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Janeiro 2010               Índice Geral do BLOCO

O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão  Celld-group e WirelessBR. Participe!


11/01/10

• Rádio Digital (57) - Relação de matérias do jornalista e articulista Ethevaldo Siqueira sobre "Rádio Digital"

de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 11 de janeiro de 2010 14:35
assunto Rádio Digital (57) - Relação de matérias do jornalista e articulista Ethevaldo Siqueira sobre "Rádio Digital"

Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

Permitam-me um introdução "off topic".
Moro em Taubaté,SP, distante 40 minutos da cidade histórica de S. Luiz do Paraitinga, berço do sanitarista Oswaldo Cruz, arrasada por um dilúvio de proporções bíblicas neste início de ano.
Um enteada, que mora lá num sobradinho, teve sua residência no segundo andar, totalmente coberta pelo rio Paraitinga que subiu inacreditáveis 10 metros acima do leito normal!!!
Estou há uma semana imerso no lodaçal : durante o dia na faxina em S. Luiz, ajudando a enteada e pessoas conhecidas, tentando recuperar alguma coisa; à noite atolado na lama oriunda do Planalto Central, que flui através do noticiário...
Que Deus nos acuda!!!

01.
Está "rolando" e termina dia 17 (não está descartado novo adiamento...) um "Aviso de Chamamento Público
nº 1/2009" publicado em 22 de maio de 2009 pelo Minicom, para realização de  "experimentos com sistemas de rádio digital nas diversas faixas de frequência das respectivas modalidades (OM, OT, OC e FM) do Serviço de Radiodifusão".

Supostamente esta "consulta/aviso" permitirá uma decisão sobre o padrão de Rádio Digital a ser adotado no Brasil.

A mídia pasteurizada não valorizou todo este processo, que poderia ter sido um enorme escândalo. Não foi e não é, ainda, pois a sociedade mal informada e anestesiada, não se interessou para justificar a definição de "escândalo" (Aulete): Fato, situação ou acontecimento que causa perplexidade, indignação e censura públicas por serem contrários às convenções morais, éticas, sociais, religiosas

Em dez 2008, após um relatório desfavorável ao IBOC feito pelo Instituto Mackenzie (a ABERT diz que não!) o ministro Calixto da Costa aparentemente desistiu do Rádio Digital.
"Consta" que a desconsideração do tal relatório poderia prejudicar certas pretensões eleitorais e "consta" também que a "parceria" entre o ministro e o Pimentel Slaviero da ABERT andou abalada por este motivo.
Mas não durou muito o possível mal estar, como sói acontecer nas relações entre lobistas e políticos.
Especula-se que o mesmo "efeito Sarkozy" que hoje azeda a licitação dos caças da FAB também influenciou a decisão, em 2009, de reativar os testes do Rádio Digital, para recolocação do europeu DRM na disputa.
Um dia virá tudo à tona mas, por enquanto, é difícil especular sobre o resultado devido às "manobras evasivas" de Costa e Slaviero.
Ah, se tivéssemos uma mídia mais investigativa...

02.
O "quase nosso" participante jornalista e articulista Ethevaldo Siqueira tem sido uma das honrosas exceções da mídia abordando criticamente o tema Rádio Digital.

Prezado Ethevaldo!
Sabemos que está viajando à serviço mas considere-se convidado a retornar ao tema!  :-)

03.
Mais abaixo está a transcrição das matérias do Ethevaldo coletadas em nossos "arquivos implacáveis". Vale conferir!
Eis o "sumário":

Fonte: Ethevaldo Siqueira
[24/05/09]   O surrealismo de um ministro das Comunicações - por Ethevaldo Siqueira

Fonte: Ethevaldo Siqueira
[15/01/09]  Abert contesta artigo, Ethevaldo responde

Fonte: Midia Clipping
[12/01/09]   Abert faz esclarecimento sobre matéria a respeito do Rádio Digital ["Hélio Costa abandona projeto de Rádio Digital"]

Fonte: Adnews  Origem: Estadão
[29/12/08]   Hélio Costa abandona projeto de rádio digital - por Ethevaldo Siqueira

Fonte: Estadão
[26/08/08]   Escolha de rádio digital abre polêmica - por Ethevaldo Siqueira - [Abert quer sistema americano, mas Mackenzie pede novos testes]

Fonte: Estadão
[25/05/08]   Televisão na Finlândia já é 100% digital  - por Ethevaldo Siqueira [mas o Rádio Digital foi descartado]

Fonte: AESP - Associação das Emissoras de Rádio e TV do Estado de São Paulo - Origem: O Estado de S.Paulo - Economia & Negócios 
[21/10/07]   A polêmica do rádio digital no Brasil  - por Ethevaldo Siqueira

00.
Aqui estão os últimos "posts" sobre o tema no BLOCO:

04/01/10
Rádio Digital (55) - Testes, testes e mais testes...para nada! + Atuação da mídia
01/01/10
Rádio Digital (54) - A omissão e o cansaço da sociedade e do Congresso permitem que empresários decidam o padrão de Rádio Digital
Rádio Digital (53) - Prazo do "Aviso/Consulta" termina dia 17 + Testes com DRM em andamento
29/12/09
Rádio Digital (52) - O "trem bão" do Rádio Digital em movimento
08/11/09
Rádio Digital (51) - A ABERT e seu envolvimento com o sistema IBOC
05/11/09
Rádio Digital (50) - "Consulta" termina dia 22 + Convite à mídia para retomar o tema!
07/10/09
Rádio Digital (49) - Sugestão à Mídia: Entrevistas com técnicos e radiodifusores
30/09/09
Rádio Digital (48) - "Hélio Costa recoloca o IBOC na disputa pelo rádio digital" + Artigo técnico sobre IBOC

