WirelessBR

WirelessBr é um site brasileiro, independente, sem vínculos com empresas ou organizações, sem finalidade  comercial,  feito por voluntários, para divulgação de tecnologia em telecomunicações 

MMSC
 Multimedia Messaging Service Center

Autor: Marcelo André Frizzo (*)


O Multimedia Messaging Center é o que podemos chamar de "evolução natural" para a plataforma SMSC. Enquanto o SMSC é responsável pelo tratamento de mensagens de texto (com comprimento limitado) a plataforma MMSC permite agregar valor ao tráfego de mensagens, possibilitando o uso de combinações de formatos de mídia, tais como: imagem, som e vídeo entre outros. 

Definido pelo 3GPP com interações e contribuições do WAP Forum, as conversas sobre a padronização iniciaram-se no final de 1998, com efetivos trabalhos no verão europeu de 1999. As conversas sobre padronização terminaram por definir um sub-conjunto de "standards", que foram nomeados iniciando por MM1, MM2... 
Cada um destes "standards" é responsável por definir claramente um certo conjunto de especificações, de maneira, que ao final, somando-se estas individualidades o sistema seja capaz de trabalhar de forma transparente e como uma entidade única. 
Apenas como exemplo, a especificação "MM3" é responsável pelo tratamento de e-mails, enquanto que a especificação "MM4" fornece todas as regras para fins de inte-MMSC (para garantir a interoperabilidade entre diferentes plataformas MMSC de diferentes fabricantes).

As diferenças com a plataforma SMSC não ficam apenas no tipo de conteúdo suportado, mas especialmente no modo de conexão aos elementos de rede e em conseqüência o modo como se dá o tráfego das mensagens multimídia, sejam elas trocadas entre dois telefones moveis (MO-MT) e/ou originadas/terminadas por uma aplicação (AO-MT, MO-AT).

A característica que mais aproxima a plataforma MMSC de uma plataforma SMSC é o princípio de funcionamento de ambas: Store & Forward, ou seja, primeiramente as mensagens destinadas aos assinantes móveis são armazenadas em um banco de dados da plataforma (Store) e posteriormente, quando possível, as mensagens são efetivamente entregues aos assinantes (Forward).

Em contrapartida, a característica que torna a plataforma MMSC bastante diferente da plataforma SMSC é o modo como é composta a plataforma MMSC e como esta se conecta aos elementos de uma rede celular. 
Para exemplificar isto, é importante lembrar que a plataforma SMSC faz uso de links de sinalização SS7 para "conversar" com os elementos de rede e possibilitar o tráfego de mensagens curtas, roteamento de mensagens, entre outras tarefas. 
A plataforma MMSC propriamente dita não possui conexão física aos elementos de uma rede celular, já que todo a comunicação é feita através de WSP (Wireless Session Protocol), o que incita o uso de um WAP Gateway.
Alguém pode perguntar: Mas então, o MMSC é a soma de uma plataforma SMSC com um WAP Gateway? Simplificadamente, poderíamos afirmar que sim, mas não é tão simples assim… Até mesmo para o uso com sucesso da solução MMSC é necessário a existência de uma plataforma SMSC integrada a rede celular da operadora. 

Levando-se em conta o fato de a plataforma MMSC fazer uso de WSP, que por definição do WAP Forum explora parte da pilha do protocolo TCP/IP, podemos imaginar que o MMSC também faz uso exaustivo de TCP/IP. 
Tanto isso é verdade, que não somente pelos procedimentos mais comuns decorrentes de uma sessão WAP (WAP Post, WAP Push e WAP Get), o MMSC executa muitas das operações comunicando-se por ambos, SMTP e HTTP.
O SMTP (isso mesmo, o protocolo padrão para e-mail) tem destaque na interoperabilidade de plataformas, e também no manuseio de mensagens multimídia enviadas por terminais multimídia para caixas postais na internet (MO-Email) e vice-versa, quando emails são enviados da Internet com destino a terminais multimídia. 

Considerando o exemplo anterior, quando uma mensagem é trocada através de SMTP, certamente uma questão vem à cabeça do leitor atento: E como ficam os conteúdos e diferentes formatos ? Pois para lidar com isso, como parte das normas de padronização foram criadas regras para adaptação de conteúdo. 

Em linhas gerais, a plataforma MMSC identifica as capacidades do terminal destinatário e então formata o conteúdo de maneira que este possa ser visualizado. Essa formatação inclui adaptação do tamanho da imagem (de acordo com o numero de linhas/tamanho da tela do terminal), formatos de mídia suportados (gif, jpeg, etc...) e outros aspectos pertinentes as capacidades do terminal receptor. 
Para fins de exemplificação, os seguintes passos são executados quando uma mensagem é enviada de um terminal A com destino ao terminal B. (Para fins didáticos, imaginemos que o terminal A é produzido pelo fabricante Nokia, modelo 7650 e o terminal B é produzido pelo fabricante Ericsson, modelo T68i):

1. A mensagem é enviada pelo assinante A, com destino ao assinante B;

2. Quando a mensagem chega na plataforma MMSC, ela é armazenada (como principio de funcionamento, primeiramente a mensagem é armazenada, pois o destinatário pode estar indisponível), e uma notificação é encaminhada ao terminal B (com capacidades ainda desconhecidas) informando que existe uma mensagem multimídia aguardando para ser carregada/lida;

