização de informação, os inventores desta formidável ferramenta de busca de páginas WWW (o espaço externo) começaram a ramificar seus serviços. Ainda está em desenvolvimento a ferramenta "Desktop", já na versão 2 (v. desktop.google.com). A princípio, a idéia é muito boa: permitir localizar informação no espaço interno do disco do seu computador. Quem não "perdeu" informação aí por não conseguir localizá-la na hora H? O problema se torna mais complexo tecnicamente pela pletora de formatos de arquivos usados em nossos sistemas. Na versão 2, o leque de formatos aceitos é maior, incluindo outros agentes de correio além do Outlook da Microsoft (mas infelizmente não incluindo o Eudora que eu ainda uso), e arquivos no formato PDF. O custo destas facilidades é espaço em disco dedicado aos índices de conteúdo usados para acelerar as buscas, e o uso dos recursos do próprio computador para criar e manter atualizados estes índices. Minha única querela maior com o Desktop é que perco tempo esperando para ganhar de volta o uso do computador quando o necessito, pois, embora seja suspensa o trabalho de indexação quando volto a querer usar o computador, esta suspensão não é imediata. Hoje instalei a versão 2, e darei maiores notícias em outra ocasião.

Também aderi recentemente ao uso de Gmail (mail.google.com), o serviço de correio eletrônico do Google, embora continue preferindo manter acesso às mensagens via POPmail do que através da interface webmail. Esta última evidentemente tem sua utilidade em viagens. O último lançamento do Google para a comunicação pessoal é o "Talk" (talk.google.com), um serviço de mensagens instantâneas, que tem como objetivo unificar as diferentes comunidades de "chat", além de proporcionar comunicação de voz (VoIP de novo!) entre os usuários - parece que vai concorrer com o Skype. O Talk está disponível a usuários já registrados no Gmail, o qual agora está de acesso aberto a todos (durante sua fase inicial, o acesso era por convite emitido por outro usuário).

A súbita transformação em apenas 7 anos de uma pequena organização com um único produto (a máquina de buscas original) para uma empresa pública, já julgada estar em 38º lugar entre as marcas mais valiosas do mundo (a Microsoft estaria em 2º lugar), oferecendo um amplo leque de serviços e com valor de mercado de US$ 78 bilhões, está perturbando os concorrentes. Bill Gates, o fundador da Microsoft, falou para a revista Fortune este ano que Google era "mais parecida conosco do que qualquer outro concorrente que já tivemos". Mais do que qualquer outra organização do gênero, ela é o produto da aplicação de inteligência às oportunidades criadas pelo atual estado das tecnologias de informação e comunicação. A empresa dá asas à criatividade dos seus funcionários (e sócios), que exploram estas novas oportunidades.

Por exemplo, um outro serviço de Google lançado recentemente é o "Earth" (earth.google.com), que permite visualizar na tela do seu computador imagens fotográficas de toda a Terra tiradas por satélites. A base de fotos é muito grande, embora de resolução variada. Para certos países e para as grandes cidades nos demais, a resolução permite aproximação ao nível do prédio individual, ou menos. Por enquanto isto não é verdade para a maior parte do Brasil, onde a resolução é menor. Do Earth, talvez a característica mais interessante seja a interface intuitiva, que facilita a navegação. É preciso usá-la para ver isto, mas, como sou gamado em mapas e outras formas de visualização da geografia, tenho brincado com ele bastante. Outras características bem interessantes incluem a localização geográfica (latitude e longitude) do cursor, e as opções de sobrepor à imagen a malha de ruas e estradas, com sua identificação nominal, de recordar a localização de pontos do nosso interesse e de visualização tridimensional das imagens. Acho fantástico! Não deve surpreender que a Google imagina que este recurso fornecerá a base para a localização de empresas, lojas e outros ponto de interesse para futura exploração comercial, e o serviço Earth existe em versões comerciais, além da gratuita que instalei e uso.

Mais para brincadeira, o "Moon" (moon.google.com)oferece uma interface semelhante para visualizar a superfície da lua. A resolução das fotos não é tão alta quanto da Terra em Earth. Entretanto há uma surpresa esperando quem chega à maior amplificação das imagens.

Skype e Google são organizações que vieram para somar esforços, e fico feliz de tê-las do nosso lado nesta viagem.