Ao debate!
Boa leitura!
Ótimo 2010!!!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Fonte: Ethevaldo Siqueira
[24/05/09]   O surrealismo de um ministro das Comunicações - por Ethevaldo Siqueira

Congresso Brasileiro de Radiodifusão

Entre muita coisa interessante e útil, o Congresso Brasileiro de Radiodifusão da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) teve seu lado cômico. Comecemos pelo surpreendente apelo aos jovens feito pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao falar na solenidade de abertura do evento. Fui ouvir a gravação para acreditar na declaração. Numa linguagem pouco convencional, ele disse: “Essa juventude tem que parar de só ficar pendurada na internet. Tem que assistir mais rádio e televisão". Meu professor de português ginasial me reprovaria se eu escrevesse duas frases como essas. Pior do que a forma, no entanto, é o sentido.

Lembrei-me imediatamente de que o próprio Ministério das Comunicações tem feito alarde de um projeto nacional de universalização da banda larga, cuja função essencial é permitir o acesso de todas as escolas à internet. E mais: o governo federal tem anunciado reiteradas vezes a intenção de promover a mais ampla inclusão digital, que começa pela democratização do acesso à internet.

Fiz questão de ouvir a reação de alguns jovens a respeito do apelo ministerial. Todos, unanimemente, ressaltaram que o rádio e a TV estão acessíveis há anos na internet. Um estudante de 18 anos observou: “Eu não acredito. Acho que tudo não passou de uma piada. Não vou ridicularizar Hélio Costa. Não me passa pela cabeça que um ministro das Comunicações proponha algo tão anacrônico, como pedir à juventude que pare de navegar internet”.

Qualquer garoto adolescente sabe que a convergência tecnológica transformou a internet em mídia das mídias e que, por meio dela, podemos acessar jornais, revistas, emissoras de rádio e TV, bancos de dados, centros de informação, universidades, o Vaticano, o Palácio do Planalto e qualquer outra instituição. E é bom frisar, leitor, que a frase impensada do ministro não foi um alerta contra os eventuais perigos da rede mundial de computadores.

Não tenho dados sobre o índice de audiência de rádio e TV pelos jovens – seja em broadcasting, seja via internet. Por isso, acho que não cabe fazer qualquer crítica aos hábitos da juventude.

Pessoalmente, tenho a maior admiração pela contribuição da radiodifusão à democracia e à cultura brasileira, até porque trabalho há mais de 15 anos nesse meio de comunicação. Mais ainda: ouço rádio por meio de um software que nos permite sintonizar, via internet, até 16 mil emissoras de rádio de todo o mundo, em meu computador.

TELES vs. RADIODIFUSÃO
Outra pérola ministerial veio na mesma solenidade de abertura do Congresso de Radiodifusão, logo em seguida ao apelo formulado aos jovens para que não vivam pendurados na internet: “O setor de comunicação fatura R$ 110 bilhões por ano. Desse total, somente R$ 1 bilhão é do rádio e R$ 12 bilhões das TVs. O resto vocês sabem muito bem onde está".

Não é a primeira vez que o ministro das Comunicações faz esse tipo de comparação, incitando as emissoras de rádio e TV contra as operadoras de telecomunicações. Para ele, o grande pecado das telecomunicações é faturar quase 10 vezes mais do que a radiodifusão, quando o mesmo fenômeno ocorre em todo o mundo.
Se esse argumento tivesse alguma significação especial, poderíamos lembrar que o setor de energia fatura mais do que o triplo das telecomunicações. E o Brasil estaria dominado pela agropecuária, cuja receita equivale a um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ou cerca de R$ 900 bilhões.

Em lugar de propor uma legislação moderna e avançada para as comunicações em seu sentido mais amplo, e que, portanto, envolva telefonia, rádio, TV, correios e outros segmentos, o ministro insiste em ressaltar simplesmente a desproporção de receita entre os dois setores. Seria muito mais lógico e sensato que mostrasse claramente novos caminhos para o rádio e a TV no Brasil.

Hélio Costa precisa convencer-se de que é ministro não da Radiodifusão, mas das Comunicações. Mais do que isso, que não lhe cabe defender um segmento, mas toda a sociedade brasileira. Não lhe cabe exercer nenhum papel de lobista ou de representante de um grupo de emissoras, contra o interesse de outras. Ou o interesse de uma associação contra o de outras. Cabe-lhe exercer seu mandato com o máximo de isenção, equilíbrio e independência. E, se possível, com o máximo de competência.

MULTIPROGRAMAÇÃO
A novela da multiprogramação tem mais um capítulo. Ainda na abertura do Congresso de Radiodifusão, o ministro Hélio Costa afirmou que a decisão final a respeito da multiprogramação não virá do ministério, nem da Presidência da República, mas que caberá ao Congresso Nacional definir as regras da utilização do recurso. Vale lembrar que multiprogramação é a facilidade da qual que as emissoras de televisão podem dispor para transmitir até quatro programas em definição padrão (standard definition) simultaneamente num único canal digital de frequência.