3. O terminal B envia um ACK (acknowledgement, informando que tomou conhecimento de tal situação) para a plataforma MMSC, incluindo na mensagem ACK o seu "UA Header" (User Agent Header). Neste cabeçalho estarão incluídas informações sobre as capacidades do terminal, tais como: tamanho da tela, formatos suportados, etc. O ACK enviado pelo terminal em direção ao MMSC também é uma solicitação para receber a mensagem multimídia (WAP Get);

4. Com base nas informações recebidas do assinante B, a plataforma MMSC realiza uma consulta (possivelmente em seu banco de dados, variando de acordo com a implementação do fabricante) afim de realizar a adaptação do conteudo;

5. Finalmente, atendendo ao WAP Get recebido, a plataforma MMSC disponibiliza a mensagem multimídia no formato "legível" ao terminal B.

Abaixo, um exemplo de como se dá o envio de uma mensagem multimídia entre dois assinantes (MO-MT) sob a Ótica de uma sessÃO WSP (Wireless Session Protocol).

Mensagem multimídia MO-MT 

Tanto para o assinante que vai enviar a mensagem multimídia (MO, Mobile Originated), como para o assinante que vai receber a mensagem multimídia (MT, Mobile Terminated) o primeiro pré-requisito a ser considerado é a capacidade dos terminais de enviar/receber conteúdo multimídia (de maneira análoga temos o mesmo cenário com o mundo SMS).

Com estes requisitos atendidos, o assinante que vai enviar a mensagem realiza o que chamamos de WAP Post, que corresponde ao envio da mensagem multimídia através de uma conexão usando o WAP gateway. A mensagem enviada será armazenada na plataforma MMSC, que usando as informações contidas sobre o destinatário irá disparar um processo, usando a plataforma SMSC já existente, para a entrega de uma short message que contém um link para o acesso a mensagem multimídia. Este processo é conhecido como WAP Push.

Por fim, o assinante que recebe o WAP Push (espécie de short message especial com o link para a mensagem multimídia) irá clicar sobre este link, realizando a parte final do processo, conhecida como WAP Get, quando, então, uma conexão WAP sera realizada exibindo a mensagem multimídia enviada anteriormente por outro assinante.

Possíveis Aplicações usando MMSC

Se o MMS é o irmão mais velho do SMS, é facil imaginar que as aplicações desenvolvidas para explorar a capacidade SMS podem/serão adaptadas para explorar também as capacidades MMS. Trata-se do famoso AO-MT (Application Originated - Mobile Terminated). Embora o numero de assinantes com terminais MMS ainda seja muito pequeno (sempre comparando com o irmão mais novo, SMS) o numero de terminais com capacidade MMS disponibilizados pelos fabricantes é cada vez maior, mais atrativo, e com tendência de preços mais baixos. Isso certamente alavancará o uso desta tecnologia, uma vez que o apelo visual conta bastante. Alguns exemplos de serviços já explorados por operadoras/prestadores de serviço são:

- Envio de cartões postais;

- Envio de figuras/ícones personalizados;

- Envio de clips de musicas/eventos esportivos, etc;

Os exemplos acima estão longe de esgotar o potencial de uso/exploração dos servicos/conteúdos MMS. 

Mas e o que acontece com a grande massa (presente) de terminais não-MMS ? 
Pensando nisso, diferentes fabricantes oferecem diferentes implementações, que visam em Última análise proporcionar uma maneira alternativa de visualizar as mensagens multimídia enviadas por algum assinante com terminal MMS ou mesmo vindo de uma aplicação e/ou endereço de email. 
Tais soluções permitem que o assinante que não possui terminal MMS receba, por exemplo, uma SMS notificando que uma nova MMS chegou e está aguardando para ser visualizada no endereço http://.... ou ainda que a nova MMS foi direcionada para a caixa postal dele (configurada previamente como opção quando da chegada de uma MMS).
Medidas como essa, independente da implementação escolhida/oferecida pelo fabricante da plataforma/terminal MMS visam garantir em especial duas coisas:

- TRANSPARÊNCIA, para o usuário final, que não precisa (não quer) se preocupar com termos técnicos, tampouco sabe a característica/modelo/fabricante do terminal do destinatário da mensagem multimídia;

- RECEITA, para a operadora, que visa oferecer variedade de serviços diversificando seu portfolio e garantindo competitividade/diferencial no mercado de atuação.


(*) O autor, Marcelo André Frizzo (marcelo.frizzo@gmail.com), tem 28 anos e formou-se em Tecnologia em Processamento de Dados na ULBRA/RS. Acumulou diversificada experiência profissional durante 4 anos trabalhando como Tenente no Centro de Telemática do Exército em Porto Alegre,RS. 
Saindo da "vida pública" trabalhou na Telet (operadora celular Banda B) em Porto Alegre, transferindo-se posteriormente para Starmedia Mobile, em Belo Horizonte. 
Trabalha na Nokia, em Dallas, USA desde Outubro/2002, focado em plataformas de Messaging e VAS.

 

Home WirelessBR