O Brasil elegeu a inclusão digital, através 
        da banda larga, como uma prioridade de governo, mas autoridades ligadas 
        à Segurança da Informação alertam: Com a expansão das redes domésticas e 
        públicas de alta velocidade (3G e WiMAX e hotspots Wi-Fi) e sem uma Lei 
        que tipifique e puna os crimes eletrônicos, o combate às fraudes 
        virtuais pode fugir ao controle da ação policial no País. Pior: O dono 
        da rede sem fio doméstica pode ser considerado cúmplice num crime 
        alheio.
      
         
      
        "Se um consumidor compra um roteador 
        Wireless, monta uma rede sem fio e a deixa aberta, sem observar as 
        recomendações do manual do fornecedor, principalmente com relação à 
        segurança, esse consumidor pode ter a sua rede utilizada por criminosos 
        e o IP dele ser rastreado pela polícia. Será uma grande dor de cabeça e 
        haverá uma ação judicial", alerta o advogado especializado em direito 
        eletrônico, Renato Opice Blum. 
      
      
         
      
        Segundo ele, o brasileiro tem uma cultura 
        com relação às redes sem fio que precisa ser trabalhada e apurada. 
        "Muitos acham que precisam, sim, deixar suas redes abertas porque é 
        preciso democratizar o acesso. A questão é que há responsabilidade dessa 
        ação e muitos não sabem das conseqüências. No mundo real, há os crimes 
        culposos (sem intenção de culpa) e os dolosos ( com intenção de culpa) 
        com estabelecimento de punições específicas", alerta Opice Blum. 
      
      
         
      
        Para o advogado, a compra de roteadores 
        wireless para a montagem de redes sem fio domésticas precisa de 
        orientação de especialistas. "É melhor previnir do que remediar, e a 
        situação pode piorar com o aumento das redes de alta velocidade sem fio, 
        o WiMAX e a 3G estão batendo à porta", completa Opice Blum.
      
         
      
        Consumidor e a sua responsabilidade
      
         
      
        Mais cauteloso, até em função do cargo que 
        ocupa, o delegado assistente da Delegacia de Crimes Praticados por Meios 
        Eletrônicos do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado 
        (DEIC), José Mariano de Araújo Filho, também revela grande preocupação 
        com o momento da evolução da tecnologia. 
      
      
         
      
        Segundo ele, as práticas ilícitas cometidas 
        via o meio eletrônico, em especial, a Internet, crescem num ritmo muito 
        veloz. O avanço das redes sem fio - privadas e públicas de alta 
        velocidade - preocupa, e muito, a polícia especializada, que ainda 
        precisa ampliar os seus quadros.
      
         
      
        "Hoje essas redes sem fio ainda são 
        localizadas, mas com a expansão delas para vários municípios e a 
        facilidade de acessar à Internet de qualquer lugar vão dar aos 
        criminosos virtuais mais meios para atuarem. A polícia terá que ser 
        ainda mais eficaz no combate dessas ações criminosas", observa Mariano 
        Filho. 
      
      
         
      
        "O senão é que rastrear um IP é uma tarefa 
        que a polícia consegue e pode-se chegar a um usuário que não é um 
        fraudador, mas que terá que responder pela ação por ter deixado uma 
        brecha para a prática ilícita", alerta o delegado do DEIC. 
      
      
         
      
        A prática mais segura, no ponto de vista de 
        Mariano Filho, é o usuário da rede sem fio tomar todas as precauções 
        possíveis, entre elas, acionar o fabricante do roteador e pedir o máximo 
        possível de informações sobre os protocolos de segurança.
      
         
      
        Ataque global e certeiro
      
         
      
        As advertências dos especialistas são 
        respaldadas por pesquisas que comprovam: Os crimes virtuais ganham cada 
        vez mais requintes profissionais. Os fraudadores especializam-se e 
        adquirem kits de ferramentas, pacotes de software, vendidos por 
        terceiros para criar as ameaças e prejudicar companhias e clientes.
        
      
      
         
      
        Essa é mais uma das constatações do 12º 
        Relatório de Ameaças à Segurança na Internet, divulgado pela Symantec. O 
        número de ameaças triplicou no primeiro trimestre mundialmente, passando 
        de 74mil para 212,1 mil. O maior "vilão" é o cavalo-de-tróia, programa 
        instalado no computador para capturar dados de terceiros.
      
         
      
        Há também uma ação mais unificada dos 
        golpistas. tanto é assim que o levantamento da Symantec aponta que, nos 
        três primeiros meses do ano, apenas três kits foram responsáveis por 42% 
        dos ataques mundiais de phishing, usados para a construção de páginas de 
        internet falsas que roubam informações como senhas de bancos.
      