Como em muitas situações anteriores, o Ministério das Comunicações lança balões de ensaio, anuncia mudanças e edita portarias ou normas sem nenhum debate nem consenso e, em seguida, volta atrás, ao perceber que se trata de questões polêmicas. Foi isso que aconteceu com a proibição do uso da multiprogramação, em que a TV Cultura sofreu até ameaça de punição se usasse esse recurso sem uma autorização especial do governo. Só recentemente, diante da repercussão negativa da medida, Hélio Costa decidiu autorizar a emissora pública paulista a usar o recurso da multiprogramação em caráter científico e experimental.

Como temos afirmado em diversas oportunidades, o uso da multiprogramação não precisa de qualquer tipo de regulamento ou autorização. É uma facilidade inerente à tecnologia de TV digital. Todas as emissoras autorizadas a implantar a nova tecnologia podem usufruí-la, oferecendo novas opções ao cidadão e democratizando o uso do espectro de frequência.

NACIONALISMO
Outro aspecto polêmico do Congresso de Radiodifusão foram as críticas do presidente da Abert, Daniel Slaviero, ao modelo aberto de internet que vigora no Brasil. Em sua opinião, a web deve estar sujeita à mesma legislação que rege a comunicação social – impondo, assim, limitação à participação de capital estrangeiro.

Slaviero sugere uma espécie de camisa de força a ser colocada na internet para, talvez, deter sua expansão e sua eventual concorrência com a radiodifusão. E aponta a oportunidade de ouro para alcançar esse objetivo: incluir as restrições no texto do Projeto de Lei 29/2007, que prevê a regulamentação do mercado de TV por assinatura.

AH, O RÁDIO DIGITAL
A novela do rádio digital retorna aos debates. Conforme antecipou o ministro Hélio Costa, a escolha do sistema do rádio digital que será adotado pelas emissoras brasileiras será feita após consulta pública, com prazo de 180 dias. Para tanto, o Ministério das Comunicações divulga portaria específica, autorizando a consulta pública, para ouvir sugestões da sociedade sobre o tema.

A escolha do padrão de rádio digital para o Brasil não é uma questão de opinião. Por isso, o Brasil não pode simplesmente escolher uma nova tecnologia apenas com base em sugestões de pessoas e entidades, por mais competentes que elas sejam. É preciso que uma comissão de especialistas e representantes de entidades altamente qualificadas do ponto de vista científico e tecnológico, realmente isentas, conduza testes exaustivos em centros de pesquisas e universidades, num processo de licitação internacional.

Veja também a reportagem de Mariana Mazza para o Teletime (http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=132028),  que reproduzimos nesta seção.

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Fonte: Ethevaldo Siqueira
[15/01/09]   Abert contesta artigo, Ethevaldo responde

(...)
Ethevaldo responde, parágrafo por parágrafo

Na resposta à Abert, o jornalista Ethevaldo Siqueira diz, entre outras coisas, que a entidade deveria contestar a posição do ministro Hélio Costa.

Na abertura do texto, a Abert diz que o artigo de minha coluna questiona a posição do ministro das Comunicações, Hélio Costa. Não é verdade, meu artigo até aplaude a decisão específica de recuar diante do padrão Iboc. Diz também que o artigo é impreciso. Nunca um texto foi tão claro, como demonstramos abaixo, quanto o de minha coluna intitulada Hélio Costa abandona projeto de Rádio Digital.

1. Não há nenhum equívoco a ser reparado pela Abert. Ninguém é contra a digitalização do rádio brasileiro, desde que exista tecnologia amadurecida e aprovada em todos os testes que o País deve conduzir. Foi exatamente a posição do ministro Hélio Costa.

2. Nossos leitores podem comparar o texto do artigo do ministro Hélio Costa publicado no jornal Estado de Minas com o texto de nossa coluna e concluir que a Abert não tem razão quando afirma que aquele artigo, “citado como fonte de sua matéria, não confere com as informações veiculadas”. O ministro das Comunicações nunca foi tão claro na rejeição a qualquer tecnologia de digitalização do rádio, a começar do padrão Iboc, citando diversos testemunhos de alta credibilidade em sua argumentação. É contra a posição do ministro que a Abert deveria lutar, não contra minha posição ao comentar as mudanças de opinião de Hélio Costa.

3. Minha coluna não fez nenhuma referência aos testes conduzidos pelo Mackenzie.

4. Igualmente, não fiz referência aos testes feitos pelas emissoras (que, por sinal, não foram satisfatórios – segundo informações da maioria delas).

5. Apenas a Abert “considera o Iboc o padrão mais adequado para o contexto da radiodifusão brasileira”. Os testes feitos pelo Mackenzie não o recomendam para a radiodifusão brasileira, no estado atual de seu desenvolvimento, como também não aprovam nenhum outro padrão. O artigo do ministro Hélio Costa confirma essa realidade.

6. Esse parágrafo nada mais faz do que confirmar a necessidade de aperfeiçoamento do padrão Iboc. Por que, então, não esperar que sejam corrigidas as suas insuficiências e problemas?

7. Nós, também, continuamos defendendo a digitalização do rádio brasileiro. Mas com responsabilidade, sem açodamento, com a maior transparência e independência, em favor das emissoras e, principalmente, dos milhões de radio-ouvintes brasileiros.

8. O resto é futuro, com a apresentação de todas as tecnologias disponíveis, amadurecidas, plenamente desenvolvidas. É para isso que existe o Ministério das Comunicações.

Reiteramos nosso respeito à radiodifusão brasileira, por sua contribuição histórica à cultura, à democracia e ao desenvolvimento do Brasil. Respeitamos, igualmente, a Abert por seu passado. Por isso, e só por isso, estranhamos sua insistência em defender uma solução comercial de tecnologia que nem em seu país de origem tem dado bons resultados. Quando isso ocorrer, caberá ao Ministério das Comunicações e à Anatel retomar os testes e, em função de seus resultados, adotar o padrão Iboc no Brasil. Antes disso, é, no mínimo, questionável, a pressa e o desespero da entidade em causa.

São Paulo, 15 de janeiro de 2009
Ethevaldo Siqueira

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Fonte: Midia Clipping
[12/01/09]   Abert faz esclarecimento sobre matéria a respeito do Rádio Digital ["Hélio Costa abandona projeto de Rádio Digital"]

Matéria publicada hoje na Rádio Agência:

No dia 29 de dezembro, o jornal O Estado de S. Paulo publicou matéria intitulada "Hélio Costa abandona projeto de Rádio Digital".

Além de questionar a decisão do ministro de implementar a nova tecnologia de rádio no país, o autor do texto, jornalista Ethevaldo Siqueira, é impreciso sobre a posição da Abert em relação ao padrão Iboc e sua versão HD Radio, da empresa Ibiquity dos Estados Unidos.

Diante da necessidade de reparar os equívocos da matéria, a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão esclarece aos seus associados que:

1. O conteúdo do artigo "E o Rádio Digital? Uma análise responsável", assinado pelo ministro Hélio Costa, em O Estado de Minas (dia 21 de dezembro de 2008), citado pelo jornalista como fonte de sua matéria, não confere com as informações veiculadas.

2. No artigo, o ministro Hélio Costa faz uma análise da implantação do rádio digital no mundo e anuncia que irá indicar as "ferramentas que devem compor a arquitetura do Rádio Digital", ou seja, refere-se à consulta pública anunciada para 2009 que irá prever as exigências para o novo sistema.

3. Em 2007, o ministro das Comunicações solicitou à Abert a realização de testes do padrão Iboc (In-Band On-Channel, na mesma faixa, no mesmo canal), e recomendou o acompanhamento de uma instituição de reconhecida competência técnica. A Abert contratou a Universidade Presbiteriana Mackenzie para, por meio de seu Laboratório de Rádio e TV Digital, elaborar a metodologia e realizar os testes dentre as emissoras autorizadas a experimentar o padrão, com base nos guias emitidos pela Anatel. A instituição havia desenvolvido os testes para o Sistema Brasileiro Terrestre de TV Digital (SBTVD).

4. Os testes e estudos com o padrão Iboc foram executados durante nove meses, em quatro emissoras comerciais - duas OM e duas FM -, dentre as 20 rádios já autorizadas pela Anatel a operar em caráter experimental. O trabalho contou com a contribuição da Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) e de Associações Estaduais de Emissoras de Rádio e Televisão.

5. A Abert considera o Iboc o padrão mais adequado para o contexto da radiodifusão brasileira. Por isso, optou por testá-lo. As suas principais vantagens são:

- não exige destinação de nova faixa de freqüência;

- adapta-se às características atuais das estações, possibilitando uma transição suave da tecnologia analógica para a digital;

- pode ser implementado tanto nas emissoras de onda média (OM) como nas de freqüência modulada (FM); e

- permite a utilização da mesma infra-estrutura de transmissão existente nas estações.

6. Apesar disso, os testes indicaram que o sistema HD Radio deve ser aperfeiçoado, pelas seguintes razões:

- o sistema HD Radio, no atual estágio de desenvolvimento tecnológico, melhora o desempenho com relação à modulação analógica, mas na faixa de OM ainda demanda melhorias na robustez; e

- mesmo já tendo sido adotado oficialmente em seu país de origem, o sistema continua em processo de evolução e deverá desenvolver versões mais robustas, mais imunes ao ruído urbano, crescente nos grandes centros.

7. A Abert, entretanto, continua defendendo a digitalização do rádio brasileiro e reforça o entendimento sobre a adequação do padrão Iboc. Eis mais algumas das razões:

- as emissoras podem operar em seu próprio canal, o que não implica em planejamento de canais, possibilita o aproveitamento da planta tecnológica instalada e reforça a fidelização do público ouvinte;

- o público ouvinte continua a sintonizar sua rádio no sistema analógico, sem a necessidade imediata de adquirir novos receptores, já que as transmissões híbridas permitem a simultaneidade dos sinais analógico e digital; e

- cada radiodifusor poderá iniciar a transição conforme sua disponibilidade e estratégia.

8. Para 2009, espera-se a realização da consulta pública, anunciada pelo ministro das Comunicações em audiência para a entrega do relatório dos testes do padrão Iboc, em dezembro último, com a presença de representantes do segmento da radiodifusão e da Universidade Mackenzie. A consulta permitirá aos fabricantes apresentarem seus sistemas e, ao governo brasileiro, definir as características e pré-requisitos que melhor atendam ao interesse público e à necessidade de atualização tecnológica das emissoras de rádio.