        
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        Os crimes eletrônicos não podem mais serem subestimados no Brasil. Este 
        ano, mais de 15 mil ações ligadas aos crimes eletrônicos foram julgadas 
        nos tribunais nacionais, estatística que coloca o Brasil à frente de 
        muitos países do chamado primeiro mundo. A maior parte é voltada para 
        crimes contra a honra ( injúria em comunidades de relacionamento) - 60%.
        
      
      
         
      
        Ações financeiras - clonagem de cartões e 
        Internet Banking - respondem por 20%. Os demais 20% são de ações de 
        danos em comércio eletrônico - fraudes e falta de cumprimento de prazo 
        de entrega, concorrência desleal entre empresas, entre outras 
        reclamações. Especialistas cobram a aprovação da Lei especifica - à 
        espera de votação no Senado Federal, parado em função do caso Renan 
        Calheiros - para agilizar as investigações. Até lá, o Brasil não pode 
        aderir à convenção contra cibercrimes, estabelecida em 2001, na Europa, 
        e que já conta com a adesão de vários países. 
      
      
         
      
        "O momento é extremamente delicado com 
        relação aos crimes eletrônicos. O número de computadores e de pessoas 
        usando o meio eletrônico, especialmente a Internet, não pára de crescer. 
        E há restrições que precisam ser revogadas para que as autoridades 
        possam atuar de forma mais ágil e efetiva", alerta o delegado da 4ª 
        delegacia de crimes organizados praticados por meios eletrônicos de São 
        Paulo, José Mariano de Araújo Filho. 
      
      
         
      
        Em São Paulo, informou o delegado, que 
        participou nesta quarta-feira, 19/09, de um evento realizado pela 
        Symantec para a divulgação da 12ª Edição do Relatório de Ameaças à 
        Segurança na Internet, com a revelação de dados da América Latina, a 
        delegacia - a única especializada em crimes eletrônicos da cidade - 
        trabalha com uma média de 1000 inquéritos. 
      
      
         
      
        "Há ainda, sim, um certo temor das pessoas 
        de irem à delegacia para denunciar crimes eletrônicos, mas já há um 
        grande movimento, principalmente com relação ao crime contra a honra. A 
        questão é que como não há uma Lei Específica, muitas vezes, é mais fácil 
        entrar com uma ação cívil, do que seguir os trâmites nossos. Isso porque 
        há questões que precisamos interpelar provedores e operadoras. Esse 
        processo pode levar mais de 15 dias", observa Mariano Filho. 
      
      
         
      
        "E o que a pessoa quer, de fato, é que, 
        imediatamente àquela ação criminosa saia do ar. Para isso, dependemos 
        dos provedores e das operadoras e de uma Lei para isso", completa o 
        delegado. Outro ponto preocupante é que sem uma legislação - provedores 
        e operadoras têm 30 dias para guardar seus dados - e muitas vezes, esse 
        curto prazo de armazenamento das informações inviabiliza uma 
        investigação, uma vez que nem sempre as medidas judiciais à tempo de 
        cumprir o prazo de 30 dias, estipulado no momento. 
      
      
         
      
        "Precisamos aprovar a Lei Específica o 
        quanto antes. Ela é um instrumento para trabalharmos com mais 
        tranquilidade. Todos têm de guardar dados. Vamos poder ser mais 
        pró-ativos", destacou o delegado do DEIC. Mariano Filho, no entanto, 
        entrou num ponto polêmico quando questionado com relação aos crimes de 
        desvio de recursos através de Internet Banking. Para o delegado, o 
        correntista tem,sim, a sua parcela de responsabilidade no processo.
        
      
      
         
      
        "Os crimes via Internet acontecem com a 
        quebra da segurança, em função da divulgação da senha. E isso acontece 
        pelo correntista. Os bancos têm a sua parcela de responsabilidade, mas é 
        preciso provar se houve o dolo ou não. Infelizmente, nas investigações 
        que conduzimos, há clientes que são vítimas e não são ressarcidas, mas 
        há clientes, que são os responsáveis pela fraude e estão, na prática, 
        atuando como criminosos", destaca o delegado. 
      
      
         
      
        A falta de legislação para os crimes 
        eletrônicos incentiva a formação de quadrilhas especializadas, até 
        porque, observa o delegado, atualmente, para uma ação física - roubo de 
        uma agência, por exemplo, há muitos riscos em jogo - perigo de ação 
        policial, correntistas nas agências, entre outros, além do que são 
        poucas as instituições que mantêm altos valores em caixa. Já por meio 
        eletrônico, ressalta Mariano Filho, uma instituição financeir já perdeu 
        num único dia, R$ 453 mil. 
      