Daniel Pimentel Slaviero
Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão - Abert
. . . . . . . . . . . . . . .
Por Anderson Diniz Bernardo:
Sem querer ser preconceituoso, já sendo, não ponho a minha mão no fogo por nada publicado no Estadão que tenha relação com o governo Lula ou qualquer governo do PT e aliados. O Estadão é bem transparente nesse aspecto: é antiesquerda, antiLula, antiPT - tudo sem hífen? -, independente do quando Lula e PT sejam ou deixem de ser de esquerda. Então pode ser mesmo que o artigo de Hélio Costa usado como fonte não corresponda com o que foi publicado... Mas bem que a Abert, envolvida nos testes desde o início, e o ministro podiam ter combinado um posicionamento mais sólido, não?

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Fonte: Adnews  Origem: Estadão
[29/12/08]   Hélio Costa abandona projeto de rádio digital - por Ethevaldo Siqueira
 
A mudança de posição foi radical. Depois de ter defendido abertamente durante quase três anos e meio o padrão de rádio digital norte-americano (Iboc ou HD), apresentando-o como o único aceitável para o Brasil, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, acaba de retirar seu apoio àquela tecnologia, também preferida pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
 
O ministro reconhece agora o que todos os técnicos independentes vinham afirmando desde 2006: em todo o mundo, a tecnologia de rádio digital ainda tem muitos problemas que não permitem sua adoção no Brasil.
 
O recuo de Hélio Costa, embora tardio, é um fato positivo, pois seria muito pior se o País adotasse o padrão Iboc. O maior prejuízo ficaria com as 5 mil emissoras de rádio brasileiras, que seriam levadas a investir numa tecnologia que ainda funciona precariamente.
 
O que mais estranhou os observadores nesse episódio foi a posição da Abert, ao defender apaixonadamente o padrão norte-americano, mesmo diante da comprovação de seus problemas.
 
MARCHA A RÉ
 
Hélio Costa anunciou sua nova posição no domingo passado, em artigo no jornal O Estado de Minas (leia-o no site Caros Ouvintes, http://www.carosouvintes.org.br/blog/?p=2111), em resposta à jornalista e professora Nair Prata, que havia cobrado do ministro, no início de dezembro, o cumprimento de suas promessas quanto ao rádio digital.
 
Entre as diversas opiniões citadas no artigo de Hélio Costa, uma das mais convincentes foi a de Sarah McBride, editora de tecnologia do Wall Street Journal (http://online.wsj.com/article/SB122575904804195337.html).
 
Na realidade, o jornal norte-americano apenas confirmou a conclusão já conhecida havia muito tempo: depois de quase 5 anos de introdução nos Estados Unidos, a nova tecnologia digital não conta hoje sequer com 10% da adesão das emissoras.
 
Para se ter idéia da baixa penetração do rádio digital nos Estados Unidos, basta lembrar que, do lado dos ouvintes, mesmo com preços subsidiados, apenas 0,15% da população norte-americana adquiriu seu receptor digital.
 
PROBLEMAS
 
Uma das características do padrão conhecido pelo nome de In Band on Channel (Iboc) ou HD Radio, criado pela empresa Ibiquity, é utilizar o mesmo canal de freqüência para transmitir um único programa, simultaneamente, tanto no modo analógico quanto no digital. A idéia é excelente, mas, até agora, o sistema não tem funcionado de forma satisfatória.
 
Nas transmissões em AM e FM, o padrão Iboc apresenta, entre outros, o problema do atraso (delay) de 8 segundos do sinal digital, em relação ao analógico. Como o alcance do sinal digital é menor do que o analógico, nos limites de sua propagação, a sintonia oscila entre um e outro, com grande desconforto para o ouvinte.
 
Embora pareça ser a grande saída, a idéia de usar o mesmo canal para transmissões analógicas e digitais, adotada pela empresa Ibiquity, não tem tido sucesso na prática. O fato indiscutível é que essa tecnologia ainda não está madura e apresenta diversos problemas sérios, como a impossibilidade de se utilizarem receptores portáteis - pois o consumo de energia é tão elevado que as baterias se descarregam em poucas horas.
 
Na Europa, outras tecnologias têm sido propostas em faixas de freqüências exclusivas para o rádio digital, o que, no entanto, obrigaria à troca de todos os receptores. Conclusão: ainda temos que esperar que o mundo desenvolva uma solução melhor para a digitalização do rádio.
 
ANÚNCIOS PRECOCES
 
O ministro Hélio Costa, desde que tomou posse no Ministério das Comunicações, em julho de 2005, tem anunciado numerosos projetos puramente imaginários que nunca se concretizam ou que se revelam inviáveis.
 
Na abertura do evento internacional Américas Telecom, em outubro de 2005, em Salvador (Bahia), ele anunciou que o Brasil já vivia "a era do rádio digital" (quando apenas algumas emissoras iniciavam os primeiros testes com o padrão norte-americano HD Radio ou Iboc). Na mesma ocasião, anunciou ao auditório que a Grande São Paulo veria as imagens da Copa do Mundo de 2006 com imagens da TV digital, que só entrou no ar em 2 dezembro de 2007.
 
Entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2005, afirmou categoricamente que o Ministério das Comunicações iria investir não apenas o montante de R$ 600 milhões anuais dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), bem como o saldo acumulado então superior a R$ 4 bilhões.
 
Até hoje o Brasil não utilizou praticamente nada do Fust. No ano de 2006, o ministro garantiu que o Japão havia concordado em instalar uma indústria de semicondutores (circuitos microeletrônicos) no Brasil, em contrapartida à escolha do padrão de TV digital nipo-brasileiro. Na verdade, o Japão jamais prometeu essa fábrica.
Ethevaldo Siqueira - O Estado de S.Paulo

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Fonte: Estadão
[26/08/08]  
Escolha de rádio digital abre polêmica - por Ethevaldo Siqueira[Abert quer sistema americano, mas Mackenzie pede novos testes]
 
Abert quer sistema americano, mas Mackenzie pede novos testes
 
O Instituto Mackenzie concluiu os testes sobre o desempenho do padrão norte-americano de rádio digital Iboc (In Band on Channel, ou HD Radio) feitos sob a direção do professor Gunnar Bedicks, mas não recomenda sua adoção pelo Brasil sem que se façam testes comparativos com outros padrões. Essa é a razão por que o Mackenzie se recusa a assinar o relatório final dos testes, nos termos solicitados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
 
Defensora ardorosa do padrão norte-americano, a Abert insiste na adoção dessa tecnologia digital pelo Brasil, independentemente de qualquer comparação com outros padrões. Para tanto, vai elaborar relatório final sobre os testes feitos pelo Mackenzie e levar o documento ao Ministério das Comunicações.
 
O Instituto Mackenzie não considera correto nem possível recomendar um padrão sem conhecer o desempenho dos demais com a mesma profundidade. Os testes de campo do padrão Iboc foram contratados em novembro de 2007 pela Abert, e foram acompanhados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Ministério das Comunicações.
 
"Ao fazer esses testes, nossa missão foi avaliar o desempenho do padrão Iboc, isoladamente, acompanhando os testes que vinham sendo feitos em várias emissoras em São Paulo, Ribeirão Preto, Cordeirópolis e Belo Horizonte", diz Bedicks. "Medimos o alcance do sinal digital em comparação com o sinal analógico, as eventuais interferências, a qualidade da transmissão e da recepção móvel e fixa, tanto em amplitude modulada (AM) como em freqüência modulada (FM). Não podemos, entretanto, recomendar a adoção desse padrão sem compará-lo com outros padrões europeus, como o DRM (Digital Radio Mondiale) e DAB (Digital Audio Broadcasting)."
 
Bedicks reitera que o Mackenzie aprova o objetivo geral de digitalização das emissoras de rádio. "Mas não pode recomendar o padrão Iboc sem comparar seu desempenho com o de outros padrões. E não queremos fazer nada de forma apressada, senão corremos o risco de adotar um padrão que será como a lei que não pega. Além disso, é bom reconhecer que a digitalização do rádio em todo o mundo está numa fase incipiente, muito menos avançada do que a TV."
 
OS TESTES
 
Os testes de cobertura de área foram feitos com as Rádios Bandeirantes (FM), Cultura (AM), Ribeirão Preto (FM), Belo Horizonte (AM) e Cordeirópolis (AM) classe C, ou seja, rádio comunitária. Os resultados dos testes com emissoras de AM na área da cobertura predefinida mostraram que o alcance do sinal digital é praticamente equivalente ao do analógico, e a qualidade, satisfatória.
 
O padrão Iboc testado permite a transmissão simultânea do mesmo programa tanto na forma digital quanto analógica, no mesmo canal de freqüência. É a característica chamada simulcast - que permitirá aos receptores analógicos sintonizar as mesmas emissoras, durante 10 anos ou mais, até que todas as rádios encerrem suas transmissões analógicas e passem a transmitir exclusivamente com sinal digital. Até aqui, o Iboc era o único padrão que permitia o simulcast.
 
Esse padrão digital, entretanto, enfrenta alguns problemas ainda insanáveis, como o atraso de 4 a 8 segundos do sinal digital em relação ao analógico. Quando o sinal digital perde intensidade e não é recebido, entra o analógico. Ao retornar, o sinal digital está atrasado alguns segundos em relação ao analógico, causando a repetição de trechos já ouvidos.
 
Pior do que isso é o consumo excessivo de baterias dos receptores digital, que torna praticamente impossível o uso de receptores portáteis. Essas limitações parecem ser de todos os padrões de rádio digital existentes atualmente e, talvez, só venham a ser superadas com a evolução tecnológica futura.
 
O professor Gunnar Bedicks acha essencial que o Brasil compare o desempenho do padrão norte-americano com os padrões europeus DRM e DAB. Até porque a versão DRM-Plus também permite a transmissão simultânea de programa analógico e digital no mesmo canal, tanto em AM como em FM, conforme foi demonstrado no evento International Broadcasting Conference (IBC), realizado há duas semanas em Amsterdã.
 
ABERT QUER IBOC
 
O presidente da Abert, Daniel Slaviero, diz que vai "defender a adoção do único padrão digital capaz de atender AM e FM". Na opinião dele, "não existe outro". Além disso, a digitalização é uma "questão de sobrevivência" para as rádios AM e não pode mais ser protelada. Se aprovado o padrão Iboc, o próximo desafio da Abert será buscar financiamento para a troca dos equipamentos pelas emissoras.
 