      
         
      
        O advogado e especialista Renato Opice Blum 
        forneceu dados com relação às ações criminais. No ano passado, por 
        exemplo, tramitaram e foram julgadas 7000 ações na Justiça brasileira 
        ligadas aos crimes eletrônicos. Até agora, em 2007, elas já estão em 15 
        mil. "E a tendência é aumentar cada vez mais. Exatamente por isso é 
        preciso aprovar uma Legislação Específica. Aguardamos a aprovação do 
        projeto do Senador Eduardo Azeredo. Ele fez as modificações necessárias 
        para adequar às demandas. Não há como agradar a todos integralmente", 
        salienta.
      
         
      
        "Sem uma lei específica, é possível punir os 
        criminosos por meios difereciados - um hacker já foi condenado a 22 anos 
        - mas, é preciso sempre contar com a interpretação do Juiz e da ação do 
        Ministério Público. Com uma legislação própria, esses crimes teriam 
        também punições mais adequadas, permitindo um equilíbrio maior na 
        avaliação e também impondo mais respeito e temor aos criminosos", 
        completou Opice Blum, que também participou do evento promovido pela 
        Symantec.
      
         
      
        Liderança perigosa
      
         
      
        O 12º Relatório de Ameaças à Segurança na 
        Internet, divulgado pela Symantec, nesta quarta-feira, 19/09, aponta que 
        o Brasil lidera o ranking de PCs infectados por "bots" na América 
        Latina. 
      
      
         
      
        O estudo apurou que o Brasil contabiliza 39% 
        do total de infecções registradas entre 1º de janeiro e 30 de junho de 
        2007. Esse percentual é mais que o dobro da Argentina, que ocupa a 
        segunda posição, com 12% das infecções.
      
         
      
        O estudo levanta ainda que o ataque on-line 
        mais praticado na América Latina foi o que usa nomes inválidos de 
        domínio, conhecido como SMTP. Este tipo de ataque representou 39% de 
        todas as ameaças no primeiro semestre. Na segunda posição, aparecem os 
        ataques de negação de serviço, usados por 26% dos IPs maliciosos 
        flagrados. 
      
      
         
      
        Um outro ponto colocado pelo estudo da 
        Symantec é que os ataques estão cada vez mais regionalizados e adequados 
        ao comportamento do consumidor de cada País. Também há uma maior 
        convergência dos ataques, uma vez que as quadrilhas ampliaram o grau de 
        profissionalização e de comercialização de atividades maliciosas.
      
         
      
        O levantamento também revela que os ataques 
        acontecem em múltiplos estágios, com o intuito de dificultar as ações de 
        combate por parte do alvo da ação, seja ele uma pessoa física ou 
        corporativa. Com relação aos ataques deferidos para a América Latina, o 
        estudo da Symantec aponta os Estados Unidos como o maior responsável, 
        com 55% das ameaças. 
      
      
         
      
        A China desponta na segunda posição e é 
        responsável por 25% e aparece, de acordo ainda com a companhia, como um 
        grande perigo, uma vez que a China é emergente e há uma grande demanda 
        por computadores naquele País.
      
         
      
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        2º Congresso Brasileiro de Meios Eletrônicos 
        de Pagamento (CMEP) - dias 16 e 17 de outubro, no Centro Fecomércio de 
        Eventos (São Paulo) 
        
        O combate aos crimes digitais será um dos principais assuntos em 
        discussão no 2º CMEP, Congresso Brasileiro de Meios Eletrônicos de 
        Pagamento, promovido pela Febraban - Federação Brasileira de Bancos e 
        pela Abecs - Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e 
        Serviços. 
      
      
         
      
        O painel a respeito do tema contará com a 
        participação de dois especialistas internacionais: Rodrigo Undirraga 
        Ossa, diretor-secretário da Transbank, do Chile, e Caterina Flick, 
        professora de Direito e Informática da Universidade de Pisa (Itália). 
        Undirraga apresentará a experiência da Transbank, uma entidade criada 
        para administrar as redes de adquirentes e o negócio de emissão cartões 
        no Chile. Caterina, da Universidade de Pisa, mostrará como a legislação 
        internacional vem tratando do assunto. 
      
      
         
      
        Para falar da questão no Brasil, o painel 
        contará com a presença do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), relator de 
        um projeto em tramitação no senado a respeito da questão. A moderadora 
        do painel será a coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) de Massificação 
        da Certificação Digital da Febraban e gerente-executiva de Segurança do 
        Banco do Brasil, Francimara Viotti.
      
         
      
        Os bancos brasileiros investem anualmente R$ 
        1,2 bilhão em combate a fraudes eletrônicas. Entretanto, os usuários 
        devem ficar atentos para evitar serem vítimas de golpes, evitando 
        acessar a internet em locais públicos e de grande circulação (como lan 
        houses, por exemplo), atualizando antivírus e evitando abrir e-mails com 
        mensagens suspeitas.
      
         
      
         2º Congresso Brasileiro de Meios 
        Eletrônicos de Pagamento (CMEP) - dias 16 e 17 de outubro, no Centro 
        Fecomércio de Eventos (São Paulo) 
      
         
      
        
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