A troca de equipamentos analógicos por digitais deve custar de US$ 80 mil a US$ 120 mil - ou seja, de R$ 144 mil a R$ 216 mil - a cada emissora de rádio. Para a maioria das emissoras brasileiras, é um valor muito alto.

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Fonte: Estadão
[25/05/08]   Televisão na Finlândia já é 100% digital  - por Ethevaldo Siqueira [mas o Rádio Digital foi descartado]

HELSINQUI – A Finlândia é o primeiro país do mundo a retirar do ar a TV analógica e só transmitir programas com tecnologia digital. A informação é da ministra das Comunicações deste país, Suvi Lindén, em entrevista ao Estado. “Em menos de 4 anos, conseguimos realizar esse objetivo. Não foi fácil, mas vale a pena. Os maiores problemas que tivemos foram na área dos sintonizadores digitais (set top boxes). As camadas de menor renda reclamaram dos preços e da impossibilidade de utilizar o mesmo aparelho tanto para a TV aberta quanto para a TV por assinatura. Vamos ter que resolver essa situação, substituindo esses conversores.”
 
O padrão utilizado na Finlândia é o europeu (Digital Video Broadcasting ou DVB), que permite elevado grau de interatividade e mobilidade em sua versão DVB-H. Segundo a ministra Lindén, a Europa não deu prioridade ao desenvolvimento da TV de alta definição, embora o padrão DVB já o permita. Na opinião de alguns especialistas finlandeses, a TV de alta definição ainda é um luxo, porque exige receptores mais caros, mais sofisticados e, principalmente, maior oferta de conteúdo, o que ainda não ocorre. Para eles, as imagens digitais européias, com 700 pixels por linha (e não 1.080) são plenamente satisfatórias.
 
RÁDIO, NÃO
Quanto ao rádio digital aberto, surpreendentemente, a ministra das Comunicações da Finlândia não acredita na viabilidade prática da migração da tecnologia analógica de rádio para a digital. “O problema é a exigência de se trocar tudo – equipamentos das emissoras e receptores dos ouvintes. Isso exigiria até a mudança de faixa de freqüências e a interrupção das atividades das emissoras Nem o padrão europeu nem o norte-americano satisfazem. No futuro, as transmissões de rádio serão todas via internet ou associadas à TV digital”.
 
As telecomunicações da Finlândia estão entre as mais avançadas do mundo. Até as residências mais modestas da zona rural ou as aldeias da Lapônia, no norte do país, dispõem de comunicação telefônica, fixa ou celular. Nas regiões mais remotas, o serviço é o mais simples possível, inclusive na telefonia celular, que utiliza o sistema mais antigo, de telefonia móvel nórdica em 450 MHz (NMT 450, na sigla comercial), mas que é também o mais econômico para cobertura de grandes áreas com baixa densidade populacional, segundo a ministra Suvi Lindén.
 
“As telecomunicações finlandesas – diz ela –  vêm sendo privatizadas há mais de duas décadas. A única empresa ainda com grande participação estatal é a Telia-Sonera, uma das concessionárias de telefonia fixa, de cujo capital participam os governos da Finlândia e da Suécia, com um total de 60% das ações, sendo restante capital privado”.
 
O maior avanço do setor, entretanto, está na área da telefonia móvel, em que o país ostenta a impressionante densidade de 124 celulares por 100 habitantes. Numa tendência oposta, a telefonia fixa vai reduzindo sua participação para menos de 50%, como ocorre, aliás, na maioria dos países.
 
Embora seja um país com pouco mais de 5 milhões de habitantes, a Finlândia tem empresas poderosas na área da telefonia celular, entre as quais a Nokia, detentora da fatia de 41% da produção mundial de aparelhos celulares, com 10 fábricas espalhadas pelo mundo, inclusive uma em Manaus, no Brasil.
 
Uma característica curiosa e quase única da telefonia fixa da Finlândia é o fato de o país já ter conseguido abrir a infra-estrutura de rede de cabos e centrais à participação de todas as operadoras, enquanto o mundo ainda continua discutindo o compartilhamento da infra-estrutura.
 
No jargão de telecomunicações, esse compartilhamento recebe o nome de unbundling (desempacotamento, em inglês) e permite um grau muito maior de competição. Por essa razão, o país tem hoje mais de uma centena de operadoras fixas. Muitas dessas operadoras podem obter licenças e prestar praticamente todos os tipos de serviços de comunicações, de telefonia fixa a celular, TV por assinatura, TV sob demanda (Video on Demand), acesso de banda larga e internet. Apenas a radiodifusão (rádio e TV abertas) exige concessões exclusivas.
 
Raros países têm o índice de acesso à internet tão elevado quanto a Finlândia: mais de 60% da população utilizam regularmente a rede mundial.  E, de cada 100 usuários, 70 dispõem de acesso em banda larga, segundo a ministra das Comunicações.
 
O país tem pelo menos três indicadores extraordinários que tornam possível seu estágio de desenvolvimento: o menor grau de corrupção governamental (segundo a organização Transparência Internacional), o melhor padrão de educação e a terceira posição mundial em investimentos em pesquisa e desenvolvimento em relação ao seu produto interno bruto (PIB), só atrás de Israel e Cingapura.
 
PERFIL RARO
Embora seja integrante do Parlamento da Finlândia, como deputada representante da região do Ártico, a ministra Suvi Lindén tem grande experiência e envolvimento nas áreas de telecomunicações e novas tecnologias.

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Fonte: AESP - Associação das Emissoras de Rádio e TV do Estado de São Paulo - Origem: O Estado de S.Paulo - Economia & Negócios 
[21/10/07]   A polêmica do rádio digital no Brasil  - por Ethevaldo Siqueira
 
 Para o Ministério das Comunicações, a escolha do padrão de rádio digital deveria ter sido feita em setembro. E tudo fazia crer que opção seria pela tecnologia In band on channel (Iboc), criada pela empresa norte-americana Ibiquity. Hoje, já não há tanta certeza nesse padrão porque os testes conduzidos pelas emissoras não satisfazem às exigências mínimas de qualidade.
 As próprias autoridades federais estão chegando à conclusão de que a tecnologia Iboc para o rádio digital ainda apresenta numerosos problemas. Sua adoção nos Estados Unidos, depois de vários anos, não obteve a adesão de mais do que 10% das emissoras daquele país. Diferentemente do rádio digital via satélite, uma forma de rádio por assinatura que faz sucesso entre os norte-americanos, a radiodifusão digital aberta está longe de alcançar a maioria da população.
 Depois de ter participado de audiência pública no Senado, na terça-feira passada, André Barbosa Filho, assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, revelou sua preocupação com as possíveis conseqüências da adoção de um padrão de rádio digital que ainda está sujeito a interferências, que tem reduzido alcance do sinal, falta de sincronia entre as transmissões analógicas e digitais e que impossibilita o uso de receptores portáteis por causa do excessivo consumo de baterias.
 Se for adotada pelo Brasil nesse estágio, essa tecnologia pode trazer muito mais conseqüências negativas do que benefícios às emissoras e aos ouvintes. Depois de debater diversos temas da legislação de comunicação eletrônica com especialistas, na Comissão de Educação do Senado, André Barbosa tomou conhecimento dos obstáculos que ainda impedem a digitalização das transmissões em amplitude modulada (AM) e freqüência modulada (FM) e sugeriu o adiamento por, pelo menos seis meses, para que o governo decida pelo padrão a ser adotado.
 Essas conclusões contrariam frontalmente as avaliações anteriores do Ministério das Comunicações, que tem defendido a tecnologia Iboc como a mais adequada para a radiodifusão brasileira. André Barbosa reconhece ainda que não há critérios uniformes nos testes conduzidos pelas emissoras. E para que essa avaliação seja isenta e confiável, seria necessário que o governo constituísse um grupo incumbido de testar e comparar os resultados da tecnologia Iboc com outros padrões, com a participação majoritária de cientistas e acadêmicos da Universidade brasileira e do CPqD.
 O assessor lembrou ainda que “a Casa Civil não quer tomar nenhuma decisão de afogadilho” e que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, está ciente das preocupações do governo, tendo sugerido até a visita de uma delegação brasileira aos Estados Unidos para reunir-se com representantes das emissoras de rádio, de universidades e do órgão regulador americano, a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês).
 
 MINHA EXPERIÊNCIA
 Participei também como convidado, na semana passada, da mesma reunião da Comissão de Educação do Senado, e debati essa questão com senadores e com André Barbosa. Na oportunidade, relatei minha experiência pessoal com receptores digitais do padrão Iboc que instalei em meu automóvel, em São Paulo. Citei, então, os três maiores problemas detectados, na transmissão FM:
 1) atraso de oito segundos entre o sinal analógico e o digital, causando a repetição ou a eliminação de palavras essenciais ao entendimento de notícias ou à audição de música;
 2) ocorrência de ruídos e interferências em canais vizinhos, tanto em AM como em FM, especialmente à noite;
 3) diferença de alcance das transmissões analógicas e digitais: como o sinal digital tem alcance 40% menor, surgem problemas de instabilidade no limite das duas transmissões.
 A maior limitação, no entanto, é a impossibilidade atual de se produzirem receptores portáteis, porque o consumo de energia do padrão Iboc é tão grande que descarrega as baterias em duas ou três horas. Os receptores têm que permanecer plugados no carro ou na tomada doméstica, para funcionar.
 Num país onde a maioria é pobre, não será fácil convencer os ouvintes a comprar um novo receptor analógico-digital, para usufruir as vantagens futuras da nova tecnologia. Nesse aspecto, parecem remotas as perspectivas de produção de receptores digitais do padrão Iboc pela indústria brasileira por preços acessíveis à grande maioria da população. Nos Estados Unidos, mesmo com a escala já alcançada e subsídios dados pelas cadeias de rádio, o receptor custa cerca de US$ 150 para o consumidor. No Brasil, dificilmente seria vendido por menos de R$ 400.
 O rádio é praticamente a última forma de comunicação eletrônica a ser digitalizada em todo o mundo. No entanto, para surpresa de muitos, tem sido a mais difícil. O maior desafio é transmitir simultaneamente, no mesmo canal de freqüência, tanto o programa analógico quanto o digital. A única tecnologia que se propõe a fazê-lo até aqui é a da Ibiquity. Mas a empresa não conseguiu até agora eliminar os problemas identificados no Brasil e nos Estados Unidos. 
 
 

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